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O amor
Ao amor desejo mais amor.
Pois será que ele já amou?
Ou apenas chorou?
Viver por amor?
Ou pela dor?
E você me faz surtar! Você tem essa sua mania sacana de me fazer pirar do nada. Eu chingo, eu grito, eu me descabelo e você da aquele sorriso cínico de quem diz " Para amor, ta ficando feio". Mas isso só me faz querer gritar mais. De quantos gritos você precisa? De quantos tapas você precisa? Quando é, que vai perceber que quero você? Ta tão fácil, ta tão na cara. Não me deixa ir embora, passa os braços ao redor de mim de volta, me beija devagar de volta. Ta fácil me ter aqui, então só me segura.
Seu nome, sua voz, se misturam com a leveza do vinho barato que acabei de beber. Você não é um prêmio de consolação. Aliás, A#8;line o sonho de consumo de todo bom provador de uma boa mulher.
EU:
redundante, tautológica, pleonástica
repetidarepetidarepetida
excessiva em inúteis repetições:
mesmas memórias,
mesmos ciclos,
vai-e-volta
perissológica
e sem lógica nenhuma
Conselho calado
olha, menino,
eu se fosse tu,
tomava cuidado com essa mulher
tu brinca de mergulhar nos olhos castanhos e pequenos dela,
como se nunca fosse se afogar
tu brinca de achar graça nos rodeios que ela te dá,
como se não quisesse ir direto ao ponto
tu brinca de deitar no chão e deixar ela passar por cima,
como se nada te machucasse
olha, menino, cuidado,
que mulheres,
principalmente dessas geminianas,
são indecifráveis demais
tu não devia deixar essa menina
brincar com teu coração,
que isso é dessas coisas quebradiças demais
olha, eu se fosse tu,
tomava cuidado com essa menina-mulher-em-construção
porque de coração quebrado, menino,
a gente já guarda caco demais
Reverberações
Teu reflexo
já não me causa nós:
tudo foi desamarrado de mim
Nem tua luz nem teu calor
continuam por perto
Só teu brilho,
que reflete batendo dentro do meu olho
e da minha alma
O único laço
é todo feito de memórias
TODAS ELAS
reverberam fortemente aqui dentro
(nem que de vez em quando)
- e, eventualmente,
escorrem pro lado de fora,
juntamente com os gritos
ou sussurros
de uma canção qualquer
(qualquer música
que eu invente de cantar
vem acompanhada
desse teu rosto
imbecil)
Contrações e contradições
O coração
O vazio
A dúvida
O amor
A divisão de mim
refletida nos outros
A mão treme, a caneta escorrega
A indecisão constante e acelerada
Preciso me contrair inteira
para esvaziar-te de mim:
sístoles
desse meu coração pretérito,
seco ao sol,
passado
Preciso afrouxar as manias,
deixar fluir,
dar preferência à minha origem líquida,
escorrer, preencher:
diástoles
o coração enfraquece
e fortalece
nos intervalos de tempo
Absorta
Imersa em ti
e alheia de todo o resto,
te vejo passando
por detrás dos meus olhos
Ver-te no verde
Sorver-te nos cachos dele
Absorver-te nas diversas características
[as mais opostas
[e iguais
[daquele outro
Resumir-te,
como que numa troca,
sem nenhuma explicação
SUMIR:
fazer-te desaparecer
te trazendo pra mim
Lembrar teu som,
teu riso,
teu carinho
.
.
.
E ser teu dengo
no extravio dos meus pensamentos
COCOON
gosto do som dessa palavra em inglês
mas em português
é só um casulo,
nulo
quase como esconderijo
quimera fosse abrigo
pro meu coração pupa
A inadequada palavra veio à garganta e eu a prendi. A inadequada sílaba veio à língua e eu a cortei. Dei-me a arte de negar os versos que me rasgam a pele, que me encurralam entre a verdade e a nostalgia de um tempo sonhado. A palavra teima em sair e, fugitiva, encontra na transpiração a fuga do cárcere cruel em que a coloquei. Pondo-se por fim a evaporar, deixando com face de horror o meu silêncio.
E parece que nunca é a nossa vez, parece que todo mundo é chamado e a gente continua ali, de pé na estação. Estamos invisíveis, ficamos paralisados, o coração batendo rápido. Quando será que as coisas se desprenderão dessa corda manipulável para cair em nossas mãos? Quando será que os esforços, pedidos, gritos e lutas terão algum valor? Ou será que o mundo continuará a pisotear os nossos sonhos, sem nem mesmo parar para analisá-los?
Desenhei meus medos sobre as vidraças. Cada pesadelo está nas janelas do meu quarto. Hoje, quando olho através do vidro, todo o mundo me é medonho. Toda a certeza que tenho, se dissolve na luz do sol. Não sei o que é real.
Todo mundo tira forças de algum lugar para superar as dificuldades da vida. Eu tiro disso aqui, meu motivo, minha razão... Mesmo quando bate aquele desânimo, aquela fraqueza, eu sei que não posso desistir!
