Poesia
Graça
O meu para sempre
é provisório.
Sou viço falho de infinitos
Fagulha afogada de sonho
Ave aviltada de si.
Grito falhado,
sorte ufanada.
Mas onde sou vencida em tudo
um anjo mudo
me abençoa os nadas.
Caixa
Carregamos pela vida afora
os cheiros dos encontros raros,
dos acontecimentos,
da nossa primeira casa,
do quintal, se houve quintal,
da mãe na cozinha,
dos sonhos quando acordamos.
Se houvesse uma caixa
para guardá-los, seriam
nosso tesouro.
E então, em dias de saudade,
abriríamos nossa caixa
e mergulharíamos
como num túnel do tempo.
Das sete faces do desprezo
A Carlos Drummond de Andrade
Quando eu nasci, não teve sequer um anjo torto
Que me dissesse que a vida não é
Tão fácil o quanto parece ser
Disse: Vai, Valter, ser baiano na vida.
Ladeiras faz bem ao coração
Jovens apaixonados na esquina
Dizendo que não se apega a ninguém.
A tarde de puro sol, o perigo
É imprevisível mesmo que o dia
Seja azul.
O ser vestido de uniforme
Vai trabalhar no ônibus lotado
Sequer sabe se vai ser assaltado,
Acha que tem muitos amigos
No fim de semana.
O ser vestido de uniforme,
Mal sabe quando vai quebrar a cara.
Meu Deus, que sociedade de muita fé,
Que muito chama pelo Senhor,
Pessoas de muita fé e pouco amor.
Mundo mundo vasto mundo
Se eu me chamasse Carlos,
Eu seria outro poeta (?)
Nesse mundo vasto
Que maltrata meu coração.
Mundo mundo vasto mundo
Chega de ilusão?
Eu bem que vou dizer,
Esse mundo cheio de gente eu solitário
Em meu ego e vaidade
Vou me afogando
Sem sequer um abraço!
Sorriso do Meu Filho -
Se minha vida
tivesse que ser resumida
e estacionada em algum
momento no
Tempo,
eu a pararia
no sorriso do meu
filho.
Que, em todo caminho,
por menor que seja,
eu tenha a grandeza
de valorizar
as flores tocadas
por minhas mãos
e as marcas deixadas
por meus pés...
Amor Eterno de Alexsandra
Surgiste na minha vida
Trouxe consigo teu puro amor
Curou minha ferida
Acalentou a minha dor
O que senti foi algo raro
Quando minha mão, sua mão tocou
E por isso eu nunca paro
De mostrar como meu coração te amou
Teu sorriso me faz tão bem
Que você nem imagina
Vejo na tua face que ainda tem
Teus sonhos doces de menina
Linda és tu como a flor do campo
E teu olhar brilha como o sol
Eu sei bem como te amo tanto
Tu és meu jardim de girassol
Tudo em você é tão perfeito
Desde a mente ao coração
Não vejo nada de defeito
Teu abraço me dá proteção
E por isso o que aqui escrevo
Veio do fundo da minha alma
Nosso amor que aqui descrevo
É como um toque palma à palma
E por ti minha mente sonha
Me tira do pesadelo
É o sono da minha insônia
E o acorde do violoncelo
Vamos comigo dançar ciranda
Girar na chuva e molhar os pés
Correr na areia contra as marés
Amor eterno de Alexsandra
Autor : Wélerson Recalcatti
Borboletas, tão lindas e coloridas
Voam e brincam
São artes vivas
Desenhadas e pintadas
Pôr mãos divinas
O Natal é dia de comemorar
o nascimento e libertação
que o dia seja de oração
cercado de espiritualidade
ao coração liberdade
na fé: - tenhas o amor como sinal...
Feliz Natal!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
dezembro - cerrado goiano
Não Somos o Que Queremos Ser
Somos o Que Podemos Fazer
Não Somos o Que Desejamos
Somos o Que Nossos Desejos Trouxeram a Nós
Wélerson Recalcatti
Palavras que eu escrevo aqui
Foram feitas pra dizer
Que no dia que fui te conhecer
Todo o vazio que havia em mim
Tua presença foi suprir
Andei nas florestas tropicais
Vi grandes e pequenos animais
Seres que habitavam o além
Vi humanos, todos desiguais
Muitos querendo serem mais
Do que realmente lhes convém
Guardiães da esperança
Eternas crianças
Que brincam e lêem
Conseguimos entender
E num papel escrever
O que os outros nem vêem
Somos Poetas
Ame a noite
Ame o dia
Ame tudo o que aqui existe
E continue, insiste
Ame o que mais valia
Ame e não exite
Uma coisa é pegar frases prontas, versáteis e rimá-las, falando sobre o que não entende numa sinfonia.
