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Vamos esta prosa analisar,
para nela encontrar
o que nos leva a poetar...
Osculos e amplexos,
Marcial

COMO PODEMOS DIFERENCIAR PROSA E/OU POESIA
Marcial Salaverry

Realmente, eis um tema interessante e uma dúvida pertinente, vamos assim tentar definir se existe alguma diferença entre prosa e poesia.

O que na realidade se pode afirmar, é que todo prosador é um poeta em potencial e vice-versa. O fundamental é que tenha alma de escritor, e saber buscar no âmago da alma, aquilo que quer exteriorizar, ou seja, se tem uma alma poética ou se "sente" mais forte a prosa em sua alma...

Outrora essa diferença era bem acentuada, pois a prosa sempre teve um estilo livre para ser escrita, ao passo que, para escrever uma poesia, era necessária a observância de certas regras de rima e métrica, que a tornavam quase que um exercício de matemática. Basta que se considere a quantidade de prosadores e de poetas de antigamente (d’antanho fica mais adequado...).

Por essa razão, os poetas eram exclusivamente poetas, e os prosadores mais ainda, dedicavam-se à liberdade de linguagem da prosa, fugindo dos grilhões das rigorosas regras da métrica poética..

Destarte, os grandes autores do passado, sempre seguiram seus estilos. Por vezes fizeram algumas incursões em seara alheia, mas não conseguiram desenvolver-se fora de sua especialidade.

As poesias sempre foram consideradas leitura de elite. O vocabulário dos poetas sempre foi considerado pernóstico pelos leitores não iniciados. As regras poéticas sempre exigiram o uso de palavras consideradas “difíceis”. Para ler-se uma poesia, por vezes exigia-se um dicionário ao lado. Por essa razão, apenas uma minoria mais intelectualizada apreciava o gênero poético. Muitas vezes, sem entender o que o poeta quisera dizer.

Contudo, com o correr do tempo, alguns autores começaram a popularizar mais a poesia, trazendo-a ao alcance do público em geral, e assim, as antigas regras poéticas foram completamente desprezadas, chegando-se à rima livre. Atualmente, para escrever-se uma poesia, há que se ter sentimento. Sequer a famosa rima é exigível. Métrica, então, nem pensar, contudo, existem alguns temas dentro da poesia que seguem mantendo obediencia às regras de sempre, como sonetos, trovas, indrisos,e outros mais, que fogem dos "benefícios" da "Poesia Livre", que permite aos poetas procurar em seu interior os temas a serem desenvolvidos. E graças a esa liberdade poetal, tem surgido muitos poetas novos, brindando-nos com lindas poesias, aproveitando-se do "Habeas Poesias..."

Atualmente, pode-se considerar uma poesia como uma mini prosa. Assim sendo, pode-se mesmo dizer que para um prosador escrever uma poesia, basta saber sintetizar sua prosa, e dar-lhe um certo ritmo poético. E, para um poeta escrever uma prosa, basta “inchar” sua poesia, desenvolvendo um pouco mais o tema, e portanto, prosa e poesia podem perfeitamente ser escritas por um só autor, desde que tenha a sensibilidade necessária para saber “sentir” as pequenas diferenças existentes entre ambos os estilos.

Poesias sempre dão um enlevo maior. Puxam mais para o romantismo. São de leitura mais leve. Falam de amores, de desejos. Também contam histórias breves, com um certo ritmo. São mini prosas.
Prosas são crônicas. São histórias. São estórias. São temas mais desenvolvidos. Falam de amores, de desejos. São maxi poesias.
Hoje praticamente pode-se dizer que não há diferença nenhuma entre escrever-se uma prosa e uma poesia. Basta que se tenha a alma de escritor acima citada.
O que se pode apontar como diferença, é apenas uma certa preguiça poetal. Nem sempre um poeta se dispõe a desenvolver seu tema e escrever uma prosa. Nem sempre um prosador se dispõe a procurar sentir em seu espírito a poesia que está dentro dele.

Um convite aos amigos escritores. Aos poetas, que experimentem descobrir seu lado prosador, e aos prosadores que descubram seu lado poético.
O importante é saber explorar o talento de escritor que existe dentro da alma, soltando todo o talento que ela abriga.
O importante é soltar a alma para o mundo, sempre desejando UM LINDO DIA, seja com uma mensagem de otimismo, seja com uma doce poesia. O importante, é poder espalhar amizade e felicidade...

