Poemas sobre o Brasil
Ali um dia serviu para defender,
prender e também para curar,
é a Ilha de Anhatomirim que
tem muita história para contar.
Estou indo navegar para escapar
do veneno espargido de quem
não se contenta com o da própria
língua e expõe a todos a perigo.
Não preciso fazer nada porque
a existência de gente assim
para si próprios é inabalável castigo.
Tenho mais o quê fazer do que dar
holofote à quem não quer aprender
e só se gloria no mal para aparecer.
Alma maruja traz um pouco
de tudo aquilo que precisa
ser refeito na Baía da Babitonga
que eu já perdi a minha conta.
Embora não tenha perdido
a esperança de Ilha Alvarenga
por ser poesia, poema e poeta
com apego ao mar e esta terra.
Desistir não é e nem nunca
será a opção porque viver
é o quê move pleno o coração.
Não perder jamais as correntes
e deixar que pousem solenes
na existência feita para a navegação.
Barra de São Francisco do Sul
é perto da onde que assumo
ser como a escuna que alisa
o mar do teu romance e delícia.
O rumo nas mãos da ventania
leva ao Arquipélago das Graças
porque é assim que se escreve
a leveza e o sentido de ser perene.
Parar ali sem mais nem o porquê
por um instante na Ilha da Paz
sem querer na vida nada a mais.
No final entender que amor é
sem mistério em águas tranquilas
e transparentes do divino querer.
Pelos braços da Baía do Babitonga
sempre me deixo levar,
Até a Ilha das Claras vou navegar
para que sabe te encontrar.
Pelas correntezas deixo
tudo para trás porque
só quero para nós mesmo
o quê realmente importa.
Num tempo onde a diversão
é testar o outro o quê sufoca
busco ser a silenciosa rebelião.
Por saber que o tempo corre
rápido em todas as direções,
preservo as melhores emoções.
Experimentar o abandono
e a sombra das árvores
da Ilha das Cabras no mar
sem nada para se importar.
Um minuto para respirar
e para pensar quando
a maré começar a mudar
para não me deixar levar.
Porque assim tem a vida
tem que ser e assim será
onde o quê é de juízo está.
Colocar cada um sem quer
agradar no seu devido lugar,
para a paz ser e a espalhar.
Balança a palmeira diante
do vento da esperança
na Ilha do Chico Pedro:
decidi amar sem medo.
Na Baía da Babitonga fica
e assim me deixo levar
como embarcação que
está próxima de chegar.
Conhecer bem por onde ir
e sei que sabe me encontrar
onde estou em pleno mar.
Não preciso muito fazer
para a nossa hora acontecer,
e com os olhos fechados viver.
Continuar entre os vários
tipos de Morte de cada dia
como a Ilha Deserta
da nossa Santa Catarina.
Independente da maré ser
o forte rochedo, a coragem,
a Ressurreição e o reinício
diante de todo o desafio.
Crer que o tempo jamais
será o seu inimigo,
e tenha fé no seu caminho.
Não importa se está sozinho,
o Sol do Universo sem você
perceber guia o seu destino.
A Ilha Feia não tem praia
e não deixa de ser menos
bela por ser coberta
de Mata Atlântica plena
Não tens a metade dela
e julga o próximo segundo
a sua própria imaginação
em nome da destruição
Ser como a ilha é ambição
daquele que tem a ciência
de eleger a rota de renovação
Por isso opto ir de acordo
com a minha intuição
e para alguns casos a silenciação.
Respira o último dos últimos
pulmões do mar,
É na Ilha dos Herdeiros
que vou atracar.
Navegar pelas correntes
da Baía do Babitonga
vou deixando me levar
adiante sem muito pensar.
Nesta embarcação poética
vou permitindo apenas ir
nesta rota íntima seguir.
Sem pressa de viver porque
tudo permitirá concluir
que seremos só eu e você.
Liberar a nossa determinação
nas correntes até a Praia de Itaguaçu,
Deixar os impulsos do coração
navegáveis em São Francisco do Sul.
Colocar os nossos pés em terra
firme e não nos dar nenhum limite,
Voltar amar de novo mesmo
que nos digam que é impossível.
De última em última dança
o voto, o romance e a chama,
como quem flerta pela primeira vez.
E assim deixar que o brilho
do nosso olhar não se apague
para que tudo em nós seja novidade.
Bailam as correntes do Atlântico,
sobrevive um refúgio romântico
e o indômito em mim como tal
qual os lobos-marinhos que cruzam.
No farol da Ilha dos Lobos tenho
o meu ponto de orientação
nesta noite no meio da escuridão
e a convicção para onde ir.
Tudo me leva aos teus olhos
e a ciência dos meus sonhos
que alguns chamam de utópicos.
