Romance
Mas, marinheiro, se a Camélia morreu, se ela caiu do galho, se o galho estava seco, se a terra não era boa, a culpa era mesmo sua?" Herança (romance, 1992)
“A vida (a tua vida) tem pressa, e apesar de ser tua, ela não espera por ti. O dia vai nascer e vai anoitecer, independente de como você esteja se sentindo. Então, por que não fazer valer cada minuto na tua vida? Já que basta uma fração de segundo para tudo mudar?”
Com a minha calma
irei te trazer para mim,
Tu és marujo,
e eu sou feita de mar,
Só quero ver aonde
nós dois vamos parar.
''- Eu mergulhei em você, sem pensar duas vezes, sem definir minha rota. Eu simplesmente mergulhei. Não há volta, nem mesmo um salva-vidas que poderá me resgatar. Eu estou decidido a mergulhar ainda mais em suas profundezas, habitar essas grutas marinhas que esconde do mundo. Eu sabia que você seria todos os meus oceanos, a minha pátria, meu único continente, no instante que descobri que não haveria respirar longe de você. Eu caminhei todos esses anos para buscar você. Para, em fim, mergulhar em seu coração, meu amor.
- Espero que saiba nadar…
- Espero que não. Pois quero me afogar em cada gota de você.
- E então você morreria para o mundo. É… muito romântico.
- Mas renasceria dentro de você.
- Valeria a pena?
- Afogar?
- Morrer.
- Não há fim ou morte quando se ama. Nessa vida ou em outra, estaremos juntos.''
Como na bela e a fera
Você me carrega em suas mão
Uma garota delicada e meiga
Que me arruina e me intriga
Como pode algo delicado
Ser tão mal como a flor que me domina
Nosso amor poderia ser pintado ou moldurado
Mas não para ficar em paredes de salas ou quartos
Aquela obra de arte tão linda que não para nem em museu
Fica de um lado para o outro, rodando o mundo
Nem mesmo o pintor mais nomeado
Pintaria uma obra tão linda, quanto eu ao seu lado
O nosso amor, é do tipo raro
Me faz sonhar acordado, viver alucinado, estar nas alturas com os pés nos chão
Eu ouço o teu nome nas batidas do meu coração
Eu cresci aprendendo que a vida tem fases e os anos, estações.
Só esqueceram de me ensinar que, numa dessas tardes loucas da vida, você me apareceria, linda e radiante, pra me mostrar uma fase de intermináveis dias bons.
Os invernos passaram a ser os verões dos nossos lençóis e, o outono, cenário intenso para as nossas primaveras perfeitas.
Ninguém explica essa felicidade até quando a gente briga - e fica aquele clima frio.
É que só a gente sabe que as pazes, quando forem feitas, serão sob o forte calor dos verões mais quentes.
Nem a meteorologia explica essa constante primavera em minha vida depois que você apareceu.
Nas curvas da noite
Na geografia de teu corpo, aprofundo-me!
Feito cientista, estudo tua anatomia.
Sinto-me um calouro com um mapa às mãos.
Descubro curvas
- por onde ando -
segredos impressos,
versos poéticos
poemas inteiros.
Quanto mais arrisco-me
tanto mais confundo-me!
Desbravo a ti,
feito um bandeirante
desbrava a terra nova.
Monto campana em teus olhos
- que de tão brilhantes -
reflete todo o meu pecado.
Embriago-me em teus lábios
padeço em teu riso,
sorriso doce feito a lua de dezembro.
E tu, andas por ai...
A esquivar-se de mim,
a negar-se um estudo mais aprofundado.
Trabalho científico, coisa séria,
com os riscos e tudo o mais.
Nas planícies de teu território,
tens domínio pleno sobre mim.
Permitas uma observação in loco,
és um meu estudo de caso.
Conforma-se em meu corpo!
Embarco na tua viagem
navego por tua ternura
e aporto em tua ilha.
Já não podes fugir,
estou em todos os teus sonhos.
Delírio: Deliro por ti, deliras tu também, por mim.
Adeus às armas!
Mastro firme fincado à terra
bandeira içada aos quatro ventos
corpo cansado da intensa batalha
suor banhando a testa.
A guerra chega ao fim, a noite padece
Nasce o sol, surge o dia.