Revolução
Ando procurando por mim. No presente, no passado e no futuro, tenho buscado qualquer vestígio de minha pessoa por aí. Perdida em inconstâncias, mergulhada em neutralidade, uma meio não sei, meio onde estou e o que ando fazendo é o que tenho sido, rodeada de pessoas normais aos milhões, mas perto apenas de meia-dúzia,três, duas, uma. Meio aqui, meio ali. Meio feliz, meio triste. Desapegada, carente, buscando antigas companhias ou querendo-me só. E, de repente me pego pela metade. Ou talvez a metade que sobrou nem ao menos esteja, de fato. No centro de um mundo que parece estar rodando longe de mim, procuro-me por todo canto; casas, ruas e rostos, mas não encontro. E entro em desespero, por agora não saber mais quem sou. Onde fui parar? Porque estou aqui? Não há respostas para todas as minhas perguntas. Posso olhar ao redor, mas tudo que eu posso ver são pessoas ‘’normais’’ andando de um lado para o outro, apressadas. E eu continuo aqui, parada, calma. Buscando encontrar em qualquer lugar o meu eu. Tenho a sensação de que não vou encontrá-lo. Vejo-me perdida novamente. Um mundo que eu não conheço. Como uma novata em um ninho, um peixe fora d’água, uma menina do campo na cidade grande. Vejo-me confusa em meio à multidão que não me nota. Faltam-me palavras. Sinto-me fria, sem nenhum sentimento vivente aqui dentro. Mas agora não importa, vou continuar perdida de mim mesma, com inúmeras perguntas a serem respondidas, mas continuarei…
Estar vivo é diferente de viver. Sinto-me viva. Sinto que ainda há vida em mim. Tento me convencer disso. São três e meia da madrugada e eu ainda não dormi. Sinceramente não sei se ainda vou conseguir. Insônia. Pesadelos. Medo. Nostalgia. Tristeza. Solidão. É tudo que há em mim. Já entendi o recado de que estou sozinha. Já me conformo com a ideia de saber que ninguém vai bater a minha porta, catas não vão chegar e meu telefone não vai tocar. Um sabor amargo me alcança. Tenho medo de não ser forte o bastante. Tenho medo de não ser o suficiente. Tenho medo da noite, do escuro, tenho medo de mim.
Sinto-me vazia. Fora de mim. Fora do planeta. O cobertor já não me aquece, nem ao menos me protege dos monstros. Porque dessa vez o monstro está em minha mente.Cansei de ser machucada. Cansei de me quebrar tão facilmente. De tanto acreditar, aprendi a desconfiar, de tanto amar, aprendi o desapego. De tanto cair, já aprendi a levantar. De tudo me ensinaram. Me ensinaram a lembrar, a amar, a perdoar. Me ensinaram a vencer, e perder também. Mas nunca me ensinaram a esquecer
Sinto-me inteira novamente. Pronta pra seguir. Pronta pra continuar minha vida. Houve ponto, vírgua, reticências, mas agora será apenas uma linha reta. Será o livro aberto, as palavras que você não quis ler. O livro que você não quis abrir. E agora eu sei, não caírei novamente. Cansei-me de estar sempre no chão. Agora eu quero voar. Ser livre. Não quero mais solidão, não quero tristeza, nem medo. Não quero culpa, angustia, receio. Quero intensidade, amor, carinho. Quero me sentir viva novamente. Quero ser aquilo que um dia eu fui, feliz. Quero andar por aí sem culpa na consciência. Quero rir como uma criança, e ás vezes ser tratada como tal. Quero dizer a verdade e saber que ela não vai machucar. Quero dormir a noite inteira e ter sonhos maravilhosos. Quero tudo, menos me sentir sozinha novamente. Não quero mais adeus. Não quero mais pessoas saindo da minha vida. Quero permanencia. E no fim de tudo, eu só quero felicidade.
