Poesia Completa e Prosa
SONETO SEDUZIDO DE AMOR
Esse que prosa por aqui, leitores
De poética jura e sensível feitio
É um soneto mais, mais louvores
De mais cores, o tal, mais gentio
Sintam que são de nobres teores
Sutil poesia, sensação e arrepio
Hino romântico, ofertadas flores
Aquela paz ao coração, pousio
Reconheceis, talvez, ser utopia
Direis que não, apenas, melodia
Um cântico tão cheio de frenesi
Eu vi a emoção trovar o encanto
E, o sentimento no íntimo, tanto
Eu vi... ele seduzido de amor, vi!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16 junho, 2023, 19'22" – Araguari, MG
Erros
Vou pelo tempo e que no tempo aflito
A prosa sentimental, tropega, suada
Poesias que tagarelam com o espírito
Das faltas, vou indo pela madrugada
Poética, sofrente, fincada no infinito
Escrito no rigor de uma rima pesada
E nos meus enganos o olhar contrito
Colocando a minha alma pendurada
De tudo que finda, a vida que passa
A passo largo a ilusão que escassa
Assim, gerando nas causas, aterros
Então, equívoco e acerto o destino
Ferino autor... num quase desatino
Saturando o fado com infindos erros
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2023, 19, agosto, 20’14” – Araguari, MG
Súplica (soneto III)
Há uma prosa jacente que mascara
O meu poetar sentimental e sedutor
Revirando aquela saudade tão cara
Sumida nas embirrações dum amor
E nesta dura aflição, molesta e avara
Que deixa na boca o tal gosto traidor
Rola sensação picante que não para
Porque não para a poesia com temor
Ah! Sentimento, por que tanto sente
Por que um coração por afeto mente
Tornando mais dorida a trova inteira
Te suplico! -vem silenciar o momento
Cala meu versar, dispersa-o ao vento
Deixai-me manso da minha maneira!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22 agosto, 2023, 20’37” – Araguari, MG
BREVE SONHO
Vós que devotei atraente prosa
Com que nutria o meu sentido
Na rosa dada e tão suspirosa
Agora, é o sofrimento referido
Deste amor, no verso perdido
O pranto, de uma dor furiosa
Rasgando a alma tão raivosa
Em um partido coração doído
Agora vejo bem que era ilusão
Mais que razão, que sensação
Apenas um passado tristonho
Seca flor que colhi sonhando
Numa sede de quem amando
Se entregou no breve sonho.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
17 maio, 2024, 20’47” – Araguari, MG
Nos jovens sonhos meus
Nos jovens sonhos meus, ideada prosa
Parecia, que, a poética jubilosa, agora
Perdida no outrora, seria mais, embora
Fantasiosa, sempre foi muito charmosa
Amorosa, de uma poética tão carinhosa
Com emocional verso do coração afora
Sussurrava com a escrita que ri e chora
Cântico sentido, e uma ilusão orvalhosa
Todavia, já madura a poesia, irrequieta
Completa o vão da emoção e o desafia
Suspira, recria, mesmo triste que seja
E segui, devaneia, tem reserva secreta
Tão cheio de sentimento e de cortesia
Que vive a sonhar onde o amor esteja.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02 junho 2024, 08’27” – cerrado goiano
SONHAR
Quando na prosa se anda perdido
Enredado na solidão e sofrimento
As sensações segredam ao ouvido:
- amar é belo, um impar momento
E se tem pressa, tudo irá ao vento
A emoção é mais que só o sentido
É colorido, é divertido, se atento
for, quando não lhe é permitido
Amador, tem a tentativa ao lado
Se for evidente, fica apaixonado
Num poetizar feliz e de suporte
Se incerto, se solte, nem se limite
Vá além, noutra atração, acredite
Sonhar excede a qualquer sorte!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
22/09/2024, 15’35” – cerrado goiano
O MEU POETAR (soneto)
Eu poeto porque sou prosa
Brindado no redigir o brado
Trilhando os trilhos do fado
De poesia e alma amorosa
Poeto como quem é atado
Aos versos. Sede preciosa
Se suspiros, arte dolorosa
Que imergem do eu calado
Poeto com a voz corajosa
Do amor à vida, indomado
Sem amarras, força curiosa
Canto os devaneios, alado
Tal o perfume de uma rosa
O poeta mineiro do cerrado!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
UMA ROSA
Uma rosa é uma rosa
De uma beleza caprichosa
De um perfume em prosa
É comunhão, é jóia preciosa
Uma rosa faz sedução
Em ramalhete e ou botão
É fecho para o coração
Dengosa, alicia a emoção
Tão fugaz em sua real vida
A rosa flor se faz em despedida
Majestosa, torna-se flor despida
Uma rosa sempre uma rosa. Garrida!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2014, fevereiro
Cerrado goiano
Olinda é rima no meu verso em prosa
Carnaval das cores, brilho e magia. É pura a alegria da liberdade que fantasia os dias de folia. É lindo o festival do povo no passo do frevo, um convite para o mundo inteiro dançar e tirar os pés do chão. O ritmo que leva a multidão a cantar em cada ladeira de Olinda num cortejo repleto de glitter e emoção.
