Poesia Curta
Este homem que pensou
com uma pedra na mão
transformá-la num pão
transformá-la num beijo
Este homem que parou
no meio da sua vida
e se sentiu mais leve
que a sua própria sombra
" Longe dos brilhos possessivos
e da aureola camuflada de sorriso
brisa é paz
no julgo das prisões
cárceres pedem água
e viajam
entre o bem e o mal
todo poder esconde em incertos desejos
outras histórias...
Amo o caminho que estendes por dentro das minhas divisões.
Ignoro se um pássaro morto continua o seu voo
Se se recorda dos movimentos migratórios
E das estações.
Mas não me importo de adoecer no teu colo
De dormir ao relento entre as tuas mãos.
Amo-te como um planeta em rotação difusa
E quero parar como o servo colado ao chão.
Frágil cerâmica de poros soprados no teu hálito
Vasilha que ergues em tua mão de oleiro
Cálice que não pudeste afastar de ti.
São tristes os meus dias com pedras
em lugar de mãos
ou a cabeça funda na brancura
de través do travesseiro
e o corpo depresso em moles guindastes.
São dias de chorar por menos
ou teimar queixoso com um crânio polido,
batuque convexo
no muro demorado.
Valores (Trocados) -
Tem gente que é capaz de trocar gente por qualquer coisa.
(E falo de gente e de coisas).
Não de gente qualquer: gente.
Mas de qualquer coisa... (qualquer).
hoje o dia é lindo.
mas não é sobre hoje,
nunca foi sobre hoje.
dias lindos belos e claros,
dias lindos belos e brancos.
dias lindos,
belos e claros
belos e brancos.
dias.
vou sair,
entornar-me a mim mesmo.
secar-me,
de goela a baixo.
fazer de mim
líquido barato
que de goela a baixo
sobe os sentidos.
Toda noite espera todo dia o eixo girar até o sol chegar
Todo broto espera sob a terra chuva de lá espera pra regar.
Com isso seu amor virá de algum lugar
A natureza,
A natureza te espera
Seu olhar tranquilo pede amor
transmite carinho e paz
dizendo em linguagem muda
de toda ternura de que é capaz
Nas areias do tempo
Sou eu quem lhe dar as mãos solidão
.
.
Texto de Renata Pereira (Relopes)
Dê os créditos se gostar e copiar
Há muitas penas
que voam sem rumo,
caindo sem penas em ruas
e por cima de muros
Assim as palavras
que ferem, são,
quando em calúnias
as línguas ferinas
as dizem sem noção
Na minha bagunça só têm lembranças, elas não vão embora se você ainda continua lá; apertando o mesmo botão pra voltar.
Remoendo as cenas boas, o gosto do vento em teus lábios.
Quero jogar tudo isso fora, começar de volta.
Se acabou não foi verdadeiro.
Mas, e se a verdade é uma mentira criada para nos abraçar?
E esses trechos escondidos, que talvez serão lidos por dois olhos verdes acastanhados. Um dia?
Me pergunto quando, me pergunto onde. Que seja de toda via, em mão dupla,
que me siga de carona e também de motorista. Que aceite minhas paradas e desvios pelas pistas.
NUVEM
babado de organdi
floco de algodão
carneirinho regredido p
rimeira comunhão
beleza que é o cúmulo
" Palavras,
que colares não faríamos com suas consoantes
que casos não teríamos com suas vogais
palavras, seus enigmas são fascinantes
suas verdades,
únicas...
COROAI-ME DE ROSAS
Coroai-me de rosas
Sejam vermelhas
Amarelas ou brancas
Coroai-me num jardim
No edam num céu de rosas
Coroai-me sem espinhos
Das mais belas rosas
Coroai-me de amor
Perfumado no coração
De perfumadas rosas na alma
não sei ser metade
e tudo dói por isso.
por hoje,
os olhos.
amanhã,
coração.
e assim por diante.
de órgão em órgão.
eu não sei ser metade,
mas nem sei o que é isto,
ser.