Soneto da Saudade
Soneto "Et Incarnatus Est"
Quando entrei na Igreja Matriz
São Francisco de Assis
daqui de Rodeio pela primeira
vez só eu sei o quê senti.
Deparei-me com as cores
de "Et Incarnatus Est",
orei devotadamente
e agradeci imensamente.
A paz que fui tomada me dizia
que aqui no Médio Vale do Itajaí
em Rodeio havia chegado em casa.
E foi assim que desfiz as malas
com toda a poesia e estabeleci
de alvorada em alvorada a morada.
ESTE...
Este, o soneto dum amador obstinado
Em que, viveu cada situação da paixão
Tal diz a prosa do coração aprazerado:
Se havia afeto, ele fiel a sua adoração
Este, o verso com sentimento ritmado
Dentre tantos sonhos, rimas de ilusão
Onde d’alma escoa o tom apaixonado
Enchendo o canto de fluida sensação
Este, o tinido sentimentalista profundo
Em que a nota poética, é um fecundo
Apreço, de encontros e de puro ardor
Este, o sentido dum cântico contente
Deste que no amor existe realmente
O qual sabes que és o singular Amor!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29/09/2024, 12’55” – Araguari, MG
TUDO TEM JEITO
Soneto, tens nos versos desventuras
Que dói n’alma, ao sentido imploras
Que tudo sente e que tudo ignoras
Deixando a prosa com duras agruras
Assim, obscura e extraviada as horas
Vão as rimas com infinitas amarguras
Num poetizar com tristonhas leituras
Ditas com lágrimas que dá dor choras
Das coisas mais avarentas, as preces
Falsificando o sentimento desafinado
Que escava, trava, intriga, aborreces
Ó inquietude de impiedoso inverno
Não faça de meu versejar saturado
Não há bem que dure e mal eterno.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30/09/2024, 15’05” – Araguari, MG
SONETO DE LEMBRANÇAS
Poetando depois daquela hora sofrida
meu versar resignado e quase sem dor
recorda a paixão daquele grande amor
aquele, profundo amor da minha vida
Nos versetos, quanta sensação querida
escoam da saudade, agora, sem rancor
se há lágrima perdida, é em tom menor
pois, o furor já sem aquela sanha doída
O sentido, o que resta agora, guardado
na memória, com cheiro e significado
remindo as juras desleais, sem fianças
E, que foi eu, afinal, neste sentimento?
Sei, que fui mais que apenas momento
a suspirar neste soneto de lembranças.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/10/2024, 15’20” – cerrado goiano
Soneto da Imaginação
A imaginação
Origina a força para o voo
O cansaço faz dela
Seu repouso
Na estreita calada da noite
A espreitar o passar
De um tempo
Ali se passa o vento
Aqui se passa o tempo
Minha mente vai a lugares
Que você não iria
Nem com segurança
Armado
Meu desespero
É covarde
É que apesar de sombria
Caminha na escuridão
Escuta como dispara
De medo o meu coração.
Soneto 150
Ó, que força usas para teres tanto poder
Que não deixa meu coração se desviar?
Fazer-me mentir diante do que vejo,
E jurar que a luz não abençoe o dia?
Desde quando adoeceste tudo,
Que em negar teus próprios atos
Há tanta força e mostra de talento,
Que fazem teus defeitos superar teus dons?
Quem te ensinou a fazer-me amar-te mais ainda,
Por mais o que eu ouça e veja só cause o ódio?
Ah, embora eu ame o que outros odeiam,
Como eles, não deverias me ter horror.
Se tua falta de valor fez que eu te amasse,
Mais valia tenho por amares a mim.
SONETO FIGURADO
Poeto... e quem lesse logo imaginaria
Que poesia feliz! Que verso amoroso!
