Poesias sobre Velhice

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Em meio a tantos rostos e fisionomias um semblante me chamou a atenção;
um idoso cheio de rugas, com pouca vida aparente e muita vida na memória.

Fitava-me com o olhar de criança sábia, a idade pesava no corpo mas aqueles olhos transpareciam juventude, olhar de quem é capaz de apreciar com muita calma a dimensão de um tempo ilusório.
A certeza da morte iminente só aumentava o tamanho de seus dias que eram lúcidos e intensos, ele vivia o presente de tal maneira que sua existência era plena e infinita a cada instante. Sua alma emanava energia branda, reflexo da leveza de uma consciência tranquila.
Os anos enalteceram sua sabedoria a tal ponto, que aquele senhor não precisou sussurrar nenhuma palavra, para me narrar toda a beleza de uma vida!

O tempo é mesmo fantástico...
Na infância usamos fraudas e as únicas necessidades é alimentação, proteção e afeto, o maior tempo passamos brincando, fazemos amigos de todas as classes e raças sem precisar dar nada em troca, são momentos preciosos pois é nessa inocência que podemos construir irmãos para uma vida.
Chega um tempo em que a liberdade se transforma no maior desejo, mas ninguém avisa que para possui-lá o preço é alto, e que para conquista-lá é necessário abdica-lá também. Ficamos adultos e passamos o maior tempo trabalhando e estudando para garantir a nossa própria sobrevivência e daqueles que um dia já garantiu a nossa também.
O tempo passa depressa e feliz daquele que o amor chega sem pedir licença e consegue uma morada, como toda árvore bem plantada bons frutos iram surgir, daí pra frente aquela liberdade que você tanto desejava se transforma na vontade de construir raízes para jamais de lá sair.
Chega o tempo em que as bagagens já estão grandes demais e o nosso desejo é desfazer as malas, chega o momento em que sabemos quem realmente sempre nos quis bem, pois é na nossa inutilidade que as pessoas somem, ou vêm.
Já não temos mais nada a oferecer, só o jeito de ser e viver, desejo que todos tenham alguém de quem possa ouvir um "Eu te amo". O que aprendemos com os anos? Que o importante é vivê-los, não tê-los.

Acordei e vi
Todas estavam dormindo
Não que a noite tenha sido longa
Mas é feriado e podemos dormir mais
Só que agora eu tenho 18
Minha cabeça não parece a mesma
Meus pensamentos
Bagunçados
A loucura
Responsabilidade
Que eu, não tenho
No entanto elas dormem profundamente
Eu tiro uma foto
Pois um sono profundo é algo para ficar registrado
Sento na cama
Observo cada detalhe delas
Quando ficamos velhos pegamos essas manias né?!
Os cabelos loiros espalhadas sob o hipopótamo roxo que ela abraça
Os cabelos ruivos cobertos pelo edredom e em seu rosto um bico por conta da luz que entrava no quarto
Os cabelos castanhos presos em um coque e ela estava tranquila com um sorriso... Deve ser um sonho lindo
É engraçado
Uma tem 20, outra tem 22 e 17
Eu, tenho 18
Acordo cedo num feriado
Observo cada detalhe do que está ao meu redor
Elas dormem
Ontem foi meu aniversário
Meu coração pesado bate sem pressa
Parece que quer parar
Eu fiz 18
E finalmente entendi a música da Alessia Cara
“Agora eu desejaria poder congelar o tempo aos dezessete anos
Eu fui indo, eu fui crescendo
Eu sou uma sabe-tudo, eu não sei o suficiente
Veja, eu estava correndo e esperando o dia
Em que eu teria idade suficiente
Acho que vou ser paciente e acalmar meu ritmo
Tenho que me preparar para quando ficar difícil”
Porque eu só queria congelar nos meus 17 anos...

⁠REFLEXOS
Ter no fundo dos pensamentos, vontade de ti.
Encontrar-te em mim continuamente. Sentir-te com pesar dentro do peito.
Ter vontade de te ter, delicadamente.
Procuro eu mesmo olhando nos teus olhos. Caindo neles e pedindo ajuda.
Encontro parte de mim, que lá deixei.
Encontro parte de mim, que doei a ti.
A imagem distorcida do meu rosto. A imagem distorcida do meu Eu
Verdadeira...
ou apenas reflexo do passado...?

