Sofrer
Cresci ouvindo minha mãe dizer que pra tudo nessa vida tem um jeito, mas só hoje eu entendo. Talvez o que ela queria dizer é que se não tem um jeito pra resolver é sempre possível encontrar um jeito de não sofrer desesperadamente pelo que a gente não pode mudar.
Eu não sei se o amor tem uma certa dose de amnésia ou se sou eu que sou inocente, porque apesar dele já ter me feito sofrer muitas vezes, eu sempre amo uma vez mais e com a pureza do novo, ajo como se nunca tivesse sofrido.
O amor não destrói, o amor cura! As pessoas sofreriam menos em seus relacionamentos se antes se colocassem em primeiro lugar. Amor e a reciprocidade devem caminhar lado a lado.
A dor que doi
é aquela que sentimos,
por isso falar em sofrimento
não é sofrer.
Dessa forma empatia
é um sentimento
que nos conduz a compreendê-la
e não senti-la.
A importância do seu ato
para mim, está em eu poder
sofrer as consequência dele,
portanto, o que venhas fazer
para agradar-me, que seja feito
enquanto eu esteja por aqui.
Para que eu possa agradecer
ou repudiar.
A importância do seu ato
para mim, está na possibilidade
de que eu possa sofrer as consequências dele,
portanto, o que venhas fazer para
agradar-me,
que seja feito enquanto eu esteja por aqui.
Para que eu possa usufruir ou ignorar,
agradecer ou repudiar, pois
na minha ausência ele não tem sentido.
Reviver momentos desagradáveis ou pensar em algum acontecimento inevitável que irá deixá-lo triste, antecipando o sofrimento, é sofrer duas vezes.
Sofrer não é passar por uma experiência ruim,
mas permanecer nela, sem aprender com ela,
para que quando, em outra ocasião, seja
necessário reviver algo igual, não encontre
maturidade para superar as dificuldades
e venha assim sofrer com a mesma intensidade.
O sistema de ensino que se auto declara eficiente, dentro de um modelo neoliberal de ser, ignora a falibilidade de qualquer processo diante de uma diversidade que compõe a realidade ao qual ele é submetido, logo, a excelência é uma máscara que os seus sujeitos agentes utilizam para receber os aplausos que cobre as carências com que os sujeitos pacientes continuarão a sofrer.
Quando tudo acabar
Se tu choraste por mim,
de verdade eu lamento,
entendo seu sentimento,
mas o destino quis assim...
Sei que é triste o fim,
é duro esse sofrimento,
mas é apenas momento,
toda dor se faz trampolim.
Pois um dia serei passado,
nem lembraras que sofreu...
Aí sim... Terás acabado...
Virado a página que viveu,
desse amor desperdiçado...
E o sofredor serei eu.
Não quero viver sonhando acordado,
mas fico a mercê de meu coração,
a caminho do fogo sabendo que serei queimado
cego, louco, entorpecido de paixão...
Triste sina, amar sem ser amado...
Sofrer, sofrer; sofrer... Em vão.
O erro é a gente se apegar a quem só nos tira a paz, melhor ter vários nos fazendo sorrir do que um nos fazendo sofrer.
quarentena
eu, quando sofro
não sofre eu.
sofre o que pena
da pena que se tem
dá dó essa cena
da lágrima que vem...
fazendo da dor quarentena
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
18/09/2021, 15’27” – Araguari, MG
AMANHÃ
Vou sofrer amanhã. Hoje estou de saída
Já é tarde. Há muita coisa a fazer ainda
E na prosa deixarei a tristura escondida
No verso aquela dura sensação infinda
Hoje eu vou ter a poética descolorida
Sem o amor, a paixão, e a graça linda
Sem suspiro ou aquela ilusão proibida
Entregar-me-ei a solidão na berlinda
O silêncio no momento não importa
A quem está com a tal ventura morta
Talvez eu me arrependa assim estar
Mas, nada consolará minh’alma vazia
Nem mesmo o encanto de uma poesia
Amanhã é outro dia e um outro idear!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
19 outubro, 2021, 18’:23” – Araguari, MG
CÍCIO
Em mim um cício, que esmorecer escava
Entristecido e desiludido o bom encanto
Jogado no murmúrio em qualquer canto
Uiva e faz da queixa uma enfada escrava
Mas amastes, profundamente, portanto
Olhais com leveza a tristeza que trava
O peito, e outrora não em ti ela forjava
Cousas tristes, e aqui te torturem tanto
O amante encena o palco em que vive
E, em contraponto de abrandar, abrasa
Numa nova guia, outro pesar, e avive...
E assim, a quem possa saber, eu ando:
Solitário e no silêncio da alma sem asa
Numa sofreguidão, a andar chorando...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
11 de julho de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando