Poesia Triste

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⁠Procurei-te -

Procurei-te pelas tardes dolorosas
num triste caminhar de mãos abertas.
Procurei-te nas certezas duvidosas
por cantos, por lugares, por vielas …

Procurei-te pelas noites tenebrosas
que enchiam d'agonias meu quebranto.
Procurei-te nas auroras graciosas
cobertas d'alegrias e de espanto.

No cair daquelas noites orvalhadas
ao nascer daquelas tardes luminosas
não sabia que afinal me desejavas
procuravas a minh'Alma tão magoada.

Sofrer às tuas mãos não queria mais,
amar-te não podia, já nem sei,
teus olhos eram frios como punhais
e nunca, nunca mais te procurei …

Inserida por Eliot

⁠Dorme Solidão -

Teus gestos são triste madrugada
teus beijos amargos, desleais
teus olhos são frios como punhais
e fazem-me cair no pó da estrada.

Agrestes sempre foram meus caminhos
de secas as roseiras não dão rosas
e as nossas bocas silenciosas
pássaros perdidos sem ninhos.

E que dor tão funda no meu peito
ilusão a dois que nos trespassa
juntos e tão sós, tudo desfeito,
dorme solidão que a vida passa.

Inserida por Eliot

Lágrima d'Amor -

⁠Por uma lágrima d'amor
estão meus olhos a morrer
minha triste e fria dor
pelo rosto a correr.

D'uma lágrima perdida
nasceu esta ilusão
numa lágrima sentida
afoguei meu coração.

Dos meus olhos se apagou
o chorar da solidão
no meu rosto deslizou
o final desta paixão.

As horas que vão passando
pela vida onde eu for
nos meus dias caminhando
só lembrando o meu amor.

Inserida por Eliot

⁠Raiva e Solidão -

Trago em mim a solidão de um dia triste
trago a raiva de uma noite que não chega
trago a ânsia que me escorre, que persiste,
minha taça de veneno e incerteza.

Meu cálice de piedade e solidão
são as horas que te espero e tu não chegas,
a raiva que me aperta, amarga o coração,
derrama no meu peito flores secas.

É raiva, é loucura, é tormento,
desde aquela hora triste em que te vi,
um cavalo que me sulca o pensamento,
num galope, num passar, longe de ti.

Trago as dores de um poeta que se cala
trago em mim um sofrimento sem perdão
na distância dos teus olhos, que me embala,
agonia é silêncio, raiva é solidão.

Inserida por Eliot

⁠Doce Madrugada -

Numa noite, madrugada,
minha triste solidão
que me vive além do tempo,
numa cama já cansada
de esperar teu coração
enlaçou meu pensamento.

Eu dormi no teu silêncio
e acordei este lamento
minha doce madrugada,
meu amor, triste silêncio
meu amor este tormento
não me deixa ver mais nada.

Tua falta, meu amor,
arrefece a confiança
torna grande o meu cansaço,
ai da vida a minha dor
que me deixa sem esperança
na esperança de um abraço.

A minh’Alma tão cansada
já não pode mais fingir
que não está de si perdida,
adeus, triste madrugada,
vou-me embora, vou partir,
p’ro outro lado da vida.

Inserida por Eliot

⁠Maria Triste -

Essa gota que caia
tão serena como a tarde
olhos doces de Maria
num calvário de saudade.

Fonte aguada d'olhar triste
gota breve que jorrava
da tristeza que persiste
toda a gente se afastava.

Se alguém a procurava
dessa água não bebia
gota humilde que passava
gota leve que corria.

Velha lenda, olhar triste
num desgosto que sentia
gota fria que não viste
no olhar triste de Maria.

Inserida por Eliot

⁠Triste Balada -

Ái minha vida perdida
que a vivi n'outra vida
minha dura memória!

Ái meu lamento sentido
meu punhal desabrido
sem tempo nem glória!

Ái minha história doida
meu lastro de ferida
na raiz da memória!

Ái minha vida sem nada
de nada marcada
verdade sem história!

Meu caminho sem estrada
minha triste balada
na dolência da Vida!

Inserida por Eliot

⁠Tempo Infimo -

Fecho os olhos por instantes
e ao abri-los novamente
numa dor, triste, constante,
vejo a vida tão diferente!

Esse alguém a quem amava
num passar por entre escolhos
dizia adeus e abalava
deixando mágoa nos meus olhos!

Podem morrer os horizontes
podem chorar todas as gentes
podem secar todas as fontes
que o meu amor é para sempre!

Tempo infimo, esgotado,
dor presente sem destino,
sonho morto, enterrado,
olhar triste sem carinho!

É assim a nossa vida,
ora quente, ora fria,
encontrada ou perdida,
ora noite, ora dia ...

Inserida por Eliot

⁠Tragédia de um Adeus -

Meu amor o teu silêncio
faz parar meu coração,
numa triste madrugada
minha fria solidão
numa cama já cansada!

Meu amor terás meu corpo,
nos teus olhos meu olhar
e no silêncio das palavras
esta ânsia no mar morto
será eco de um cantar!

E os teus olhos, meu amor,
cor das longas ventanias,
olhos fundos como os meus
dois martírios pelos dias
na tragédia de um adeus!

Inserida por Eliot

⁠Triste Fim -

Quando um dia a minha dor
já não for p'ra ti amor
um motivo p'ra pensar;
quero em ti adormecer
quero em ti poder morrer
digo adeus, parto a chorar!

Mas eu não posso partir
sem pensar no que há-de vir
lá longe dentro de mim;
é partir, é não te ver
nunca mais por ti sofrer
é p'ra nós um triste fim!

