Poesias de Superação
O Monólogo do Abstêmio
São oito horas da manhã de um domingo,
Os raios de sol invadem a cozinha pela janela,
Uma paz enorme me toma,
Como que quando fechou os olhos pareço flutuar,
É como se eu estivesse nos braços do Universo,
Como um abraço,
Me sinto tão completa agora,
Tão feliz,
Uma força motriz,
De dentro para fora,
Enfim, consigo me enxergar,
Respirar,
Sem a face escondida pela máscara do vício em álcool,
Sem a depressão que só passava no fundo de um copo e num comprimido de Rivotril,
Comprimido era meu ser, minha alma,
Num engano intrínseco,
Em passar um pano,
Em fugir da realidade ao invés de enfrentá-la,
O álcool era minha bengala,
Velha, quebrada e que no final o resultado era o chão,
As perdas imensuráveis,
Os vexames inomináveis,
Que agora ficam só na lembrança,
Sim, tenho que me lembrar,
Porque para aquele buraco,
Nunca mais quero voltar,
Essa liberdade que agora sinto,
Eu voltei a respirar...
Borboleta
(Poema de Bruna Wotkosky)
Eu era como uma borboleta recém-saída do casulo,
mas sem forças próprias.
E sem forças, o sangue não corre pelas asas,
e as asas não têm poder para voar.
Eu caminhava errante,
presa ao chão que não era o meu lugar.
Mas em algum momento, o Senhor me levou de volta ao casulo.
E lá, precisei lutar para sair outra vez.
Foi um esforço imenso.
Mas essa luta renovou o fluxo da vida em minhas asas,
e me deu força para voar.
Hoje, ainda lembro do tempo em que andava mais abaixo.
Mas ao lembrar, vejo também a força que precisei para renascer.
E agora, conheço a beleza de voar.
Às vezes, me perco
na imensidão do que sinto.
Há em mim um sentir que transborda,
que atravessa o infinito,
que ecoa em vazios desconhecidos.
Luto para me conquistar,
mas sou terra em tempestade,
vento que se dobra ao tempo
e ainda assim resiste.
Carrego o peso de mil batalhas,
a exaustão de quem sempre luta,
mas também a força de quem,
mesmo em ruínas,
se reconstrói.
Chegada ao sol!
Planejei tocar o sol,
mas tive primeiro que aprender a voar.
Era um sonho, mas tinha que tentar.
Nessa caminhada,
quanto mais perto de mim estava,
maiores eram as chances de me queimar.
Mas não podia voltar,
não sabia ainda quanto tempo restava.
Lembro-me que tinha medo, medo dele se apagar.
Encontrei um anjo e comecei a chorar...
Ele me disse:
— Não desista, porque, se ao sol não conseguir tocar,
para chegar até aqui, consegui vitórias alcançar.
Sem mesmo saber direito voar,
ultrapassou a barreira das estrelas.
Veja tudo o que ficou para trás.
Às vezes, não percebemos, e você nem se tocou...
Acaba de abraçar o mundo com um voo.
“No dejeto eu sou o milho."
Eu fui mastigada várias vezes, recebi ácido, passei por caminhos tortuosos, me misturei com coisas ruins, mas não fui desdobrada em partes menores. Eu saí desta experiência inteira e me destacando. Passei pelo bolo fecal, mas não sou ele.
Vão-se-me
Dos versos para ti, dantes, nada existe
A lembrança é algo de um pouco valor
A poesia, vazia, está sem aquele amor
Que um dia foi certo, da poética saíste
Porque assim como chegaste, partiste
Cessando o peito que batia com ardor
Sangrando n’alma, criando tom de dor
Na prosa, chorosa, suspirante e triste
O tempo anda, a emoção sai do cais
E a sofrência apenas lesão no sentir
E o coração atrelado em outras elos
De quanto foi outrora, nada tem, mais
Nada, daquela sensação, só o resistir
Vão-se-me uns após uns, dos flagelos.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
14 abril, 2024, 12’04” – Araguari, MG
Alguns acham estranho os motivos da minha admiração por Lula. Mas poucos perguntam os motivos da admiração.
Sou do tempo do café com farinha, imposição pela falta do pão.
Sou do tempo do caldo de cebola, pela imposição da ausência de mistura.
Sou do tempo da havaiana com prego, da casa de aluguel ...
