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E se, e se a gente começasse a dirigir?
E se, e se fechássemos os olhos?
E se ultrapassarmos o sinal vermelho rumo ao paraíso?
Porque não temos tempo para envelhecer
Corpo mortal; almas eternas
Cruze os dedos, aqui vamos nós
Não tema se o mundo te julgar
Ou se uma porta se fechar
O que Deus tem para você
Ninguém vai encerrar
Não há ferrolhos
Nem portas que se fechem diante da Tua voz
Não há doenças, nem culpa
Que fiquem de pé diante de nós
E a tempestade se acalma
Na voz Daquele que tudo criou
Pois Tua palavra é pura
Escudo para os que nEle creem
Há momentos em que é preciso renascer para uma nova vida. Temos muitas vidas em uma única vida. Nascimento, morte e renascimento fazem parte de um mesmo processo. Chegou o momento de olhar para dentro de nós mesmos e de nos questionarmos se está na hora de nos renovarmos.
A nossa vida é um eterno abrir e fechar de portas
onde devemos atentar as nossas lutas focando sempre na última porta.
Seja bom...
Não importa quantas vezes você saia daqui, eu nunca vou fechar as portas do meu coração para você. Porque eu sei que você sempre vai voltar.
Muitas vezes, escolhemos permanecer em nossa zona de conforto, embora sombria, do que nos aventurarmos em busca de uma nova estrada.
A vida é rica e com novas raízes vem novas flores, novos perfumes e outros ornamentos. Nascimentos são factíveis, mortes são irremediáveis e renascimentos são imprescindíveis.
Amanhã já será tarde
Quero logo te dizer
Falar que te amo tanto
E te fazer perceber
E quando a porta fechar
E quando a vida passar
Esperar pra te rever
Não olhe com pesar para a porta que se fechar,
pois logo outra porta se abrirá.
Umbelina Marçal Gadelha (Umbelarte)
Se fecharmos a porta para o amor, eu acredito, que a nossa razão de existir também ficará para fora.
Que a virada deste ano corresponda ao início de grandes transformações na sua vida
Por Soraya Rodrigues de Aragão
Mais um ano se aproxima e arquetipicamente mais uma vez renovamos nossos votos, esperanças e promessas, sendo um momento muito propício para reflexões profundas, do que temos feito conosco, com a nossa vida, dos nossos sonhos e projetos.
De alguma forma, é um momento de cura interior, de libertação, de renascimento, de transmutação. Simbolicamente deixamos morrer parte de nós para promovermos um divisor de águas e nos darmos novas chances para nos renovarmos mais uma vez.
Porém, na maioria das vezes nos esquecemos de nos conectarmos conosco para promovermos uma escuta sincera, profunda e catalisadora de transformações das nossas reais necessidades em nosso projeto de vida neste mundo. Quantas vezes temos reverberado no autoengano, sendo portanto necessário abandonar o campo de batalha infrutífero que somente nos causam dor, confronto, desconforto, desgaste e derrotas, sendo materializado por pessoas que queremos ao nosso lado a todo custo, lugares desabitados de sentimentos, circunstâncias em que não há reciprocidade e propostas decadentes que gritam em seu último suspiro por serem abandonadas.
Isto porque de algumas experiencias praticamente restou somente a nós mesmos e a nostalgia de vivências que não poderão mais retornar, somente ressignificar.
Quando abandonamos o confronto com batalhas infundadas, nos desarmamos com a vida para podermos então voltar o nosso olhar para o autocuidado e para outras perspectivas de tudo o que nos acontece. Infelizmente decidimos muitas vezes por não desapegarmo-nos, negando-nos que a vida nos presenteie novas chances para nos sentirmos integrados e vivos mais uma vez.
O desfecho de uma etapa da vida é como um pôr do sol que acena a sua despedida, em que suas cores vibrantes se desvanecem no desbotar de cores imprevistas, em que o calor e a luz natural da vida se declinam para então podermos contemplar o brilho das estrelas, nos proporcionando sentimentos que se abraçados com a alma, nos trazem uma felicidade nostálgica de termos vivido cada momento daquela etapa com todos os seus aspectos e aprendizados que nos possibilitam agora um sentimento de gratidão e serenidade do que foi finalizado em consonância com as leis naturais da vida.