Encantada estrofe, poema venturoso
Cheio de atraente sensação, todavia
Mal sabe que na entrelinha, só utopia
Escondida prosa dum fingido virtuoso
Sentimento, sussurrante, tão doloroso
Choroso. A mais pura e dura fantasia
Na poética o riso no devaneio perdido
E a felicidade sem rima e sem sentido
Descrido, onde uma infelicidade junca
Ah! Postiça emoção, fria e sorrateira
Minha inspiração queria estar inteira
Mas tu, saudosista, esquecer, nunca!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14 junho, 2023, 19'57" – Araguari, MG
SONETO SEDUZIDO DE AMOR
Esse que prosa por aqui, leitores
De poética jura e sensível feitio
É um soneto mais, mais louvores
De mais cores, o tal, mais gentio
Sintam que são de nobres teores
Sutil poesia, sensação e arrepio
Hino romântico, ofertadas flores
Aquela paz ao coração, pousio
Reconheceis, talvez, ser utopia
Direis que não, apenas, melodia
Um cântico tão cheio de frenesi
Eu vi a emoção trovar o encanto
E, o sentimento no íntimo, tanto
Eu vi... ele seduzido de amor, vi!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16 junho, 2023, 19'22" – Araguari, MG
SONETO INFORTUNADO
Nas linhas da poesia cheia de gana
Há sempre um nome oculto a saber
Há, no agitado coração, carraspana
Sensação, que se quis e ainda quer
E, numa poética de emoção insana
Sonha, poetiza, deseja tudo a valer
Os versos rimando de forma profana
Pois, o sentimento fica sem entender
E, se vai sonetando o verso diverso
Título a título, num sentido qualquer
E indigente, se estabelece disperso
Triste versar infeliz, e nunca amado
Menciona quantidade no furtivo viver
Privado, carecido, e tão infortunado...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18 junho, 2023, 19'00" – Araguari, MG
SONETO DE INVERNO II
Frio, uma taça de vinho, face em rubor
No cerrado ivernado, pouco se aquece
Um calor de momento, o licor oferece
E a alma velada, enrolada no cobertor
O arrepio no corpo, a infusão apetece
Para esquentar a noite até o seu alvor
Acalorando o alento do clima estritor
Num cálido agasalho que o afeto tece
Ah, ó estação de monocromática cor
Tão Agarradinhas paixões, em prece
Os mistérios, os desejos, os sentidos
Assim, embolado nas lareiras, o amor
Regado de vontade, no olhar floresce
Junho, ventos gelados e frios sonidos
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 junho, 2023, 19'34" – Araguari, MG
Início do inverno
MORRE DENTRO DE MIM
Se eu peço ao soneto dar-me felicidade
A este coração sofrente, sonso e servil
Prosa que sou infortunado, varrido, fútil
Ávido, inútil e cheio de inflada vaidade
Donde vem está falta de simplicidade
Está tua crueldade? mostra ser hostil
Nas entrelinhas és vil, dum saber sutil
No versejar, tosco, e sem a suavidade
A minha inspiração sussurrante, chora
Nos suspiros dentro da ilusão e, assim
Farto de sensação e lágrima, vem fora
Parece que a poética, só quer, querer
Ser, sem piedade morre dentro de mim
Só para sentir o sentimento esmaecer
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 junho, 2023, 20'43" – Araguari, MG
Soneto da ternura
Como é lindo o deslumbramento de um sorriso
E a beleza de um olhar azul
A sutileza de uma carícia
E o calor de um fervoroso abraço
Como é maravilhoso dizer o quanto te preciso
Na inteireza desse amor iluminado
Você não sabe o quanto estou fascinado
Ao ver a loira de olhos azuis mais uma vez
Oh, como é bela a ternura
Um encantamento que fulgura
Em um momento de sensatez
Como é linda a irreverência de um olhar
E a essência que me trás esse amor
Ao contemplar essa mais linda flor especial que é você.
Frankton Rodrigues de Lima
Canto só ou em dueto
junto ao mundo que vislumbro
rabiscando linhas em soneto
sou um poemeto sem rumo
Poeira na poesia acústica...
Soneto morto pela poesia acústica.
Seria melhor cantar no luar.
A poeira somos nós de onde viemos para onde vamos...
Sendo senso do soneto a base de nossas vidas.
