Sobrevivência
Somos humanos, inteligentes, desenvolvidos, cultos. Espécie superior as demais. Apenas tire alguma coisa essencial a sobrevivência e vai ver a espécie superior como ela é realmente.
Nada como uns dias sozinho em meio à Natureza, para vermos o quanto ainda precisamos aprender para sobreviver.
Um estudioso na Ilha do Poderá é como um Rambo caçando cobras para sobreviver na Tailândia: deixa de pensar em si mesmo.
A vida inteira fui ensinada a ficar longe do caminho dos poderosos. Não chame atenção para si mesma. Não se mostre. Proteja seu sangue, pois ele a trairá. Se você sangrar, limpe-se e queime o pano. Queime as bandagens. Se alguém obtiver um pouco do seu sangue, mate-o e destrua a amostra. No início, era uma questão de sobrevivência. Mais tarde tornou-se uma questão de vingança.
Pense em quanto tempo e energia nós teríamos a mais para nos concentrarmos em outras coisas importantes se não estivéssemos tão ocupadas em apenas sobreviver.
Uma parte de mim já tinha aceitado isso. Aquele desespero incrédulo de voltar para casa, que eu sentia logo que me perdi – aquela sensação de que, se o mundo não voltasse aos eixos imediatamente, eu não conseguiria sobreviver, não conseguiria sequer existir –, já desaparecera havia tempo. O mundo agora era o que eu via ao meu redor, a situação em que me encontrava.
Quando a dor vira rotina, o sofrimento parece se transformar em motivo de risada, mas é apenas um escudo para nos proteger de tudo que não podemos mudar.
Eu quero acreditar que um dia vou ser tão feliz quanto almejei, mas parece que minha vivência foi criada apenas pra sobrevivência.
Por que minha existência é tão desgracenta? Eu nunca consigo apenas existir, porque vivo para sobreviver.