Sistema
Se é para o bem de todos e a felicidade da relação, abdico do poder de provedor do lar, concedido pelo patriarcado, para, a partir de agora, ser o pastor do lar.
Enquanto a escola mantiver
um currículo, apenas, como
pano de fundo de suas ações
os professores continuarão
exercendo um papel
de meros colaboradores,
de um sistema de ensino,
que prioriza os resultados como
determinantes de uma qualidade questionada.
Ser professor é ir além do currículo. É não corroborar com a ideologia neoliberal que o transforma em colaborador de um sistema de ensino que faz da escola um aparelho ideológico do Estado.
Um dos maiores desafios de um professor é enxergar a luz existente em um aluno, que teve toda a sua trajetória, dentro da escola, sendo conduzido por uma escuridão criada pelo próprio sistema de ensino.
O professor comprometido com o propósito de uma construção omnilateral de seus alunos, não consegue enxergar como normal, a anormalidade de um sistema que inclui excluindo, informa desinformando, educa caducando na sua essência do seu papel social.
Estipulação de metas, busca por excelência, tendo como o fim nela mesma, não é educação, mas corporativismo no sistema educacional.
Não há educação enquanto o educar para os sistemas de ensino for visto como o caminho que as administrações diretas utilizam para propagar a excelência de suas ações.
O professor é aquele que faz de sua práxis um preceito deontológico, não se prende ao currículo e muito menos ao sistema educacional.
O TEMPO
O tempo é único para cada indivíduo — uma experiência íntima, subjetiva, impossível de padronizar. Mas o sistema neoliberal construiu uma instituição imaginária do tempo, regulada por servidores do relógio, que impõem engrenagens invisíveis sobre nossos dias.
Dentro dessa prisão simbólica, o tempo deixa de ser vivência e vira moeda, produtividade, controle. Quando o povo se liberta desse tempo artificial, ele volta a ver o passarinho, a sentir o cheiro da flor, a estar presente.
O tempo, então, se revela como ansiedade e depressão na mente de quem não consegue se libertar dele. O tempo é muita coisa — menos uma definição simples, menos um ideal absoluto.
Ser brasileiro…
Ser brasileiro é carregar no peito a esperança de um país que se recusa a ser definido pela corrupção e pelas mentiras que nos contam. É resistir ao sistema que insiste em manter a riqueza do Brasil aprisionada, enquanto seu povo, rico em cultura e alegria, é mantido à margem do verdadeiro desenvolvimento.
É ótimo que o sistema não seja perfeito. Suas imperfeições são uma garantia. Quando o sistema se mostra perfeito, muitos são os prejudicados.
(Trecho do filme Nem Tudo é Verdade)