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"Pena que os túmulos mintam ou, no mínimo, omitam. Se contassem a verdade, permitiriam que os mortos fossem professores dos vivos: 'Aqui jaz uma besta que pagou com a vida para aprender a não ser otário'."
("Eu matei JK". Editora Pandectas)
Honramos os mortos contando histórias e mantendo vivo o “wailua” deles, o espírito deles, com “aloha”.
Zumbis existem muitos por aí, sendo guiados por outros zumbis. Quanto à Vida, mesmo no além ela é eterna e muito acordada. Se o Pai ainda agora trabalha e Jesus também, não ia criar almas dorminhocas e ociosas, no entanto o despertar é lento para uma humanidade que tem preguiça de pensar, de ler e de conhecer além do que ouviram falar. "Deixe que os mortos enterrem seus mortos", assim resumiu Jesus.
Amanheceu...
Frio intenso...
Árvores chorando em sereno...
Nem brisa sussurrando...
Em meu jardim só ?
Pensava ele = o poeta triste =
Rumor dos mortos...
Nunca esquecidos...
Caminhando....
E no silêncio presente...
Doce perfume inebriante pairava...
Nem uma abelha zumbia...
"De onde vem esse perfume?"
Indagava para si, tal qual sino silencioso,sem receber afago merecido...
Enquanto no frio agonizava...
Seus chinelos no chão arrastava...
Em penosa caminhada tremida...
Olhos lhe aguardavam...
Todo seus movimentos sentidos...
"O que será que o poeta vai fazer?"
Perguntam os pássaros uns aos outros...
Sussuravam baixinho...
A hora e o momento não pediam...
Alegres gorjeios...
E na aurora que o dia bebia em taças...
Pelo mel no ar ele se guiou...
Cada pétala...
Cada flor ele encontrou...
Estrelas deixadas na madrugada...
Com as quais se enamorou...
Eis que setembro chegou...
Olho-de-boneca floresceu...
O quanto Deus é generoso...
Só para fazer o poeta sorrir...
Plantou orquídeas em seu jardim...
Sandro Paschoal Nogueira
Kuarup
de seis milhões
em mil e quinhentos
restou apenas
uma legião
de vultos
soletrando
uma algazarra
zorra,
um kuarup de calça jeans.
os outros foram mortos
até os que estão vivos
até os que não nasceram.
" Vivi uma guerra. Vi camaradas e amigos mortos por balas e minas.
Sei hoje de mortos sem tiros disparados nem bombas destruidoras.
Viver é aprender… "
Quem pode me acompanhar no caminho dos mortos?
Quem pode me acompanhar no caminho da doença?
Quem pode me acompanhar no caminho do infortúnio; Mas no caminho do prazer, sempre tem alguém do meu lado!
Conclusão de um comentário que eu recebi, referente a 9 jovens, que morreram numa ação militar, no baile funk, em São Paulo:
Se você é negro (mesmo que você se considere branco, tem sangue de negro correndo nas veias e é pobre), morador da favela: - não saia de casa, pois você corre o risco de passar pelo lugar errado, na hora errada e acabar sendo assassinado pela polícia (polícia pobre, negra, e até morador da favela, subordinada pelo sistema para obedecer as ordens que vem de cima para baixo).
O problema com os mortos é que todos eles queriam alguém que os escutasse. Todo fantasma que encontrei tinha uma história prontinha pra ser compartilhada.
SONETO DOS FINADOS
Dia dos mortos, túmulos... Finados!
Dois de novembro, fé, um ritual.
Almas no céu? Inferno? Funeral.
Cemitérios, os corpos enterrados.
Covas, ossadas, pó... desencarnados!
Orações, rezas... Um tempo no umbral.
Lamentações, espírito imortal...
Mortes, óbitos, ciclos acabados.
Desafinados, só boas lembranças?
Ó sumida pessoa falecida,
Aos teus filhos deixaste uma herança?
Fecha caixão, velório, despedida.
Anos se vão... A única esperança:
Reencontrá-los no além, fim da vida.
Eu sei que o medo é uma droga pesada
E na porta do céu,
Eles pesam as almas dos mortos
Só me interessam correntes de ar quente
E o que sente um golfinho
Nas grandes rotas do mar.
Eu não tenho casa, eu não tenho grana,
Vai fazer frio, vai fazer frio
Benditos são os mortos e os não nascidos, malditos somos nós, os vivos, aprisionados nesta terra de amargura, dor e sofrimento, onde para ser exaltado você precisa primeiro ser humilhado!
Os mortos não cheiram rosas
Não recebem lírios
Não amam margaridas
Os mortos não ouvem os prantos
Não lêm elegias
Não nos ouvem os cánticos
E tu não nos vês aqui
Chorando por ti
Os mortos não lembram os dias
Não pensam nas memórias
Não sabem das horas
Os mortos não sentem o peso
Não sabem o que penso
De nós não têm dispreso (talvez nem apresso)
E tu não nos vês aqui
Lembrando de ti
Os mortos não choram nossas lágrimas
Nem doces, nem salgadas
Não choram nossas máguas
E Os mortos não cheiram rosas
(Vermelhas, pretas, azuis...)
Não lêem prosas
Nem lembram das glosas
Inspirado por: Adilson Saprata
Posso não seguir as regras, mas vou te dizer uma coisa: se seguíssemos o manual, nós estaríamos mortos agora!