Seca
ARIDEZ
Aquela poça d'água
cheia de enxurrada
com seca, secou...
Não sobrou sapo, lama
nada... Nada sobrou,
alem da dor.
As flores do sertão, estão murchando
rios sem verde, leitos sem vidas.
Antonio Montes
Nossa fé!
A seca ainda arrebenta
os frutos da plantação
arroz, batata e pimenta
o milho, a soja e o feijão
a água é pouca e barrenta
mas é a fé quem sustenta
o produtor do sertão.
Esperança na terra seca...
Refazem o batido caminho pela velha e conhecida terra seca, o mesmo sol que lhes dá vida também lhes judia marcando-os, nos rostos, os poucos, mas já aparentes muitos mais anos de vida...
Intenso, escaldante, é secura demais...
Se a chuva vier o chão não lhes negará a vida adormecida...
Já faz muito, mas ainda se lembram do último ano onde o inverno foi bom, nessa memória tem cheiro da terra sendo encharcada...
Exaustos chegam ao açude ainda com um pouco de lama, olham para o céu com poucas nuvens...
Cai de joelhos e puxa os filhos, com os olhos rabisca no barro todos seus desejos e sonhos como se fossem sementes e suplica:
Meu divino São José,
Aqui estou a vossos pés.
Dá-nos a chuva com abundância,
Meu divino São José.
“O sertão é uma espera enorme”,
Dá-nos chuva com abundância,
Meu divino São José.
Talvez nenhum de seus desejos se realize e nenhuma das sementes veja brotar...
Sabe que não há certezas na vida, mas precisa acreditar que haverá ainda uma próxima vez, pelo menos para os meninos...
Ela quase sempre é grossa, fria, seca e indiferente... Ela finge desprezar como ninguém* Sabe fazer parecer que o amor da sua vida é um nada* É cínica e consegue enfiar seus ciúmes no raio que o parta. Pois é extremamente ciumenta essa entojada. Mas ao deitar a cabeça no travesseiro, ela chora como uma criança incompreendida e insegura. “Tem verdadeira aversão, por mulheres petete, mulheres carinhosas e meigas.” Ela tem verdadeiro pânico de virar uma dessas* Tanto é que quando dá pinta, ao perceber foge logo para o armário. Quem é ela? “Quase todas as mulheres que se decepcionaram sentimentalmente um dia e suas atitudes, na maioria das vezes, são involuntárias e inconscientes.” É bonitinho se arriscar, quando nunca se fudeu!
A seca insuportável ressequia o corpo daquela mulher, ela sentia como se incontáveis labaredas lhe fustigassem corpo e alma...o clima inóspito também não era convidativo para o amor, mas mesmo assim ela só pensava em ter o seu amor nos braços, os dois perdidos naquela cama.Ela sabia que não havia nada que atrapalhasse o viço do amor dos dois, pois qualquer oportunidade que tinham de se refugiar em seu paraíso secreto era oportunidade nunca desperdiçada. Hoje foi ele quem se adiantou- estava esperando por ela no paraíso com o champagne no ponto e os lábios ávidos.
Uma folha que seca, mesmo que morra ainda vaga ao vento. Um corpo sem vida mesmo na morte, ainda vive a alma.
A árvore da vida produz bons frutos; a árvore seca morre sem deixar sementes para reproduzir nas próximas estações.
Acordei desesperado, suando em bicas, a boca seca e uma dor terrível assolava todo meu corpo. Tateei desesperadamente o criado mudo e o som deles estatelando no chão. Era apenas um gesto instintivo, já que eles não mais tinham qualquer valor terapêutico, e sim o tinham não duravam mais que minutos, porém, um alívio. Peguei-o principal deles e num gesto já experiente apliquei-o com calma e suavidade. Sabia que em alguns minutos passaria seu efeito, mas era o tempo suficiente para que me levantasse, tomaria água, iria ao banheiro, acenderia um cigarro, coisas banais, mas de suma importância naquele momento. O tempo passava e sabia que estava chegando a hora, todo aquele sofrimento, aquela dor intangível e inimaginável voltaria. Naquele poucos momentos, pude me olhar no espelho e ver que ali estava apenas uma carcaça, o rosto, os cabelos e impressionantemente havia ainda alguns dentes que relutavam em deixar aquele corpo em extinção. A dor voltou e como tsunami arrasava tudo naquele pequeno grão de areia que ia se desfazendo em milhões de outros. A dor era tanta que sufocava o que ainda restava do que chamamos de ser humano. Sentira que era a hora, já não havia o que fazer e tudo se resolveria, mas ainda me restava intacta outra dor, muito mais forte que aquela, que crescia, conforme esvaia o que restava naquele corpo semi destroçado. A dor da alma que de tão impactante, eu iria sabendo que não há mais qualquer tratamento, a não ser vê-la fluir lentamente, por entre as lágrimas que ainda me restavam.
