Quem Inventou a Saudade
A fotografia
A memória é o lugar mais habitado pela saudade.
E a fotografia foi inventada para ajudar a quem perdeu essas memórias.
Se hoje estamos tristes, temos a melhor amiga da memória para nos mostrar
que a felicidade de hoje não é nada, comparada a felicidade da vida.
As fotos dizem sem palavras tudo o que a gente calou
pra não dizer.
E quando todos estão prontos e sorrindo...
O feixe de luz nos avisa que a eternidade acabou de ser construída.
Na falta do que fazer, inventei o amor. Ao fazer tanta falta, inventei a saudade.
Sem ter que fazer, inventei a dor. Faltando-me tanto, inventei a verdade.
Fazendo por fazer, inventei a traição. Fazendo-me muito, inventei o pecado
Por falta de fazer, inventei o perdão. Fazendo-me poeta, inventor apaixonado.
Saudade já não existe, saudade é aquilo que inventei para que eu pudesse sentir dor sem que ninguém me perguntasse o que eu tinha. Inventei toda essa grandiosidade para que eu pudesse sentir todas as minhas dores sem dar explicação alguma.
Saudade
Saudade, palavra linda, inventada pra
dizer: eu te quis, te quero ainda e
sempre te hei de querer.
Saudade, tirei de um livro, que perdi,
não sei por que, pois tudo isso que
escrevo são saudades de você.
A SACOLA DA SAUDADE
Era um peregrino de pés a caminho
De um santuário que ele inventara
Em trovoadas da vida dura que achara,
Agora em destino de copos de vinho.
Carregava na sacola o seu tesouro
Ganho em tantas horas de penar,
Não eram pérolas, jóias nem ouro,
Somente imagens antigas do seu amar.
E lá ia o vulto cambaleando na estrada,
Falando sozinho num dialeto seu,
Que só o entendiam as aves do céu.
Às tantas, exausto, na berma parou,
Tirou da sacola o seu tesouro e chorou,
Beijando a imagem da mulher amada.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 09-01-2024)
Saudade...
inventei de te matar,
e agora morro
de saudade
da saudade
que eu matei!
Haredita Angel
28.09.22
AMOR INVENTADO
É preciso inventar uma paixão
para fazer um poema de saudade
que supere as odes ao amor
de Neruda, Vinicius ou Rimbaud...
Sem contudo, me valer da pobre rima
pois prefiro, em tese, a liberdade
sobre um vício que tem todo poeta
sucumbir à inflável vaidade.
Inventar uma paixão é coisa fácil e vulgar
ora em vida, quase tudo e inventado
mas o amor, aquele que faz chorar
Este sim, não se pode prescindir da poesia
só se vive uma vez, em vida ou morte
e com sorte, vamos atrás desta vã filosofia.
Evan do Carmo 31/03/2018
Um dia, eu ainda hei de encontrar o inventor da saudade, para eu perguntar por qual motivo algo bom dói tanto. Que ingrediente é esse que usado para temperar o choro, acabou salgando o pranto.
E lembrarás que não sentiremos culpa, não inventaremos maneiras para permitir que uma saudade opaca fique entrecaminho dos nossos dias futuros. Não amenizaremos nenhum sorriso, nem deixaremos encolhido, cinza e distante qualquer lembrança daqueles dias de inverno, dos momentos que deixamos nos pertencer às solicitações de felicidade que chegava inteiro, consciente, todas as manhãs que você acordava em mim e o dia por si recusava-se a não estampar um céu claro e amarelo. Haverá tempo e os dias seguirão assim quando acordarmos de manhã, eu desenhando pingos de chuva e nuvens brancas enquanto você amontoa as estrelas.
A saudade constrói uma ponte entre memoráveis recordações versus realidade e invade nossos corações, por vezes faz alagar nossos olhos e hibernamos por anos em apenas um minuto...
Saudade do passado, saudade de um passado inventado, não realizado, saudade do que ou quem não se teve...
Saudade, tanta bagagem em você, tanta saudade de você!
Eu inventei você pra mim, por isso você nunca existiu, apenas existe nos meus pensamentos. O que eu faço com minha espera? Meu sentimento será platônico pra sempre? O que eu faço com a minha saudade de alguém que nunca existiu? Procurarei amor em outras fontes? Como poderia se tudo que eu quero é você?! A espera não pode matar a esperança. É sexta-feira amor, nosso dia, lembra?
Uma lágrima...
Invento entre nós uma ponte
Que vai de meu coração ao seu
Feita dos carinhos por ti esquecidos
Mas que juntos passamos: você e eu
Não foram dias e nem meses, mas anos
Sorrimos, choramos, brincamos, amamos
Me coube a seriedade de ser varão
E a ti, ser a flor, maternal paixão
Deixaste, em algum momento
Toda dor que reside na saudade
Dentre tantas, saber que em nosso lar
Eras eterna, terna em pureza, meu alento
E na falta desse encontro diário
Finda-me a festa de saldar sua presença
Sua sensível beleza de ser fortemente frágil
De ser luz, essência, minha querença