Inserida por Marcial1Salaverry

Quando as luzes foram se acendendo, uma a uma, coloquei minha alma para caminhar. Vagueou por ruas, sobrevoou casas. Mas encontrou mesmo abrigo, foi na melodia inspiradora daquele violinista emitindo suas notas de cima do telhado, sob a luz do luar. (Violinista do Telhado - Victor Bhering Drummond

Inserida por victordrummond

Nossa vida nos ensina

Não há grande ou pequeno. Há o generoso e o tacanho. Quem com olhos de bondade ver, não assassina a alma do semelhante. Não há maldade sem planejamento nem afago que não cure.

Somos tão bons quanto nos queiram ser. Somos tão ruins quanto nos imaginem ser. O nosso ser é acalentado pelo calor do amor e ressecado pela frieza do ressentimento.

O mais difícil é mensurar a brisa que acalma o coração e as gotas que caem dos olhos pela alegria ou pela tristeza que o amor provoca diante do sabor ou dessabor da dor.

Não imagino uma vida sem preocupações nem alegrias sem frustrações. A madureza é feita a partir do entalhe que a alegria e a dor esculpem em nossa mente e coração.
Graças às verdadeiras dores que nos ensinam que a alegria é efêmera e mentirosa,embora deliciosa, nos enganam e nos anestesiam e nos deixam inconscientes que a vida é difícil. Mas é isso que alegra o nosso ser, a verdadeira mentira que o mau é bom e que o bom é fútil.

Inserida por Poetaantonioferreira

Sempre tive certeza de onde pretendo chegar. Se vai ser na lua ou em plutão, ou se vai ser na Azerbaidjão. Não importa quão longe. Já cansei e esperei acabar as tempestades e o calor abrasador da vida. Já bebi algumas águas, às vezes até insalubres, para sobreviver a tanta inundação. Já comi coisas insossas ou insipidas da problemática tentativa de não ser um jabuti lesado ou uma anta sem o pensar. Hoje colho flores das mais bonitas num vaso honroso com um chá e livro na minha cabeceira. Não me atenho à passagem do tempo sem concluir o esperado pelo certo. Já que a vitória chega no limiar da vontade de Deus.Hoje uso meu processador para construir ideias e encorajar outros andarilhos deste sol escaldante e céu sem luar da desesperança. Hoje, uso meu filho para perpetuar meu nome na Terra, com o legado de fazer a meditação de vasta observância e culturalização. Não pretendo interpretar meu pensar aqui para não tolher sua percepção. Só digo que aqui é apenas a sombra da minha imaginação. Não denoto aqui, apenas conoto a lição da reflexão. Cuidado com a má interpretação para você não ser considerado um doutor em ignorância de conhecimento e criação. Não uso aspas aqui pois não preciso destacar o que não é a literalidade do escrutínio da minha realização. Se não entendeu não procure saber na ânsia da curiosidade o que é apenas uma conotação do que todos verão quando vir à tona o dito limiar em questão.

Inserida por Poetaantonioferreira

Acho que preciso de prosa,
ainda que seja com versos.

Inserida por SandraBoveto

Do amor espero muito e tanto
Do ardor espero o mesmo e parto.
Da ida espero o mesmo encanto,
Na volta espero o mesmo afago.

Do olhar espero o seu encontro,
Do riso espero o seu retrato.
Das mãos espero o mesmo toque,
Da boca espero o embaraço.

Nascido da mesma vontade,
Que bate e não se aguenta
Que invade o mesmo peito e parte
O embate que na vida aumenta.

Espere, ó bem, o meu resgate
Ao sol que luz da vida trás,
O amor se torna um desastre
Se não são dois corações iguais.

Inserida por MatheusHoracio

Do sol
E da luz que arde,
Parti pra viver da arte.

Da lua
Que vieste encher,
Parti para poder te ver.

Da chuva
Que há de me molhar,
Parti pra poder amar.

Do inverno
Que o frio trás,
Parti procurando mais.

Da moça
Que pouco vi,
Pouco falei
Então parti.