É bloco de rua, é agremiação, é troça que une cada personagem na mesma canção. É o desfile popular da felicidade que invade como um arrastão o íntimo de todo folião. Olinda é tradição. Do alto da Sé a Pitombeira, do Bonfim a Guadalupe, dos Quatro Cantos ao Mercado da Ribeira, é para quem sabe brincar de dia e a noite inteira. Além das prévias, seis dias de alegoria.
Abertura na sexta, sábado de Zé Pereira, domingo de momo, segunda e terça gorda até quarta-feira de cinzas. O patrimônio vivo do misto lírico carnavalesco rural e urbano. É o canto da felicidade a entoar a beleza da vida como se não houvesse amanhã. É para quem tem a manha e o molho, subir e descer, pular e se arrepiar com os shows, apresentações até os blocos de samba.
É a mulher do dia, o menino da tarde, o homem da meia-noite. A troça mais antiga do mascate Cariri, o ato político do dragão vermelho e amarelo do Eu Acho é Pouco (é bom demais), o folguedo do mítico e brincante Boi da Macuca, o samba verde e rosa da Mangueira Entra, o Elefante exaltando sua tradição, o encontro dos bois, maracatus, do coco, dos caboclinhos e dos passinhos.
É o maior evento multicultural, irreverente, político e social. É a raiz de todos os estandartes e baluartes da manifestação cultural popular pernambucana. Oxe, é massa demais essa festança.
AMBIÇÃO
Eu quis versejar, pelo prazer pleno
de ser bardo, sonhador, arrojado
duma prosa um entusiasta sereno
ter minha trova daqui do cerrado
Quis dar a imaginação um aceno
bálsamo ao sentimento apaixonado
ao riso, ao choro, um efeito ameno
disfarçando a emoção num brado
E vi que a sensação apenas é, na vida
o dado entre a tragédia e a comedia
- a chegada, o centro e a despedida...
E, piegas que sou, em um castigo
fujo aos sonhos, e de alma tédia
taciturno, me assisto só, comigo!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
10/09/2020, 15’00” – Triângulo Mineiro
VENDAVAL EM CANTILENA PROSA
Cai no cerrado, ó chuva, e nos beirados
Sussurrando sons que o apavorar fiança
Em pingos d’água numa enfada dança
Purgando áridas angustias e pecados
Temporal no sertão, e tão agitados
Escoam nas planícies numa pujança
Deitando melancolias numa trança
De saudades e suspiros desolados
Do teu copioso gotejar, o luzidio
Relampejar, eriçando em arrepio
Que agita a tempestade tão furiosa
Troa lá fora, em um agravo vitupério
Estrondeando e envolto em mistério
De um vendaval em cantilena prosa...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/11/2020, 20’51” – Triângulo Mineiro
PROSA ...
Não demore, venha já, velho estou
Há tanto para relembrar, o passado
Teu olhar no meu, ver o que restou
Apertar tuas mãos, ficar ao teu lado
Quero sonhar afagos do que passou
E não comunique que está ocupado
O amor foi tanto, ainda não acabou
Sorva, que só assim, pra ser amado
O tempo fugaz voou, e tal o alcance
A saudade, de nós, assim, suponho:
- pois, desta prosa ainda há traços...
Não se pode silenciar este romance
Ele decerto faz parte do doce sonho
Pressinto desejar-nos nos abraços!...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
06/03/2021, 19’20” – Araguari, MG
prosa ...
[...] Se o meu poetar não me agrada
como agrada a sentimental trova
hei de não ter mais nada
oh meu amor de doce alcova...
e, que neste ato de ser feito
que o amor é como o vento
se na poesia perde o jeito
passa-se a rima e o momento
assim, nestes versos tiranos
de vazio sentimento
dias viram horas e horas anos
numa prosa de sofrimento...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
11 de abril 2020 – Cerrado goiano
ENCANTO
Se eu fosse uma prosa, eu te prosaria
Entre muitas, a de que te desejo tanto
Nesses versos seria o poético encanto
A beleza, sensação versada na poesia
Que és na composição amor e alegria
Não nego! pois, tem sedução no canto
A cadência que ao coração satisfazia
Gosto, toque, aquele possível recanto
E, se eu pudesse sem qualquer segredo
Recitaria: - em um sussurro profundo:
- como eu gosto de você. És meu ledo!