Desfalecida harmonia a trilha é maravilhosa no sentimento que vivemos até que nos tornamos poeira.
No momento que silêncio se torna parte da escuridão somos parte do esquecimento...
Num abraço e um beijo nos despedimos do amanhã que esperamos ter um pouco de felicidade...
Assim abraços meu amor pela eternidade.
No sonso sonho de compadecer do retorna a vida em mais dia...
Mais um soneto de amor qualquer:
Te amo como nunca amei ninguém
O meu amor por ti
É como o Pi
Infinito, irracional e inexplicável
Te amo como Stalin amou Ekaterina,
como Romeu amou Julieta,
como André Gorz amou Dorine,
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde
E pensar que a solidão
E o vazio eram parte de mim
Antes de te conhecer
E fui como um bêbado perdido
Até que eu compreendi
Que tinha encontrado o amor verdadeiro
SONETO AOS PAIS
Pai é o ser que pertence a nobre seita
De fama carrancuda e de boa dica
E que depois de avô altera a receita
Pois perde o jeito sério e bobo fica
Só não muda a paixão a torto e a direita
De quem no sacrifício de si abdica
Em dor por não ver quando o filho deita
Numa lição de vida vasta e rica
Hoje o mundo parece que não honra
A quem na vida é mais que herói
É como se ter pai fosse desonra
Mas pai tem a fidúcia de um caubói
Sempre avante num ímpeto de honra
Sem se abater por tudo que lhe dói
Súplica (soneto III)
Há uma prosa jacente que mascara
O meu poetar sentimental e sedutor
Revirando aquela saudade tão cara
Sumida nas embirrações dum amor
E nesta dura aflição, molesta e avara
Que deixa na boca o tal gosto traidor
Rola sensação picante que não para
Porque não para a poesia com temor
Ah! Sentimento, por que tanto sente
Por que um coração por afeto mente
Tornando mais dorida a trova inteira
Te suplico! -vem silenciar o momento
Cala meu versar, dispersa-o ao vento
Deixai-me manso da minha maneira!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 agosto, 2023, 20’37” – Araguari, MG
SONETO: CORTINAS DA ALMA
Quando eu Olho para o triste passado,
Mesmo Com os meus olhos fechados ,
Eu me atrevi, abri uma pequena brecha,
e vi minh'alma a caminhar com pressa.
Ela quer sorrir, e que nada lhe impeça,
apresentar no teatro da vida; tal peça,
Ainda ouço seu descontentamento,
Triste a chorar, instantes em silêncio.
Mesmo com os meu olhos fechados,
Ou que estejam eles semi abertos,
Escuto o ruído da alegria a rondar por perto !
Com amor em demasiada calma,
Sem saber para onde ir,
Abro as cortinas da alma só pra vê-la sorrir !
Tudo passa
Já, soneto alheio, me não fustiga
Saber que usa comigo só ilusão
Que inda nos teus versos abriga
As peripécias do sofrido coração
No tempo, que tudo tem versão
A mutação também terá cantiga
Amor é canto que não se obriga
Verás dissipar a tua enganação
Pois, se sabes que toda ternura
Por força há de mimar os planos
E tu negas o prosar com textura
Vela para tua retórica os enganos
Gozemo-nos já. Quero é aventura
Já que a poética se perde nos anos.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 agosto, 2023, 16’19” – Araguari, MG
Soneto caído
Ao sentimento esconde o verso sua ilusão
E a mão da emoção escreve o ávido sentir
Não canta sensação e não murmura sorrir
Não toma a suave poética de uma paixão
Ata os sonhos, em lugar de later o coração
Apática poesia sobre o pálido papel, a ferir
Sangram, choram, botando a alma a despir
Sem rir, sem olhares, e gesto, e admiração
Ao agrado esconde a poesia toda a glória
Deixando o fascínio perdido... esquecido...
E, não lembra do amor em sua memória
Invasivos versos, doído, elemento caído
Colocas meu poema em sua palmatoria
Sempre o mais triste foi para o condoído.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
3 setembro, 2023, 14’04” – Araguari, MG