Eu quero acordar do seu lado toda manhã
Ouvir seu "Bom dia!", um café, croissant
Duas cópias da gente correndo no quintal
Os altos e baixos de todo casal
Eu quero nós dois bem juntinhos
Até ficar bem velhinhos, bengala e crochê
Até o final: eu e você

sem cena

quando menos se espera
o tempo nos aponta
fugaz foi a primavera
e damo-nos conta
sem que se queira

- ficamos velhos

sentados nesta cadeira
as dores nos dando relhos
a tempo sem eira nem beira
a solidão querendo ir e não vai
e a vida só de bobeira...

vai um
vai outro
um parente
aqueloutro
e de repente

vai a gente!
e a cena já era...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2019
Cerrado goiano

⁠Eu atravesso o mar
Pelas ruas da cidade
Sob os raios desse Sol
Curto minha mocidade
E quando entardecer
E a velhice acontecer
Ganharei longevidade


Assim, tão triste sem razão
Estou farta de mim
Eu maltrato meu coração
Ao sofrer pelo bem que eu tentei
Nem vi, todo mal que há em mim
Ao querer impor um fim
Ao meu Bel prazer
Fujo tão covarde do meu sonho
Com medo de me soltar
O que vão pensar de mim?
A verdade, é que eu não desisti
Ainda creio conseguir
Bem alto cantar pra Ti
E para mim
Pois sei, hoje estou a merecer
Por tudo que já lutei
Pelo amor que eu senti
Agora, é hora de lutar por mim
Pois eu vou chegar ao fim
Como a chuva que passou
As vidas, são luzinhas a piscar
Ao acender e apagar
Tão fugazes no além
Mesmo sendo somente um piscão
Brilhar sempre é minha ambição
Através da minha voz
Pelo bem e pelo mal que há em mim
Por tudo que eu sofri
Me rebaixando a solidão
Por não ter quem me escutar
Quem em mim a acreditar
Pelo que simplesmente sou
Um artista, como um Deus deve ser belo
Grandioso e eterno
Pra servir de inspiração
Agora, eu preciso de Você
Pois estou a envelhecer
Quem olhará uma murcha flor?
Se, eu não me dou descanso
É pois eu ainda sonho
Em cantar com o coração.

⁠Comete-se menos erros na maturidade não tanto por sabedoria, mas por um puta medo de aventurar-se.


LuDarpano

⁠Só envelhecem aqueles que sobrevivem os percalços da vida. Tal êxito nos proporcionam vivências, e o seu vasto legado de sabedoria. Mas ao mesmo tempo, nos vemos afastados da memória dos fatos que ocorreram num passado mais distante.

211124

A medida que envelhecemos e ficamos doentes, somos tratados pela maioria como mercadoria, com prazo de validade vencida, ou perto de vencer,
as vezes somos descartados, como uma peça já sem utilidade, ai então nos colocam num canto qualquer até virarmos comida de traça.

Inserida por mariafrancisca50leit

VIVER MAIS NÃO É SINÔNIMO DE VIVER BEM

Já sorri. Já chorei. Menti e disse a verdade. Briguei e discuti. Magoei e fui atacado. Maltratei e me comovi. Lutei, venci e algumas vezes perdi. Assim como não existe o mal necessário, também deixa de existir o bem desconsiderado. No mundo temos dois tipos de seres humanos, os que querem viver mais e os que querem viver bem. Nem sempre quem vive mais, vive bem. Deixar de lado o que gostamos para prolongar nossas vidas seria abrir mão da verdadeira essência de viver. Somos todos iguais, o que nos diferenciam são as escolhas que tomamos .

