Poemas Variados e Diversos
País Órfão
Breve anseio
Pela igualdade e prosperidade
Nunca alcançaremos
Enquanto necessitarmos de regime paterno
Onde os filhos da pátria
Não aprendem a pensar.
A arte transcende a moralidade e nós artistas, não devemos levar em conta a moral e a ética, porque ao nos preocuparmos com essas questões, acabaríamos com a essência da própria arte, pois tudo o que fazemos é em nome da liberdade. Quando escrevemos, compomos, pintamos, desenhamos, esculpimos, coreografamos ou fotografamos, estamos libertando a nós mesmos e a outros que se identificam com as nossas criações, pois nós dizemos o que muitos não tem coragem ou não podem dizer. Damos voz a todos os que se sentem oprimidos e esquecidos. A arte une pessoas e mundos, e é por isso que não podemos nos dar ao luxo de seguir regras ou importarmo-nos se nossas obras são morais ou imorais, normais ou estranhas. E terá momentos em que acabaremos pagando o preço por isso, mas não importa, porque a liberdade não tem preço!
Podem nos odiar ou nos amar, nos criticar ou nos elogiar, podem até mesmo nos perseguir, que continuaremos a gritar em alto e bom som, o que é preciso ser dito e escancarado. Doa a quem doer. A arte não tolera tirania, e nenhum artista deve ceder a ela.
A arte é vida, é coração batendo, mente voando livre! A arte é um Condor, em seu mais majestoso voo, seguindo livre, soberano e independente!
Cemitério de Pássaros
Era bom viver com os pássaros.
Era como se,
A cada bater de asas,
Você garantisse que voaria mais alto,
E para qualquer lugar, no dia seguinte.
Usando as suas próprias asas,
você iria.
Usando as asas de seus próprios pássaros,
Que nasceram com você,
Que faziam parte de você,
Que te levavam às nuvens...
Lhe traziam liberdade,
Magia,
Confiança.
Mas, à medida que o tempo passou,
Você percebeu que aquilo que os pássaros lhe traziam...
Começou a sumir...
Assim como os pássaros.
E você não havia percebido.
Aos poucos, foram matando seus pássaros.
E conseguiram deixar-te tão absorto
A ponto de não perceber que, na verdade,
Você se tornou um cemitério de pássaros.
Seus pássaros.
Fizeram com que você morresse tanto,
Que você, mesmo sem perceber,
Também foi responsável pela morte de suas aves.
Eles acharam que seus pássaros voavam alto demais,
Demais para a realidade.
As aves precisariam sumir,
Você não poderia voar.
Tiraram-lhe das nuvens,
Trouxeram-lhe ao chão,
Agora, você pode tentar tocar aos céus.
Quando seus pássaros estão mortos ao seu redor.
Sem asas.
Dói.
Dói ao ver o massacre do que antes foi seu.
Dói ao ver que nenhum restou,
Tudo o que restou foi o que você se tornou.
Não há volta para a morte.
Para àqueles que se tornaram,
Ou estão se tornando,
Cemitérios de pássaros...
Crie novos pássaros,
Faça-os sobreviver.
Não deixe que os matem.
Eles são os únicos meios de voar.
Direito à Solteirice
Todo homem nasce livre
até que a morte o obstrua.
Se você escolheu se compromissar,
a culpa é sua!
Os casados e namorados
vivem uma liberdade condicional,
ou seja, continuam ainda condenados.
Enquanto os solteiros
vivem uma liberdade assistida
por aqueles que estiverem interessados.
Porém, às vezes,
por mais que o “compromisso” nos atice,
é sempre legítimo o direito à solteirice
em todas as idades e ocasiões,
em todas as fragilidades e corações.
É cabível a todos sem prescrições.
Mas tudo é opcional.
Ninguém é obrigado
a ser igual.
Obrigado mesmo
a quem respeita
o desigual.
O direito à solteirice
origina-se
do direito à liberdade.
Este consiste em ir, vir e permanecer
onde quiser.
E aquele consiste em estar, ficar
ou permanecer solteiro
onde der.
Solteiro
vem da palavra solto.
E solto
vem da palavra Sol.
Então, o sol-teiro
veio pra brilhar
por inteiro.
Veio pra se sol-tar
de verdade.
Sol-teirar
à vontade.
Só inteirar
sua metade.
Contudo, no fim,
o solteiro fica com quem
e pra quem
ele se rendeu.
Se eu ficar pra titia…
é direito meu.
Ou é problema meu?
Bom… não sei, só sei
que a conclusão que se faz
é que ser solteiro é mais
que um estado civil,
é um estado de paz.