Inserida por MatheusHoracio

(PROSA)

SENOR. -- Ouça! Meu jovem, vê aquele homem?
JOVIN. -- Sim, o vejo!
SENOR. -- Ele é tão livre que um dia será preso.
JOVIN. -- Preso!? Mas por qual motivo?
SENOR. -- Por excesso de liberdade!
JOVIN. -- Mas essa liberdade me parece inocente. Não acha?
SENOR. -- É!... Até mesmo ingênua. Porém... É também vivaz. É afiada... Perspicaz e eloquente.
JOVIN. -- Então... Por que ão de aprisioná-lo?
SENOR. -- Porque a liberdade alheia ofende. E quem a busca é afetado por ela com veneno mortífero. Por isso, a liberdade é tão restrita para aqueles poucos capazes de aprisionar-se em sua própria liberdade. Que, muitas vezes... Essa, chega a ser letal.
Pois, haja vista que "Livre", é o estado daquele que tem liberdade.
Liberdade, meu caro, pelo que pude aprender com um grande homem, é:... É uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda."
JOVIN. -- Então... Ser livre é como cair num abismo profundo de dilemas inexoráveis?
SENOR. -- Sim, Meu jovem. É o que suponho.
JOVIN. -- Então por que a existência da palavra liberdade? Seria apenas para dar esperança aos escravos?
SENOR. -- Talvez, mas penso que criaram-na, apenas, para fazer com que os escravos continuem vivendo e crendo que, um dia, um dia... Talvez, serão libertos. Porém, sabemos que aqueles que tentaram à liberdade, tiveram suas vidas ceivadas. Assim como um grande amigo e, tantos outros que aqui nesta cidade jazem como grandes guerreiros da vida.
JOVIN. -- Verdade, meu pai, quando vivo, me dissera algumas histórias sobre estes que buscavam liberdade.
SENOR. -- Imagino, ah... Seu pai, meu grande amigo! É uma pena que seu pai tenha feito parte destas histórias.
Mas ele, sem dúvidas foi protagonista!
JOVIN. -- Se o que me dizes é verdade... Presumo que meu pai tenha buscado tal liberdade.
Agora compreendo! Meu pai foi como ele. Por isso disseste que ele será preso. Pois ele está sendo como meu pai!
Prefere se manter preso em sua liberdade ameaçadora, lutado contra todos os sopros e, inclusive ventanias. Do que deixar com que esta chama da esperança se apague.
SENOR. -- Meu caro jovem... Agora conheceste teu pai por intermédio de duas palavras.
JOVIN. -- Sim, mas também pelas recordações de um grande amigo dele, que o mantém vivo em seu coração.
SENOR. --- Oh! Meu jovem... Obrigado por ensinar-me.
JOVIN. --- Como assim?  Tu foi quem me ensinou, e ao fazê-lo, fez-me conhecer meu pai.
SENOR. -- Fico lisongeado! Mas o que acabei de aprender contigo... É que quando buscamos estas duas palavras que conheceste um pouco mais sobre teu pai... Contagiamos os que fazem parte do nosso convívio. E assim, como ele, se acham presos; Mas também totalmente libertos em nossos corações.
Para trazermos-los à vida por intermédio de recordações.
JOVIN. -- Então... "Recordar é dar vida aos que não mais vivem."
SENOR. -- Foi o que aprendi contigo, Meu caro. Bom... Já é hora de irmos para à casa. Sua tia já deve  ter preparado a janta.
JOVIN. -- Vamos! Já estou faminto. E ao caminhar... Pensou o jovem: "livre tão somente são os nossos pensamentos. Pois, por muitas vezes permanecem apenas em uma vida onírica"

[ FIM ]...

Ass: ytsuo yang.

Inserida por YtsuoYang

Sorriso é poesia, é prosa com o olhar.

Inserida por EssaKynha

Amar

Quando um certo alguém desperta um sentimento,
penumbra, alarde, incerto momento.
Sem fuga, não ter pra onde ir,
tentar desvanecer, não conseguir fugir.
Ao longe perto se está, engana-se ao tentar enganar
Coração vicioso, confuso dispara.
Logo eu que sempre andei ao rumo de muitas veredas,
trocando o sossego de meu lar pelas ventanias da doce vagabundagem
sem saber se estava fugindo de algo, ou procurando por você.

Inserida por marcielmuniz

Culpa

Afinal, o que acontece
Não me alegra, tão pouco entristece
Mas me intriga, causa insônia
É incólume porém é difícil,
Pois escolher é decidir
Estar livre de mim mesmo
E poder atribuir, desta culpa me encarnar
d’está, deixa assim mesmo como está
foi tudo minha escolha
Consequências, sim eu hei de encarar.

