Ruim
Saga de luz,coisa sem fim...
Cheiro de comida com alecrim...
Digo o que penso,coisa ruim...
Riso de alguém pior que mim...
Provérbio sabido,num mundo parado...
Olhar discreto,num ato isolado...
Rir de mim,de nós,vós...todos
Numa sociedade isenta de tolos...
Sabedores da imprópria verdade...
Salpicados de falsidade...
Onde me assusto a cada lua...
Preso em mim ou só na tua...
Acreditar noutra doutrina...
Melhor ou pior de alguém que me ensina...
É guardar o cheiro desse jardim...
Da comida com alecrim...
Ou coisa sem fim...
O bom da fé é que traz esperança e perseverança. O lado ruim é que trata-se de uma expectativa que nos leva à frustração caso não obtemos o resultado tão almejado. A fé tem se revelado, assim como o amor e qualquer outro valor, como outra faca de dois gumes.
Enquanto o gado alienado só aceita que o ódio é só coisa ruim ou desnecessária, gente como eu descobre que é quase impossível lutar contra coisas odiosas sem podermos sentir o ódio. Às vezes me pergunto: por que será que a natureza está sempre possibilitando o ódio?
As Sete Aberrações
II - O Espelho
"Não é tão ruim assim" - Pensei, engolindo seco.
Enquanto a saliva descia feito serragem em minha garganta, ele desceu, envolto de luzes brancas e azuis, finalmente pousando às pontas dos pés, no mesmo lugar em que se sentava a criatura anterior.
Apesar do par de chifres no topo de sua cabeça, sobressaindo discretamente por entre os cabelos louros, o par de asas às suas costas, revestidas de plumas brancas e douradas, tornavam a imagem do jovem garoto de olhos azuis, um tanto quanto angelical. Meus olhos lacrimejaram neste momento, de forma diferente da noite passada, graças ao alívio que o atual devaneio me proporcionava.
Antes de encarar-me, questionou aquilo que ainda sequer tinha visto:
"Por que choras, jovem humano?" - Pude ver que a criatura trazia consigo, um espelho em sua mão direita.
Secando as lágrimas, vislumbrei a iluminada figura à minha frente, tentando me explicar, logo em seguida
"Ontem me foi dito, que abandonavam-me os anjos, mas tua bela imagem me alivia"
Sem esboçar qualquer expressão, o tal anjo sentou-se, direcionando-me outro questionamento:
"Te alivias minha presença? Sabes o que sou?"
Um silêncio profundo toma conta do lugar, enquanto nos encaramos.
"Tu decepcionas mais do que esperava" - Lamentou
"Você é um deles. Uma das aberrações".
A criatura me encarou, enquanto a calmaria se esvaía lentamente, dando espaço para uma angústia ainda controlada pela minha prece, repetida incessantemente em minha cabeça: É só um sonho.
"Pois" - chamou minha atenção - "consideras-te belo?" - Ergueu o espelho que trazia consigo, voltado a mim. Nele, não vi meu reflexo, mas sim, memórias.
Memórias específicas, de momentos em que fui diminuído por minha aparência, minhas diferenças, minhas próprias aberrações. Chorei ao revisitar aqueles momentos, através daquele espelho aparentemente mágico. Mais uma vez, o anjo questionou:
"Consideras-te belo, jovem?"
Finalmente respondi, com a voz alterada graças à angústia:
"Não..."
"E mais uma vez, tu decepcionas" - retrucou, quase imediatamente e então, continuou - "Tudo que vistes, são julgamentos banais. Julgamentos carnais de seres carnais, a ti voltados, graças aos quais, não reconheceste tua beleza e torna-te a ti mesmo um juiz, como os tais que lhe afligiram. Entenda, criança, sois estrela cadente em céu estrelado: bela, rara, iluminada, mas ainda, passageira. Sua luz se esvai, assim como sua carne se deteriora. A estrela simplesmente desaparece, tal como sua vida se acaba e, tudo o que sobra é a verdadeira beleza, teu legado, tua essência, o espaço vazio entre as estrelas do firmamento, que agora brilharão mais fortemente".