Outra coisa é transformar sentimentos enraizados, pensamentos bagunçados, numa bela poesia...
Na primeira nos encantamos pela brincadeira com as palavras, ficamos na beira com as ondas nos nossos pés a tocar.
Já na segunda mergulhamos a fundo, adentramos no oculto e podemos sentir o que o escritor sentia e queria nos passar...
Eu tava pensando em acabar com tudo.
Porque eu percebi que não tinho o menor controle sob a minha vida, e que num piscar de olhos tudo mudou. Eu mudei.
Percebi que, coisas que eu achava que faziam sentido na verdade não faziam.
Coisas que eu considerava importantes, na verdade eram idiotas.
Pessoas que eu achava que sempre estariam comigo, me deixaram. E pessoas que eu achava que me deixariam uma hora ou outra, no fim, ficaram ao meu lado.
De tanto falarem que eu não tinha coração, eu acredite..., mas sabe, percebi que eu tenho um e que na realidade é enorme.
Falaram que eu não tenho sentimentos ou qualquer tipo de afeto, mas na verdade o que eu tinha era medo. Tinha medo de amar de novo e me machucar mais uma vez, eu tinha medo de sofrer...
Porque quanto mais pessoas entram no seu coração mais pessoas podem sair dele.
Eu entendi que sou muito do diferente do que pensam e falam.
Eu estava vivendo numa prisão sem grades, que eu mesma permiti.
Porque eu me juguei; me culpei; me condenei; me escondi... e por muito pouco, não me destruí.
Percebi que eu me amo e outras pessoas me amam também.
Porque eu sou maravilhosa. Sou linda. Sou louca. Sou eu. Eu sou a melhor versão de mim mesma agora. Eu sou Cecilha Beatriz.
Ignomínia sorrateira, tua alma carniceira não padece ao clamor. Teu pranto incessante é de todos, o de menos valor.
Teu olhar displicente há de entusiasmar àqueles que fizeste sofrer. Teu rombo em cada peito, há de te fazer temer os reles que te volto a dizer, fizeste sofrer.
Mas não sabias, não podias contigo mesma. Ignomínia sorrateira, tua mente tão ligeira a te entristecer.
Volte logo aos braços do inferno, a estrada é longa, e o caminho, como tu, é perverso. A chama que te arde os olhos, clareia os sentidos de teus ditos servos, agora postos como o ouro, a iluminar teu martírio, libertos.
Pague agora pelos crimes que, por tamanha ignorância, jamais imaginara poder cometer.
Do que me adianta a boêmia dos domingos de verão, se o álcool perdeu seu efeito quando eu me perdi de mim?
Do que me adianta a química a abrasar minhas entranhas, se a vida por conta própria tornou-se uma distópica alucinação em carmim?
Do que me adianta a fumaça, o trago, a catástrofe, se meus pulmões insistem em resistir a este fim?
Do que me adianta a retalhação da derme, se eu sei que a vida vai cicatrizar e mais uma vez me matar ao fim?
Do que me adianta a fuga, se até o valhacouto atirou suas culposas paredes, em pura fúria, contra mim?
Agora à procura de redenção, eu prometo e ponho assim minha honra em jogo. Prometo não mais ser feliz, se isso custa o ar de quem antes dissera ficar, mas nunca me contara sobre sua incapacidade de respirar. Prometo não mais amar, se isso custa o conforto de quem antes jurara não se incomodar. Eu, tolo pássaro, sei que nunca poderia voar, mas ainda assim quatro vezes quebrei minhas asas ao tentar, e há uma única coisa que não posso prometer, algo que não me atrevo a jurar, não posso dizer que por uma quinta vez, não voltarei a quebrar.
Filisofia barata
organizar as ideias
em ordem alfabética
e arrumar na estante
para quando precisar
essa a prioridade
do homem que sonha
do indivíduo que escreve
que faz poesia
imaginar o que sente
o eletricista
adivinhar o que pensa
o carteiro
divagar sobre morte e vida
arriscar a sorte na loteria
pagar a conta de luz
(mesmo sem energia)
dez por cento para jesus
oferta canalha
promessa vazia
O Amor e o Tempo
O tempo passa vagarosamente
As horas passam e eu perco o rumo
Passeando por minhas lembranças eu entendo
Você jamais saiu dos meus pensamentos
Penso no amor que poderíamos ter vivido
Se tivéssemos coragem
Se conseguíssemos demonstrar
Seria um felizes para sempre?
Se… há, tudo passou
O que sentimos nunca foi dito
Mas ainda penso com carinho
No que poderíamos ter vivido
A verdade é que no fundo
Eu sempre estarei cultivando
Esse belo amor platônico
Que guardarei só para mim