Tag avó
Zete,
Foi de broto à planta, de botão à rosa, de semente à árvore de frutos magníficos;
Zete foi de fraqueza à força, foi de obediência à ousadia, foi de tranquilidade a sagacidade e continuou indo...
Zete nunca teve medo da morte, afinal, ela travava lutas diárias contra coisa muito pior, então... Como teria?
Zete nunca passou despercebida, ela chegava e marcava. Ela mostrava quem era, e todos a amam por isso;
Zete, traduzido do amor de quem a ama: FORÇA INFINITA... É força e luz;
É raiva e paixão;
É ódio... Ódio não, isso nunca coube em seu coração;
Zete é silêncio, delicadeza nos mínimos detalhes entre suas cocadas e suas costuras;
Zete estava presente no cavalinho de pano que deu a seu neto;
Sua doçura estava presente nas suas cocadas;
Sua força estava presente na sua comida;
Sua leveza estava presente no seu abraço;
E no seu olhão azul eu podia ver, era claro, o amor que me era dado;
Zete se foi, mas como sempre, ela não se encheu de “tchaus”, ela nos banhou de “até logos” e que logo eles cheguem;
Zete passou por mim, e o que eu posso dizer é que antes de Zete eu era um, depois dela, eu sou infinito.
Hoje notei que o sol não tinha mais seu brilho, que as águas do riacho não tinham mais sua força, que as flores tinham perdido seu aroma e que o mundo tinha parado no instante em que ela precisou ir. Sim, não a teremos mais aqui conosco. Mas quem será essa pessoa de tal importância cuja a falta tenha trazido tanto vazio pra mim? Ela, a dona do sorriso mai bonito do mundo. Mais forte que o Golias e do tamanho de Davi. Mais Bela que as rosas e ainda assim não é chamada por nome de flor. Quem é ela? perguntam os homens que me ouvem falar com tantos adjetivos a um ser que nunca os fora apresentado. Ela foi ela, não se sabe quem ela é, ao menos não mais. Ela se foi, não sabiam vocês? Ela está em um lugar chamando lembrança, onde cercada de amor será eternamente lembrada, sentida, por quem um dia teve a honra de conhecê-la. Ela, a rosa mais bonita e mais doce desse jardim chamado mundo. Ela que me ensinou tanto como ser quem sou e que hoje me deixou sem dar adeus. Ainda não sei como viver sem ela, mas se você souber trate de me avisar por favor, seu moço que por nome trás DEUS.
Dia frio
Você só é forte e arrogante até ver
o buraco de terra vermelha aberto no chão
e as pás cheias de terra
ressoando no caixão sobre os seus.
Part5/Final
Talvez o truque seja amar a única pessoa que não pode fugir de mim: eu mesma. Porque, vamos combinar, minha vida já tem drama suficiente, eu não preciso de mais uma temporada extra de auto-sabotagem. E se a felicidade não quiser morar aqui, pelo menos ela pode vir passar um fim de semana de vez em quando, quem sabe? Afinal, até o azar tem direito a umas férias.
Part4
Mas sabe o que eu acho? Talvez, só talvez, minha avó esteja um pouquinho errada. Não muito, claro, porque ela tem razão na maioria das vezes (o que é irritante, pra falar a verdade), mas talvez o problema não seja o amor em si. Talvez eu esteja procurando no lugar errado. E se o amor que eu tanto busco, aquele que não vai me fazer sentir uma figurante no meu próprio drama, não está nos outros, mas em mim? Sim, eu sei, parece papo de autoajuda de quinta, mas me escuta. Minha avó pode até achar que algumas pessoas estão destinadas ao sofrimento, mas quem disse que eu não posso trapacear esse destino?
Part3
E tem mais: minha avó é convicta de que o verdadeiro sofrimento vem de uma busca insana pelo amor. Ah, o amor. Essa entidade mítica que deveria ser a cura de todos os males. Mas sabe como é, pra quem já nasceu com o ingresso carimbado pro trem da desgraça, buscar amor é como tentar abraçar um cacto. Bonito de longe, mas chega mais perto pra ver o que acontece. Eu já tentei, várias vezes. Sempre acabo do mesmo jeito: machucada e me perguntando por que diabos eu achei que dessa vez seria diferente.