Inserida por marcielmuniz

A verdadeira Alma do poeta ou da poetisa não tem endereço, pertence ao mundo, aos sonhos, à noite, aos sons e ao silêncio das estrelas. As luzes que piscam no horizonte inspiram os versos, que viajam pelas nuvens no pulsar das asas do sem fim

Inserida por PaolaRhoden

INTEMPÉRIE

temporal d'água
com muita chuva
encheu as luvas
de enxurrada.

Saiu arrastando
carros pelas ruas
alagou as casas
minha e sua.

Desceu asfalto
sem nem um zelo
encheu as bocas
de todos bueiro.

Temporal d'água
veio com ventos
molhou as éguas
e seu jumento.

Antonio montes

Inserida por Amontesfnunes

ROSA MULHER

Olhe a rosa?!
_ Mas que rosa?
_ A Rosa Maria
Mulher do vigia
Ela zanza à noite
Dorme durante o dia.

_ Mas que vigia?
_ O vigia José
Que trabalha, trabalha
E a Rosa, nem café...

Eita mulher que falha!
Outro dia ela saiu
Logo ao entardecer
Invisível ninguém viu
E ela só foi aparecer
Na aurora ao amanhecer.

Bateu o pé por ai
Desobedeceu se mandou
Depois começou a mentir
Disse que foi caçar pequi
E na verdade com outro
Ela foi fazer amor.

Saiu de carro um dia
Com um cara lá da feira
Não escolhe a quem vai
Diz que tudo é besteira...
Ontem saiu de bicicleta
De fininho por ai
Foi até a beira do rio
Em dia assim de estio
Vejam o que poderá vir.

Garra agarra ela brincou
A tarde toda com amor
Que a outro prometeu
De fininho ela voltou
Jurou para o seu senhor
E para a nossa senhora.

Valei-me meu Deus!
Leva a vida sempre assim
Nem ora e não sabe rezar
Na igreja ela não vai
Sempre zanza por ai
De cara com o satanás.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

A MENINA POETISA

Mamãe eu vou ali, voltarei já, irei colher flores de maracujá... Eu posso ir mamãezinha?..
A senhora vai deixar?! _ Vá, mas volte logo filha minha não se esqueça de que você é a perola dessa família.Além do mais já é quase chegada a hora do almoço: meio dia, e depois eu não quero te ver envolvida com garotos.
_ Oh minha mãezinha!’ porque tanta ladainha assim! Eu também quero ter tempo para passar no jardim... Colher folhas de alecrim, E aqui aproveito a nossa prosa para te falar que das rosas eu colherei pétalas, para mim, e também trarei para ti pétalas de flores de todas as cores
lindas grenás como sabe, todas as rosas vermelhas esboçando os meigos amores.
_ Minha filha você também tem a lição escolar para fazer; meu sonho filha minha, e a minha paixão para quando você crescer e for uma médica sensível e cheia de mimo como você é,
e sempre será.
_ A mãezinha a senhora ainda não sabe que se estuda muito para ser médico, e assim com esse poder aquisitivo baixíssimo que nos possuímos, é claro que nunca serei uma médica.
Nessa via só sou menina pobre só sei brincar,
Brincar de boneca, pula corda ciranda, eu sei
rodar, gosto de bambolê pular sorrir e cantar
nasci para ser rainha do lar medica não serei!
Quem dera chegar lá?! Tenho estudado:
Anatomia, matemática socialismo e biologia
Para que desse modo de ser, pobre eu saia
um dia. Mas aqui, a vida é simples, sem stress
sem conta e sem processos, não tem carros
nem aglomeração os dias são meigos
e a esperança existe no coração.
A lua por aqui, a noite ainda se vê no céu
Ver também todas as estrelas... Sobre o sol,
se anda de chapéu observa-se as chuvas
as enxurradas a correr fazendo aranzel.
Ver também o vento farfalhar as folhas
O joão-de-barro revoando para lá e pra cá
fazendo a sua casinha e com a sua amada cantando a namorar, tenho visto o
tico-tico no terreiro bicando o fubá os
pássaros todos alegres a chilrear, o galo
no poleiro apresentado o seu cantar.
Mãe eu não sei se quero ser medica viver
sob quatro paredes não me agrada. Não me
agrada aprender tanto, tanto! Para depois
viver sobre tensão carregando um controlador
“bipe” e nunca mais da vida nada!’ poder degustar, sou mesmo uma pessoa simples,
admiro a saúde a paz e o amar, fico feliz
apenas com uma musica, um cantar.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

EXPECTAÇÃO

A carta em cima da mesa
com palavras toda florida
contem frases de esperança
e pautas cheias de vida.

