Poesia Curta
PATÉTICO (HUMANO)
tenho pena do goleiro
patética figura (tão humana)
sempre à espera
do que não pode ser
eternamente
contido
Seguem severas
os escassos verdes da calçada.
Arrancam nos passos
anseios
receios
e fogem de olhares fuzis.
Temem a morte
na rua
temem a sorte
na esquina
à noite
de dia
em casa
na sala
no quarto
no ato.
part
ida
à espera e à deriva
como um lenço ao longe
a cena assina
sino úmido
lusco-fusco
som pregueado no branco
punho abrupto de pedra
réstia de tempo
que se engole
sem pressa
As lojas estão fechadas
Os passos sumiram das escadas
Os carros desalojaram as ruas
Não se respira no caule das torres envidraçadas
(A poesia pura
perpendicula
nos varais e fios de alta tensão
A poesia grita
na pausa dos postes
sussurra
ouvido colado ao chão)
Manuela
Olho no seus olhos e vi
A mais bela perfeição em ti
E quanto mais te vejo percebi
Que especiosidade está no seu sorrir
Você é pura e singela
Pura ternura, minha cor de canela
Menina, princesa e donzela
Te amo minha linda Manuela
Ao menos farto de anos
comemoro os melhores dias nesta vida. Até que eu pisque um olho, acordado quem é já nasce pronto!
Sem deixar cair
o orgulho e a alegria de um brinde,
com vinho do Porto debaixo da ponte, outro brinde
a vida
que vivemos juntos!
Naquele momento enquanto nos beijávamos, com os olhos entreabertos vi que ela também me olhava.
O que os olhos dela enxergavam?
A inveja é uma esponja
que apesar da imensidão
do mar
quer pra si
a porção de água
que já está
em outro
entranhada.
Quando chegar a hora
De ser quem tu és
Esquece todas as outras abordagens
Mostra teus originais bordados
Não deixe que puxem o fio
Do centro de tudo, que te move.
Fui edema, celeuma.
Nocauteada, certeza.
Fui oceano, super-humano.
Mapa múndi, engano.
Hoje brisa, mansa.
Desejo forte de ser genuína:
Sem ira!
Só não posso mais adiar,
Arriscar é preciso
Me jogo, agora,
No abismo de mim mesma:
Então,
Somente eu
Sem dó, nó
Recomeço sem só.
Até meu físico fica ferido
Quando por você
Não sou correspondido
Adoeço do dente ao dedo
E anoiteço quando ainda é cedo
E se nunca mais te vejo
Ensurdeço
E só depois de muito tempo
Te esqueço.
Eu percebi o absurdo do mundo
De repente,
De dentro do meu quarto escuro.
Solidão se faz com muitos aos poucos.
Até entender que para ser feliz
Basta estar de bem com a ponta do nariz.
De Que Lado? -
No momento em que a barata
ainda respirava e se mexia,
e o pé do cristão avançava,
descia,
de que lado Deus estava?
O que pensava?
O que fazia?
Samba-enredo com escolas
na avenida, desfilando.
Gafieira, vou sambando
ao som do mestre Cartola.
Com cavaco ou viola,
componho samba-canção,
ou de Ary, exaltação.
De breque, partido-alto,
no morro ou no asfalto,
canto samba com emoção.
Gostava que entre nós existisse aquela química e mistura,
Não interessa se és alta ou baixa porque para mim vais estar sempre à altura!
Quem te esculpiu era mais que artista que fez mais que uma escultura,
Porque fez um anjo de formosura!
Então... -
Podemos,
com entusiasmo,
falar, pensar em coisas sem limites.
Mas
devemos,
com cuidado,
limitar certas coisas.
Interpretar a frieza de alguém, é fácil
Interpretar a tristeza de alguém, é difícil
Todos julgam sua dor, poucos te dar amor
Muitos lutam por sobrevivência, outros dizem carência