Poemas sobre Rios
Dois Rios que se Beijam no Mar
A gente sempre esteve perto,
mas nunca no mesmo passo.
Como dois rios correndo lado a lado,
sem nunca se tocarem.
Faltaram palavras, restou silêncio.
Fomos como pássaros errantes,
que migraram para estações opostas,
barcos que viram o porto
mas não conseguiram ancorar.
O tempo passou, levou a oportunidade,
deixou só essa sensação estranha,
um abraço que nunca aconteceu,
essa saudade do que poderia ter sido,
esse amor não concluído.
Se ainda houver chance,
que seja o vento, que seja a chuva,
que seja a luz que racha a escuridão,
um destino que se reencontre,
onde os desencontros se acertem,
e os rios, finalmente, se beijem no mar.
O grande culpado pela devastação de florestas poluição de córregos, rios, mares e ar são, cada um dos seres viventes no planeta.
Somos pequenos cupins devastando cada micro cantinho de algo que ao somar aos mais de sete bilhões de terrestres contribuindo para tornar este planeta um queijo suíço.
Nenhum de nós tem noção ou se importa em conservar móvel ou objeto de nossas casas por estarmos egoisticamente reproduzindo devastação.
...e a catástrofe já foi anunciada.
Nos repensemos em nome da preservação.
O vento faz os campos
de pastagem e rios
chorosos como cuatros,
o tempo não levou
a bondade do velho pai
que sofreu na pele
a perversidade e injustiça
contra o honrado filho.
Passaram mais de três
anos e o velho pai
pela força do destino
foi levado desta vida
sem ver o sol da justiça
para o filho perseguido
e injustamente preso
por um atroz enredo.
Como a testemunha
da janela vendo sempre
a maldade dos homens
só sei que tudo que
vejo tem me dado medo;
sigo mesmo assim
despedindo-me do velho
pai que se foi sem
ter visto para o filho
o raiar do sol da justiça.
Com o chapéu no peito
como o bom vaqueiro
e prece sonora erguida
misturada a Alma Llanera,
nas linhas a despedida
tão distante e próxima,
que por cada um esta
minha letra também chora.
O vento faz os campos
de pastagem e rios
em notas desmanchadas
deste meu cuatro triste,
só sei que por este filho
em memória deste Pai
agora mais do que nunca
não desistirei de rogar
pela liberdade porque
tenho quero acreditar
que a bondade ainda existe.
(In Memoriam a Don Jorge)
Entre Rios
Os teus povos kaingang
e tupi-guarani ali já
estavam antes dos pioneiros
que denominaram a terra
de Toldo dos Índios,
E sob o respeito ergueu-se
a Entre Rios das etnias
que orgulha com o convívio
entre o artesanato indígena
e o valente garimpo,
orgulhando Santa Catarina
e escrevendo a História todo o dia.
Entre Rios, meu poema cidade,
é no Salto Saudade contigo
me encontro para dizer que
de ti só me orgulho e enamoro.
Entre Rios, minha cidade poema,
tenho orgulho do teu povo
e desta cativante essência brasileira.
Desde a primeira vez
lembrei das fronteiras,
das correntezas dos rios
e quando te vi algo
lindo fez querer ouvir
você dizendo para mim:
"- Ama-me, senhora."
Se estiver certa,
fiz a promessa
de não ir jamais embora;
Amor de verdade na vida é
feito para não ser jogado fora.
No ritmo do Chamamé,
ao som dos violões,
da gaita de botão
e do bandoneon,
Você só vai pensar
como o amor é bom.
Quero ouvir você
com improvisação,
cheio de empolgação
e com tom de paixão
dizendo para mim:
"- Te protejo, senhora!"
E dançar contigo até
o raiar da aurora,
Se não houver o raiar do amor,
é melhor que cada
um escolha o caminho e vá embora;
para que fique o melhor na memória.
Como dois rios
que se encontram
nós dançaremos
o lundu em noite
de céu aberto
com direito a Lua
feito pérola poética,
amorosa e revelada
pela sutil concha
escura do Universo.
Lambari versinho dos rios,
na poesia das lagoas,
no poema dos córregos
e poético das nossas represas,
presente no adágio popular,
nas águas doces brasileiras,
és meu bonito pedacinho
de Pátria adorada que
merece recordação apaixonada.
A ventania soprou as areias
das cacimbas dos rios,
Não vou morrer engasgada
pelas areias e nem mesmo
pelos meus próprios poemas,
Mesmo nesta escuridão
eu preciso falar,
Mesmo que seja tarde
demais eu preciso não calar.
A Amazônia vive uma
tempestade comparável
a de um imenso deserto,
Ficar fingindo que não
vejo nunca será o correto.
Fechei a janela para o vento
não trazer as areias,
Eu sem contar o tempo
não tenho parado de rezar
para que venha chover neste lugar.
Enquanto a tempestade não
passa vou fazer um colar
para me embelezar diante
do teu encantador olhar.
