Poemas sobre o Brasil
TRIGÉSIMO SEGUNDO HEXÁSTICO
nada existirá além de ti
retornarás para ti mesmo
caso pretendas a verdade
toda estética do sujeito
mora no teu poema profundo
versos que transcendem o ser
TRIGÉSIMO TERCEIRO HEXÁSTICO
A loucura da pós-verdade
imanta mentes toscas… líquidas
sem formas descem rios de nadas
única ação: ser a manada
que logo será consumida
pelos algozes comensais
ALMA DE SÍSIFO
De João Batista do Lago
A noite é fria…
Gélida!
O espelho esfumacento
não me revela
nesta fria noite… fria.
Algo dentro de mim
grita feito besta fera.
Ouço-o.
O lamento é lúgubre
e lúgubre é o meu lamento!
Feito Sísifo
desço a montanhosa noite
refazendo meus pensares.
Amanhã terei que rolar a rocha até o topo!
Renascerei ou mais um dia morrerei?
TRIGÉSIMO QUARTO HEXÁSTICO
silencia o choro do espírito
todo lamento gera treva
tuas sombras não são realidades
são ilusões da mediocridade
geradas pelo te’universo
prenhe de tua sabedoria
TRIGÉSIMA QUINTO HEXÁSTICO
ouve a nostalgia do paraiso
ela é prenhe de imagens puras
nela haverá mil sorrisos
nenhum deles será concreto
nenhum imaginador puro
todos capazes no escuro
TRIGÉSIMO SEXTO HEXÁSTICO
vê… rosas multicoloridas
estão novamente nascendo!
todas as praças estão sorrindo
há nova esperança surgindo
em cada jardim florescendo
cada pétala é liberdade
TRIGÉSIMO SÉTIMO HEXÁSTICO
Resgata teus mitos e símbolos
traze-os ao limiar da consciência
a imagem é tua plenitude
resgat’a dimensão existencial
perdida nos vales modernos
serás pois espelho de deus
TRIGÉSIMO OITAVO HEXÁSTICO
Queira pois o Tempo e o Sem-Tempo
“Ksana” é momento favorável
hierofania do ser sagrado
iluminação dos opostos
no espaço do contraditório
produz ser e sabedoria
TRIGÉSIMO NONO HEXÁSTICO
esquece da morte profana
transcende-te a ti tão somente
verás que do eterno retorno
tua ossatura será outro verbo
após livre da mundidade
toda vida é sabedoria
À BEIRA DO CAIS
De João Batista do Lago
O velhinho sentado à beira do cais
é silêncio puro
num final de tarde febril
no ocaso de um dia de abril
onde o sol não sorriu para os cabelos brancos
feito asas de gaivotas soltos na imobilidade do vento
Sento-me ao seu lado
vazio...
e calado...
e mudo na prenhez do tempo e do espaço…
Os meus cabelos ainda estão viçosos
alinhados e sem quaisquer querelas com o vento
estão nervosos
e bem mais sofridos que aqueles cabelos brancos sustentados de experiências
capazes de tudo falarem sem uma palavra sussurrar
E eu tão jovem querendo auscultar
o lamento que somente as ondas do mar ouvem
caladas e correm como loucas para...
para guardar na profundidade do seu mar profundo e eterno
as minhas queixas...
as minhas querelas...
e todas as minhas
mágoas guardadas na plenitude daqueles cabelos brancos feito asas de gaivotas famintas do peixe
De repente
o velhinho sentado à beira do cais
levanta-se
e sem me dizer uma palavra
sem um adeus
sumiu na plenitude do tempo e do espaço
Fiquei só sentado à beira do cais...
Seja o seu espelhar. Um reflexo de luz para a Vida. Sabemos não sermos perfeito. Mas podemos emanar luz e alimentar os corações dos nossos irmãos. Quanto mais luz Você reflete, mais leve fica seu espirito. E as densas brumas dos pensamentos sombrios. Vão se desfazendo como nuvens. E; de repente; Você fica tão leve. Que sente , que poderia, até voar. E assim o Amor se faz. E as coisas verdadeiras acontecem e permanecem em sua Vida. Como recompensa. transformando cada vez mais o seu Viver..
marcos fereS
Castelo de Areia
Esquecimento estendido.
O cheiro do sofrível,
Lançados há Natureza.
Batem as porta dos palácios.
E, as pontes elevadiças,
Não contem o cheiro
da humanidade lançadas e
esquecidas a própria sorte.
E, nem todos os tesouros ou
Arsenais.
Contem inimigo em comum,
tão Poderoso.
Que por ironia;
Pequeno e invisível.
Trazendo a luz,
No porão.
Aos tigres de papel
E nem por isso. Menos humano.
Que não escolhe , classe , raça
Ou gênero. E mistura-se,
Para realizar suas atribuições.
Despertando a humanidade adormecida.
Sentimentos de cuidados esquecidos.
Lembranças do que;
O humano não é gasto.