Tento escrever
Tudo aquilo que aconteceu.
Um beco sem saída
Uma bala perdida
Uma mãe que chora
Sentindo falta da sua filha
Mais uma vida que entra para estatística,
E essa é a pura verdade
Mas infelizmente somos vitimas presos em liberdade.
Em que ponto chegamos !
A vida é um sopro
A vida não é nada
Do que adianta tanta violência
Se o fim é de baixo da terra
Devorado por barata
E o que sobra são restos mortais.
O casebre do João
Sou feito o João de barro
Tenho asas para voar
Aonde a vontade me dar
O céu inteiro à disposição,
Mas prefiro construir minha casinha
Nesta árvore sozinha
Enchê-la com tudo que me agrada
Aconchegar-me em seu interior
Vê o sol se pôr
De lá só sair
Para a saudade vir
E retornar logo depois.
Voar
Eu só queria poder voar
Chegar perto do sol
Deixar a cera das minhas asas queimar
E voltar
Só para contar
Aos que vivem debaixo do sol
E que não souberam sonhar
Como foi poder voar
A janela
O belo símbolo da esperança
A que traz a luz e o vento
E o doce riso da criança
O velho que olha de dentro
A moça que fica debruçada
Olhando as vidas da calçada
O pássaro nela se senta
E a beleza dali aumenta
Com seu mais puro canto
Olha para fora da janela
E faz dela a tua porta
Para um mundo de encanto
Curarás qualquer mazela
Ou árvore que cresça torta
Tu verás um outro lado
Poderás lançar o dado
Com a tua sorte a testar
E com o pássaro a cantar.
VIAJEI E PASSEI DO PONTO
Da janela do busão
Ao som de música retrô
Rostos de todo mundo e de ninguém na multidão
A cidade segue seu ir e vir no modo robô
Oferecendo a dádiva da invisibilidade sem sermão
Longe da ditadura dos "modistas" de plantão
Com seus olhares de fita métrica sem perdão
Distante de toda aquela indagação:
Já fez seu mestrado? Será ao menos alfabetizado?
Vai ser mãe um dia? Ou vai ficar mesmo pra Titia?
Já conquistou aquele emprego tão sonhado?
Ou continua a viver de auxílios sociais "acomodado"?
Julgamentos rasos, sem empatia, sem com a realidade do outro nenhum cuidado
A proeza do anonimato
Nos oferta um encontro com a liberdade
Pra ser o que se é de verdade
Já que aos olhos do outro, na Intimidade
Pode ser mais complicado!
Se autorizar a "Ser" sem pedir licença
Não pra ser aceito
Sem filtro...ou frase de efeito
Sem o apontar de dedos... sem ofensa
Pensa!
Dormindo acordada...
Acho até que passei do ponto!
Neste Universo com cores tão brilhantes.
Chegaram a lugares distantes,
E neste planeta tão insignificante.
Chamaram sua atenção.
Bem distante foi Plutão.
Quem pode culpar Andrômeda.
Tão bela era esse anjo acorrentado.
Agora seu nome gravado.
No cosmos dessa imensidão.
Se desejas saber brasileiro
Se desejas saber brasileiro
Aperte com as m ̄os,
parte de seu corpo. E; sinta....
Os minerais da terra onde pisa.
A aguas de teu corpo,
que vieram das margens
Pl£cidas de nossos rios.
Dos raios fugidos, que tomou pela manh ̄.
Do ar que foi inalado pelas suas narinas.
Para animar todos seus sentidos.
O sentido.. de pertencimento..
No acalento do Seio da m ̄e.
Depois de um grito retumbante,
De Liberdade..........
Sabendo que; que somos um povo
festeiro, risonho e límpido.
Que, entrando na avenida,.
levanta a arquibancada.
As vezes o samba atravessa,
Mas logo, se harmoniza.
E continua na cadencia.
Rumo ao iluminado Sol do Novo Mundo.
Marcos fereS
Se Ela Faz Eu Desfaço
A treze de maio
fica decretado
luto oficial na
comunidade negra.
E serão vistos
com maus olhos
aqueles que comemorarem,
festivamente,
esse treze inútil.
E fica o lembrete:
Liberdade se toma,
não se recebe.
Dignidade se adquire,
não se concede.
Caminhando
Enquanto eles mordem, feito cães selvagens.
Eu busco ser o mais livre possível.
Uma mudança pessoal que me transporte a um novo nível.
Sendo a mudança que anseio pelo mundo enxergar.
Me diga onde se encaixa o sermão dessa montanha ?
Quais bem aventuranças ?