TENRO
suave, cedo e doce:
afável
essa coisa tão delicada
e dúbia
quanto os corações
que facilmente se partem
e nos cortam
nós:
alma branda
e carne mole
nós:
como crianças,
sensíveis aprendizes,
sendo roídas pelo tempo
e mastigadas pela vida
nós:
volúveis e voláteis
(esse pleonasmo inconstante
e ainda assim contínuo)
enroscados e presos
mas nunca
frívolos
n°1 ou sem título
Tampo os ouvidos,
mas não há silêncio:
ainda escuto a bagunça
do lado de dentro
que ainda anda
batendo no compasso
do meu coração
Zumbido:
ESCUTO UM BARULHO DE COISA QUEBRADA
é como que baixo
e lento
mas constante
Existem vozes também
- misturadas:
escuto meu nome no meio do rebuliço de palavras
Escuto sentimentos
que me são fortes
Escuto
a força
do
v a z i o
edoamor
(sempre há o amor,
mesmo que pelas pequenas coisas)
Escuto minha respiração
e o desespero embaralhado
na minha cabeça
o silêncio
o silêncio
o silêncio
é
s u r d o
Se você não pode ser o melhor, pois depende de coisas melhores pra isso, seja o melhor que puder ser com o que já tem.
o hoje foi feito para ser vivido, o amanha será em breve o seu hoje, por isso viva no hoje pensando no amanhã, mesmo que o amanhã não exista é melhor pensar no amanhã do que pensar no ontem. pois oque foi ontem não pode ser mais alterado, mas o hj pode ser vivido e o amanha pode ser planejado.
'Tudo está conectado;
Tudo está interligado;
O fim de uma coisa representa o início de outra;
E vamos seguindo em complexa rotatividade...
Nesta viagem pela Espaçonave Terra;
Onde a energia do "Amor" não tem início, não tem meio e não tem fim.
Ela simplesmente... é!"
Queda
Jogar-se
ou desabar
Mergulhar no chão,
no mar,
ou no outro
CAIR
como uma criança
que rala joelhos e cotovelos
e num instante depois
esquece
Sideral
O silêncio da noite
no interior
decifrado no preto do céu
mesclado com os incontáveis pontos brilhantes
Tua estrela,
aquela que te dei
e desenhei troncha
no contorno dos teus sinais,
tua estrela
estava lá:
longe dos meus olhos,
inalcançável,
mas imersa
- lá em cima
e no fundo escuro
e inatingível
de mim
(in)atingível:
in:
dentro:
entre.
me ache.
mergulhe.
Fim de agosto
Últimos minutos. Toda vez é isso: INterrogações.
As lembranças passam correndo na cabeça: filme malfeito, errado, não escolhi assim.
As palavras reverberam feito sol de meio dia botando fogo no corpo inteiro.
Os olhinhos, meu bem, sempre mais claros do que nunca, sempre daquela luz do dia clareando cedo.
Permanecem as dúvidas, os infelizes traumas e mágoas, o medo de escolher o caminho.
Me encho mais ainda de imagens passando pelas retinas, as telas de projeção do coração. Toca "queixa" do lado de fora. Está escuro, de claro só minhas imagens do lado de dentro de mim, onde tem esse corre-corre, essacoisasempausa essas imagens borradas tudotãorápido que eu quase não vejo mais nada direito tudo passa correndodemais e eu nãoentendomaisnada sóconsi gosen tiresentir dói: mas ainda conta.
Sentir o que é velho, sempre, apesar da capa de coisa nova. Sentir é esse meu sentimento antigo, talvez mais velho do que eu – sabe-se lá como, talvez ele tenha nascido antes de mim -, esse sentimento antigo que só faz trocar de pele. De peles. São sempre as mesmas memórias repetidas e esquecidas cronicamente; são os mergulhos em diferentes e iguais poças; é jogar-se na vida como criança que ainda está aprendendo as consequências para suas ações, e repeti-las sempre, apesar da dor e da agonia do erro.
Memórias morrem na nossa retina, nós morremos na retina. Mas ainda conta: o coração continua batendo descompassado e desesperado pelo outro que também se esquece e nos esquece só pelo propósito de acontecer de novo.
Conforme a vida vai passando, a gente vai percebendo algumas coisas. Primeiro, que somos mais fortes do que temos ideia, pois mesmo passando por um monte de coisas durante muitos anos, continuamos de pé. Segundo, que há muito mais do que dor nessa vida, já que muitas vezes somos nós que não olhamos para outra coisa a não ser ela. E terceiro, que pedir socorro pode até ser preciso, mas que cuidar de si mesmo, de sua alma, colocando-a como o maior tesouro que possui, é o que há de mais essencial para a felicidade... Sei que o amor próprio, a serenidade, a paz de espírito, a fé e aquela plantação de sonhos que comecei ainda pirralha, são as armas mais poderosas que possuo. E com elas, a dor sempre vira poesia, ou um capítulo do meu livro, uma música, uma forma mais humana de ser, uma casca para minha armadura, uma lição... Nenhuma experiência, por mais dolorosa que seja, consegue ser inútil.