Te versaria, se pudesse, num segundo
Muito mais, o que não pouca é enredo
Inspiração, paixão, maior do mundo!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
27, agosto, 2021, 14’44’ - Araguari, MG
DE NOVO (soneto)
Minha prosa, de prosar-te, anda ferida
Meu sentimento anda sem te perceber
Não mais é aquela razão do meu viver
Pois, a fração terna, agora, sem medida
Não mais vejo aquela atenção na vida
Grata. O meu amor ficou sem entender
Vazio está a poesia, do crer, do teu ser
E, ao meu coração uma estória repetida
Tudo na poética é corrente, tudo anda
Em versos quando nossa alma é branda
Toda a graça, todo o querer, bem assim!
E, olhos tristonhos em ti, triste sensação
Ah! se soubesse de cada prazer e emoção
Do amar, sentiria que amor não tem fim!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02 setembro, 2021, 06’15” - Araguari, MG
MANACÁ de cheiro
Para cantar o Manacá numa verdade
Não basta a prosa, tem de ter beleza
No olhar, sensibilidade n’alma acesa
Saber degustar do encanto que brade
Duma flor, duma graça e delicadeza
Do lilás a alva... tão pura na vaidade
Uma quimera envolvente, majestade
O Manacá de cheiro, orna a natureza
Invejo o vento que no seu movimento
Acaricia, beija, e se envolve no cheiro
De essências robustas, doce momento
És formosa que qualquer outra vontade
Pois, abrenha o sentimento por inteiro
Odor que trescala, um cheiro de saudade!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16 setembro, 2021, 17’20” – Araguari, MG
TALVEZ
Se no agrado do fado não puder te sentir
E se na prosa não acontecer aquele laço
Aquela emoção afável não mais existir
No amor, no afeto, no calor do abraço
E se não estiver junto aquele doce olhar
Sentir o desejo das magias enamoradas
E dos tão ardentes beijos a nos acalorar
Então, seremos recordações imaculadas
E, que seja breve se não puder me levar
Que leve minha poética na tua sensação
Suspirada da minha emoção, pra lhe dar...
E, se assim não puder, que seja singular
E me leve na nostalgia de o teu coração
Cá te terei na saudade, que quis te amar!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26 setembro, 2021, 12’47” – Araguari, MG
A PALAVRA MAIS BELA
Folheei a prosa e o verso pra buscar
A beleza de uma palavra a compor
Sem igual, pude, assim, encontrar
O deleite e a razão de uma: o amor
Perguntei ao coração, sem receio
A resposta é certa, farta de desejo
De fascínio e paixão, e tão cheio
De emoção, tal um suspirado beijo
Assim, interroguei a mansa sintonia
Com convicção conseguiu me trazer
Muito carinho e a inigualável magia
Então, perguntei ao singular agrado
E o sentimento veio assim me dizer:
Amor, bela palavra, a aquele amado!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
12 de outubro de 2021 – Araguari, MG
SAUDADES, TANTAS
Quantas saudades tive? tantas, nem sei
Todas tão suspiradas na esfolada prosa
Cada qual na dor, com sofrência rimei
Rimei também a solidão nua e ramosa
Tive saudades daqueles a quem amei
E nesta nostlagia só situação morosa
Me era companhia, superação tentei
Cantei a lembrança da oferecida rosa
Ah! saudade, de sensação embaciada
Tantas as clamei em noite enluarada
Chorei, mesmo assim contida emoção
Ó Deus, por equivoco, ao me moldar
Colocaste no vão do peito a sussurrar
Só a saudade em lugar de um coração...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
19, outubro de 2021 – Araguari, MG
AMANHÃ
Vou sofrer amanhã. Hoje estou de saída
Já é tarde. Há muita coisa a fazer ainda
E na prosa deixarei a tristura escondida
No verso aquela dura sensação infinda
Hoje eu vou ter a poética descolorida
Sem o amor, a paixão, e a graça linda
Sem suspiro ou aquela ilusão proibida
Entregar-me-ei a solidão na berlinda
O silêncio no momento não importa
A quem está com a tal ventura morta
Talvez eu me arrependa assim estar
Mas, nada consolará minh’alma vazia
Nem mesmo o encanto de uma poesia
Amanhã é outro dia e um outro idear!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
19 outubro, 2021, 18’:23” – Araguari, MG