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Agora, olhando deslumbrado para ti, tão linda e radiante, penso honestamente que ainda não descobri meu talento para a arte da pintura e talvez, infelizmente, nunca venha a descobrir, mas, se um dia, eu tiver, quero muito que venhas a ser a minha poesia inspiradora que fará esta aptidão facilmente florescer.
Até consigo imaginar-me dando vida a uma simples tela, pitando atenciosamente com aquarelas os teus detalhes airosos, usando toques amáveis de um pincel como se eu estivesse tocando carinhosamente o teu belo rosto, toda suavidade tua pele, instantes raros e maravilhosos que guardaríamos na mente.
Por meio dos meus sentimentos sinceramente profundos e de algumas tintas, usaria todo o tempo necessário para pintar-te detalhadamente com a atenção merecida e que, desta forma, o resultado ficasse o mais realista possível, uma justa representação da tua imagem, fonte inesgotável de inspiração, uma viva arte.
Tinta trovadoresca
Vem e vão numa passagem
hora ligeira, hora travada.
Nuvem branca e nuvem negra,
Porventura não será ela a mesma?
Talvez sim, talvez não,
cabe o poeta distinguir.
Saberá a alegria de amanhã?
Saberá a angústia de ontem?
Não! Ou sim...
Afinal, o que interfere no poeta?
Deixe-me ser a tinta que desenha a paixão em sua pele, quero revelar seus segredos com meus versos e envolver seu coração em cada estrofe minha.
Não dê tanta importância para o narcisista; logo ele descobrirá que a tinta do seu quadro desbotou-se e perdeu o colorido.
A verdadeira elegância está na sofisticação minimalista, onde menos é mais. Deus não desperdiça tinta; Ele elege cada traço com propósito.
Papel e Tinta
Laivei o meu pincel
no cinza do cascalhado
no entardecer fogueado
no chão ressecado
no desbotado areado...
Laivei o meu pincel
na luz do horizonte
na sombra atrás do monte
no suor da fronte...
E no branco do papel
vão aparecendo inquinações:
de folhas secas, chão árido
amarelados ipês, buritis, ar cálido
pequis, céu divino e estrelado
num desenho do cerrado...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2016
Cerrado goiano
As assinaturas na frente e no verso nas obras originais do artista brasileiro amazonense Manoel Santiago, geralmente são diferentes. Afinal na frente, eram feitas com pincel e tinta, que muitas vezes ainda estavam frescas e molhadas e na parte de trás no verso eram feitas com lápis ou fusain, um bastão de carvão muito usado em pintura, permitindo assim uma gestualidade do autografo mais firme.
Escreve um grande poema!
Mas fá-lo, sem tinta...
Sem rima...
Sem tema...
Sem palavras,
Sem poesia...
Sem métricas!!!
Nem fantasia.
Antes, teu ser, o escreva,
Amando, teu próximo...
De modo, que esse poema, ele em ti veja...
E diga:
Este ama...
E não me engana!
Carregamos as tintas que cada um deseja nos retratar, mas o mais importante é que no final a assinatura sempre será nossa