Autor: Massáo Alexandre Matayoshi

Inserida por massaomatayoshi

A bondade contida no íntimo de um ser humano, torna aquele que antes era feio em uma pessoa bonita em sua meia idade e ao contrário também se aplica. Quando olhamos para o passado e ao comparar com o presente nos desgostamos do que nos tornamos, o culpado não é o tempo que nos envelhece e nos torna menos atraente, mas é sua essência lhe mostrando o verdadeiro reflexo aparente de suas intenções. Por isso a beleza "esta contida nos olhos de quem a vê".

Autor - Massáo Alexandre Matayoshi

Inserida por massaomatayoshi

Que mais alguém poderia escrever sobre o tempo?
Ora caminha a passos largos e ora caminha lento,
Num momento é silencioso e noutro barulhento,
Cura o amor perdido e apaga o encantamento,
Enruga a pele ,envelhece o corpo em movimento,
Mas dá sabedoria , generosidade, amor ao próximo
E maior beleza de todas : a que vem de dentro

Inserida por Professormauricio

- Velho?
- Quem disse!
- Problemas?
- Infelizmente tenho!
- Conselhos?
- Ah, este tenho aos montes. Sou vivido, sou muito amado, e por ser velho como dizem, sou feliz!

Inserida por regiswg

MEU CORAÇÃO JÁ NÃO BATE MAIS .... SÓ APANHA...
Um dia vão me esquecer , um dia vou parar de apanhar , isso quando eu ficar velho , corroído pelo tempo e não enxergar mais e desconhecer quem passa pela rua. Um dia vão me esquecer , quando minha voz antes forte e alegre , se tornar rouca com um respirar ofegante. Um dia irão me esquecer quando minhas pernas já não aguentarem meu corpo , quando meus ossos estiverem corroídos pelas artroses. Um dia irão me esquecer quando eu não me lembrar mais por quem lutei, por quem amei. Um dia irão me esquecer quando eu não despertar perigo a ninguém, quando ate de meu nome eu esquecer. Hoje meu coração não bate , apanha, e quanto mais apanha, mais ama , mais esquece o futuro e se firma no presente . Hoje meu coração não bate mais... só apanha, como omelete, e ai só faz crescer amor, amizade, alegria e felicidade. Coração que já não bate mais e apanha é um coração que sabe dimensionar a dor de amar. Por favor não me esqueçam , ficaria muito triste ao chegar na velhice sem ter lutado ou apanhado. Ninguém perde por investir no amor, na amizade, para ser alegre e feliz, mesmo apanhando, tem suas recompensas.

Inserida por VilmarBecker

Ser velho é uma experiência que os novos não tiveram e deveriam abster-se de tentar analisá-la.
Só os velhos podem escrever com propriedade sobre certos aspectos da velhice, pois olhar para o precipício não é a mesma coisa que mergulhar no precipício.

Inserida por marinhoguzman

Sou Velho Sim

Sou velho sim! Que me importa todos esses anos de vida, as rugas que transcendem em meu rosto.
Sim! Sou um velho, meus movimentos são mais lentos e compassados, não tenho mais aquele vigor da juventude,
Sou velho sim! Envelhecer não é ruim, quando se pode olhar o passado com dignidade e orgulhar-se do presente sem se importar com o futuro.
Sim! Sou velho e já passei por todas as etapas da vida, hoje mais calejado pelos percalços da vida e ela muito me bateu.
E as batidas, forjaram-me o espirito, calejaram-me a alma e a vida ao rebimbar seu martelo marcou o compasso do tempo, o meu tempo que ainda não findou.
O mundo foi minha escola e a vida quem me ensinou, me diplomou com louvor o ser humano que sou.
Com muitos defeitos sem duvida, mais o tempo me lapidou, me fez brigar com o destino, pra chegar a onde estou.
Não sou nada reconheço, mais tenho o meu valor, o valor de ser humano que por essa terra passou.
Sou velho sim! Mais cronologia não conta quando o espirito se remoça, bebendo da fonte do saber e da verdade.
É! O tempo marcou-me o rosto, curvou-me o corpo, mais nunca dobrou o meu espirito, cada vinco no rosto são marcas do que passou, tirou-me a rigidez da juventude e jamais a jovialidade do meu ser.
Sou velho sim! Sou aquela criança que correu pelo tempo e se cansou e hoje ainda ofegante caminha colhendo dos frutos que plantou.