Relata, meigas saudades
atos de dóceis de carinhos
cita até certas vaidades
do tempo cheio de mimo...

A carta em cima da mesa
marca uma época de amor
rascunha ali uma certeza
que no amar, não existe dor.

O que existe é alegria
com sol límpido e preciso
um sonho a cada dia...
Alvorecer cheio de riso.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

SOTURNO

Eu tenho criado mudo...
Mudo no quarto não fala
as vezes mudo do canto
mas nunca chega na sala.

Mudo sempre na casa
sem palavra ali, pronto
aonde guardo as cartas
e lagrimas desse pranto.

Já tentei falar com ele
ele... Sem fala não fala
silencio eu sei, é d'ele
as lembranças nos abala.

Criado mudo me ensina
viver sem nunca chorar,
padecer é minha sina...
porque choro no amar?

Antonio Montes 24/10/16

Inserida por Amontesfnunes

UTOPIA

Com laço d'essa saudade
amarrei minha paixão
na corda da felicidade
dei o nó no coração.

Fiquei sufocado ao ar
sem poder nem respirar
meu Deus quando eu voava
queria, tanto amar!

Hoje sem minhas asas
meu horizonte encolheu
meu voou, dentro de casa
meu sonho é eu mais eu.

Agora é dentro do sono
onde posso navegar
sentimentos tem dono
acabou-se o esticar.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

ESCAPULIR

Quando você, bater n'aquela porta,
para ir embora...
Não olhe para traz, não olhe porque:
Se olhar...
Irá perceber que meus olhos chora...
Siga o adeus da minha mão,
e as lagrimas por terra...
Caídas do meu coração, saiba que:
Meu choro estará sobre pedras pontiagudas
d'essa sua paixão.

Quando você bater n'aquela porta,
para ir embora...
Vá! Não pare, não pare porque, se parar...
Ouvirá a lamuria do meu chorar,
e as lagrimas do meu ser a soluçar.
Se parar... Ira ouvir, o gritar do meu coração
e verás o meu afogar na poeira da sua estrada
em desalento com o meu amor
e o salutar da minha triste dor.

Quando você chegar n'aquela porta
para ir embora...
Por favor... Não abra, se abrir... Não vá...
Fique comigo para sempre,
porque, para sempre eu irei te amar.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

FLORES DE OZÔNIO

Com a chuva da língua sumida
a plantação de palavras, não arriba,
e esse sol ardente em chamas, inflama
... Pelos cumes dos arrebóis,
pelas sementes da vida,
pela enxurradas que carregam as lamas.

O poeta deixa de colher suas flores
de cores vivas, meigas queridas...
e perdeu a hora do alvorecer da criação,
atualmente tem sido, tingido pelas sombras
e sobre o escuro do seu desengano
nem uma pétala sobre as flores caídas
tem voado no jardim do seu triste coração.

Todavia a ampulheta do imaginar quebrou-se
e as areias, do seu tempo, esvoaçou ao ar
e sobre o vento impiedoso do deserto
o poeta perdeu-se nas margens do seu amar.

Assim como um passe de mágica
deixou de encher suas sesta de meiguice
e com ramalhetes que todavia te fez feliz...
Perdeu as flores pelo caminho da fosca visão
as quais deram vida ao tilintar da vida
e hoje, trocadas pela modernidade
estão sobre os jardins dos sonhos, esquecidas.

Com a sequidão dos sentimentos,
o poeta não é capaz de sentir o gosto do riso,
e sob o rosto de um meigo menino,
não sente o piscar feliz da bela mulher
nem tão pouco vê o arco-íres
esbanjando suas cores sobre as nuvens...
Agora o pesadelo flutua em seu sonho
não consegue colher ilusões
nem embarcar na canoa das fantasias.

