Poemas sobre Rios e Lagos
Nem muitas águas conseguem
apagar o amor;
os rios não conseguem levá-lo
na correnteza.
Se alguém oferecesse todas as riquezas
da sua casa para adquirir o amor,
seria totalmente desprezado.
Na cidade moderna, os
trilhos, as estradas.
Os rios nos levam.
E quando partimos nos
guiam, pelas próprios
desvios.
MEMÓRIAS
—
“Foi por intermédio da Bíblia, que eu entrei nos rios da literatura”. Mergulhei no livro do gênesis (Sefer bereshit) e quando vi, já estava em romanos; não consegui mais sair. Era um viajante cheio de fantasias, diante de um vasto universo. Renunciei aos traumas (memórias), e passei a ter uma visão mais humanística. Sem interrupção prossegui, entre bênçãos e incompreensões, não se tratava de ideologizo estético, ou moral, mas de uma reforma que acontecia em mim, séculos antes de conhecer quem era Lutero. Uma reconstrução do que é belo, uma reposição do encontro com a vida, através da palavra.
Mucurizeiro com orgulho
Sou das minas, das águas do Mucuri
Dos campos e das montanhas
Dos rios e das nascentes
Das pedras que formam
Num traçado exuberante
Do córrego da fumaça
Menino do Mucuri
Menestrel do lirismo
A boca que desperta turismo
De lampejos culturais
Das fontes luminosas
Que jorram suas águas aos ares
Da terra de eminentes juristas
Berço da liberdade que ecoa
Das tradições dos Otonis
De ideias republicanas
Do Rio Santo Antônio
E de todos os Santos
Das pedras preciosas
Que reluzem como águas marinhas
Sou de Topázio azul
Da praça TIRADENTES
Sou das minas
Do Vale do Mucuri
Sou da tradição
Da Filadélfia mineira
De Teófilo Otoni
Terra do Amor fraterno.
De tudo houve um começo...
De asas abertas...
Alguém que nunca voou...
Rios que perdi sem os ver chegar ao mar…
Tudo o que guardo...
São muitas palavras de ilusão...
Quando eu sonhava de amor...
Quando em sonhos me perdi...
Eternamente em fuga como as ondas dos mares...
A ti mostrei o meu olhar...
Mas serei sempre o que sou...
Meu destino esconde-se entre a bruma...
Achando sem nunca achar o que procuro...
Onde tenho a alma...
Mãos alheias não tomam...
O amor eterno que te ouvi jurar?...
Diga-me, agora, onde está...
Mãos de renúncia que não puderam me entender...
Este abandono custa...
Poque estou contigo e tu não...
Mas não sei trocar a minha sorte...
Quando o que há é só o agora...
Como existir no esquecimento?
Fugindo com o vento sem ter onde pousar?
Sandro Paschoal Nogueira
Saudade e Cura
Ontem reencontrei os amigos de sempre,
Conversas como rios de memórias,
E a saúde, ou sua falta, era o tema.
De rinite a resfriado, navegamos,
Por mares de exames e diagnósticos,
A bariátrica, um fantasma na mesa,
Uns a defendiam, outros, cautela pregavam.
Na clareza da vida que avança,
Envelhecer, um fardo inevitável,
Aquela que não poupa ninguém,
Nos observa, silenciosa e constante.
Mas que bom ter amigos ao lado,
Para dividir o peso e a leveza,
Seja na alegria ou na dor,
A alma se aquece, o coração se alivia.
Que me falte a saúde, se assim for,
Mas que nunca me faltem os amigos,
Pois na partilha do viver,
Encontro a verdadeira cura.
Tolerar não é concordar, mas haverá o dia em que os rios irão seguir caminhos diferentes. Viva a vida sua mas não fique preso a um mundo vencido.
Ser Mineiro...
Ser Mineiro é bão... bão dimais
Minas tem rios, parques, montanhas
Tem fogão a lenha, lenha pra fogueiras
Tem gente humilde, Fé e cachoeiras
Minas tem o canto das lavadeiras
Nas janelas do Vale, as namoradeiras
Tem as obras sacras de Aleijadinho
Tem o Barroco que dá vida às Catedrais
Ser Mineiro, é bão dimais
Tem galope de vento ao pé da serra
Tem broa quentinha, o queijo, o requeijão
O cafezinho, nascido do moído grão
Tem benzedeira, tem parteira
Tem viola, que desperta a emoção
Tem cachaça e confusão
Que termina em abraço de irmão
O que não falta em Minas
São estórias e férreas estações
Que trazem, navegando em vagões
Doutores, galos, mães e peões
Rios de dopamina,
quando sinto
a tua foz,
caindo sobre mim,
como gotas de chuva
e lágrimas
caiam no mesmo
vazio
Encontro com rios
Encontro tantos rios
Navego cativado pela beleza
Onde respiro a natureza
Toco a natureza
Reconfortar meu ser.
