Tag álcool
Incrível como o álcool me deixa sóbrio...
Sem medos, sem mentiras...
Já a lucidez traz a falsidade, a frieza...
Se o álcool nos desse juízo, viver bêbado seria uma virtude, e não essa indecorosa vergonha que afoga o desvairado em sua própria desonra.
"Quando sentimos paixão por alguém, é como se estivéssemos bêbados, pois o sentimento de paixão e o álcool afetam a mesma parte do cérebro. Porém devemos beber para relaxar, curtir, nos sentir bem, então se por acaso a paixão não te proporciona tais prazeres, você não sabe beber..."
Como uma criança que nasce e passa por vários estágios até seu completo caminhar, o dependente químico que quer vencer alcança sua sobriedade e recuperação. Resgata o que perdeu em função de uma doença tão devastadora, deixando de ser o “escolhido”, abraçando com muita dignidade e garra sua liberdade em “escolher”.
No meu tempo de criança, toda vez que alguém tinha um mal súbito. Sempre aparecia um abençoado com uma garrafa de álcool. Esfregava nas mãos, pulsos, no peito, e ainda passava um pouco nas narinas do pobre infeliz desmaiado. Melhor de tudo! Sempre dava certo. Rs rs rs...
As vezes só queremos adormecer nosso lado consciente mas, acaba despertando os mais profundos pensamentos destrutivos.
IPIRANGA
Entre amigos,
gargalhadas,
poemas a declamar,
ouvidos atentos.
Néctar fermentado,
não me faz tremer,
poema citado,
agora podemos beber.
Beber e ler,
antes do sol nascer,
do bar fechar e
o som desligar.
Pés errados no meio fio,
visão embaçada,
palavras dobradas.
Somos tão jovens,
Como Renato,
selvagens.
Bexigas cheias de cerveja,
banheiros do posto am/pm
pensamentos embaralhados,
ser-veja.
Sentir-se sóbrio após mijar,
apenas mais um efeito do álcool,
que resulta em poesia.
Se você não bebe, não me critique e nem impeça de o fazer. Há dores em meu interior que só se aplacam quando embebidas em álcool, depois do efeito passar se tornam mais lancinantes do que eram, por isso bebo sempre. Deixe-me beber, ter a doce ilusão de que por um instante sou feliz, crer que não faço parte desse mundo e que logo retornarei ao meu verdadeiro onde não há bares muito menos motivos para eu querer me embriagar.
Nas festas, quem não consegue demonstrar a felicidade com um sorriso verdadeiro, adere à alternativa fútil de segurar um copo de bebida!
A maneira mais fácil de demonstrar como as pessoas podem ser verdadeiras,ainda é com grandes quantidades de álcool.
Acordo mais um dia, noite horrível.
Sempre esperando resposta do que não vem. Sentindo o vazio que tenho no peito, cada dia mais vazio, cada dia mais eu.
Me aprofundando em filosofia, esquecendo de exercer o amor como prioridade.
Eu te pediria todos os sonhos do mundo, pra que eu pudesse sonhar. Queria te ter do meu lado, pra que eu pudesse sonhar como criança, que o sonho é ter uma bola de futebol. Ao teu lado, os sonhos mais simples, seriam mais lindos e complexos, os mais complexos, seriam simples, os momentos, seriam amores, os amores, seriam todos os momentos, cada declaração, me faria repetir, mas cada vez que eu repetisse, quereria te amar de novo.
Só você preenche essa lacuna. Esse pedaço que falta, só você tem, ninguém mais, se tiverem, não quero.
Queria saber esconder esse vazio, não demonstrar num olhar, que a peça que tens em mãos seria minha chave dos momentos felizes.
Tudo nos impede. Nossas vidas, nossas histórias, você.
Quebre as regras, fuja das correntes, não fuja de mim. Eu sou um pobre coitado, de peito aberto e coração dilacerado. Ajude-me com sua companhia, suas mãos leves, seu olhar que me furta, sua voz que me ganha e sua dúvida que me corrói.