Esta fase nos envolve em um certo recolhimento e introspecção que proporcionam uma reavaliação da nossa história, dos desafios superados e do crescimento que nos foi proporcionado. Contudo, se houver resistências, se não aceitarmos as correntes desbravadoras do rio da vida que segue seu curso que tudo lava e que tudo leva, se perdurar a revolta (in)contida no sentimento da perda, em lutar contra o fluxo do que vira pó’ do nada, poderemos incorrer no erro de interpretar cada etapa que se finda nesta ciclicidade da vida como desilusão, turbulência, desalento emocional, tempo perdido, injustiça, constrangimento e falimento. Em outras palavras, não aceitamos o fim.
No entanto, todo fim traz consigo um novo recomeço, caso nos libertemos do que ficou no passado.
Deste modo, o melhor a ser feito é nos permitirmos adentrar em novas estradas e outros caminhos para que estes nos acolham e nos conduzam para novos significados de vida.
Ninguém permanecerá eternamente na mesma escola infantil, tampouco na mesma metodologia, pois é preciso avançar. Neste contexto, não poderemos viver harmonizados num espectro inexistente, em espaços vazios, em lugares sombrios ou desabitados, em circunstâncias que foram desconfiguradas. Não se pode haver progresso quando sempre aprendemos a mesma lição, degustamos os mesmos sabores, atravessamos as mesmas pontes ou desbravamos os mesmos trajetos.
Sendo assim, é contraproducente nos acomodar naquilo que já se conhece, que já se sabe, que é mais cômodo, embora não seja a melhor proposta para nosso crescimento existencial.
Nesta espiralidade da vida, tudo está em constante movimento e transformação, portanto permitamos desapegar-nos do que se foi, do que feneceu, do que já não oferece abrigo, dos sentimentos endereçados a pessoa amada e que não ressoam, que já não encontram eco ou reciprocidade.
Este é o momento de vislumbrarmos a imagem da nossa essência espelhada nas águas cristalinas da nossa própria verdade para percebermos que é necessário desapegar-se do que se foi para empreender outras direções.
Portanto, o melhor a ser feito em alguns casos é não teimar com o fluxo da vida, não discutir com as leis existenciais, com o que somente deixou um espaço vazio e que precisa ser preenchido de novos sentidos. Por que o nosso medo, muitas vezes não é somente a questão da perda em si, mas principalmente em saber lidar com a ausência, com o vazio que ali restou.
Que este ano nos surpreenda em prosperidade, que transformações profundas e positivas aconteçam em nossas vidas, mas sobretudo que as dinamizemos.
E que nestas experiencias que nos impulsionam para um novo ciclo, que possamos nos conectar para a construção do nosso “eu” inacabado e impermanente, sempre receptivos e gratos pelo que há de vir e pelo que já se foi. Que possamos celebrar a vida sempre em expansão, mais uma vez e a cada instante.
E que esta nos oferte mais um brinde e que nos dê boas vindas ao novo que se inicia.
Eu amo avestruzes. Eles são realistas. Eles acreditam só naquilo que veem. Quando tudo no mundo está dando muito errado e as coisas ficam difíceis, eles apenas fecham os olhos firmemente e explodem o mundo exterior.
Viver é construir-se o tempo todo, é (re)fazer-se o tempo todo, é cair e levantar quantas vezes forem necessárias. A vida não nos dá nenhuma garantia de nada, viver é uma caixinha de surpresas, é se arriscar o tempo todo, é (re)nascer o tempo todo. As coisas podem ou não "vingar" e está tudo ok, não há necessidade em se torturar incessantemente. Até mesmo porque nem adianta. Recomece com mais experiência e maturidade mais uma vez, e outras, quantas forem necessárias.
"Nunca dê as costas para quem está tentando te dar as mãos. A vida é curta e o mundo gira muito rápido."
A gente precisa aprender a determinar limites, reorganizar prioridades e se priorizar sem culpa. A gente precisa aprender a fechar ciclos, encerar capítulos, virar páginas e trancar portas. A gente precisa aprender a cortar laços que já se tornaram nós. A gente precisa aprender a soltar a mão de quem já soltou a nossa. A gente precisa aprender a aparar arestas, amarrar pontas e colocar pontos onde já não cabe vírgula. A gente precisa aprender a pôr ponto nas histórias que a vida já se encarregou de pôr fim.
O fechamento de um ciclo é sempre uma oportunidade de renascimento interior, muito embora não exista necessidade de datas fixadas para nos renovarmos.
Certas tentações não podem ser combatidas. Devemos fechar os olhos e fugir delas.
Não é razoável insistir em uma porta que não se abriu, após reiteradas tentativas. Quem sabe se bater em outra porta não lhe trará êxito?
(FBN, 18.03.2024)