Sobrevivência
No relacionamento moderno, podemos conhecer o corpo, um do outro, do avesso, mas querer enxergar a alma ou, falar de sentimentos, é um absurdo sem medida.
Se não controlamos o que pensamos ou sentimos, como poderíamos ter a ilusão de controlar o sentimento alheio, quando cobramos algo que deveria ser recíproco?
Nestes tempos de prazeres efêmeros, amar se tornou sinônimo de tocar apenas o corpo, sem experimentar, antes, invadir a alma.
Se lêssemos entrelinhas, seríamos capazes de sentir o encontro dos lábios, as carícias e o toque deslizando sobre a pele, nos conheceríaramos além do nome, saberíamos onde iríamos chegar, sem dizer uma única palavra, apenas lendo o brilho dos olhos.
Relações superficiais não permitem conexões profundas e, independente da constância, nem sempre significam alguma coisa.
A felicidade ou a tristeza não são destinos, são apenas trechos da nossa jornada, logo tanto uma, quanto a outra, passam.
Qualquer homem pode disputar o corpo de uma mulher, mas só a conquista aquele que invadir a sua alma.
Existe algum vivente que não omite? Se fossemos sinceros, provavelmente não haveria mais vida na terra.
Se não existem relacionamentos perfeitos,
Se não encontramos um ao outro por acaso,
Se não precisarmos criar tantas expectativas,
Se sempre fizermos escolhas conscientes,
Se formos parceiros que não desistem nas primeiras dificuldades,
Se realmente desejarmos viver algo incrível,
Ainda que não sejamos eternos, mas que nos tornemos inesquecíveis.
Talvez não exista nada perfeito, porque seria o máximo de algo feito.
O amor, se não fôssemos falíveis e humanos, seria perfeito, mas ele é o que doamos, sem exigir nada em troca e isso só seria possível se não existisse o egoísmo, onde o que importa é o que recebemos. Então a perfeição não é amar, é perdoar.
É lindo o amor, onde os afetos humanos se identificam com as necessidades das aves e dos animais, presentes no instinto da sua sobrevivência.
Eu cheguei a pensar que se olhasse uma mulher nos olhos, tão perto onde pudesse ouvir seu coração, enxergaria a sua alma, mas estava enganado. Também imaginei que se ela se
despisse e a visse nua, a conheceria, mas não
era verdade. Só se conhece uma mulher quem
sabe o que toca a sua alma, o que a fere, o que arrebata as suas lágrimas, quais são seus traumas, seus medos e o que a motiva a se levantar e seguir em frente, todos os dias. Quem viu o seu corpo e tocou a sua pele, mas não sabe a sua história,
não a conheceu.
Você é uma ponte
que me conecta com a realidade,
É chegada que me arrebata
e partida que deixa saudades.
É a luz que irradia
quando tudo se apaga ao meu redor.
É o aconchego de um abraço sem fim,
a surpresa que materializa uma possibilidade,
É a esperança de um reencontro
onde revivemos momentos inesquecíveis,
Ou apenas o desabafo
na forma de uma pretensa poesia sem rima.
Despir o corpo de uma mulher
qualquer um pode fazer.
Desnudar-lhe a alma,
afastar os seus medos,
curar suas feridas
e abrigar seu coração
é tarefa para poucos.
Num universo de bilhões de pessoas, conectadas por redes sociais e comunicadores instantâneos, por incrível que pareça, o mais difícil é encontrar alguém. Quando isso acontecer lembre-se que não é o diálogo que mantém o relacionamento, é a compreensão, na contínua intimidade do afeto e carinho.
Pode parecer absurdo, mas se queremos, insistimos ou cobramos demais, exageramos.
O excesso é o que passa da medida, o que excede os padrões que consideramos ideais ou normais, é o exagero.
Quando nos entregamos demais, sem reciprocidade, corremos o risco de não fazer falta.
Embora isso não devesse ser aplicado nos relacionamentos, a falta ou escassez é o que gera a necessidade.
Então, no relacionamento a atenção, o afeto, o carinho, o ciúme ou a cobrança precisam de equilíbrio entre a escassez e o excesso, entre o amor pelo outro e por nós mesmos.
Muitas mulheres estão se divertindo num carrocel, girando num parque de diversões, onde encontram alguém que se destaca numa coisa e não em outra e amanhã, vão comparar um com vários outros, procurando o homem certo, provedor e não o moleque, o cara que seria perfeito, se existisse.
Elegância sempre foi ocultar e revelar aos poucos o que é belo, quando a mulher empresta ao seu vestido todos os elogios.