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HOMENAGEM AO CADAVER DESCONHECIDO
VOCÊ
De todos os caminhos que a vida nos deu
No pior deles voce viveu
E não creio que de fato
Voce o escolheu...
Roupas surradas, os pés quase sempre no chão
Não tinhas identidade
E sem ter um caminho certo
Perambulavas pela cidade...
Sua pele de frio ardia
Seu estomago de fome doia
Mas seu coração insistia e batia
E sem rumo e sem destino, voce sofria...e vivia...
Sofrestes amarguras, fôras enxotado, humilhado
Em seu rosto o olhar cansado
Já sem esperanças...desanimado
Pois fôra por poucos ajudado...
Como suportavas viver seu dia a dia?
Se quando entardecia...sem ter moradia
Entre jornais e papelões...voce adormecia...
Tiveste um dia familia? Éras um ser humano
Mas da maneira que viveu, ate disso se esqueceu
Sofrias...possuias sentimentos
Afinal...éras composto como eu...
Porque afinal vivêstes assim?
Seria destino, carma ou fraqueza?
Hoje já não mais importa...és "peça" de um laboratorio
Em baldes ou sobre a mesa...
És admiravel pela nobreza
Seja quem tivestes sido
Vivêstes na pobreza e sem ter sido sua escolha
Hoje és cortado como folha...
A toda sociedade
Que não conseguiu te enchergar
Que por muitas vezes chegou a te desrespeitar
E é a essa mesma sociedade que hoje voce vem ajudar
À voce desconhecido
Só temos que agradecer
Pois a ciência não teria êxito
Caso não existisse "VOCÊ"...
O homem é um tipo de animal que carrega o cadáver nas costas a vida inteira, porque sabe mais do que deve e menos do que precisa.
Não te iludas com as falsas aparências, nem com os falsos entusiasmos. O mausoléu de mármore adorna muito bem a podridão de um cadáver.
O homem é um cadáver adiado!
Nota: Trecho adaptado do poema Quinta: D. Sebastião, Rei de Portugal.
...MaisMinha avidez de agonias me fez morrer tantas vezes que me parece indecente abusar ainda de um cadáver do qual já não posso extrair nada.
Ó Catarine, teu cheiro ainda paira em nosso quarto misturando-se, ao odor taciturno dos artefatos de limpeza. Os cravos vermelhos que outrora com tamanho esmero avia colhido para ti, agora se encontram despedaçados no carpete manchado.
Ó Catarine, teus olhos castanhos tal qual uma tempestade, nesta ocasião já não brilham. O espelho da penteadeira o qual você habitualmente penteava-se ao alvorecer dos dias, encontra-se estilhaçado em dezenas de partes.
Ó Catarine, teus lábios antes calorosos e arrimos agora, possuem semblantes esmaecidos e insípidos. No quintal ao qual passamos inúmeros momentos aprazíveis, tem nesse momento o solo revolvido por combustões de tecido e carne.
Ó amada Catarine, teus cabelos cor de âmbar, outrora banhados em teu intrínseco sangue, transmutaram-se em borralhos e fumaça. Teu corpo há pouco, exalando tamanha exuberância e beleza, atualmente já sem vida, inflama-se veemente.
Ó minha doce, afável e tácita Catarine, você rompeu meu coração e eu interrompi o teu.
Cinzas
Separa as cinzas do teu cadáver,
junta a elas as lágrimas de dor,
o sofrimento ao qual te entregastes.
Lembra da covardia de enfrentares
a verdade, e a vida que Deus te deu.
Mistura também a pouca fé,e a falta
de vontade de te reergueres.
Verás que tudo é a mesma coisa, cinzas,
simplesmente cinzas.
Nada útil fizeste, nada útil ficou, apenas
o peso, que agora carregas do pouco ou
nada que você de real plantou.
Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista,(Aclac)
Membro Honorário da A.L.B / São José do Rio Preto - SP
Membro Honorário da A.L.B / Votuporanga - SP
Membro da U.B.E
UM CAIXÃO CONFORTÁVEL
(Bartolomeu Assis Souza)
Um cadáver confortável?