Sou do tempo em que não tinha perspectiva de estudos em universidade, por imposições.
Admiro Lula, o governo Lula pela superação das imposições.
Ela sentia-se encurralada pela vida.
Então ela vivia uma vida escondendo-se da vida, mas ainda assim, esperava algo da vida.
Se hoje foi difícil para você, saiba que amanhã pode ser melhor.
Saiba que os momentos que te sentiste-te perdido, achando tudo sem sentido, vão passar.
Não te esqueça, você está aqui, você está de pé.
Lembra-te de todas às vezes em que pensaste que não irias te sentir melhor, mas te sentiste-te.
À medida que os dias passarem, verás que cada momento é apenas um momento.
Não te julgue tanto, cuide-se, ama-se, pois você está sendo guiado para receber tudo o que precisas na hora certa.
Na estação certa, as pétalas, ansiosas por luz, desabrocham, desvelando a verdadeira beleza oculta, que apenas no ato de coragem de florescer acontece.
Raízes firmes na terra, contra o vento a lutar, o inverno rigoroso, o desafio a enfrentar, mas na primavera, voltam a se levantar.
O orvalho da manhã, lágrimas de alegria, reflete o brilho da nova luz do dia.
As flores, resilientes, não temem a dor, pois cada cicatriz é um traço de amor.
E assim, entre espinhos e suaves fragrâncias, elas nos ensinam com suas elegâncias, que a beleza da vida está em continuar.
Foi como se cada pétala fosse um poema escrito pelo vento, contando a história de resiliência no tempo.
Sorrir com dor,
amar em silêncio,
consolar o outro.
Perdoar o imperdoável,
acolher no vazio.
Amar o próximo é amar a vida,
ser forte é viver,
mesmo quando a alma cansa.
O amor é uma estrada ao lado da vida,
mas não se percorre sozinho.
Faltamos algo até encontrarmos quem complete
nossa caminhada.
Amor verdadeiro é mais do que um sentimento,
é uma construção,
uma jornada com fé e resiliência.
Guiados por um anjo chamado Amor,
superamos tudo e transcendemos o impossível.
O medo de ser quem sou,
me seguiu por noites e dias.
Hoje, sofri o preconceito,
mas pela primeira vez, não tive medo.
Tive pena da mediocridade,
gratidão por me mostrar que sou maior.
Irmãozinho,
o caminho é seu,
traçado pela escolha,
pelo livre arbítrio.
Não tema o futuro,
você será o que deseja,
estarás com quem escolher.
Uma dor cravada no peito,
Vinda de quem mais esperei.
Mas, como a flor que eu cultivei,
Foi nela que aprendi a força do amor.
Ela se foi, mas o que ficou
Foi a lição do amor que renova,
Renovando a vida a cada passo.
Dependo de Ti, Senhor, para cada passo, para respirar e para amar.
O amor me trouxe até este abismo, profundo, frio e escuro,
Onde meu coração e corpo se desfazem, sem fim.
Mas, como Jó, ao perder tudo, estou começando a Te sentir.
Glória a Ti, Senhor, por estar comigo em cada momento.
Leva-me à Tua paz eterna, onde a dor se cure.
Construa novamente minha vida dentro da Tua casa.
"É onde sonho as minhas verdades.
É onde, hoje, quero deixar para trás
um pouco mais as minhas saudades."
AVINDO (soneto)
Pálido, o luzir do raiar, cerrado sombrio
Chave lá fora, cá dentro o peito chora
Embalsamado no tempo que implora
Por afago, neste dia de um céu bravio
Sobre o leito do meu olhar a aurora
Em lágrimas escoadas do verso vazio
Melancólicas, com suspirar e arrepio
Que consola com a lua, branca senhora
E nos olhos rasos d’água, palpitando
A saudade, que dá aflição se abrindo
Em lembranças, que ali vai resvalando
Não te rias de mim, ó agrado findo
Por ti, no rancor eu velei chorando
Mas, no amor, paz e renovo avindo...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
04/03/2020, 04’37” - Cerrado goiano
Vou ficar bêbado sim!
Beleza, hoje não
Ah quer saber, dane-se
Eu me conheço
Vou beber de qualquer jeito
Tempo ao Tempo.
As chaves.
Se perdeu a chave da esperança pegue a da resiliência e a da superação.
..