Rotina
Que lucrei, eu, Senhor com o tempo perdido?
Num e noutro despojo me achando o que a vaidade me propôs...
Nunca mostramos o que somos, senão quando entendemos que ninguém nos vê...
Mas se ninguém nos vê o que importa afinal ser ou parecer?
Escoar-se é um desperdício...
Assim como aprisionar o vento...
Pouco se ganha...
Tanto se perde...
Tantas coisas sem sentido...
Homem que sou...
Ó divina esperança onde estás que comigo brinca...
E não me convida à dança...
Tu que transforma os sombrios pedadelos em sonhos dourados...
Que nos inflige e nos obriga a levantar da cama...
Virgem de eterno devaneio...
Que hoje minhas mãos não alcançam...
A rotina é tão pesarosa...
As mesmas pessoas enfadonhas...
Dentro de mim, a noite escura e fria se anuncia...
Que me olhar não se perca...
Entre tantos outros que passam...
E farto de fadigas...
E de fragilidades tantas...
Que amanhã...
Em outro dia...
Então...
Eu floresça...
Sandro Paschoal Nogueira
Não tenha vergonha de ter um coração doce, pois o que mais existe lá fora são corações endurecidos pelo frio das desilusões. Pessoas anestesiadas pela rotina implacável estão mortas em vida. Seu verdadeiro superpoder é sua capacidade de sentir, de se emocionar diante da beleza do mundo.
O caminho pode ser o mesmo todos os dias, mas o nosso olhar não precisa ser igual. Tem sempre um ângulo diferente pra olhar, algum detalhe na paisagem pra ver... mesmo na pressa da rotina.
Desconheço...
Sou eu poeta?
Cenário dolente...
Embora me divirta...
Aqui, coração que andou entre os homens, arranco...
Ando à deriva na fonte de muitos olhos...
Movendo-me aqui e agora entre contornos vivos...
A minha prisão de viver são perfumes de pecado...
A grande inteligência é sobreviver...
Entre o murmúrio dos esgotos...
Rotina...
De longos braços estendidos...
Velhos desejos recalcados...
Espantos e receios...
Escondidos em leitos sangrentos...
Disfarçados em diálogos sonolentos...
Provisórios dias do mundo a ti pergunto:
Sou eu poeta?
Desculpai-me esta face...
Serei eu só mais um fantasma de tudo?
Sandro Paschoal Nogueira
Mesmos caminhos que me levam aos mesmos lugares, tornou-se tedioso. Mudei a rota e ajustei os ponteiros do relógio.
Dia da Secretária
Hoje é Dia da Secretária
Que é responsável por muitas tarefas
Que tem uma corrida rotina diária
Que sempre lida com a pressa
A secretária precisa ser simpática
E lidar com várias tarefas ao mesmo tempo
Pode lidar com uma agenda dramática
E fazer muitos reagendamentos
Tem que atender a campainha e o telefone
Responder e-mail e ficar atenta no celular
Anunciar no microfone e fazer reunião com fone
Essa é uma profissional exemplar
A canção desafina,
O retrato cai e se esmiúça,
As flores murcham.
Outrora, desabrocham
Em novos vasos,
Ocupando velhos espaços.
Na esquisitice,
Estranha
Mesmice.
Somos grandes e pequenos,
Furiosos e amenos,
Sonhos, palavras e pensamento.
Um rápido sopro do vento.
Você me lembra um dia de domingo
tão depressivo eu quero me cortar.
A minha segunda chega em algumas horas
queria dormir e não me acordar.
Deixa o tempo congelar
não aguento mais a rotina.
Acho que eu já derreti
essa é a minha vida.
Deixa eu passar
acho que estou presa
me perdi nesse vazio
o pior lugar da minha cabeça.
Sombra que segue os desejos...
Alma que tanto procura...
Sem encontrar...
Em ruas, conversas vazias...
Fundo de copos se aventura...
Doidos passos incontidos...
Império dos sentidos...
Enfim o copo vazio...
- "Enche outra vez vizinho"...
Vinhas de vinhos de oiro não bebidos…
Ócios e sossegos…
Desejados e outros sentidos...
Noite sucedendo noite...
Vertigem em qualquer leito...
Tanto faz...
Tudo tem jeito...
Amores, esperanças e desejos...
Quase os mal diz...
Eis que entrega seu coração...
De nada serve e vale...
Tudo é ilusão...
Dias mal gastados...
Noites mal dormidas...
Desejos de coisas esquecidas...
Lembranças de velhas feridas...
Incansável a tudo retorna...
Rotina a que se entrega...
Fraqueza que vira resistência...
Quando qualquer hora e hora...
Mas pois por vosso mal seus males vistos...
E todos os dias finjes te-los esquecidos...
Já nem vives...
Nunca aprendeste...
Vem de sua saudade, o que presume...
A ânsia de realmente viver...
Dizes que ficas tonto…
Hás de então ficar louco...
Tonto, o feio fica bonito...
O corpo só arde em desvario...
No entanto, o imaginário
desejo de alcançar...
Já nada mais importa...
Nem mesmo se terá outro amanhã...
Ou se terá...
No dia seguinte se arrependido...
Sandro Paschoal Nogueira
Não faz sentido ser feliz todos os dias, faz sentido ser feliz hoje, porque o hoje se repete todos os dias!
Os nossos pensamentos e comportamentos formam o que chamamos de hábito. Ele é um dos motivos pelos quais consumimos uma xícara de café pela manhã ou deitamos do mesmo lado da cama todos os dias.
Anda, anda, anda
Para onde afinal?
Seus caminhos já estão
traçados, seus pés já andam
automaticamente.
Vá, vá la na frente
diga o que querem ouvir,
e o que não querem,
guarde!
Veja, veja por de trás desses
cabelos. Há uma multidão lhe observando, mas na verdade eles nem viram você ali.
Caminhe por esse longo corredor
e tente não cair e deixar suas pernas firme.
Contudo ande, ande até
chegar ao seu fim.
Se cobrar pela recompensa futura é igual a sentir dor.
Construa o dia, se surpreenda com o resultado, vá acolhendo e deixando o passado pra trás, tudo cura, tem que ter paciência.
Um dia de cada vez.
[...] Já me dei e me entreguei sem
nem um pouco pensar em mim.
Estive aí, ontem, por meses, anos,
você achando que não teria fim.
Resolvi te responder,
estou me cuidando,
tomando juízo.
Valorizei vocês por muitas vezes,
mas eu também me valorizo.
Não sou Deus,
mas também já dei muita oportunidade.
A honesto e a impostor, a quem mente e a quem fala a verdade.
E agora, que não paro mais,
passo rápido e sem culpa.
Tem gente dizendo que está sem mim,
me usando como desculpa.
Por isso que eu chego,
e vou logo dessa vida.
Tão rápido que estão sentindo,
como se fosse despedida,
E para alguns que não deram valor,
na verdade o é.
Falo isso, não com magoa ou pesar,
sem ressentimentos.
Quem quiser escapar e
vencer esse tormento.
Tente me encontrar,
ainda dá, fique atento.
Sem correr, desesperar ou chorar,
venha em paz no pensamento.
Senta aí, vamos conversar,
prazer em te conhecer,
me chamo TEMPO [...]
(1,00) elevado a 365 = 1,00 = Fazer nada durante o ano
(1,01) elevado a 365 = 37,78 = Esforço pequeno e consistente no decorrer do ano
(0,99) elevado a 365 = 0,03 = Declínio lento e consistente irá destruí-lo