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SOLTANDO PIPAS
Pode ser pipa, papagaio ou gavião.
Depende do vento, brando ou furacão.
Com ela se encanta a criança crescida
Que no meio da rua se prepara pra vida.
Criança com pipa se cerca de encantos
E através dela faz seus olhos brilhando.
Não sabe que a vida nos cerca de dores
E joga na pipa inexistentes temores.
Quem solta pipa tem uma infância feliz,
Faz do papagaio seu amigo aprendiz.
Com ela a criança seus sonhos balança,
No fio de linha que, com outras, ela trança.
Rolimã e soltar pipa
Pular corda e peão
Brincadeira bem antiga
Curtia meu avozão
Hoje só tem celular
E um note pra teclar
Dá pra ser criança não
E se eu deixar,
Meu coração esvoaçar,
Como uma pipa pairar sobre o ar,
Feita de papel de caderno,
Aquele branco de linhas azuis,
Azuis como o céu,
Quadro de nuvens,
Com rabiscos de versos,
Minha imaginação o levará,
À caminhos tão longínquos,
Que nem posso imaginar...
A vida me passa,
Como corte de estilete,
Estilhaço,
Fere,
Sangra,
Dói,
Machuca,
Mas, não mata,
Cicatriz,
Falta o ar,
Nesse mar que teimo em me afogar,
Enquanto a vida passa,
A passos de formiga naquilo que corrói,
Trem bala naquilo que constrói,
Preciso de chão,
Fixação,
Boia,
Salva-vidas,
Vivo perdida,
Na mente um caos,
No dia bagunça,
Arrependimento dos dias não vividos,
Dos cursos inacabados,
Das oportunidades perdidas,
Queria voar feito pipa,
Sei bem voar,
Mas, toda pipa tem alguém à quem puxar,
Queria ser eu à dominar esse fio do asfalto.
Eu sou um vidro,
Eu me quebro,
Mas, também eu corto,
Corações feitos de mosaico,
Mas, não são todos que são capazes de reconfigurar,
São tão pequenos os pedaços,
Quase invisíveis,
Se tornam cerol de pipa...
Ao invés de lindas artes,
Se ouve o alarde,
De grande dor, que por não saber ele causou.
Um Dia Feliz... Com Asas e Voos!
Feliz dia...
Viva-o com muito
amor e carinho.
Dê a ele todos os motivos
para que ele possa
te trazer alegrias.
Se acordou triste...
Anime-se!
Nunca devemos ficar tristes
quando Deus nos dá
mais um dia para somarmos
aos que já vivemos.
Respire fundo
e viaja por seu interior.
Aproveite esse
momento de isolamento
e te conheça mais um pouco...
Pois somos
seres infinitos por dentro.
Bom poder nos vermos
e revisarmos nossas
almas e espíritos.
Se acordou feliz...
Aproveita o momento
e dê mais linha a essa pipa
chamada vida... Deixá-a voar.
Voar...
Se sentir leve
e mais feliz ainda
nesse coração gigante
de amor,
que pulsa em seu peito.
Abra portas e janelas...
Deixa o ar fresco arejar corpo,
alma e espírito.
Alimente seu lado bom
e venha ser feliz
com quem te valoriza.
Dia super divino.
Maravilhoso e feliz.
Meu forte abraço
e muito carinho!
O TREM
Antes que passe o trem
Preciso pôr a máscara
E os óculos escuros
Para não ser atingida pelo vento
Que ultrapassa a TV
A música que ouço agora
Não é nada agradável
Mas vejo uma pipa no céu
Que me consola
E um menino na rua
Jogando bola
Meu coração sabe bem
Que a vida passa ligeiro
Como passa o trem
Sabe que a pipa leva o menino
Até a estrela mais próxima
A música desagradável
Já não ouço mais
Embarcar numa pipa
É leve e gratuito
E a vida é passageira demais
Para ser vivida em vagões.
Dizem que menina não empina pipa no sol
Quem criou a regra que ela não joga futebol?
Que negócio é esse, brincadeira de menina?
As minas fazem tudo, até mandar umas rimas
Ah ! Quem me dera
De preferência sem amarras.
Assim é meu sonho.
Ah! Quem me dera subir...
Desprender-me do que me segura e sumir pelo espaço.
Não quero o futuro
Não quero o passado
Quero momentos
Quero subir com as forças dos ventos
Nascer de novo
Ver tudo novinho
Voar como um passarinho
Ser uma pipa no ar
Ver as estrelas e o luar
Voar,voar e voar para não mais voltar....
Sem linhas para ninguém me governar...
Se eu cair...
Que eu caia sozinho..
Pelo menos não levo o peso da culpa.
E não terei o dever de pedir a ninguém,
Desculpas.....
