Porque a Gaiola não é seu lugar
O HOMEM E O PÁSSARO NA MESMA GAIOLA
Coitado do homem da grande cidade,
Trancado em casa por trás do portão,
Qual passarinho sem ter liberdade,
Quase vivendo em igual condição!
Os dois na prisão, cantando saudade,
Pássaro e homem no mesmo refrão;
Um por causa da humana crueldade,
O outro com medo do astuto ladrão!
Coitado do homem, nem se dá por conta
Que a liberdade ele mesmo afronta,
Mantendo o pássaro em uma prisão.
Ele, na verdade, é que está mais preso
Do que o passarinho — pobre indefeso! —
Prisioneiro sem saber a razão.
NA GAIOLA DA SAUDADE
Minha terra tem gaiola
Onde canta o sabiá
Com saudade das palmeiras,
Das belezas do lugar.
Minha terra tem gaiola
Onde canta o concriz,
Relembrando que outrora,
Na mata era feliz!...
Minha terra tem gaiola
Onde canta o curió,
Quando nada lhe consola,
Se sentindo muito só!
Minha terra tem gaiola
Onde canta a patativa,
Pra lembrar de vez em quando
Que ainda ela está viva!
Minha terra tem gaiola
Onde canta o canário,
Melodiando a sua dor
No canto extraordinário!
Minha terra tem gaiola
Onde canta o azulão;
Certamente quando assola
Em seu peito a solidão!
Eu também canto cedinho
Quando acordo na cidade;
Me sentindo um passarinho
Na gaiola da saudade!
PRESO NO PARAÍSO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
O passarinho está livre na gaiola. Mas está preso... na gaiola. Está livre do gato e do gavião. Do sol... da chuva. Livre até de ser preso em outra gaiola. Livre da liberdade.
Tem alpiste, água e remédio. Tem um senhor... um senhor que lhe dá o alpiste, a água, o remédio e a garantia de que o gato, o gavião, a chuva e o sol não o pegarão... muito menos a liberdade o pegará.
E o passarinho canta. Canta para o seu dono e senhor, que além de prover suas necessidades, garantir o socorro e as libertações, ainda lhe dá o direito de olhar o mundo e sentir o ar, mesmo sem poder explorá-los... avançar os limites das permissões espremidas. Ele apenas olha, e sabe que deve agradecer por tudo, esse tudo-nada, para não ofender seu dono e senhor, que sempre sabe o que é bom.
Hoje, o passarinho entende que esse é seu livre arbítrio. Não é livre... nem é arbítrio. Mesmo assim é seu livre arbítrio, depois do medo que aprendeu a ter das consequências de não ter medo. De ser livre. Ter arbítrio. Correr os riscos de ser quem é por natureza ou pelo pecado original de haver nascido.
Essa é a sua casa. Seu mundo; seu habitat. Sua prisão no paraíso... longe do seu ninho. A gaiola é o templo... a igreja do passarinho.
Imagine uma gaiola
Onde o rato corre dentro dela
Ele corre até se cansar
E nunca chegará em lugar nenhum
São bichinhos correndo em direção ao abismo
Estão todos correndo juntos
Em busca de capital
Essa é a “CORRIDA DOS RATOS”
Você se enquadra nela... ou não?
Meu pequeno passarinho
Sua gaiola abri, e saiu de fininho
Ao ter sua liberdade, não me olhou nem um pouquinho.
Voou voou, e não demonstrou,
Quando ele voltou pois ja não encontrou.
Descobri então que quem ganhou a liberdade fui eu
Pois ao sair, o coração era meu.
Aquele que é capaz de aprisionar, uma pequena ave em uma gaiola, deveria receber a mesma pena, e louvar por isso.
Metódica da Verdade
Uma gaiola está sempre à procura de um pássaro, e homem não está condenado à morte, está condenado a viver.
Um livro deve ser o machado que quebra o mar gelado em nós, e a culpa de todos os erros humanos, é a impaciência, que se torna uma interrupção prematura de um trabalho metódico.
Em filosofia, uma designação tradicional de verdade, diria que é aquilo que permanece inalterável a quaisquer contingências, um conceito que não está em concordância com o senso comum e que trás um problema.
A verdade é, tudo aquilo que o homem precisa para viver, não pode ganhar nem comprar dos outros, todo homem deve produzí-la sempre no seu íntimo, se não ele se arruína. Viver sem a verdade é impossível, mas não exagere o culto da verdade. Não há um único homem no mundo, que não tenha mentido muitas vezes e com razão.
Depois de ter dado abrigo ao mal, ele não mais pedirá que você acredite nele,desde que alberguemos uma única vez, este não volta a dar-se ao trabalho de pedir que lhe concedamos a vossa confiança.
Toda vez que ela sente falta da liberdade, ela voa. Toda vez que ela voa, a gaiola nunca fica vazia. Nem aberta...
Trabalho ruim,casamento desgastado e idolatria à religião,são como viver como pássaro na gaiola sem saber como é o mundo.
Cante a beleza da ave
Que desconhece gaiola
E, bem que a viola,
Canta sem nenhum entrave.
Fale de um erro grave
Que é pra memória gravar
De quem vive a maltratar
O que a natureza projeta.
Cante o que eu sinto, poeta,
Que eu sinto e não sei cantar.
Ouvi um pássaro cantando dentro de uma gaiola:
Há mais felicidade para esse que um homem livre que murmura.
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