04:30. O vento lá fora ruge de maneira assustadora. Aqui dentro não há vida. Além da minha respiração, a única coisa que faz barulho são os meus soluços. Procuro manter silêncio, não posso acordar o resto da casa. Meu quarto parece sem graça, não vejo ânimo para me manter de olhos abertos, porém o sono não me alcança. Eu fecho os olhos e tudo que eu posso ver são partes do meu passado, coisas que eu carrego, infelizmente, e vem me atormentando, como um filme que se forma em mim mesma. Não sei exatamente o que estou fazendo, mas o cobertor já não me protege dos monstros. Porque dessa vez, o monstro está em minha mente. Meu coração bate devagar, em uma lentidão que posso imaginar tamanha tristeza. Está tudo repetitivo. Estou começando a ficar entediada, porque as lágrimas em meus olhos não me convencem de que eu sou forte. Estou contando as horas, mas os ponteiros não saem do lugar. As estrelas sumiram, um enorme vazio está me confundindo. Deixando-me cada vez mais fraca. Talvez eu tenha cansado de ser forte. Eu preciso um pouco mais de mim. Preciso de um pouco mais de fé. Tenho certeza que assim que o sol nascer tudo vai ser como antes, o sorriso falso no rosto, que poderia dizer o quão feliz eu estou, quando meus olhos podem demonstrar tamanha tristeza que corre em minhas veias. Eu vou acordar desse pesadelo. Assim que alguém me fizer acreditar que eu sou capaz. E eu sei que sou, mas não consigo me convencer disso.
Vamos acabar com a corrupção, mas precisamos preservar o hospedeiro. Quem deve morrer é o parasita, não o hospedeiro.
Desvantagem da democracia: tem um coração, a suprema corte. Imobilize a suprema corte, e o gigante fica imobilizado.
Devido ao clima tenso, tive postagens bloqueadas no Twitter e YouTube. Se for para proteger a democracia, eu abro mão da minha liberdade. A sua liberdade acaba, quando começa a do outro. Democracia não é falta de regras, é concordar em regras comuns. Existem coisas que não se brinca, uma delas é democracia.
Se Lula cumprir 1% do que prometeu, estamos bem. Se Bolsonaro cumprisse 100% do que prometeu, estávamos ferrados.
A incapacidade de uma nação de resolver suas mazelas sociais, e aceno ao uso das armas, da força. Carinhosamente chamado de intervenção federal, um paradoxo mesmo no uso das palavras.
Durante 4 anos em engolir seco, rezei sem ser religioso. Assisti aterrorizado tudo que acontecia, fui um bom democrata.
Eu medo que sente, eu senti por quatro longos anos.
Se durante 4 anos eu tive de engolir seco, por que você não pode esperar mais 4?
Haverá nova eleição em 4 anos, chega dessa palhaçada de intervenção federal, que quer dizer militar.
Você ficou com pena de um bando de golpistas que não representam 1% do eleitorado em ficarem na chuva?
Mais de 5% da população vivem em extrema pobreza.
Não acredita?
Da uma voltinha no Rio de Janeiro, somente para abrir o apetite para a realidade.
As urnas vêm sendo melhoradas há décadas, desde o voto impresso ao eletrônico. Essa é uma questão cientifica, não popular.
O Brasil tem problemas mais graves na política, como a falta de representativa das mulheres, negros, e indígenas na política. Isso é uma assassinato da democracia, um aborto democrático.
Cadê os pneus queimados em nome da representatividade politica no congresso?
Se você consegue passar uma semana fazendo baderna, você muito provavelmente é um dos poucos privilegiados nesse país.
Durante a pandemia, pessoas não podiam parar um dia para fazer lock down. Colocaram a vida em risco para comer, para pagar as contas.
Essas pessoas deveriam estar queimando pneus, mas não podem porque trabalham e ganham pouco.
Corrupção é corrupção. Não existe corrupção do bem nem corrupção do mal. Corrupção é o uso do público para fins privados, como um certo governo que usou o estado para blindar seus filhos.
Pauta de costume é somente uma forma bem educada de dizer: sou cheio de preconceitos e autoritário, vou garantir que a lei respeita minha falta de respeito. Não respeito o direito do outro de ser o que quiser, e fazer o que quiser com o próprio corpo. Preciso assegurar minha falta de respeito e intolerância na lei.