Pude ver as plumas da aberração soltando-se atrás do espelho e encobrindo o ar de todo o local com seus brilhos.
"Diga-me, jovem... Ainda sou belo?" - perguntou, com uma voz, agora, mais grave.
As asas emplumadas haviam dado lugar a outras, revestidas de uma pele negra, como a mais escura das noites. Seus chifres se estenderam para o alto, se destacando ainda mais dos cabelos que, outrora loiros, tornaram-se tão negros quanto as asas e alongaram-se até cobrirem os olhos, que abandonaram o azul celeste e se dilataram em um mar, vermelho, forte como sangue. Sua boca estampava um sorriso bestial, com presas vampíricas, enquanto esperava pela minha reação.
Encarei-o, curiosamente, sem medo qualquer e então, tomei a palavra:
"Provas tua beleza, quando ensinas outros a vê-la. De todos que já vi, tu, és o mais belo ser que meu coração já vislumbrou".
O anjo espantou-se, depois, sorriu novamente, ao ouvir o som de quatro badalares. O sorriso, desta vez, deixara de ser irônico, demonstrava satisfação.
"Sabia que podia esperar ótimos resultados de ti. Jovem, passaste por minha provação com êxito".
Despediu-se, assim, a criatura, quando mais uma vez, abri meus olhos, deitado em minha cama, chorando de emoção com a lição recebida, enquanto preparando-me psicologicamente para a próxima aberração que, como as anteriores, poderia vir disfarçada de terror, e provida de outra provação.
(Às vezes, existem cordeiros feridos, por detrás das peles de lobo que lhes colocaram)
"Não existe poeta bom nem poeta ruim. Há aqueles que são poetas e os que acreditam que são poetas..."
"Percebi que no final tem gosto amargo, não é doce, não é bom e sim ruim, é triste e tem sabor de lágrimas, pois é o fim."
Sempre siga em frente, não importa se o que está por vir é bom ou ruim , simplesmente siga em frente . - Estéfani Dos Santos
O TEMPO
O tempo revela os fatos nunca revelados, nem observados
Mostra o lado bom e ruim de cada etapa vivida
Não é tão fácil se deparar com momentos felizes que já não voltam mais
Como também é difícil perceber o quanto deixou de viver, de ser você
O tempo é controlador, um relógio que não tem volta
Não se para o tempo, nem o atrasa, assim como não se adianta
Por isso é tão importante saber apreciar cada minuto presente
Saber se livrar das dores acumuladas e ate mesmo do saudosismo involuntário
Ter a percepção de que o tempo é correto nos faz crescer, amadurecer
Afinal é preciso saber viver, ao menos desempenhar-se para viver
O tempo não é errante, errados somos nós que cronometramos tudo em nosso redor
O tempo é livre, mas um tanto intimidador
O tempo é eficaz, mas perturbador
O tempo é sensato, mas às vezes cruel
O tempo acrescenta experiências, mas às vezes nos tira preciosidades
O tempo nos revela, mas também se rebela
O tempo nos encoraje, mas também nos torna covardes
O tempo cria, mas também fantasia
O tempo é obediente, mas às vezes teimoso
O tempo inova, mas às vezes recicla
O tempo cura e cicatriza, mas às vezes fere e traumatiza
O tempo é dono da vida, mas a vida também é dona do tempo.
Sozinho
Ficar sozinho nem sempre é algo ruim, até porque, poetas são pessoas solitárias, onde só possuem a si próprio.
Solitário em uma noite escura, tendo apenas um espelho em frente, olho para trás, e percebo uma sombra, oscilante e bela, me estendendo a mão.
O vento gelado que atravessa o céu, tão frio, tão silencioso, com os olhos secos indecisos me vi voando ao vento.