Realmente não me importo
nem se vou de fato alcançar,
só sei que me importo em não parar.
CANTO DA ESPERANÇA
De João Batista do Lago
A sinfonia da insensatez em toda pressa
Reverbera o prenúncio de toda guerra
Imanência de estados totalitários
Sujeitando a honra de povos na terra
A nota colonizadora é a dó maior
Gerando mortandade com seus fuzis
Prostrando sobre a pátria todos os civis
Famélicos soldados do vão ouro negro
Até quando os senhores donos do mundo
Plantarão toda infinda desgraçada sorte
Subjugando toda uma nação até a morte?
Há de chegar o dia da nova esperança
Há por certo de se compor sinfonia nova
O mundo será jardim de almas crianças
VIGÉSIMO QUINTO HEXÁSTICO
porque igual assim me pretendes
não quero deste mundo fugir
esta dor é um bem que me dói
puro desejo de potência é
nego por fim teu prazer fátuo
melhor viver a dor ousada
QUADRAGÉSIMO PRIMEIRO HEXÁSTICO
Dou à tua nova carne sentido
Velhos e novos rios transportam
Verbos sacrílegos… parábolas…
ao poeta cabe encarná-los
dando-lhes luz às novas almas
sequiosas de novos saberes
CABELO CURTO
Os cabelos curtos,
São poesias curtas,
Que dizem textos enormes,
De uma feminilidade sem igual,
De um poder feminino,
Da mulher,
Que diz: Liberdade, Força, Guerreirismo.
Rodeio Erguida
A semana em Rodeio
madruga chuvosa
nesta cidade amorosa,
doce e acolhedora.
Rodeio erguida não
teme o mau tempo,
ela é encantamento
e cidade recanto.
A semana em Rodeio
seguindo adiante,
do Médio Vale do Itajaí
é valoroso brilhante.
Rodeio verdejante
as tuas montanhas
sempre hei de louvar,
foram elas que fizeram
escolher aqui para morar.
A sensação de proximidade
provocada pelo meu beijo
é o povoamento do real desejo,
A palavra me pertence
e a sua recíproca sedutora
intuitivamente me convence,
e vale um livro inteiro:
a poesia é livre e esta mulher
para o seu amor se guarda.
O luxo do teu amor
sei que me pertence,
Como nunca deixe
de pertencer-te,
Você me puxou
pela mão e me deu
uma fita de cetim
para dançar contigo
a Dança do Tipiti,
Deste dia bonito
jamais me esqueci.
Nos encontraremos
festeiros saindo
da casa de festas
na noite dos nossos
destinos porque
o amor está escrito
nos nossos caminhos.
Quando os homens
do arco acenderem
as luminárias você
me reconhecerá fácil
e feliz entre as damas.
Não tenho dúvidas
que te reconhecerei
ainda muito melhor
no meio dos nossos
amigos e galãs eleitos.
Na Entrada ou Cavalinho
o teu olhar de carinho
me segue sem desviar
sem titubear do caminho.
Na Primeira e Segunda,
o teu olhar me revista
inteira mesmo como
de fantasia ali na rua
frente não estivesse;
Para nos seguir nesta
Dança dos Mascarados,
Três homens formam
a baliza e assim se espalha.
A Trança Fitas nas nossas
mãos se desenrola,
por um momento sinto
a quentura da sua
mão roçando na minha,
o desejo e toda a poesia.
Entres as passagens
da Joaquina para a Arpejada,
É na Caradura que
aumenta a insinuação.
No Maxixe de Humberto,
flutuando de Carango
e juntinhos no Lundu,
Sentimos o perfume
do amor nos inundando.
Na Dança do Vilão
percebi o seu cuidado
comigo na medida
da potência do seu coração;
Vamos de Retirada
se despedindo da festa,
porque daqui para frente
só o amor é o quê interessa.
Não existe mais
Mapinguari
morando no mato,
Mesmo assim
é preciso seguir
com cuidado
nesta vida;
O Bicho-Preguiça
continua útil,
se seguir preservado.
Os tempos mudaram
definitivamente...
Só sei que existe
mais de um
Mapinguari
por todos os lados,
E não têm mais idade
e as línguas deles
estão sempre afiadas.
Os tempos são outros...
O Bicho-Preguiça
traz o melhor ensinamento:
O convívio não
pede enfrentamento
com Mapinguari de qualquer tipo.
Os tempos de hoje pedem que
não seja dado mais nenhum espaço.
Quando um Mapinguari surgir
para provocar ou mentir,
é só mudar o seu caminho,
fingir que escuta,
deixar falando sozinho
ou comece a ler um livro.
Só não deixe o Mapinguari
continuar enchendo os seus ouvidos.