Toda mudança partirá da nossa base.
A boa nova me trás luz para essência enfim voar com transparência.
Ainda creio no olhar que envolva todos em amor.
Inexplicável, de uma fonte inesgotável. Onde o peito se aconchegue no suprir de um abraço.
Menos palavras mais ações, fazendo o bem, mas sem pressões, tudo puro e natural, fruto de quem renasceu.
No dia frio a humanidade se aqueceu, não de forma egoísta, inspirada pelo autor da vida.
Aprendendo a cada passo da humildade e mansidão, na pureza de um cordeiro trouxe a força de um leão.
Felipe Almaz
O sabor
Quem tem pressa come cru.
Essa pressa lhe fez crudivoro.
Perdeu se o gosto por aquilo que era quente,fresco , prazeroso...
E nessa alteração perdeu se o sabor original.
A pressa para chegar ao destino lhe fez esquecer de apreciar a paisagem, não viu os rios, nem as cachoeiras, despercebido foi o ninho dos pássaros.
Correu cada vez mais rápido para com Deus encontrar, não percebeu que ele era o caminho por onde se percorria, não provou da verdade e vida.
Pois a pressa não lhe permitia experimentar.
Na corrida para Cristo, não percebeu que Cristo era o caminho, a vereda por onde se escutava o amor assobiar.
Mas quem percebeu viveu, nem frio nem morno, no presente foi quente.
Calmaria a desfrutar, somente a intimidade poderia revelar, viu os frutos brotar, até às árvores sem frutos serviram para abençoar nos deram sombras para descansar.
Cada passo fez sentido ao descobrir que Deus sempre esteve ali.
Hoje a eternidade experimentada, sem sofrer pelo amanhã.
Onde o gosto da presença veio como avelã.
Felipe Almaz
A vida é inerente a uma certa fragilidade, que nos faz ter medo de sair de casa a noite, sabendo dos prováveis perigos, mas que afirma e nos faz saber o peso das suas decisões e a liberdade das suas ações.
Olhar para várias casas, se perguntar se aquilo são lares, ou moradias temporárias, ou se alguém decidiu que aquele era seu destino final. Se as pessoas estão recebendo o amor que merecem, se existe algum animal esperando pelo seu companheiro voltar. Talvez exista um casal brindando taças de vinho. Talvez alguém está com insonia precisando conversar.
Mas eu não quero saber, de fato, as respostas, só apreciar as possibilidades.
Fomos castigados, humilhados e julgados
Não tínhamos direitos nem advogados
Sofremos com o sistema trabalhávamos noite e dia
Entregados como objetos á mercê da covardia
Na mata fechada faço orações
Pedindo ao todo poderoso muitas proteções
Me livra do chacal do mato capitão
Do hospedeiro coronel abutre sem coração
Dai me forças para aguentar a chibata me cortar
Que os estigmas provocados não venham a me matar
Que as correntes que me prendem venham a se romper
Que a maldade do humano não reine até vencer
Que o negreiro naufrague em um mar de fúria
Para que o meu filho não sofra com essa injúria
Que o escravo um dia tenha a sua liberdade
Possa andar pelos campos colhendo amor e felicidade
Pois nosso mestre é forte guerreiro lutador
Estamos nos organizando para o dia do esplendor
O Brasil vai estremecer, o progresso é o que resta
Discípulos da capoeira ; A luta que liberta ...
Sobre o teu dorso sou homem
sou criança, filho do vento
Luz-me um sorrir por dentro
que meus olhos não escondem...
.
E um dia, que honrar-te eu tenha
Só aceitarei nobre a valentia
Daquele que me não tente a revolta
.
Porque a nobreza não diminui, enobrece
E a liberdade...é valor supremo!
Eu não sou cego
Eu não sou surdo
Eu não sou mudo
E também não sou burro.
Eu vejo
Eu ouço
Eu falo
E eu sou educado.
Eu não vou fingir que não vi
Eu não vou fingir que não escutei
Eu não vou fingir que não falei
Esta foi a educação que eu recebi, esta é a educação que eu vós ensino, esta é a educação pela qual muito dos meus não tiveram êxito em adquirir.
Por mais que anos atrás muitos com a mesma tonalidade de pele que a minha eram escravos, reconheçam que eu não sou !
E pelo fato de ainda existir o preconceito, tenho como resposta este poema, recebi a educação de que um bom combate contra o mal se vence com o bem.
Deus me guiou até aqui, e para mim Deus é amor, paz e justiça, em todos os combates ele estará comigo, pois sou bem-aventurado por Cristo Jesus.