É meu poeta...
Abra o diafragma para alegria
abrace a simplicidade e siga com suas braçadas
pelos oceanos dos sonhos,
assim quem sabe, a chuva cairá
e você voltará a colher suas flores...
Nas retinas do seu ameaçado ozônio.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

AS ÁGUAS

Eu sou as águas...
Amazonas Paraná, rio Nilo, velho chico...
Olhe ai o São Francisco, Solimões
O Yangtzé, Mississipi Missouri, Yenisei
Tenho águas tenho peixes orcas tubarões
Estou indo! Que saudades!
Será que volto?
Tive uma morte honrada
A onde morria no mar
Hoje minha morte e desgraçada
Morro todo dia!
Pelas nascentes, pelas margens
Eu sei que vou me acabar.
Eu sou o rio de lagrimas após o arpoar
Lagrimas, derramadas pelo amor
Lagrimas aos ventos de dor de amar
Sou o rio, sou rota sou caminho
Sou energia para sua vida
Carreira para sua canoa
O cais do porto o embarcar
Ninho para o seu Iate
Balança para a sua lancha
Balsa para suas cargas
Viagens, apoios para seus navios
Eu sou o rio que hoje...
Seca pelo efeito do seu estio.
Fui induzido
Perdi as nascentes
Para as ignorâncias das gentes.
Descabelaram o meu leito
Poluíram as minhas lagrimas
Eu sou o rio e já matei muita sede
Semeei vidas
Atiraram-me redes
E com meus frutos, sanaram as suas fomes
Sou o rio...
Todavia explorado pela mão do homem
Roubaram as minhas pedras
Meu ouro
Meus tesouros
Fiquei fraco esmoreci
Não consigo mais fazer estouros
Gasoso, evaporo aos céus
E caio como chuva orvalho
Faço cachoeira
Como enxurradas corto atalho
Embelezo os jardins os risos
Amplio a bonança disperso prejuízo
Sou a fonte que vem dos montes
Sou vida dos mais, pequenos
Ate aos grandes como os elefantes
Olhe o banho olhe a comida
Estou na panela na cacimba
Eu sou o rio... Sou vida.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

DEIXE-ME VOAR

Passarinho, pense e me diga
Porque que escolhe casas
Se teu viver no mundo arriba
Todavia foram as asas?

Vejo-te voar pelos espaços
Em canto com seu cantar
Segue com seu encanto ao leu
Chilreando sobre o azul do céu
Passarinho eu já sei
Que o seu viver é amar.

Passarinho... Ensine-me a voar?
Não me deixe aqui no chão.

Eu tenho sido arrastado
Por terríveis corações
Voando, ganharei os céus
E plainarei pela imensidão.

Aqui no chão sou arrastado
Pelas leis que me rodeiam
E ao imposto condenado
Que sempre me trouxe peia.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

CONDADO

É preguiça ou enfado
Desse gato danado
Que nem se levanta nem pula
Desse mundo quadrado.

Enfado ou preguiça?
Desse mundo tiririca
Que atiça a sua gula
E se transforma em titica.

Mas que mundo de enfado!
Que universo malvado
Sempre tecendo o seu fardo
Com seu sonho enterrado.

Vá de frente com a vida
Não! Não olhe de lado
Pode ser que a partida
Ainda tenha condado.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

CHORO CHORADO

Nas lagoas desses copos meus
Afogo-me por ti
Toda essa minha dor
A cada tim, tim um adeus
Sobre o qual eu banho-me
Em lagrimas desse amor.

Meu bem...
Eu trombei no poste
E calo em mim o galo dessa paixão
Eu sei... Você sabe...
Não sou forte!
Então eu choro
O choro chorado da desilusão.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes

PERFEITO EU

Perfeito eu? Não... Nã, nã, ni, não, não!
Eu não sou perfeito e não poderia ser
Pois sou humano e tenho um coração
Coração que me eleva aos céus dos
sonhos e que as vezes torna à mim...
Há esse mundo cruel e medonho.
Um coração que leva as trevas me
coloca entre intrigas e me castiga com
a solidão, me empurra para baixo
fazendo-me sofrer com a minha paixão.
Eu não sou perfeito, também não levo
jeito de ser, nem poderia... Imagine fui
moldado de barro, ganhei vida com
assopro, minha forma é fraca, qualquer
tempestade me faz tremer.
Deixei-me enganar-me por uma
asquerosa rastejante, vendi a lealdade
por um punhado de moeda
e ainda flagelei e crucifiquei o amor.
Eu sou balançado pelos ventos,
perco as minhas vontades para o tempo, tempo
altos e baixos permeiam meus sentimentos.
Sou frágil, sou sentimental eu posso
sim... Eu posso chorar por perder,
por ganhar... Eu posso enganar e ser
enganado, eu sinto...
Há qualquer momento eu posso rir, chorar
posso viver e também é claro...
Sim! Sim... Poderei morrer.

Antonio Montes

Inserida por Amontesfnunes