Poemas sobre samba
Eu já fiz até promessas já tentei todas as rezas peço a Deus pra me ajudar. Num remédio pro meu peito que consiga dar um jeito de você me libertar.
Sou
Sou a palavra cacimba
pra sede de todo mundo
e tenho assim minha alma:
água limpa e céu no fundo.
Já fui remo, fui enxada
e pedra de construção;
trilho de estrada-de-ferro,
lavoura, semente, grão.
Já fui a palavra canga,
sou hoje a palavra basta.
E vou refugando a manga
num atropelo de aspa.
Meu canto é faca de charque
voltada contra o feitor,
dizendo que minha carne
não é de nenhum senhor.
Sou o samba das escolas
em todos os carnavais.
Sou o samba da cidade
e lá dos confins rurais.
Sou quicumbi e Moçambique
no compasso do tambor.
Sou um toque de batuque
em casa gege-nagô.
Sou a bombacha de santo,
sou o churrasco de Ogum.
Entre os filhos desta terra
naturalmente sou um.
Sou o trabalho e a luta,
suor e sangue de quem
nas entranhas desta terra
nutre raízes também.
A justiça é cega, mas empunha sua espada e sua balança. Quando manietada pela política, ela vira samba.(Walter Sasso)
MEU VIOLÃO
Se meu violão falasse
Certamente diria
Em verso, em prosa em poesia
Coisas secretas de minha alma
Que nem cartola cantaria.
Sobre amores esperados
Nas esquinas da vida
Em noites vazias
De tantos desencontros
Em breves sussurros
Em tristes melodias.
Meu violão canta como eu
desafinado de melancolia
Sonhando o futuro glorioso
Esperançoso de paz e harmonia.
Meu violão, um amigo leal
O mais próximo do peito
Somos assim predestinados à solidão,
Vivemos esta grande ilusão
Que ninguém nos roubará este direito.
Sambando na chuva da noite (versão 3)
Quero estar com você,
enquanto os trovões iluminam o céu,
numa noite de espetáculo de pirotecnia natural,
parecemos dois patos perdidos,
ornamentados pulando entre as poças,
vamos nos jogar na chuva,
molhar nossas cabeças,
esquecer nossas diferenças,
nossas manias,
nossas competições do dia-a-dia,
quero estar com você,
juntando nossas penas cheias de cores e ideais,
nossos dissabores do cotidiano,
nossas desavenças aqui morrem afogadas,
vamos nos jogar na chuva,
e molhar nossa consciência,
batizar nossas idéias,
esquecer nossas bobeiras,
e acender a magia do carnaval,
somos apenas dois palhaços notívagos de luar,
desligados dos barulhos do mundo,
vivendo nosso inquietante samba de romance,
até o sol raiar.
Entendo o que é arte, ao te ver sambar
Teus belos movimentos em harmonia
A poesia do poeta que vive a rimar
A graça do palhaço que traz alegria
Teu belo rosto, tua pele mulata
O balanço do teu corpo, beleza nata
Sedução dos teus olhos, tua covardia
Olharia pra você até raiar o dia
Qual o teu nome, nunca vou saber
Em meus sonhos estarás, sem mesmo perceber
Negra de fato, daquelas que canta Aragão
Deixou vazio o meu coração
Esse fraco poeta, que se atreve a poetizar
Rimar o belo com feio, no mais doce amar
Transformar em fantasia, o que nem de perto é a realidade
A chance de com você estar, te beijar, te amar de verdade.
A batucada vazia, sem a companhia do violão
Põe fim ao meu sonho, ao samba , ao show
Ao lar retornar com aquela sensação
De olhar, sem parar, pra que nunca me olhou.
Surgiram enredos embriagados,
Coisas de uma tarde com gosto de charutos,
E a lembrança de uma noitada de vinho,
E tantas outras com gosto de lúpulo,
Nada melhor que qualquer bom motivo,
Para um gole de um rebolado sonho,
Tocando sem parar nesse palco,
É o samba do devaneio,