Somos todos
Estamos debaixo do mesmo céu, do mesmo sol, da mesma lua, e pro nosso criador: somos todos criatura.
Somos todos turvos de pecados. Por mais alvas que sejam as nossas vestes, palavras, corpos e casa. somos todos turvos de pecados. E não há nada mais pior que não aceitarmos isso
Iguais
Somos todos iguais, mas diferentes
Animal de nome gente
Sensivelmente construímos nós.
Feitos de barro e varias misturas
Às vezes brando,
Às vezes a própria loucura
Insanos no amor e na arte
No que pertence a nós
Ou a outra parte
Somos todos iguais, mas diferentes de tudo
Exagerados, por muitas vezes mudos
Submisso ser que aprisiona a alma
Na luz da razão da nossa própria calma.
Somas a trilha sobre a qual o amor se move
Aprendendo a viver depois que se morre.
No caminho das pedras avistamos a luz
A cor da razão que a vida traduz.
Somos a chave que abre o caminho de nós mesmo escancarando as portas
dos nossos medos,
Libertando do intimo toda dor
Pra descobri que somos frutos do mesmo amor.
Marcos Decliê
No palco da vida somos todos artistas, e nossa arte se revela nos atos dia a dia, portanto; devemos todos sermos bons atores.
Somos todos poetas da vida, e cada um vive sua história todos os dias em um universo do tamanho dos seus sonhos.
A verdade é que podemos não ser fiéis em tudo, mas quanto ao tempo somos todos fiéis.
Daniel Perato Furucuto
(Inspirado na Ilha das flores de Jorge Furtado)
Somos todos iguais
José Carlos era médico e atendia seus pacientes no centro da cidade. Genilson era baleiro e vendia sua mercadoria em uma barraca na frente da portaria do mesmo prédio em que o doutor tinha consultório.
Os dois homens cumprimentavam-se todos os dias e às vezes o médico parava para comprar algumas balas e conversar um pouco.
O vendedor tinha um filho com problemas de saúde e pediu ajuda ao doutor, que o mandou levá-lo ao seu consultório, onde que daria uma olhada sem custo. O homem, emocionado, tentou beijar as mãos de José Carlos que recuou dizendo que não havia necessidade de agradecimentos, que era médico por vocação, honrava o juramento de Hipócrates e que para ele todos eram iguais. Genilson, não entendeu bem, mas ficou feliz.
O médico saía pela porta dos fundos todas as vezes que a secretária informava que o vendedor o estava esperando com o filho, mandando que dissesse para voltar outro dia.
Hipócrates foi um médico grego que viveu antes de Cristo e foi considerado o pai da medicina ocidental. Acredita-se que o juramento tenha sido escrito pelo próprio Hipócrates ou por um de seus alunos e é feito pelos médicos, tradicionalmente na ocasião da formatura, onde juram exercer a medicina de forma honesta e que o bem-estar do doente estará sempre em primeiro lugar.
O vendedor não desistiu de levar seu filho ao consultório e um dia foi finalmente atendido. O doutor o examinou, fez umas perguntas e doou algumas amostras de medicamentos vencidos, que estavam separadas para serem descartadas. O baleiro não se importou com a data de validade dos remédios. Sentiu-se muito grato e no dia seguinte, pela manhã, voltou para deixar de presente um pacote da melhor bala que tinha em sua barraca como agradecimento.
Remédios fora da validade podem não ter efeito ou fazer mal à saúde causando danos piores que os da doença original. Não devem ser consumidos em hipótese alguma por ninguém.
Os remédios considerados pelo médico como inapropriados para os clientes que frequentavam seu consultório foram colocados à disposição do filho do vendedor de balas. Um médico é o profissional que cuida da saúde das pessoas e que, para tanto, precisa jurar exercer a medicina de forma honesta e tratar todos os seus pacientes de forma igual.
O que diferenciava o baleiro e seu filho dos outros clientes era o fato de não possuírem dinheiro. E o que os diferenciava do médico era acreditarem que ele tratava a todos como iguais.
Bia Tannuri
Em certa ótica e medida somos todos monstros inescrupulosos, em outras anjos benevolentes. Fato é que não somos nem um nem outro, mas provavelmente ambos.
Diferente
Somos todos diferentes
A diferença nos atrai
Cada um com sua particularidade
Por menos dedos apontados e
Por mais mãos estendi
Na vida, somos todos palhaços, desempregados e sem direção, esperando algum milagre para se consertar o que fizeram com a nossa nação;