A vida é como um rio frases
Todos quando nascemos, nascemos em uma nascente de um rio, um pequeno rio a nossa vista. E sendo assim, começamos nossa descida por este rio. Alguns nascem em dias de sol, outros nascem em dias de trovoada, outros ainda nascem em dias nublados, alguns em dias frios e outros em dias quentes, porém a realidade mostra que todos nascem e todos são convidados a descer este rio.
Tudo começa (na maioria das vezes), em águas calmas, porém sem muito esperar e sem nada nos avisar, encontramos a primeira corredeira. Uma corredeira não muito forte porém, uma corredeira que devido ao nosso tamanho poderá parecer maior que é. Nesta corredeira encontraremos algumas pedras, alguns galhos e alguns lixos que estarão a margem ou no fundo. Isto poderá nos machucar e sendo assim, alguns decidirão ir para a margem e ficar ali para que não se machuquem mais e acreditarão que o rio é só isso.
Os outros, continuarão descendo.
A viagem continua e após esta corredeira virão águas calmas, assim como devido há algumas condições climáticas, o rio poderá criar grandes correntezas fazendo que você se depare com galhos, com entulhos que descem e quando você menos esperar estará em uma corredeira muito maior. Sua cabeça poderá bater em pedras, você poderá se machucar mais que esperava e eventualmente levar alguns "caldos". Algumas pessoas decidirão ir para a margem, se agarrar nos troncos que ali estão e passarão a viver ali acreditando que o rio todo é formado apenas de corredeiras e que em algumas horas poderão ficar calmas, mas em grande parte acontecerão fenômenos para que todos sejam machucados. Os outros que agora já são considerados um pequeno número de pessoas, decidirão ir descendo.
Neste momento, algumas pessoas da margem o chamarão de loucos, de sem juízo e tentarão provar que essas pessoas vão se ferrar, mas mesmo assim... eles vão.
Cada vez o rio vai ficando maior e vai se abrindo, as pessoas que continuam a descer conhecerão novos tipos de plantas, de fauna terrestre, de fauna aquática até que chegarão a uma ilha. Nesta ilha todos irão conhecer coisas novas, inclusive a novidade de se ver uma ilha a qual nunca foi vista. Alguns decidirão ficar por ali e fazerem sua vida ser aquilo, pois acreditam que já conheceram como é o rio por inteiro e já sabem que todo resto é igual. Os outros, já poucos, continuarão descendo.
Tudo parece muito normal, as surpresas parecem que acabaram e quando se menos espera, chegam a primeira cachoeira. Alta, frondosa, um novo som antes não ouvido, pássaros diferentes... Os olhos brilharão e alguns decidirão (por medo, insegurança ou outras circunstâncias), ficarem por ali, pois acreditarão entre outras coisas que o rio é aquilo e todas as surpresas já foram reveladas. Poderão até descer para ver como é lá embaixo, porém não decidirão continuar a viagem.
O número já diminuiu drasticamente e poucas pessoas decidirão continuar esta viagem. Como sempre ouvirão, como sempre serão julgados por algumas poucas pessoas, acharão que estão no caminho errado e alguns até voltarão. Porém a viagem continua.
Ainda no caminho encontrarão outras ilhas, outras corredeiras e outras cachoeiras. Irão se machucar, irão se mutilar, irão se achar otários, irão ver pessoas morrerem por este caminho. E exatamente neste percurso outros poucos que desciam com você por este rio, desistirão da viagem ficando cada um a margem, em seu lugar porém, alguns outros poucos, o mínimo dessas pessoas seguirão sua viagem que poderá demorar dias, aprenderão técnicas de como boiar, de como aproveitar as marés, de como não se cansarem, de como aproveitarem as corredeiras. Não digo que não irão se machucar porque vão. Não digo que não irão pensar em desistir porque vão. Não digo que será mil maravilhas porque poderá não ser mas inevitavelmente e quando menos esperarem, sentirão que as águas ficarão mais rebeldes, alguma coisa estará muito estranha, a ansiedade e o medo baterão fortemente em suas mentes e corações. Alguns procurarão a margem mais próxima para ficarem ali (pois acreditam que já viram tudo), mas os outros poucos decidirão ver onde isso vai dar. As críticas continuarão a vir, ouvirão vozes dos que falaram ecoando em suas mentes: " Não te avisei?", "Antes tivesse ficado na margem em segurança", " Agora vai se ferrar, não aprende mesmo"...
E de repente quando você pensar que é o fim, desembocará no mar!
E lá você verá que tudo é muito mais que tudo isso! E lá você conhecerá as inúmeras e inúmeras espécies diferentes de animais aquáticos, e lá você conhecerá a praia, e lá você descobrirá as ondas e através do mar ir para todos os cantos do mundo e descobrirá que a vida é um lugar de infinitas possibilidades e sentirá pena dos que ficaram a margem com suas "pseudo" seguranças. Descobrirá terras, outras ilhas, outras plantas, outras pessoas com inúmeras histórias para contar entre tantas outras coisas...
