Poesia Completa e Prosa

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⁠monja de salto-agulha
encontra o teu destino
imola-te na laça poeira
do celeste e laço doce
uno absorvente e único
das infinitas cadências
porque virão galáxias
e cometas invisíveis
velar a mulher densa
untada do encarnado
quente e magmático
resplandecente corpo
onde a mulher morta
dá lugar ao vaticínio
há mil anos escrito
no sangue e no fogo
o universo ressurge
enquanto a deusa nasce
da kundalínica nébula
que os povos adorarão.

(Pedro Rodrigues de Menezes, "monja de salto-agulha")

Poema dedicado a Sheila

Inserida por PoesiaPRM

⁠mês de julho
dia vinte e dois
farias sessenta anos
mais os quatro decorridos
sobre o ano que adormeceste
a palavra pai é como um balão aceso
sobre a imprecisão contígua da boca cerrada
só a prejuízo a poderei pronunciar com a leveza certa
porque arde e não sei quando se fará noite dentro de mim.

(Pedro Rodrigues de Menezes, "vinte e dois de julho")

Inserida por PoesiaPRM

⁠pai
não tenho memórias
desde que mostraram
a mortalha coerciva
cercando o teu corpo

pai
ouvia dizeres “é a fingir”
eu ria e dizia “é a fingir”

por isso todos acreditaram
que a minha extravagância
era um produto da loucura

pai
como se na aritmética
da vida que continua
e do tempo que passa
coubesse alguma lógica.

(Pedro Rodrigues de Menezes, "aritmética do luto")

Inserida por PoesiaPRM

⁠uma flecha que anoitecesse no tempo
lugar, pedaço de terra, erva ou árvore
uma flecha que resistisse implacável
à biologia de uma meia volta de Úrano

sem a subtracção de uma soma
este lugar contém o mesmo
azul celeste sem ser galáctico
poalha invisível sem ser cósmico

é este o lugar onde renascem
os primeiros homens órfãos
do destino sem distinguirem
a mortalidade do seu tempo

densos e altos e firmes poentes
ave, voo pleno ou plano boreal
desvelam frondosos sobre a água
o misticismo das sereias mudas

ninguém as vê plantando os peixes
ninguém as vê caminhando sobre o céu
ninguém as vê contando as pedras
e os peixes voam no céu como pedras.

(Pedro Rodrigues de Menezes, "os peixes voam no céu como pedras")

Inserida por PoesiaPRM

⁠ancestral aranha que mascaras
balaustradas, capitólios e olimpos

sigiloso movimento trespassando
o invisível lugar de visível vazio

aroma metálico ou apurado gume
na distracção sonora do sono

afinal, de quantos rituais e cantos
ou milenares hecatombes aladas
se fazem as arestas criminosas
onde jazem brancas e indefesas
as mil e uma esvoaçantes criaturas
que encontraram na sedutora luz
o seu destino ébrio de inocência?

(Pedro Rodrigues de Menezes, "ancestral sibila")

Inserida por PoesiaPRM

⁠é olhando para todas as mães
com as suas vaginas derrotadas
e os ventres espiando a cicatriz
que me adormecem os olhos
perante a mão cega e grotesca
somos incapazes de vir ao mundo
sem ensanguentar o mundo inteiro
sem arrancar dormitando ainda
sendo ainda esse sonho por gerar
pedaços vivos da carne e do sonho
criaturas invariantes e futuras
condenações a estourar hediondez.

(Pedro Rodrigues de Menezes, "hediondez maternal")

Inserida por PoesiaPRM

⁠o corpo pairando
suspenso nu
fantasma sem cor
com forma de fantasma
candura obliterada
interrupção incomum
cadáver assombroso
terra inclinada na chuva
um poeta sobre uma poça
milenar
o sangue coagulando todo
vertical

a veia míope tocando o
horizonte

a vírgula expansiva da sua artéria
cavernosa

os pés, uma chaga infernal do
caminho

as mãos, um claustro negro de
silêncio

o poeta salta
o poeta corre
o poeta também ri
mas o poeta está morto.