A Seca
Estávamos sofrendo,
Uma terrível seca,
O solo rachado,
Os bichos morrendo de fome,
Eita seca sofrente,
Que mata e deixa agente,
Numa tristeza danada,
Muitas vezes condenada,
E quase sem esperança,
Mas o nordestino,
Cabra forte desde menino,
Assuporta, até morte,
Mas não há quem lhe tire,
Sua fé em Jesus,
Ele, passa fome, chora,
Se aperreia, esperneia,
Fica que da dó,
Mas num desiste por nada,
Ai chega dezembro, vem Jesus,
De manhã, tarde e noite, derrama,
Chuva, muita água,
Tá enchendo tudo,
Mas tu sabe o motivo
Foi a fé do matuto,
Orou, rezou, clamou,
Ao senhor dos exércitos,
Dono de tudo e de nós,
Para que se compadecesse,
Desse povo pequeno e sofrido,
Que ele ama e jamais esquece...
Poeta Matuto: Semeador da palavra de Deus, Francisco Junior da Silva Fernandes.
Um dia, deitado numa grama seca, não conseguia me levantar. Minha voz não saia, meus toques não faziam barulhos e nem ruídos, vi a morte se aproximando, aquele seria meu fim, abri meus braços pronto para se levado. Uma pequena folha, que havia numa árvore, a árvore mais alta daquele vale, não havia morrido, estava verde. O vento forte a assoprou, foi tirada e o vento a levou até meu rosto, seus toques eram suaves, sua cor era apreciada. verde como a grama, clara como os meus sonhos e linda como o sorriso daquela garota. No seu primeiro toque em mim, libertou-me, fez me feliz, corri por aquelas gramas mortas e meu sorriso foi aberto, a minha liberdade havia chegado, o meu sonho havia sido realizado, era o meu ponto tão esperado. Cada toque, uma cor, o mundo para mim floresceu e a cor, a alegria voltou, um motivo chegou, uma alegria mudou e a minha vida, ganhou. Passo a passo, uma flor, uma cor, uma vida. Tudo naquele vale se ressuscitou através daquela folha, pois a sua cor não desistiu, lutou e tudo o que queria, ganhou. Hoje conto está história, da folha que me salvou, por causa de sua cor. Verde, esperança. Meu motivo chegou, você apareceu, me salvou, me alegrou, me fez viver, me fez ganhar, me fez sonhar e me deu, seu amor. Hoje eu cuido dele, pois esse era o sonho daquela folhinha que da sua cor, nunca se ausentou. Ela é você, minha esperança, meu amor, minha vida e minha paz. De todas as rosas, preferi uma folha, pois verde é a minha esperança e você é meu viver, minha vida, minha mulher. A minha poesia, prazer, eu sou seu poeta.
Algumas pessoas são como feridas, basta você deixá-las, quietas, não mexer, que seca, sara e desaparece.
DESAPEGUE, de tudo aquilo que não produz frutos. De tudo que aquilo que seca, e tira o brilho da verdadeira felicidade, que o Senhor, quer derramar na sua vida.
E lá pelas tantas levantei-me da cama com a boca seca e enxuguei uma Skol que desceu redondamente, nossa que ressaca!
Será que depois da morte existe
Vida? Sai da seca, sai da sina e
A treva nos castiga? Ou o inferno
É aquele sol, que tanto queima e
Judia?
Tudo planta e nada vinga. É o pão
Nosso de cada dia. Tanto faz morrer
De sede, morremos aos poucos a
Cada dia. De barriga bichada, ou de
Barriga vazia.
Essa é a experiência nata de toda a
Vida. Ou morrer de fraqueza, ou
Então de bala perdida. Ou de boca
Seca, ou de fome desnutrida.
Carrega a cruz da penitência, ou a
Fome misericórdia? Calejada é
Brasileira, o futuro não importa.
Para a caridade sertaneja, tem
Ao menos humilde cova.
(Calejada do cerrado, poesia tema do livro "A terra dos lobocratas" – São Paulo - 2006)
O sol não tem memórias, o sol invade a terra, atravessa os homens, escurece-os de sombras, seca-os.
Tinha cheirinho de sol sem nuvem
Chuva na terra seca
Cafezinho acabado de fazer
Tudo junto, como podia ser...
E um irresistível jeitinho de sorrir.