Autor:Ricardo Melo
O Poeta que Voa
Pipa amarela
Era uma vez um menino
Que era muito sonhador
Trocaria a sua pipa
Seu brinquedo favorito
Por um cargo de doutor
O menino então cresceu
Teve o sonho realizado
Tornou-se executivo
Profissional respeitado
Mas um dia aquele homem
Sentiu no peito uma dor
Ao abrir sua janela
Viu pairando no horizonte
Seu brinquedo favorito
Era uma pipa amarela
Era uma vez um homem
Que era muito sonhador
Trocaria seu destino
Pelos tempos de menino
O QUE CEROL DE NÓS?
Eu, menino, mirinzinho ainda, voinha me levou para conhecer o Rio de Janeiro.
A gente ficou no bairro de Duque de Caxias, na casa de uma amiga dela, D. Arcanja, que aliás fazia jus ao nome (e sobre quem no futuro contarei algo).
Ocorre que fiquei na frente da casa vendo os meninos empinarem arraias naquela rua de barro.
De repente, um monte de carioquinha veio correndo em minha direção, e - súbito - uma pipa caiu no meu colo.
Tentaram tomar de mim. Aí segurei a arraia com cara de medo e gritei:
- Oxe, oxe, oxe, oxe! Nada! É minha!!!
Aí um deles falou:
- Vc é baiano?
- Sou!
- Oi! Eu sou Arimam!
- Luís.
- A gente vai te liberar, baiano, mas vc vai ter que empinar essa arraia!
Nos dias seguintes, fiquei vendo os meninos temperando a linha - o cerol - para a batalha aérea que aconteceria no dia outro.
Era fascinante ver a algazarra mitológica que a gurizada empolgada fazia. E, quando uma linha era cortada, pequenos troianos fluminenses corriam para ver quem pegava o prêmio. Uma espécie de alegre agressividade coloria o evento... Rsrsrs
Eu não tinha linha nem aprendi a receita do tal cerol. Mal sabia empinar, a não ser o meu nariz, como blefe de valentia (rsrsrs). Então, numa atitude criativa e desesperada (às vezes o desespero é um start para a criatividade...), fui catando um monte de resto de linha velha que via pelo caminho, fui remendando uma na outra e fiz o meu carretel "frankenstein".
Na véspera do retorno à minha Bahia, fiz a arraia ganhar o espaço com as linhas de bagaço.
Arimam já era o meu melhor amigo e me orientava no combate espacial.
- Vai, baiano! Vai, baiano! Puxa! Solta! Vai!!!
Os outros davam risada, pois entendiam que linha remendada, velha, usada, desgastada não garante nada.
Eles entenderam errado...
Consegui cortar a arraia dos meninos da outra rua!
Fui carregado como herói da meninada!
No dia seguinte, a despedida... Ia chover, mas Arimam desenhou um sol no meio da rua de barro... As nuvens respeitaram a majestade solar...
Todos fizeram uma vaquinha e compraram geladinho com broa de milho. Foi uma das melhores festas da minha vida.
Voltei à minha Bahia com a minha voinha.
Isso aconteceu há 39 anos...
Hj não mais menino, lembro essa história e percebo que minha vida é um carretel de linhas remendadas cuja arraia ainda está no céu...
Ainda está no céu...
Sobre o que virá depois?
Não sei mais nada.
A única certeza é que, embora forte e imprevisível, chegará a hora em que a linha será cortada...
E eu correrei em alguma rua do infinito da memória com a meninada.
Obrigado, Arimam!
Estado de exceção
Ontem escrevi sobre pipa e bolinha de gude,
Hoje, sobre uma democracia ameaçada
E amanhã? Será que terei mãos para escrever?
Bons pais e responsáveis, assim como bons professores (aqueles que não desanimaram e não desistiram) são bússola, farol, às vezes arco e às vezes flecha, cais e vela ao vento, chuva no deserto, sol na tempestade. São amor e aconchego no caos da humanidade! Seu impacto é profundo. Em seu viver cabe um mundo !
Quando eu era criança...
Membro me com muita clareza
Adorava empinar pipas,
Os dedo machucados e cortados com cerol
Batia no poste olhando pra cima
Furava o pe em prego
Cortava em cacos de vidro
Me furava em espinhos
E ainda mais quando meu pipa era cortado eu ficava muito triste e chateado...
E pensava munca mais soltar pipas...
Me aquietava dentro de casa fazendo qualquer outra coisa
Mas quando eu olhava na janela e sentia aquele vento no rosto...
Corria pra pegar o pipa e novamente correr o risco de me ferir ou ficar triste com um possível corte, mas não importava, a felicidade de soltar pipas era muito maior doque os ferimentos
Hoje em dia não me vejo tão diferente...
Não me importo com o furo no pé né com as pipas cortadas
Basta um vento sobrar no meu rosto que a criança que sempre amou soltar pipas, fala mais alto as vezes até grita... MANDAAA BUUUSSSCAAAA
“Uma criança, mesmo sem vento, atinge seu objetivo empinando pipa enquanto corre, mas há quem espere o vento.”