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“Soneto” da Noiva
A noite cai à nostálgica sombria vem...
Não existe nada mais triste que um adeus deixado por sobre a terra fria.
Que funda mágoa, que mistério encerra por causa do amor.
Seu pranto é feito como geada fria, que traz o dia da grande dor.
Noiva do sonho, a demandar um beijo, buscado alento por um amor defeito.
Andando, por entre as nuvens, sonolenta...
Segue-lhe os passos, nessa marcha lenta.
Das estrelas o pálido cortejo.
Aos dúbios raios do luar, parece ver um anjo de vestes claras...
Caminhando na mesma direção clamado pelo amor ausente...
Adorando, ergue uma prece.
E pensa que é sua alma disfarçada...
Em noite que, no espaço, anda vagando...
Num manto de agonias rebuçadas.
Buscando um caminho para sua estrada.
No silencio da noite acorda assustada...
Por ver sua alma desamparada.
Na busca pelos anseios da vossa alma.
Não encontrando nada volta dormir.
AS LÁGRIMAS DA ALMA
Ontem despertei de madrugada
Com as lágrimas caindo dentro de mim
Era a minh’alma que em meu corpo chorava calada
Porque meu Deus eu tenho de sofrer tanto assim?
Quando eu despertei perplexo e sem saber de nada
Com uma tristeza maciça e sem fim
Senti a minha alma vazia e abandonada
Debruçando-se numa mesa de marfim
Ás vezes saio a esmo contemplando o vago
E deparo-me contigo tentando acender as chamas que apago
Sem razões para sorri peço socorro imploro...
Pois as tristes lágrimas que choro
Continuam perturbando a minha calma
Continuam inundando a minha alma.
Ela
O amor sofre de amor,
eu sofro dela.
O amor sofre de dor,
dor da espera.
Chaguei a amar o amor,
mas deixei de amá-lo por ela.
O amor no fogo não queima,
eu queimo de amores por ela.
O amor não tem rosto
como o rosto dela.
O amor e o vento se amaram
e eu amei o vento nos cabelos dela.
Dizem que o amor é tudo,
mas eu encontro tudo no olhar dela.
Dizem que deus é amor,
mas só encontro amor nos braços dela.
O amo não pode me dar
o que eu recebo dos lábios dela.
O amor permeia todo o universo,
eu me satisfaço do riso dela.
No juízo final, dirão: Nós vivemos por Cristo!
No juízo final, direi: Eu vivi por ela.
Anti-Soneto da Não-Materia
Na não-matéria agora estou, e existo
O pensamento pensa o pensamento
A ostra pensa a pérola por dentro
Sou meu reverso espelho e me contristo.
Na não-matéria, muitas vezes, tento
Em ser matéria pura, ou ser um misto
Na não-matéria não consigo isto,
e já que não consigo, falo, invento.
E finjo ser figura e sombra e luz
E finjo pro meu povo que sou pus,
que sou um resto puro de alvorada.
Na não-matéria não se loga, é triste!
E a gente fica sendo, porque existe,
Vaga ilusão de ser, não sendo nada.
À minha mulher.
Apaixono-me dia após dia
pelo odor da sua ruminância,
pelo sabor do líquido que expelia,
pelo tato da sua carne em putrefância.
Expeli em mim, mostra-me
todo o seu resto de humanidade,
tudo o que tens de semelhante
com os animais, decomponha-me.
Se a podridão da morte vive
em teu fim, é onde sentir,
sentirei, serei quem convive
com o afago do enxofre
que ao meu cerébro a de subir,
fazendo meu último dia, hoje.
Soneto alado
Pelas asas do avião
voa o meu coração,
esperando voltar logo
à cidade da paixão.
Paixão que a esta altura
faz-me lembrar a ternura,
da linda mulher madura
dando asas à loucura.
E pensando em você
ganho asas em movimento
do amor alado daqui dentro.
A felicidade então aflora,
é a liberdade a se incitar,
que só tendo asas para explicar.
Soneto dos Apaixonados
Aquela que nunca imaginara
Ser chamada pra uma dança
Talvez jamais pensara
Que teria tal lembrança
Então Dança menina, Dança
Enquanto você ainda não se cansa
dança menina, dança
Porque a noite é uma criança
Essa noite de céu estrelado
Que tudo se realiza.
Como algo que já fora planejado
Enquanto a menina que dança
Se perde no reflexo
De um olhar apaixonado
Não vou nem perguntar se tu me amas,
pra não ouvir um papo muito antigo,
como "te quero so como amigo",
ou "com amigo não se vai pra cama".
Dificil de entender (eu nao consigo)
se nada falo, tu depois reclamas,
e se te digo, é aquele drama,
não queres nunca mais falar comigo.
Melhor, entao, tornar-me um sonetista
e ser romântico ou parnasiano,
deixando o amor para a perder de vista.
Nas tuas regras entro pelo cano,
acreditando em tuas falsas pistas,
e com meus versos eu mesmo me engano.
"Estou sentado ao lado,
Me sinto em pé de frente,
Respirando o Oxigênio, ficando denso
Ou Oxigênio nos respira lento.