Inserida por kduborges

Entardecer em 2079

De repente um sonho, ao entardecer sentado em um parque, sentia os braços fracos, pernas largadas sob o banco, escutava vez o outra o barulho do pisar em folhas secas, lembro do meu estado temporal, estou velho, as cãs embranquecidas, rugas, um olhar experiente e saudosista, mesmo cansado um brilho e uma expectação de alegria nos olhos, de quem aprendeu a viver; fico olhando os círculos que faziam-se quando as crianças jogavam pedras no lago, começo a lembrar dos dias da mocidade, do vigor de outrora, dos amigos, das garotas, das juras de amor eterno, dos flertes temporãos, das noites de esbórnia ininterruptas, dos discos, das músicas e dos livros, tento me recordar de todos que li, vi, de coisas notáveis e outras nem tão… Começo a lembrar de datas, noites, dias, pessoas, caralho,caralho! … as entranhas começam a fervilhar e estremecer, de maneira tal como o abrir de uma caixa de pandora, vejo flashs de memórias e sensações. Alguns amigos se foram, alguns parentes, outros sumiram, os tempos mudaram, outras gerações, outros costumes. Uma inquietude toma conta, mas de certa forma me sinto em paz, plena; quanto tempo se passou desde a primeira vez que cai da bicicleta. Subtamente choro, trata-se do filme real de uma vida …
Sinto uma paz, olho para os lados, não vejo ninguém por perto, só um pessoal andando de longe, e um barco vazio no meio do lago … e então, sinto uma mão em meu ombro, olho e vejo minha filha sorrindo com a sua filha nos braços, toda sorridente, suja de areia… é uma tarde de verão!
- Vovô o que você estava fazendo ai sentado? Eu estava com a mamãe no parquinho!!
- Estava descansando docinho.
Levantamos e vamos indo embora.
Está anoitecendo, olho no relógio e são 17:55 da tarde do ano 2079.

Inserida por HandysKlaus

Fio de cabelo branco



Uma noite dessas, já quase passando das tantas... e meio borracho, arranhei a garganta tentando pigarrear uma palavra qualquer. Num relance, enquanto olhava no espelho do banheiro, vi meu semblante roto refletido feito vidro partido, meio distorcido, talvez pelo sono que me acometia àquela hora.

E mesmo que tentasse fixar o olhar na imagem não via surpresas, só conseguia enxergar minha insuportável silhueta de sempre, igual a sempre.
Lá fora, um frio insuportável! Aqui dentro, um friozinho gostoso... Se esquivando pelas frestas da janela, tentando incomodar.

Ainda de front ao espelho vi meu rosto, meio choco, parecendo querer desandar. As muitas linhas emprestadas pelo tempo emolduravam-no, formando uma expressão esteticamente impressionante, quase arte. Se fosse uma vanguarda, seria Expressionista.

Aquelas formas singulares, aqueles traços ousados, aquele fio de cabelo branco... Aquele fio de cabelo, branco? Em minha opinião, quase uma instalação contemporânea, tamanho meu espanto. Era tudo que tinha de diferente na minha face naquele dia, naquela noite, há anos.

Já se passava em muito da meia noite quando me deitei. Ainda pensava naquele fio de cabelo branco que trazia na face, talvez um disfarce do tempo para encobrir os meus tantos lamentos durante toda a vida. Talvez uma lágrima solitária derramada e petrificada ali, no canto esquerdo do rosto transformada em monumento, um totem erguido à minha maturidade.

Talvez fosse isso mesmo, talvez não!
Nunca soube o porque daquele fio de cabelo branco. Nunca tive um ciso se quer, nunca me casei, nunca tive filhos, nunca plantei uma árvore, moro com a minha mãe até hoje, deixo a cama desarrumada pra hora de deitar e provoco o cachorro só pra ver ele se zangar. Sem falar que até ontem soltava pipa e papagaio na rua feito moleque, um crianção. E agora com esse fio de cabelo branco, muda tudo! Será o fim? Será que será bom ou será que será ruim?

Inserida por JotaW