Mas quem é que quer ser...
A vida não pode ser
UM CAIXÃO CONFORTÁVEL...
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A igreja está no mundo para encontrar e realçar a Graça em meio a um cenário que jaz no maligno. Semelhantemente a pomba de Noé, que foi enviada para achar um ramo de oliveira em meio aos cadáveres pós dilúvio.
Por isso que temos que ser simples como a pomba. Ela é cirúrgica, entre um cadáver e outro, ela acha um rastro da Graça e o realça, gerando assim o vínculo da paz.
O cadáver ou partes do cadáver do inimigo eram indispensáveis como demonstração de superioridade (...) a violência perpetrada era também uma forma de qualificar a tropa, definido-a como apropriada para realizar a luta contra cangaceiros.
PREPARAÇÃO PARA A MORTE (BARTOLOMEU ASSIS SOUZA)
Faço enquanto vivo
Meu testamento
Que tudo fique ao vento...
Meu cadáver enrijecido
Ventre inchado de hematomas
Busca guarida
Em casa de paredes suaves
Faz então sepultura
O indivíduo que se curva as néscias regras da sociedade, se anula da pior forma possível, é um clichê a caráter. Só um cadáver não questiona, não contesta e não se impõe!
CADÁVER 3 (B.A.S)
Não há caminhão de mudança
em enterro, nem gaveta em caixão.
Mas o que você dá com generosidade
é como uma semente bendita que multiplica
e pode alimentar muitos outros...
Quando os alunos fazem a média anual no 3º bimestre, zoam as aulas no 4º. O que falta para o cadáver ficar em pé não é nota!
Será se o fato enfada os da zona de alívio?Ainda não sei o que é agradável aos que estão ornando o cadáver,negando-lhe o enterro.
Quando se muda o foco do ensino e aprendizagem,
retirando do aluno para o resultado
que ele possa apresentar, em avaliações externas,
o educar transforma-se
em um cadáver sepultado
na cova chamada escola.
Então de súbito acordei;
Mas já não estava morto? E a cada tentativa de respirar era como morrer novamente
E eu continuava morrendo
[Respirando... Eu tentava viver
E como quem já estava morto eu não entedia
Doía de uma forma diferente; era como leva facadas na alma
[Ter a alma dilacerada
E mesmo assim eu continuava a tentar mais uma vez viver
Ora! Eu só queria achar meus sentimentos e senti-los mais uma vez
Antes que meu cadáver apodreça novamente, antes disso tudo eu queria sentir
E quando descobri onde se guardava os meus sentimentos
E quando eu pude sentir... estava vivo mais uma vez
[Estava morrendo
Os sentimentos me machucavam de uma forma mais profunda
Se respirar já doía; sentir de volta meus sentimentos era como estar ardendo no fogo do inferno
E queima mesmo eu sendo um cadáver
Ainda dói no peito
Ainda arde algo dentro de mim
E como de súbito alguém surge para viver;
Da mesma forma esse ser se desfaz ao vento
Eu queria continuar aqui
[Eu só queria sentir
Mas isso tudo me custou tão caro
Tão caro para um cadáver...
[Tudo isso era de mais para mim
Ora! Era eu apenas um cadáver
Tentando ser o que ontem não fui...
CARREGAR O CADÁVER
Viver é mais do que um peso
Viver é carregar o próprio cadáver nas costas
Lentamente...
Dilacerantemente...
Deixar putrificar substâncias entrópicas, fétidas e químicas...
Ao mesmo tempo ter consciência de que tudo pode acabar...
Num instante, num sopro, numa ventania...
Mas milagrosamente resta a fé do crente que descortina adiante as certezas, ou nas in-certezas do filósofo...
Tudo na vida será um fim...
Resta aproveitar a "viagem", o "intervalo" e esperar o fim...
ou não...
Amém!