Veja se há explicações para o ato
Interromper a historia a ser lida,
Onde está os deveres e direitos
De uma pobre e indefesa vida.
A historia para alguns já lida
A moral de toda fabula,
É a morte que substitui a vida.
Ser-humano é de longe, errado
Lembre-se, por você mesmo,
Pare de ser manipulado.
Cortesia de fast-food, hoje experimente,
Um Problema espiritual ou material?
O Magnifico Vento Artificial"
Não quero ser essa pessoa
Demostrar pensamentos vazios,
Vindos de uma negligente mente
Construída para ser vazia.
Ler as desvantagens das ações
Interpretar os privilégios do verbo,
Buscar sua própria perspectiva
Hipócritas! Disse ele.
Ouvir ruído, achar a música
Comprar e guardar, guardar e comprar,
Comer por estar saciado.
Perguntar, esperar respostas
Responder, gerando outras perguntas,
Aprender para esquecer.
Ontem a cura, ante-ontem bomba
O velho mais novo
Inevitável ciclo da Ignorância.
Soneto de Separação
(Paródia)
Num crescente do meu riso fiz pranto
Ruidoso e franco como a amargura
E das vidas unidas fiz loucura
E com mãos desamparadas fui santo
Num crescente sem calma fiz tormento
Que dos olhos desfiz a última dama
E da ilusão fiz o meu arrependimento
E do sofrimento imóvel fiz trama
Num crescente, não mais que num crescente
Fiz de triste aquela que fiz amante
E de sozinho em que se fiz presente
Fiz de um amigo pródigo o distante
Fiz da vida uma fulgura constante
Num crescente, não mais que num crescente
Soneto do Pássaro
Suas asas batem
Os ventos do sul nelas tremem
Breve segundo de luz
É perfeito pra teu corpo , reluz
Uma deusa ou mortal
Pássaro alado ou divino
Tua leveza ti transporta ao paraíso imortal
De longe podes perceber
Que triste não irás lhe fazer
Multi colorido nesse céu astral
Flutua tua beleza nessa aurora boreal
A procura de um canto
Repleto de encantos
Parece humano, na busca de sobrestar seus enganos
Soneto da saudade
Quando sentir saudade
respire fundo
e pense duas vezes
Que não é o fim do mundo
mesmo sabendo que não é,
o fim...
olhe para o nada e pense em tudo
tudo que podíamos fazer ate o amanhecer...
saudade daqueles beijos
saudade dos teus abraços
e agora estou aqui sem saber o que faço..
momentos que passamos não terá como esquecer...
saudade daquele tempo
que era só eu e você
Soneto da chegada
O amor é fruto do sentimento
É dor absorvida com prazer
Às vezes, dificil de entender
Pois compensa grande sofrimento
Veio curar o meu lamento
Minhas vontades satisfazer
Veio você pra me entender
E me libertar do aborrecimento
Um anjo, sutil e perfeito
Que cai em meus braços
Ocupa e aquece meu peito
Sem incógnita nem embaraços
Com afeto, carinho e respeito
Resultando em beijos e abraços
Primeiro amor
Em tempos de tão profunda escuridão
Ainda acho no teu coração, a pureza de um amor belo ao qual se deve contemplar..
Um amor que inebria aos lirios do campo
E desperta o desejo, que nos olhos dos santos, se matem abarcado
Se mantém puro em meio a maldade
Uma tentação doce, sem vaidade
Que se devora no perjúrio dos amantes
Um pouco instavel, porem nunca incostante.
Que não se limita a unico ser
Um segredo bem guardado, ao qual poucos iram conhecer
Um tesouro perdido, que conseguir
Encontrar em vc.
A Maria, jardineira das flores do próprio túmulo.
Co'a lata na cabeça parte a moça,
(na estrada triste e torta ela se some)
que tem ela, Maria, senão força?
que tem ela, Maria se não nome?
A lata bate forte e se encerra
Um tambor ruge vulto no estombo
Mal se difere a moça e a terra.
Se entortece Maria e o seu lombo.
Enquanto pinga gota da lata
e gota até do corpo dela,
No chão vasto pisado nascem flores
Quando a noite cai co'a lua prata
E a morte desce rude em sentinela
morrem latas, Marias e amores.
O nome é vida
O sol que não me pertence
A lua que nunca foi minha
As estrelas que observo
E a terra na qual eu vivo.
O mundo onde há a minha água
O solo onde eu fertilizo
Os animais que eu cuido
E os caminhos que eu crio.
O fogo que me machuca
A escuridão que me sufoca
A depressão que me enfraquece
Sou frágil e sou suportável
Temo o meu oposto, a morte
Chamo-me vida, prazer em fazer você existir.
Tribunal do outono
Não sou frio, nem quente.
Sou um meio termo, uma sensação.
Não sou exato, não sou gente.
Sou o júri que não escuta a emoção.
Sou justo, mas posso me alterar.
Quem me dera saber dos fatos
Assim poderia julgar sem pensar.
Sou o juiz que ouve os mais calados.
Sou a chama alaranjada
Que toca às árvores com a minha vontade
O servo da justiça com a mente afiada.