(Pedro Rodrigues de Menezes, "o poeta, o poema e o fantasma")

Inserida por PoesiaPRM

⁠Até um dia novamente
Até um dia novamente.
Gente, gente, gente.
Quantas gente, passaram pelo nosso mundo.
E deixaram lembranças eternas.
Como agradecer. No calor da Vida.
Apenas o ato de estar juntos, perto. Estar lá.
No mesmo lugar. Alegrou o Viver.
A simpatia sentida. O tempo distante.
Transforma aqueles encontros, em saudades.
E quando se lembra. Dar-se o valor do encontro.
Cada encontro. Traz uma riqueza.
Mas o coração dividido. Não sabe aferir
A verdadeira preciosidade.
Por isso; as lembranças.
Não havia óleo na candeia.
E a memória conforta o tempo
que ficou lá atrás.
Saber-se feliz. No momento de felicidade,
Traz o jubilo do Viver.
Saber ser feliz na saudade,
Traz o jubilo , de bons tempos vividos.
Perder-se na Vida. Só para reencontrar-se.
Marcos fereS

Inserida por marcosviniciusfereS

⁠#Desconfiança#
por que ? por que ? assim fui gerado?
com as ideias maiores que o espaço
e os sentimentos que cobrem as ideias?
quem inventou esse amor?
não conhecia onde os pés do amor pisa ?
onde os pais do amor moram ?
onde o amor vive?
sempre foquei em não ficar em divida
mas meu pagamento sempre foi amargura
os prantos não cobrem só o rosto
a quem diga que está mais pra enxague de alma
olhar o infortúnio de uma cena
coração de cassiterita rachou
ela sorriu
e eu me lembrei do seu poema
o tempo observou tudo
minhas ideias maiores que o espaço
os sentimentos cobrindo minhas ideias
estou surpreso com suas ações.

Inserida por Dher

⁠Eu pensei estar perdido,
mas o mundo me mostrou que querer ignorar seu mal para ver o bem é:
- ser louco

E Eu pensei estar louco.
mas as pessoas me disseram que alimentar alguém mesmo vc estando com fome é:
- tolice e insanidade.

E Eu pensei ser um tolo,
mas eu vi que onde todos são sábios, o falto de conhecimento é:
- o único aprendendo.

Inserida por Dher

NOVA HISTÓRIA

⁠Mais um dia que se inicia
e mais uma nova história,
para alguns são grandes
mudanças, para outros
nem tanto; más esteja
certo de que sempre haverá
mudança, pode até ser à
constituição da história de
ontem ou não.
Se foi ruim, mude sua história.
Se foi boa, aperfeiçoe, e vai
em sendo feliz...

⁠Sou o frio, e a solidão
Sou um lago fundo de águas turvas
Sou vazio, e a escuridão
Me vejo vagando, procurando por alguém
Me lembrando de suas palavras
Me lembrado do seu desdém
Escutado o lago sangrar
Onde você está?
a falta de luz não me deixa enchegar
Onde estou?
O que sou?

Inserida por Elysian

Sou como uma rosa a quem arrancaste as pétalas e deixaste os espinhos
Entre nos ja não ha dialgo nem troca de carinhos
So berros e discussoes e é disso que eu estou farto
Deprimido , fico fechado no meu quarto
A relembrar os nossos bons momentos, confesso cai uma lágrima
Como eramos felizes e nos tornamos uma lástima
Tento seguir mas nao me sais do pensamento
Palavras sao como folhas , voam com o vento
Se era amor não resultou, se nao era sinto-me enganado
Porque para dizer coisas que nao sinto prefiro ficar calado⁠