Eu espero que você não pare na margem mediante as dificuldades e espero muito em breve te encontrar no mar.
Foi um imenso prazer ter você aqui comigo nesta viagem, espero que estas reflexões tenham despertado qual o tipo de arte que você deseja continuar realizando nessa vida. Porque a vida é uma arte e nós, sem dúvidas, os artistas da vida!
BARCOS DE PAPEL (soneto)
Na chuva da temporada, pela calçada
A enxurrada era um rio, e o meio fio
O teu leito, com barragem e desafio
Na ingênua diversão da meninada
Bons tempos felizes, farra, mais nada
Ah! Os barcos de papel, inventivo feitio
Cada qual com um sonho e um tal brio
Navegando sem destino, a sua armada
Chuva e vento, aventura e os barquinhos
Tal qual a fado nos mostra os caminhos
E a traçada quimera no destino velejada
Barcos de papel, ah ideais, são poesias
Que nos conduzem nas cheias dos dias
No vem e vai, no balanço, da jornada...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/06/2020, 11’05” – Triângulo Mineiro
É bom que sejas como água, pois ninguém experimenta a profundidade do rio com os dois pés, mas todos sentem o intenso desejo de conhece-la.
Estamos todos navegando no mesmo rio. Uns aprendendo a segurar os remos, outros com apenas um nas mãos. Alguns passando perto da cachoeira e sentindo o turbilhão das águas, outros parados na margem apreciando calmamente seu curso. Uns mais rápidos, outros mais lentos. Porém, não esqueça, estamos todos viajando, cada qual no seu barco, por vezes apreciando a paisagem, por vezes enfrentando a fúria das águas. Aproveite cada metro percorrido deste rio. A viagem valerá a pena.
Haverá sempre um fado que me tira das mãos o suposto,
a força inabalável de um rio longo,
tão longo como a vida e depois da vida –
intransponível evidência que não se vê, mas que se sente,
comando firme que me olha do extremo de mim.
NO BARCO DA VIDA
Sentado às margens deste negro rio.
Observo a negritude da noite
A cair fleumaticamente.
Ouço o farfalhar das folhas
Se enamorando com o vento.
Sinto o frio gélido e sereno
Da noite sombria que se aproxima.
Tento soerguer-me não consigo.
Sair de onde estou, não posso.
Um espectro se aproxima
Me assusta e aterroriza.
Não, não é a morte.
É apenas uma brisa.
Um arrepiante e gélido zéfiro.
Desses que te sobem
Pela espinha dorsal
E adentra as entranhas da alma.
O rio segue lentamente
Em seu curso silencioso e monótono,
O seu eterno caminhar.
Leva consigo para além-mar
Os sonhos, as quimeras
E todos os tipos de visagens,
Utopias e ilusões.
As alucinações e devaneios,
Não são da alma humana,
Mas, da vida dos mortais vivos.
Traz em si as vicissitudes da existência.
Por ele os nautas peregrinos,
Singram com suas naus.
Não há, para o rio,
Entre eles distinção.
São todos iguais.
Não há pretos novos,
Nem brancos velhos.
Não há mestiços, nem crioulos.
Não há bons, nem maus.
São todos iguais.
Estão todos no mesmo barco.
Estrangeiros não há
Forasteiros também não.
No barco da vida,
Onde vive a ilusão,
São todos iguais,
Somos todos irmãos.
"A vida só segue em um caminho, como um rio, não faz curvas para retorno, é o caminho inexorável do feito, melhor que bem feito ou perfeito."
No rio da vida estamos todos na mesna canoa, remar sozinho ou remar juntos não muda a trajetória da canoa, mas, fatalmente define o destino de quem rema.
Nada melhor do que fazer meu destino, de remada em remada vou seguindo na minha canoa no rio da vida
"Todo rio se enche às vezes sob além do limite de suas margens. Se isto acontecer permanentemente, as margens serão destruídas e teremos um lago e não mais um rio. Mas o lago é estático, ao passo que o rio flui.
Trata-se de uma das contradições da vida o fato de o fluxo dever ser contido para que se mantenha em movimento."
Do que me resta
Da noite … as sombras.
Da chuva… o rio.
Do inverno… o frio.
Do vento… a brisa.
Do céu… um sol sombrio.
Do que me resta…
Do pouco que a vida me empresta…
Na janela uma fresta.
Do que me resta: esperar acabar a festa.
Você é um oceano, vestido em uma gota... Somos oceanos vestidos de rio para viver uma jornada humana. O caminho é sempre em direção ao mar, não importa o desvio."
Tenho sede de travessias, e sou rio.
Tenho sede de movimentos, e sou ponte.
Assim, sigo meu curso.
Às vezes sou ponte, que atravessa o rio;
Outras vezes sou rio, que atravessa a ponte.
A perspectiva do momento é que me define.