Poesia
Minha poesia é nada do que sou,
é noite desgostosa de bebedeiras
é escrita em lugares que não vou
é delírio inocente antes da saideira.
Minha poesia mergulha no seco
ardente como pés no chão quente
sombreada com a ausência sentida
é vazio que ainda assim me dá vida.
Minha poesia intimista é chata,
penso que poucos a admiram,
minha inspiração pode ser ingrata,
mas ainda assim é por ela que respiro.
Em cada riso uma esperança
Em cada lágrima uma saudade
Em cada verso uma poesia
Em cada letra uma canção
Em cada flor um perfume
Em cada onda o mar
Em cada olhar um encontro
Em cada música te cantar
Em cada tarde um desejo
Em cada palavra um segredo
Em cada noite sonhar
Em cada silêncio tua voz
Em cada dia te amar.
Ela é Poesia
Ela é poesia em flor
que se abre em versos
Rima sorrisos em meus sentimentos
No mais puro silêncio
Quando ela sorri
Sua alma me beija
Meu coração lateja...
Saltitando em meu peito
Desejos afloram
E eu a pego em meus braços
Entre afagos e beijos...
Me perco...
Sem medo de amar!
A realidade sem poesia
é a própria morte rotineira.
Se nada se faz com alegria,
o ser definha, com certeza!
De nada vale uma vida
onde se exista pela metade,
mas se a alma de beleza for desprovida
resta apenas tristeza e calamidade.
Quem não sabe fazer poesia, copia.
Publica como sendo seu, artigo de outra autoria.
Convence a ignorante minoria.
Mas sabe que obra semelhante não faria,
porque o dom não lhe principia
mesmo assim, ainda plagia...
Jogo de xadrez
Queria calar
Mas a poesia é intrometida
Feito um tabuleiro de xadrez
Remexe meus neurônios
Me dá um xeque mate
E solta o palavriado
Involuntário e sem cabresto
Sou poeta vencido
Sem muita inspiração
Deixei no passado meus lampejos
E a tristeza se fez de minha musa
Enquanto a fumaça do cigarro
Desenha formas deformadas
Na mesa do meu jogo
Ponho em xeque a poesia
Rei e rainha perdidos
Queria me calar
Mas a poesia é intrometida
Me da um xeque-mate
Me obriga a rabiscar
E cuspir palavras que eu não sei dizer
(Nane-03/12/2014)
Sem promessas
Não te prometo uma poesia
Por não poder te "escrever"
Com a mesma intensidade
Desse olhar tão expressivo
Não te prometo uma poesia
Por não ser capaz
De fazê-la tão bela
Quanto a tua beleza
Não te prometo uma poesia
Por não ser poeta
Que te tem como musa
Mas se encanta quando surges
Não te prometo uma poesia
Por só saber (um pouco) rabiscar
Quando deparo com a beleza
Estampada em teu olhar
Não te prometo mais nada
Além deste rabisco
Que se não é obra prima
Está enxertado do meu mais profundo...carinho
(Nane-09/12/2014)
Salvar uma vida é como se apaixonar.
Durante dias você continua sentindo poesia em tudo que toca e vendo Deus em todas as coisas...
Você se pergunta se ficou imortal, como se tivesse salvo a própria vida também.
Deus passou por você! Porque negar?
Porque negar que por um instante, um único instante, toda a energia da vida fluiu por entre seus dedos.
Suas ações trouxeram novamente vida pra um corpo morto.
Puxando aquela alma de volta pra terra, arrancando uma vítima das mãos da morte.
Você nunca poderá ser Deus, mas naquele instante, com toda certeza... Deus foi você!
NOTÍCIA DE JORNAL
Em uma troca de versos entre poetas desconhecidos, uma poesia perdida atingiu um transeunte bem na cabeça, do lado direito da cabeça.
De acordo com relatos de testemunhas... qualquer um poderia ter sido atingido. Uma vez que, milhares de pessoas passam por dia no local, e quase sempre distraídas.
No entanto, um jovem negro, aparentando ter entre - 12 e 14 anos - com semblante calmo e um pouco acima do peso, foi socorrido pelo serviço móvel de urgência e emergência e encaminhado para o [HGPP] - Hospital Geral de atendimento às vítimas de Poesias Perdidas.
Na cena do ocorrido, além de caneta e papel, foram encontradas dentre outras...várias cápsulas de poesias deflagradas de diversos calibres.
Apesar do grande susto e após ter sido medicado, por apresentar um súbito quadro de delírios racionais com seguidos episódios de contemplação do mundo sensível e falas aparentemente sem sentido e desconexas, o garoto passa bem. Inclusive, já teve alta poética, mas (in)felizmente nunca mais será o mesmo.