Podes rir, mas ria com força de mim, pra que eu veja seu sorriso refletido nas estrelas, do poço onde estou. Pra que eu deixe de achá-lo belo e encha meu vazio de mais álcool por um dia.
Ricardo Cabús
O álcool nosso de cada dia
Há uma expressão em inglês que é muito interessante e que nesse momento veio-me à mente: ‘take it for granted’. Uma tradução possível para o português seria ‘dar algo como certo por antecipação’. O porquê dessa lembrança eu conto a seguir.
Estou tentando escrever um artigo em meu computador e o mouse não quer me obedecer. Ratos em geral são desobedientes, é verdade. Mas o eletrônico costuma ser submisso. Quando acontece algo desabonador, como não levar o cursor ao devido lugar da tela, pode significar que há alguma sujeira na área. Nesse caso, para voltar ao pleno domínio da situação basta limpá-lo. Pois é, a obediência de um rato eletrônico, diferentemente do natural, pode estar diretamente relacionada ao seu asseio. E se quisermos analisar de forma, digamos, endobiônica, não à limpeza externa, mas à interna. Assim, decido verificar o seu teor de sujidade. Coloco-o de ponta-cabeça e abro o compartimento que contém uma esfera, responsável pelo funcionamento da geringonça. Tudo bem, dispositivo; a ira não gosta de substantivos neutros. Então retiro a bolinha e imediatamente percebo que a chafurda é verdadeira e suficiente para deixar o rato para lá de insubordinado. Ora, penso, nada que um cotonete com álcool não resolva. Em poucos segundos os conectores estarão limpos e o rato voltará cegamente a seguir minhas ordens. Simples! Simples? Simples, desde que houvesse álcool.
E é aí que vem a questão. Um alagoano como eu – acostumado a viver arrodeado de cana-de-açúcar e ver álcool à venda em qualquer bodega da minha cidade – jamais poderia imaginar que não houvesse álcool à venda aqui na Inglaterra, berço da revolução industrial, classificada como ‘país de primeiro mundo’, e procure elogios, que você acha... Acha tudo, até macaxeira, menos álcool.
E como tudo tem seu motivo, apesar de nem sempre concordarmos com ele, a ausência de álcool nas prateleiras dos supermercados, farmácias e congêneres deve-se simplesmente a um fato: os ingleses bebê-lo-iam. Soa estranho? A mesóclise ou o significado da frase?
Mas o pretexto é esse. Concordar é outra história. O índice de alcoolismo por aqui é bastante alto. A maneira de combatê-lo é que é esquisita, além de não haver álcool comum para ser comprado por pessoas comuns, os bares geralmente só ficam abertos até as 11 da noite. No entanto você pode começar a beber a partir das 11 da manhã, se assim quiser. Eu hem?
Sim, mas voltando ao meu computador, faço o que vi um nativo fazer outro dia: uso minhas unhas para tirar o possível da sujeira existente na barriga do rato, dou um belo sopro, com direito a uma baforada de poeira, recoloco a pelota, tampo o bicho e bola pra frente que é jogo de campeonato.
agora que você foi embora
não consigo parar de pensar
o jeito que você acordava
e quando começava a cantar
começo a beber e a chorar
o álcool não melhora
mas me ajuda a não lembrar
Abençoados serão os descontrolados, os sem compromissos, os voltados para o álcool, já que deles será o reino dos céus.
Quanto tempo?
A única saída que você vê é se destruindo, se matando com o doce sabor amargo da nicotina, e com o néctar venenoso e saboroso do álcool.
"Tudo bem, faça o que quiser... Ele só está deprimido". Nós confundimos a palavra deprimido com depressivo. Eu penso e me pergunto... Quanto tempo até você deixar tudo isso te consumir e se matar?
Slá, só mais um café.
Eu te proponho que ao invés de encher a cara de álcool, você encha seu coração de amor, perdão é bondade
Tem sido a cadeira de rodas a mais fiel companheira dos atos de imprudência da juventude sedada pelo álcool e pela ausência de limites e de família.