No que sei e na tua certeza
as gotas de orvalho que caem das folhas
são como os rios de suor que escorrem
das colinas do teu corpo em noites de chuva.
Hoje fiz uma viagem, viajei para vários lugares
Atravessei montanhas, rios e mares, e me aventurei pelo tempo
Entrei no passado, e depois no futuro, me perdi, tento voltar ao presente,
mas logo o presente será o futuro, acho que vou ficar aqui, esperando o presente chegar no futuro, para eu voltar o passado.
Mas, se o passado não passar, não voltarei ao presente, viajarei eternamente, onde o pensamento me levar, de continente a continente, caí no túnel do tempo.
Siga o exemplo do Oceano
que coloca-se sempre um nível abaixo dos rios
e por isso mesmo se torna imenso e majestoso.
A humildade engrandece.
Na Bahia descobriu a beleza
entre matas e rios a pureza
De uma terra linda e encatadora
Na Bahia de Salvador de todos os santos e orixas
Da reza a macumba da roda de capoeira
Do Carnaval em todas as épocas
Da música popular brasileira
Ah, Bahia dos apaixonados do cacau
Da vida de quem sabe apreciar uma boa culinária de tantos sabores e cores tanto quanto a sua diversidade
Bahia da igualdade de muitos povos que se fizeram um Bahia brasileira
Bahia de praias exuberantes de um povo alegre e feliz
Do tamanho do Brasil
Do descobrimento a um povo varonil...
Bahia
Um Sopro de Amor Sob a Lua
Nas sombras suaves da noite falante,
Longos cabelos fluem como rios de seda.
Mãos de cavalheiro, delicadas, excitantes,
Tocam com graça que o tempo mal mede.
A leve curva de um corpo inclinado,
Beija a alvorada na pele da dama.
Branco e puro, o dorso iluminado,
Por um amor que tudo acalma.
Sua pele, um campo de lírios em flor,
Exala perfume, que ao céu se eleva.
Suspiros soam, música de amor,
Num romance que a noite revela.
Cada carícia, uma palavra não dita,
Em versos de afeto, a paixão se convida.
E naquele instante, tudo se acredita,
No toque, a essência da vida.
Os Rios encantam
O Mar é inspirador
A água doce dos Rios acalma
A água salgada do Mar renova, e aquela areia monazítica de Guarapari é saúde.
A água que cai do céu
É a mesma que enche os rios onde me banho
A água que nutre a terra fértil
onde brota a vida que alimenta o ser
Esta água que limpa e purifica é a mesma que em chuva cai do céu
Esta água que é vida...
MINHAS LÁGRIMAS DE DOR
Minhas lágrimas de dor, como rios a correr,
Escorrem pelo rosto, trazendo o sofrer.
Cada gota é um lamento, um eco do coração,
Um peso que se arrasta, uma profunda aflição.
No silêncio da noite, as sombras vêm dançar,
E a solidão me abraça, difícil de suportar.
As memórias se agitam, como ventos a soprar,
E em cada lembrança, sinto a dor a pulsar.
Ah, como é pesado o fardo das desilusões,
Carrego o peso dos sonhos, das não concretizações.
As esperanças quebradas, como vidro a estilhaçar,
Refletem em minhas lágrimas, um grito a ecoar.
Mas mesmo na tempestade, onde tudo parece escuro,
Busco uma centelha, um sinal do futuro.
Pois as lágrimas que caem não são só de dor,
Elas também são sementes que brotam o amor.
Minhas lágrimas de dor, que caem em silêncio,
Podem ser a purificação, um caminho para o senso.
Elas lavam a alma, limpam o coração,
E em meio ao sofrimento, há espaço para o perdão.
Então, permito que fluam, que expressem a verdade,
Pois em cada lágrima, há uma parte de minha humanidade.
E ao final da tempestade, quando o sol voltar a brilhar,
Sentirei que a dor também me ensinou a amar.
Minhas lágrimas de dor, um tributo à vida,
Elas falam de coragem, de uma luta querida.
E se um dia me perder, no labirinto da solidão,
Que essas lágrimas me guiem, me tragam a direção.
Poeta: IVAN GUEDES BLACK JÚNIOR