Tag tinta
Mas ambas sabíamos que, às vezes, os limites das coisas são elásticos e imprecisos, que podem se mover, borrar ou diluir até desaparecer como tinta na água.
Guardar-te-ei em poucas linhas,
Em traços de uma mera tinta,
Escusa pela incapacidade da escrita em dizer
Sobre o amor que tenho por você.
E nos versos não exibidos,
Oculta o seu sorriso, sua voz insistente que,
Por vezes, tira-me o ar.
Através da brancura do papel,
Afastam-se as letras quando a saudade
Invade a vontade de te amar.
Guardar-te-ei sem pressa,
Como quem carrega um cristal,
Uma flor, uma canção de amor
Feita pra te agasalhar,
Arrancando o frio das noites sem luar.
E sem esforço, ouço o seu chamado.
Esqueço a poesia e me atenho em você,
Pois é no falar do seu calar em mim,
Que a minha maior eloquência se faz no sentir.
Você faz ideia do porque poesias são penduradas em varais?
Talvez para escorrer lágrimas de tintas e dos que escrevem.
Usando poesia de forma errada
Com pessoas não amadas
Me desprezam ou me usam
De uma forma valentia
Me usando me acalentando
Sou de conversa boa, fácil
Porém não me satisfaço
Tenho, ou melhor
Não sou obrigado a ter
Apenas bagunçar ainda mais meu ser
O seu já me basta.
Não fico orgulhoso,
Aliás,
A tempos não o sinto.
Um café e um livro barato
A ordem exata não nos importa
Não sou o dedo na sua cara
Lhe dizendo o que deva fazer
Sou o rosto e as vozes
Que te dão todo o prazer.
Prazer é o seu
O meu é dever.
A vida é um livro escrito com tinta permanente.
Talvez se Deus o escrevesse com mina de carvão,
passaria uma borracha no passado de muita gente
PASSADO NO PAPEL
É tão difícil o amor relatar
Ainda mais essa caneta
Que já sem tinta
Começa a falhar
Refaço o brio da tinta
Privo a maneira exata de ser
Tento o amor esclarecer
Me ferve na mente
O passado a recordar
De um amor que tive
O ontem que vive
No peito a pulsar
Que corre nas veias
Vem no coração alojar
Essa coisa engraçada
E ao mesmo tempo malvada
Que me interfere a vida
Essa de forma bem vivida
A caneta do tinteiro que deixaste à cabeceira.
Queria escrever para mim em forma de sonho...
Perfumado encantado, ela escrevia...
Deixado-se cair na cama de cansaço...
As páginas estão em branco....
O nosso amor é assim,
Desses que ficam grisalhos,
De histórias divididas e afetos desmedidos.
O amor aprende-se com o tempo...
No limite das renúncias e...no abandono das horas...
Um pouco de rotina e o charme do tempo.
Gosto das marcas, dos vincos da pele....rugas..
As páginas estão escritas....já não estão em branco..
A caneta do tinteiro que deixaste à cabeceira...
Escreve a vida vivida, sem ser esquecida por nós.!!!
Desenhar pedacinhos de amanhã.
Vamos libertar as palavras ancoradas no medo.
Criar partituras sem código, sem segredo.
E sobre seu corpo faremos poesia.
Sobre sua pele desenharemos alegria.
Vamos pintar no amanhã,
Confortos para cada hora.
Vestir-nos da força,
Que faz nascer à aurora.
Não é preciso ferir o hoje,
Com o punhal da vingança.
Agoniza-se já o agora,
E para o amanhã a esperança se aflora.
Vamos fazer flores de arvores perdidas.
Vamos gritar por cima da vida.
Vamos desnudar o nosso interior.
Vamos seguir o que nós ensinou,
O nosso Senhor
Vamos...?
Nós temos a tinta,
Nos, somos a tinta.
O nosso irmão,
É o nosso talismã.
É o papel do nosso amanhã.
Enide Santos 31/07/14
Papel e tinta...
(Nilo Ribeiro)
Papel e tinta,
base do escrever,
se o amor não "pínta",
verso o sofrer
dava um haikai,
e não uma poesia,
mas se o amor se esvai,
escrever vira ironia
papel e tinta,
já não tem serventia,
minha vontade está extinta,
não escrevo mais poesia...
Sempre escrevo com a tinta dos meus silêncios
no meu caderno de pensamentos.
Ah... É o meu melhor momento!
A vida é como um pergaminho, escrito á tinta, onde não se tem borracha ,mas se tem sempre um tinteiro, para escrever de novo e de modo diferente.
À tinta de escrever
Ao teu azul fidalgo mortifica
registrar a notícia, escrever
o bilhete, assinar a promissória
esses filhos do momento. Sonhas
mais duradouro o pergaminho
onde pudesses, arte longa em vida breve
inscrever, vitríolo o epigrama, lágrima
a elegia, bronze a epopeia.
Mas já que o duradouro de hoje nem
espera a tinta do jornal secar,
firma, azul, a tua promissória
ao minuto e adeus que agora é tudo História.
A tinta da saudade, manchando as páginas com emoções,
Um grito silencioso, que a solidão jamais ouviu.