É como se o amor fosse um jogo de tabuleiro, e eu tivesse sempre as piores cartas. Enquanto todo mundo avança no tabuleiro do romance, eu fico presa na casa "Volte três passos e reveja suas escolhas." Amar, mas não ser correspondido, ou pior, ser correspondido com um pacote extra de dor, só reforça o que minha avó sempre diz. Algumas pessoas são feitas para sobreviver com migalhas de felicidade, e eu? Bom, parece que minha função nesse mundo é ser a melhor amiga do drama.
Part2
Às vezes, sinto que sou mesmo dessas pessoas que a felicidade evita, e não a culpo. Minha vida até parece um grande enredo de novela dramática, só que sem o intervalo comercial para dar um respiro. É até poético de um jeito meio mórbido. Minha avó, coitada, diz que as pessoas como eu vivem de ilusões. Felizes? Por uns instantes, sim, claro! Mas essa felicidade é tipo um aluguel sem fiador: ninguém quer assinar o contrato para ficar. Ela passa, dá uma olhadinha, e segue seu caminho. E lá estou eu de novo, sentada no sofá, esperando o próximo show de horrores. Alegria permanente? Só para quem tem passe livre.
Avós são como lanternas, que guiam nosso caminhar por um tempo, depois serão eles que abrirão o nosso caminho para a eternidade.
Na casa que meu avô morou,
Esse era o cantinho que ele sentava,
A cadeira que ele balançava,
Apreciando essa linda vista,
Vixi, e quando chegava visita,
Ali dava um valor conversar,
Histórias adorava contar,
Do passado chega batia a saudade,
Desde quando passei a morar na cidade,
Aos finais de semana eu sempre venho,
É grande a tristeza que sempre tenho,
Porque agora só encontro minha vó,
Do meu avô a saudade é uma só,
Do tempo que não volta mais,
Valorize seus avós e seus pais,
Enquanto vida tiver,
Porque quando o sopro da vida vier,
Nada os trarão de volta,
E o que verdadeiramente importa,
São os momentos únicos vividos,
O amor, as brincadeiras e o riso,
Tudo aquilo que encanta o coração,
Hoje posso dizer com convicção,
Cada balanço nessa cadeira é maravilhosa a sensação.
Betina a primeira filha.
O primeiro brilho dos olhos de seus pais, aquela que serviria de exemplo para os outros.
Cumpriu as primeiras etapas dos estudos.
Era desejo dos pais que a formação de Betina fosse em medicina, mas não era da vontade de Betina estudar para ser médica, pois não queria desagradar seus pais.
Dos livros empilhados na velha estante além dos de estudos, eram romance, suspense e psicanálise.
O divertimento sempre ficava para depois, era hora de dividir as tarefas domésticas com sua mãe e depois tomar a lição dos irmãos mais novos. Betina então foi aprovada em medicina, mas não deu seguimento, Betina queria, era entender a mente humana e, prestou vestibular novamente, sendo aprovada para psicologia. Formou-se, casou-se e filhos teve, assim também, os direcionando para cumprir as etapas da vida.
Betina filha, esposa e mãe.
Batalhas lhe vieram, nem todas ganhas...(seu companheiro se fôra rápido).
Entre lamentos, dores físicas e da alma, brotaram vidas.
De lá, da espaçosa sala do seu apartamento que, ora está vazia e ora preenchida, saem alegrias que são compartilhadas com as crianças, almofadas pelo chão, o sofá se transforma num pula-pula, do sorriir a cada pulo, da repetição do "já" e, é claro, das mais lindas declarações de amor: Betina avó!