É investimento.
A Vida é mais importante.
Do que qualquer riqueza,
Supremacia de classe.
E direitos de nascimento.
Nenhum privilégio pode ficar,
Contido em fronteiras, casas e muros
De contenção.
Nenhuma conforto.
Justifica ou restitui o equilíbrio
Arrancado a fórcipes da Natureza.
E que; são características inerentes
Da Vida que habita esse planeta.
E que em determinado tempo.
Constituiu-se da ideia de humanidade.
Marcos fereS
(em tempo de corona vírus)
Até um dia novamente
Até um dia novamente.
Gente, gente, gente.
Quantas gente, passaram pelo nosso mundo.
E deixaram lembranças eternas.
Como agradecer. No calor da Vida.
Apenas o ato de estar juntos, perto. Estar lá.
No mesmo lugar. Alegrou o Viver.
A simpatia sentida. O tempo distante.
Transforma aqueles encontros, em saudades.
E quando se lembra. Dar-se o valor do encontro.
Cada encontro. Traz uma riqueza.
Mas o coração dividido. Não sabe aferir
A verdadeira preciosidade.
Por isso; as lembranças.
Não havia óleo na candeia.
E a memória conforta o tempo
que ficou lá atrás.
Saber-se feliz. No momento de felicidade,
Traz o jubilo do Viver.
Saber ser feliz na saudade,
Traz o jubilo , de bons tempos vividos.
Perder-se na Vida. Só para reencontrar-se.
Marcos fereS
Máquina
Às vezes a vida parece
Uma espécie de máquina agressiva
Uma máquina livre
Feito um pássaro
Cria asas, voa alto.
Perde-se
Deixando mágoas
Em formas de cachoeiras:
Bate e rebate
Nos seixos
Desmancham-nos,
Aos poucos diminuem,
Os torna um ser pequeno
E aos poucos se sentem pisoteados.
Porém, não bem somos
Uma máquina
Mas somos um ser
Capaz de se aperfeiçoar.
Já que preferiu
Me afastarei.
Atrás de você
Eu não correrei.
Pois com sua frieza
Eu me assustei.
O título de trouxa
Na minha testa eu estampei,
Nos alertas dos meu amigos
Eu não acreditei,
Já que a mão no fogo
Por você eu coloquei.
Me queimei.
Pois mais uma vez
Eu me enganei.
Meu Negrinho do Pastoreio,
eu só posso contar contigo
para acreditar que
ninguém pode comigo;
Sempre que eu perder
a minha fé me ajude
a encontrar em Nossa Senhora
como você acredita,
Independentemente da hora
não me deixe só nesta vida.
Refeito de tudo você
virá para mim como
Jaebé empenhado
para ter a sua amada,
Viraremos pássaros
e confio que você
fará um lindo ninho
fechado igual
ao de João-de-Barro
para proteger
o futuro dos nossos
filhos de todo o mal
que existe neste mundo.
Morro Grande
Morro Grande adorada,
eu te reverencio
pelos teus morros,
terras férteis,
pelas tuas águas
e pelo teu povo virtuoso.
Morro Grande amada,
que das tuas raízes
originárias ainda
preservam carinhosamente
os seus vestígios,
nas intrigantes paleotocas
podem ser encontrados
poemas escondidos
e indescritíveis de tão lindos.
Vou saudosa pela antiga
Trilha dos Tropeiros
tocando na viola
envelhecida a esquecida
cantiga melosa da Serra do Pilão
que ainda fascina o coração.
Rumo ao lendário
Morro do Realengo,
porque meu amor
por ele é tremendo
para quem sabe se minhas
pernas e meu fôlego alcançam
os Campos de Cima da Serra
e dar aquele abraço nos amigos
de São José dos Ausentes
no Rio Grande do Sul.
Quem sabe se ainda der
tempo ainda não perco
a festa no Santuário
de Santa Gertrudes,
e saboreio os quitutes
da memória da infância.
Quem sabe irei na Missa do dia
seguinte na Igreja Santa Cruz
para pedir bênçãos, luz
prosperidade e inspiração
para continuar vivendo
toda a poesia Santa e Bela Catarina
e por esta nossa Morro Grande,
tesouro incalculável do Extremo Sul.
O Saci é meu amigo
e como reconhecido
Guardião da Floresta,
nós dois temos
um pacto antigo,
Comigo ele também
anda sem que por
você seja percebido.
Morando aqui em Rodeio
Poetisa do Vale Europeu,
trocando o meu peito
amorosamente pelo seu.
Vou capturando nas flores
inspiradoras do tempo
a profética e a poética.
Morando aqui em Rodeio
neste verdejante Vale
com gratificante liberdade.
Em plena segunda-feira
que me leva para tomar
café e me ergue com toda
e gentil necessária coragem.
Daqui do Vale Europeu
a poetisa de sempre sou eu,
O meu amor é só seu,
e o seu coração é todo meu.