Preconceito Racial
"Mesmo com as provas biológicas de que não existem raças, nossa sociedade ignóbil e com acromatopsia cerebral só distingue o que são pretos e brancos."
Não se relacionem nem apoiem aqueles que querem o seu mal. Ideias racistas, xenofóbicas e misóginas não são apenas opiniões divergentes — são promessas à espera de oportunidade.
Como pode um nordestino apoiar alguém que o despreza abertamente? Como pode uma pessoa LGBTQIAPN+ dar voz a quem nega sua existência? Como pode uma mulher defender quem insiste em reduzi-la à inferioridade?
A adesão a discursos que negam a dignidade de um grupo pode vir da desinformação, da manipulação emocional, de promessas individuais ou da ilusão de que "não é bem assim". Mas é exatamente assim. Palavras constroem narrativas, narrativas moldam políticas, e políticas definem vidas.
Não se enganem: o ódio normalizado hoje se torna a violência legitimada amanhã. Nenhuma promessa econômica justifica a negação de direitos fundamentais. Nenhuma tradição pode servir de desculpa para a opressão. O caminho para a barbárie começa com a aceitação da intolerância como mera opinião. E, contra isso, não há espaço para neutralidade.
"Preta é a cor dos meus mestres", negra é a consciência dos políticos hipócritas, que somente lembram dos valores de uma raça, uma vez por ano.
Existe um discurso implícito em algumas produções televisivas que visa acirrar e polarizar discursões importantes como racismo, machismo e homofobia.
Ao invés, de estimular um debate amplo e verdadeiro unindo forças na busca de soluções, procuram dividir colocando escravos contra escravos.
Uma coisa é a repetição da lógica opressora da segregação e a criação de guetos que não respeitam a diversidade.
Outra coisa é o radicalismo, por muitas vezes, necessários na luta por espaços e direitos iguais para população negra em nosso país, marcado por um racismo individual, institucional e estrutural.
Se antes, usavam o conceito de
"raças humanas" para afirmar escravidão africana.
Hoje, usam o conceito
"única raça humana" para negar as políticas de reparação racial.
Sem amor, sensibilidade, paciência, disposição... para escutar o clamor população negra, acham que tudo não passa de "mi mi mi" sem razão.
Para justificar a escravidão defendiam supremacia das raças.
Para negar a reparação defendem a isonomia das raças
Existe uma percepção generalizada de que o Brasil é um país marcado pela violência.
Em virtude da predominância da população negra, algumas correntes de pensamento sugerem que a incidência de violência é proporcional à demografia, insinuando que a elevada taxa de mortalidade entre os negros é resultado de sua maioria populacional.
Este discurso comumente difundido postula que a violência é um fenômeno neutro em relação à raça, afetando igualmente todos os estratos sociais.
No entanto, uma análise mais minuciosa das estatísticas revela disparidades significativas, evidenciando que a população negra é desproporcionalmente afetada pela violência e sujeita à desumanização.
Historicamente, no contexto do processo de branqueamento, percebia-se uma vantagem, ainda que mínima, em não vincular a própria identidade à negritude.
O estigma associado aos negros permanece vigoroso até os dias atuais. A sociedade brasileira, majoritariamente dominada por indivíduos considerados brancos, molda os padrões estéticos e sociais, independentemente do contexto político.
A luta contra o racismo envolve a eliminação desse estigma e o estímulo à valorização da negritude, bem como à crítica e ao combate ao preconceito e à discriminação racial. É uma batalha que não diz respeito apenas aos negros, mas sim a todos os cidadãos, independentemente de cor ou origem étnica.
Todos devem se unir na promoção da igualdade racial, reconhecendo a importância de combater as injustiças e garantir que todos tenham seus direitos e dignidade respeitados.
Existe uma pressão crescente sobre figuras públicas para que declarem sua identificação como negras e assumam publicamente uma posição contra o racismo.
Embora essa demanda tenha como objetivo promover a coesão na luta antirracista e encorajar uma maior participação na discussão sobre o tema, percebo como desafiador o discurso implícito que sugere que, para se engajar no combate ao racismo, uma pessoa precise reconhecer uma identidade negra.
No contexto complexo das identidades raciais, entendo que seja mais eficaz reconhecer que a responsabilidade de combater o racismo é coletiva e deve ser compartilhada por todos, independentemente de sua identidade racial específica.
Ao longo da história, os pardos foram agraciados com mais oportunidades durante os períodos de escravidão, o que se refletiu em um acesso ampliado à educação e em uma maior mobilidade social.
Essa percepção de vantagem pela sociedade pode levar alguns pardos a não reconhecer ou sentir a discriminação da mesma forma que os pretos.
Para avaliar o mérito de forma justa, é fundamental nivelar o campo de jogo desde o início.
Como podemos equiparar alunos provenientes de escolas públicas, com seus desafios educacionais conhecidos, aos alunos de escolas particulares e afirmar que estão em pé de igualdade?
Os estudantes oriundos de instituições públicas enfrentam obstáculos distintos quando ingressam nas universidades, mas podemos atenuar essa disparidade por meio de uma formação complementar. Embora a mudança seja factível, é necessário um compromisso político firme para concretizar essa transformação.
Em contextos de desigualdade, a aplicação de tratamento uniforme pode resultar em injustiça.
Os opositores das políticas de cotas argumentam que tais medidas contradizem os princípios constitucionais, os quais preconizam a igualdade perante a lei. Contudo, essa perspectiva tende a confundir igualdade formal com igualdade material.
Torna-se, portanto, necessário adotar políticas compensatórias e reparatórias voltadas para a mitigação das disparidades sociais.
É frequente que personalidades negras sejam convidadas apenas para discutir questões relacionadas ao racismo, mesmo quando possuem expertise em outras áreas.
Embora seja fundamental abordar o tema racial, é igualmente importante destacar a diversidade de assuntos que podem ser debatidos, como economia, ciência e política internacional.
Isso permite uma representação mais ampla e enriquecedora das contribuições dessas personalidades em diversos campos do conhecimento e da sociedade.
Apenas a diversidade na aparência não basta; é fundamental que as maiorias minorizadas também alcancem posições de impacto e influência.
Ter uma variedade de rostos na tela da televisão pode sugerir "representação", mas é apenas quando essas mesmas pessoas têm voz ativa na tomada de decisões que verdadeiramente promovemos a "verdadeira representatividade", assegurando a inclusão de múltiplas perspectivas.
Portanto, é fundamental que indivíduos diversos assumam cargos de poder e liderança, onde poderão influenciar e moldar políticas que afetam suas comunidades, impulsionando, assim, uma sociedade mais justa e inclusiva.
A categorização das pessoas em "negritude" e "branquitude", decorrente de uma estrutura social fundamentada na cor da pele, impede que os indivíduos negros sejam percebidos de maneira universal, sendo sempre vistos em contraste com o "outro".
Entre tantas datas comemorativas, não é estranho que o Dia da Consciência Negra seja a única a ser combatida sistematicamente?
Entre tantas datas comemorativas, por que apenas o Dia da Consciência Negra sofre um combate tão sistemático?