Em ti me agrada
Cada fio branco
Tua melanina
Os óculos de uma mulher sábia
As marcas que estão em ti
De um caminho de muitas batalhas vencidas
Marcas de dor
Sofrimento
Mas principalmente marcas de um lindíssimo caminho de muito amor
Tuas primaveras
Se completam
E todos os corações se alegram
Tua delicadeza é permanente em cada toque seu.
Tua lesura é bonita de se ver
Não existe pressa no seu roteiro de vida
O cuidado que existe dentro de você
Com cada palavra
É simples
É mulher
É Sebastiana.
Achava lindo minha avó falando italiano. Uma vez ela me disse: você pode aprender vários idiomas, mas só uma voz é importante compreender – a do seu coração.
Meu coração de avó é um laboratório onde minha netinha pode experimentar, descobrir as coisas da vida, sem se preocupar com erros e acertos.
Férias.
A casa da avó vira escola, floresta, praia, shopping, escritório, salão de beleza, castelo para as princesinhas.
A avó fica encantada com a criatividade da netinha.
Alegria de vó
Tatá encurta
a distância
espanta
a solidão
colocando
vovó
e netinha
no mesmo
coração...
Constância,
O puro do coração de uma criança,
Todas as alegrias da infância,
Misturada à sabedoria da idade,
Ah!
Mas, que saudade...
Quando a morte bate na porta,
Já não se sente mais a aorta,
Em minhas mãos se foi,
Como a última partida da nossa escopa de quinze,
As brincadeiras de madrugada de caixa,
Nossa lanchonete,
Pesqueiro no teu tanque...
Tanta coisa,
Coisa de Vó,
No teu último suspiro,
Em mim foi quase um tiro,
A saudade aperta,
A lágrima é certa,
Nunca irá existir outra como a Senhora,
Apavora...
Nossas idas à praia,
As caminhadas pegando as conchinhas enquanto o sol ainda preguiçoso raiava,
E você lá comigo,
Meu abrigo,
Só pra me fazer sorrir,
Me ensinou o que é o sentir,
E sinto você na minha estrada,
Seus pezinhos marcados na areia,
Unhas sempre feitas,
Vermelhas,
Me dizia que eu era seu ouro,
Um tesouro,
Porque ela tem coração de criança,
Ela é minha Avó,
Ela é Constância,
Essa foi a minha infância.
Venho aqui pra te contar
Uma bonita história
Sobre dona Carmelita
E a sua trajetória.
Hoje, aniversariante,
E, por isso, nesse instante,
Faço essa dedicatória.
Nascida em Sirinhaém,
Vinte e sete era o ano.
Dizem que foi vinte e seis.
Registraram por engano?
Pedro e Brígida, seus pais,
Lhe deram lições morais,
No Estado pernambucano.
No tempo de pequenina,
Criança, pintava o sete.
Fugia para o açude,
Onde o sol brilha e reflete.
Com cinco seu pai morreu,
E, com a mãe, só conviveu,
Até fazer dezessete.
Muito jovem se mudou:
Garanhuns, o novo lar.
Despediu-se da sua mãe,
Foi preciso trabalhar.
Vivia com bom humor,
Até conhecer o amor,
E então foi se casar.
Cinco filhos ela teve,
Eu fui seu primeiro neto,
Me tratou com muito apreço,
Com zelo, amor e afeto.
Grande família manteve,
Sete netos ela teve
E ainda seis bisnetos.
Essa vovó é guerreira,
Nunca cansou de lutar,
E até risco de infarto
Coração foi enfrentar.
Hoje tá beirando os cem,
E nem todo mundo tem
Tanta história pra contar.
(Poesia dedicada aos 93 anos de Carmelita Bourbon de Albuquerque, completados em 7 de setembro de 2020).
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à minha mãe, Georgina
ao meu pai, Manuel
por serem: dia
à minha irmã,
Mariana
à minha avó, Rosa
ao meu avô, Manuel
ambos viram este início, não o fim
à minha avó, Ilda
ao meu avô, Álvaro
que nada mas tudo viram, e foram início
à Raquel,
apex amoris
ao futuro