Numa tarde em que chovia
não era noite, era dia
alguém te disse que eu morri;
um do outro longe enfim
vais saber que mesmo assim
'inda espero, amor, por ti!

Inserida por Eliot

⁠Saudade que Agito -

Foste embora e morri
dia a dia não te vi
que triste é a nossa vida;
e na saudade que agito
a minh'Alma num grito
pede à vida outra vida!

Mas este canto na voz
não me deixa ficar a sós
e vai falando de ti;
coração do meu coração
que me grita em solidão
no mais calado de mim!

Nos poemas que cantei
quantas horas te esperei
só eu sei o que sofri;
contra ti e contra a vida
contra a dor da despedida
foste embora e morri!

Inserida por Eliot

⁠Verdades Cruéis -

Em noites triste, caladas,
quando a vida parece morta,
há silêncios pela estrada
e ninguém bate à minha porta!

Em dias floridos, com vento,
passam flores a cismar,
passa a vida, passa o tempo
e até me canso de esperar!

E eu triste vou também
com minha dor a pesar,
vai a vida a morte vem
à minha porta a chegar ...

Inserida por Eliot

⁠Campa Vazia -

Numa campa triste e fria
há um corpo sepultado
que já não tem poesia
pela Morte naufragado.

É o corpo de um Poeta
já sem luz no seu olhar
e uma rosa que não seca
está na campa a soluçar.

Tão só, abandonado,
cheio de dor e solidão
naquela cova parado
está um pobre coração.

Até os versos que escreveu
não passaram d'um momento
mil instantes que perdeu
mal morreu o pensamento.

E até o epitáfio
já se foi da lousa branca
e o seu corpo tão frio
sem memória nem lembrança.

Pois viveu no lado errado,
passo a passo, dia a dia ...
Estará o Poeta sepultado
nesta campa triste e fria?!

Diz a voz daquela gente
que tal cova está vazia
porque uma estrela cadente
o levou da campa fria.


A Luiz de Camões.

Inserida por Eliot

⁠Triste Confissão -

Estou cansado da loucura
de um sentir que grita em vão
no meu peito que amargura
já não bate o coração.

Já não pulsa o meu destino
só há dor, contradição,
chorem pedras do caminho
que sou filho da solidão.

Há tanta gente na rua
procurando o que virá
também eu vou de Alma nua
caminhando ao Deus dará.

E se um dia tu souberes
que eu parti p'la barra fora
chora tudo o que puderes
vou sentir-te a toda a hora.

Inserida por Eliot

⁠Gente que nasce do frio -

Há gente que nasce do frio
como a bruma ensanguentada,
triste, só, dilacerada
sobre as águas do Rio.

Gente que nasce do nada
como as ondas do mar
como o vento ao tocar
numa casa abandonada.

Gente que nasce a chorar
como as aves dos Céus
como os olhos de Deus
cansados de esperar.

Gente que nasce perdida
como alguém que ao morrer
não consegue esconder
quanto dói a despedida.

Quando se vive e não sentiu
que a dor nos dá força,
o destino baloiça
e mata gente de frio.

Inserida por Eliot

⁠Olá, Adeus -

Foi tão bom encontrar-te
e tão triste esse momento,
foste embora mal chegaste
olá, adeus ao mesmo tempo!

Ao chegares, mal te vi,
já dizias, vou partir,
nem sei bem o que senti
não te podia impedir!

E o meu coração parou
e tudo parou também
alguém partiu e não voltou
daquelas bandas de além!

E de nós dois o que ficou?
Só a dor desse tormento!
O meu coração parou
parou tudo ao mesmo tempo!

Inserida por Eliot

⁠Há Páginas -

Há páginas em branco
no meu peito, por escrever,
mas é triste, sou-vos franco,
porque afinal ninguém quer ler.

É pesado o meu destino
num silêncio a doer
eu tão só pelo caminho
sem saber o que dizer.

Há no livro do meu Ser
tantas linhas por traçar
e da saudade de te ver
tantos versos por acabar.

Inserida por Eliot

⁠Marafada -

Lá vai ela p'la calçada
vai tão bela e formosa
onde será a barracada
dessa triste mentirosa!

A cabeça está vazia
nas mãos leva mentira
no passar de cada dia
mais parece a pomba-gira ...

... e gira ... gira ... gira ...
tão rodada que ela é!
É rodada a pomba-gira
mesmo igual ao que ela é!

Lá vai ela marafada
p'ra lixar algum amigo
lá vai ela endiabarada
fujam todos, é perigo!

Inserida por Eliot

⁠Nã passes tã fria -

Nã passes tã fria à minha igreja
Que me dexas triste, sem acção,
A conversa é forte, c'mas cerejas
Vê lá se cais num cagalhão!

Nã! Nã passes tã fria por alí
Que assim até perdes a razão
Anda, anda daí até aqui
Talvez, 'inda tenhas salvação!

Mas tu já não tens a salvação
Nas costas tens uma marreca
Só já te resta o cagalhão
E uma vida de pileca!

Inserida por Eliot

⁠Tremores -

E eis que na solidão da praia deserta
Caem águas do meu triste olhar,
Mas essa água que me aperta
Não é menos que as águas do mar.

Não me lembro de existir dentro de mim
Algo maior que a palavra solidão,
Algo mais seco que a amargura d'um jardim
Plantado junto aos portais do coração.

Há uma noite enleada aos desejos de cada um,
Um grito, uma metáfora de saudade,
Uma vontade de comer que é jejum
Que a trazemos desde o berço por piedade.

E o que ser para além d'um silêncio sem destino?!
Um planeta sem elipse, uma curva,
Uma pedra só, pisada no caminho,
Um punhal numa fonte de água pura!

Inserida por Eliot