A sentença em uma única estação,
O vento que assopra a verdade
Sou o outono de um tribunal sem coração.
Soneto de ninguém
É o silêncio que nos domina
É a arte que nos mantém lúcidos
É a guerra que nos intimida
Mas, é a bondade que nos mantém puros.
É o poema de alguém
É um insulto que nos separa
É a destruição que é vista do além
Todavia, é a razão que nos ampara.
É o cataclismo de uma civilização
É a pureza de uma criança
Também é a salvação
É o otimismo que gera esperança
É feito por nós e tudo que nos contém
Apenas um soneto feito por ninguém.
TARDIA CONFISSÃO
Uma pequena mancha avermelhada,
Corpo imóvel, e mente em disparada,
Como um vulto as recordações passavam
Assim mente e corpo se separavam.
Figura robusta imóvel jazia,
Encharcada no vinho carmesim,
Uma jovem observava-o e sofria,
Futuro perdido num frenesim.
Jovem apaixonada,desistira,
Decidiu livrar-se daquela dor,
Pelo mesmo caminho ela seguira,
Em busca d'eterna felicidade,
Desperta n'escuridão o encontrou,
Enfim juntos por toda eternidade.
SONETO DA ROTA INTRAFEGÁVEL
(Para dar um jeito numa lorota insuportável)
"O sábio fala porque tem alguma coisa a dizer.
O tolo porque tem que dizer alguma coisa".
(Jean-Jaccques Rosseu)
"Aja antes de falar e, portanto,
fale de acordo com seus atos".
(Confúcio)
"Pessoas normais falam sobre coisas,
pessoas inteligentes falam sobre ideias,
pessoas mesquinhas falam sobre pessoas".
(Platão)
"Quem muito fala pouco diz".
(Sabedoria Popular)
Dois velhos conhecidos se encontraram
na saída de uma agência bancária.
Bem comedidos, eles se cumprimentaram
com a devida deferência necessária.
Um estava muito disposto a tagarelar
e, tagarelando, ficou rouco mas não calava.
O outro mostrava desgosto ao escutar
e foi ficando "louco" com o que escutava.
Porém, a conversa, ou seja, o monólogo
irritante tomou uma rota intrafegável,
sem a pressa benfazeja de acabar logo.
O falante contou uma lorota insuportável,
com o intriguento acinte da tolice vigarista,
Sem fingimento, o ouvinte disse:"Até a vista".
Paulo Marcelo Braga
Belém, 30.07.2015
(02 horas e 52 minutos)
SONETO DA OBSERVAÇÃO AUTÊNTICA
(para dar um jeito na falação egocêntrica)
Para o bom entendimento de certas ocorrências
deve ser preciso ficar à distância necessária
de quem tem um intento de fazer maledicências...
Ter juízo é abdicar da arrogância sectária!
Todo sectarismo atrapalha uma pesquisa imparcial,
recusa um manifesto da ponderação analítica,
tem revanchismo canalha, não prioriza o essencial
e abusa do dialeto de uma acusação inverídica.
O necessário julgamento do fato observado,
além de ser indiscutivelmente mais criterioso,
é solidário e isento de um desacato aloprado.
O bem convincente Poder da Paz é vitorioso
ao combater a falação egocêntrica
e promover a observação autêntica.
SONETO DA COMPAIXÃO
(Para quem tem feito traição)
Existe esperança para alguém readquirir aquela
forte credibilidade que outrora chegou a ter?
Uma triste desconfiança que vem destruir a bela
cumplicidade pode ir embora sem retroceder?
Quem já desconfiou algum dia permanece desconfiando
da ocorrência traiçoeira e da versão falsificada?
Quem aconselhou: "confia e esquece", estaria estimulando
uma reincidência da primeira traição praticada?
Como um ser traído deve atuar diante do impasse
causado por qualquer uma espécie de traição?
É permitido chorar bastante, mantendo a classe.
Quem assim tem chorado, sentirá sentirá compaixão
pelo que fez a criatura causadora de tanto choro.
Eis a postura consoladora para quem tem decoro.
Paulo Marcelo Braga
Belém, 17/03/2015
(01 hora 17 minutos)
SONETO DO CURSO EVOLUTIVO INSUBORNÁVEL
A pessoa incompetente imagina que avacalha
a inspiração correta e o poder que tem
toda boa gente que nem se amofina e trabalha
com a intenção honesta de viver bem.
Quem sabe manter uma necessidade verídica,
faz (com fé) o que estiver ao alcance da cidadania,
mas é incapaz de dar qualquer chance à hipocrisia,
até que se acabe o "prazer" da maldade política.
Se alguém consegue ver além da aparência externa
realmente não se ilude com imagem fugaz
de quem renegue o poder e o bem da essência eterna.
A deficiente visão da rude politicagem é capaz
de se apaixonar pelo abuso permissivo deplorável,
antes de vislumbrar o curso evolutivo insubornável.
Paulo Marcelo Braga
Belém, 16 032015
(22 horas 23 minutos)
DE MODO ALGUM
As imperfeições, disfarço-as
Os enganos, desfaço-os
Os nós, desato-os
A morte é um desacato!