"Ela é uma poesia ambulante. Usa um vestido em tom florido e tem o sorriso gritante.
Por onde ela passa, deixa o seu perfume, que com o tempo, vira memória."
A natureza é poesia,
é vida, alegria e amor!
É uma canção sem verso e melodia...
É a esperança num bailar de um beija-flor!
Vamos lá
Conversar poesia
Viver em harmonia
E não deixar
Nunca de cantar
Vamos lá
Acabar com
essa guerra
De cobrir os
sonhos bons
E mover-se
até o som
Nunca parar
de tocar
Vamos lá...
A poesia é uma seta
apontada em minha direção,
pois toda alma de poeta
diverge de qualquer razão!
Traduz-se um sentimento
à revelia de qualquer forma de emoção
e o que é expresso em palavras
pode não ser amor, mas sempre será paixão!
A POESIA E A SOLIDÃO (B.A.S)
A poesia e a solidão sempre tiveram uma certa afinidade. O momento solitário sempre foi rico para o poeta, o filósofo e o místico.
Schopenhauer costumava dizer que a semana tem seis dias de sofrimento e um dia de tédio. As pessoas se escravizam demais no trabalho e terminam aprisionadas no tédio no último dia.
A nossa sociedade moderna perdeu a unidade, a mística, o olhar mais belo. Nos aprisionamos no capitalismo, liberalismo e outros "ismos". Com isso nos afastamos do utópico para reverenciar o "status quo". Como dizia o filósofo alemão Heidegger, nossa época é caracterizada pelo esquecimento do "ser". Nossas aspirações modernas são o "ter". Possuir cada vez mais e mais. Com isso um vazio existencial se instala em nós, destruindo-nos lentamente.
Precisamos acordar rápido para reavivar o Belo em nós. O homem moderno perdeu a capacidade criativa, gerada de si mesmo, perdeu sua identidade, sua singularidade, e mais, perdeu sua liberdade.
Valorizar a cultura, as artes, a criação espontânea, a religiosidade, a poesia são caminhos viáveis e alegres.
Enfim, as grandes mudanças ocorrem no silêncio, no vazio, na simplicidade. É preciso aquietar-se, mesmo que por um breve instante, e ouvir os versos que a vida nos dia. Dizia Rollo May: "Toda história do homem é um esforço para destruir a própria solidão".
(Bartolomeu Assis Souza, Jornal Lavoura e Comércio, Uberaba, 28/07/2001, Caderno Especial A-07)
Do velho caderno de poesia...
Tudo escuro além das linhas de seu corpo...
Posso ver o desenho iluminado pelo suor do quarto.
A canção tocando ao encontro sinuosos da pele, suas mãos querendo dançar...
Bailamos no céu descalços - como anjos caídos esparramos o fogo.
Quando abriu a porta,
O despertar sentinela de cada sonhos concebidos...
O retrato da existência sobre atinta óleo e pinceladas das próprias mãos...
Era o inicio e o fim da criação.
Ano de 2020.
Valha-me, Deus
Se é da carne o sentimento bom
O pensamento que me soa o tom
A poesia à toa
A nostalgia boa
“” Fui à poesia
Dizer o que queria
Na pressa de desvendá-la
Encontrei-a escondida
Nem meias palavras
Apenas vultos
Do sutil encontro de versos
No papel, as letras ousavam.
Zombavam de seu insano algoz
Driblavam-me para escapar do intento
E lento, coloquei-me a soletrar.
Até que olhei ao lado
E vi a sombra de um poeta.
Que ria
Cada vez que eu corrigia
O texto.
Num pretexto
De algo bom compor
Madruguei
E acordei
Com a folha indo embora levada pelo vento...””
Pudera eu enfeitar minha poesia
Com palavras certas
Que transmitissem a alegria
Que em mim habita ao te olhar
Quis ainda encontrar uma canção
Com versos e doces melodias
Que lhe mostrassem a emoção
Que me invade ao te encontrar
Desejei algo mais complicado
Te mostrar o que sinto
Em meu peito eternizado
Impossível explicar
Assim desisti de tentar
Nenhum esforço será suficiente
Até tenho medo de falhar
Me calo agora, apenas sinto
Nada descreve meu jeito de ti amar.
Sou arquiteto de casa velha,
sou um tom que não interessa,
sou melodia muchada,
poesia falsificada,
moro na rua não visitada,
onde almas são lavadas,
e a minha é abandonada.
Toma tua dose
No teu silêncio
Da tua poesia
Da tua descrença,
No alto mar
Que tu refez
Com dores,
Passados,
Indolores.
Toma tua dose
Em teu copo
Em teu modo
Em teu.
Teu.
É teu.
Tudo.
Até eu.