Inserida por joaquim_silva_js

⁠O Amor

Por muito tempo imaginei o amor, então
Lastimava, trovava, e sentia o teu vazio
Hoje sinto que não tinha qualquer razão
Não há o porquê, o tempo tem seu feitio
A solidão é só uma condição, e quão vão
Sinto-o no silêncio, no suspiro, no arrepio
Imagino, crio, sorrio, vive na exclamação
Porque o vazio, o vazio passageiro, assim
Dança, agita, fala, recria, balbucia ilusão
O amor, afim, este ninguém cala em mim...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
23, agosto, 2021, 13’58’ - Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

Difícil de Responder

Algo que é difícil de entender
É compreender o porquê
Saber que podemos morrer
Sem saber como viver.
O difícil é continuar
E pensar sobre o porquê
A demora para acabar
Tantas vida a perder.
Será difícil de aceitar
E de responder o porquê
Basta apenas recomeçar
Com um motivo para viver

Inserida por LuigiBortoloto

⁠Sentimentos Atômicos

Ouço assobios vindo do céu
E vejo clarões aterrorizantes
Sinto a terra tremer meus pés
Pressinto o fim a cada instante

Ouço um choro constante
E vejo pessoas desalojadas
Procurando por onde se esconder
Dessa guerra que não acaba

Ouço outro estrondo alarmante
Que veio de uma cidade muito distante
Eu vi, o que já tinha sido visto antes

Ouvi a voz de um pequeno garoto
E o grito de um homem gordo
Eu vi as consequências trazidas
Que é vivenciada até hoje em dia.

Inserida por LuigiBortoloto

⁠Serventia

Na minha alma tem uma condição
Na minha alma tem uma poética
E, na minha poética uma fonética
Vem comigo. Prove da sensação!

Tem força, vive no cerrado, ética
Que me chama, clama, doce ilusão
Na minha alma tem uma variação
Na minh’alma tem vária dialética

Na serventia, inspiração!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29/08/2021, 08’20’ - Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Um estômago no soco.

A felicidade é um momento.
E o problema das pessoas
é tentar eternizar esse segundo.
Esperando que seja eterno, mas não enquanto dure,
mas enquanto seja lúcido.

A felicidade dura um fragmento estúpido em uma pauta,
e as lembranças ficam cobrando algo que já passou.

Não marque a felicidade como uma ferida na pele.
Pois, sempre haverá um machucado novo pra te lembrar
que você nunca vai ficar bem.

Inserida por HudsonHenrique

⁠16/12 -

Ora,
por que haveria de ser
diferente?
Apenas deite
e durma.

Amanhã será só mais um dia
a menos como todos
os outros.

O sol nascerá a leste;
A vista da janela
ainda será a
mesma;
O tempo se desenrolará
na mesma velocidade
de todos os outros
dias.

Então,
arrumarei a cama e
os cabelos como
em todos os
outros;
Escovarei os dentes
e mijarei como em
todos os outros;
Prepararei o café e os
ovos e os pães (se houver
pão), como em todos
os outros dias.

Ao fim da tarde
sentirei fome e sede
e saudade como
em todos os
outros.

Ao fim do dia
estarei aqui sozinho,
assim, como estou:
no escuro do quarto,
deitado na cama,
como há sete dias,
como ontem,
como agora e em
todos os outros.

Vamos,
apenas deite e
durma. — amanhã será só
mais um hoje a
menos.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Você Está Louco -

⁠Lembro-me dela na mais peculiar
das lembranças:
ela bocejando em minha frente.
E ainda assim, ela
me atraía.
E me atrai como nenhuma
outra.
Como nem mesmo as melhores garotas
que vemos nas redes sociais
conseguem.

E todos dirão: "você está louco?
Você está louco? Você está
louco! — está apaixonado".

Num tom que denuncia algo como:
"você é um fraco, um idiota, um
derrotado! — está apaixonado.

Os mais fortes ignoram-nas.
Os mais fortes rejeitam-nas.
Os mais fortes usam-nas
como usam coisas e
descartam coisas.
Mas você é um fraco — está apaixonado.
Ela vai acabar com você."

E não é que eles estejam
certos,
não, definitivamente, não
estão.
Mas a verdade é que elas
sempre acabam
comigo.

Inserida por SilvioFagno