Eu sei quais as sementes que
vou eleger para me preparar,
como o teu coração enfeitiçar
e fazer o teu desejo me deificar.
Muitos não sabem a diferença
entre Pau-Brasil e a Tento-Carolina,
A diferença está nas suas flores,
nos caules e nas cores:
O quê eu quero é o Pau-Brasil reinando como o senhor dos senhores
no meu colar que haverei
com ele de te capturar absoluto
para em nome do amor se entregar.
Pescador de Rios
Navegando pelos rios
poéticos com toda
a minha Humanidade,
Que nos mantém
sempre limpos,
que saciam a sede
e que nos dão peixes,
Sobre a gratidão reflito
e sobre a sobrevivência
do pescador que vive
do que o rio concede
e muitos não veem,
A agonia coloquei
no coração porque
mesmo longe dele
os meus olhos veem
e o meu coração
também percebe
imensamente porque
sem a bênção do rio
eu também não vivo.
Panapanás de Gema-de-Ovo
nas beirinhas dos rios,
Alegria sublime e pampeira
de imaginar que você me queira
como quem escreve um
poema para a vida inteira
de corpo, alma e coração
em comunhão perfeita.
Encontre-me no Encontro
Dos Afluentes dos Mares e Rios,
Corredios, Exuberantes, Vadios...
Encontre-me onde as Águas em Uníssono,
Cantam Hinos de Harmonia e Paz,
E as Margens circundantes,
Se vestem de Doirados Verdes Pujantes...
Encontre-me onde as Aves em rodopios constantes,
Entre aromas de Maresia e Alecrim,
Com seus chilreios matinais chamam por mim...
O meu Nome é:
"LIBERDADE"
Em todos os caminhos
há pedras e espinhos
em outroshá rios e montanhas
mas o caminho do poeta
é cimentado sobre
cobras e aranhas.
“Viajas como os rios,
Que fluem guiados por ventos;
Águas carregadas em correnteza,
Levam vida ao solo que lhes traz base,
Seguindo o caminho sereno,
Se desfazem do árduo,
Destinadas a desaguarem no mar;
Mergulham ao subterrâneo
E jamais haveriam de se contentar com menor profundidade,
Pois sabes, águas estão sempre a prenetrar lacunas;
Ainda na tempestade, no interno de tuas marés há calmaria;
Conforta-te com o silêncio,
E achas em si o equilíbrio,
ao deparares-te com a luz,
Reflete-se em tua face o toque suave
das chamas do astro rei;
Desperta-te.”
Não é sempre que os rios, ao desviar-se dos obstáculos, seguem sua rota original; tampouco se curvam sempre diante da vontade do destino.
Às vezes, alteram seus cursos, abrindo novos caminhos para fluir de maneira melhor.
Assim como os rios, somos chamados a desafiar as fronteiras, a derrubar barreiras, a forjar novos caminhos, a nos recriar, a nos transformar na mais sublime expressão de nós mesmos e a fluir, pois a vida é uma eterna metamorfose.
Tecendo as teias do meu destino,
percorro caminhos enviesados.
Mergulho em rios translúcidos.
Viajo entre as brumas do pensamento.
No abismo da minh ‘alma
ouço os ecos
dos sorrisos estampados nas fotografias
amareladas pelo tempo...
Agora, pelas janelas do trem
observo os tique-taques dos relógios passando por mim,
platinando com o orvalho da madrugada
os meus longos cabelos,
que outrora reluziam diante do sol
A estrada é longa e misteriosa,
repleta de suspense e fascínio.
Amanhã, finalmente desvendarei
as verdades escondidas por entre as frestas das vozes
melodiosas e
enigmáticas dos filmes de Carlitos...
Valnia Véras
Naufragar
Por vezes, internamente,
necessito naufragar.
Coberto de rios e oceanos,
ao emergir a minha alma
está repleta de ilhas
e vagarosamente construo
novos cósmicos continentes.
No coração das matas, onde os rios serpenteiam, veias do Brasil,
Corre, livre, a água da vida,
Que brota da terra, viajando,
Até o coração do país.
Nos tesouros perdidos, em que um povo se resgata,
Os caboclos bradam.
Nas lendas da Amazônia e nas senzalas,
Ecoa, forte, o grito ancestral de resistência.
Mistérios antigos, escondidos no seio das florestas,
Gente que fala com as árvores,
Que entende o canto dos ventos e a língua dos animais,
Conhece os caminhos das águas, do céu e da terra,
Esta, nossa pele sagrada,
Resistente ao esquecimento, jamais se renderá,
Nem será dobrada pelo medo.
Esta é a terra da Ararajuba,
Das belezas do Rio de Janeiro,
Mas também da Revolta dos Alfaiates,
Onde o sangue da resistência ainda fervilha nas ruas.
E nos cantos africanos, me abrigo,
Na força dos ancestrais que nunca nos deixaram.
Reencontrando a terra que nos gerou,
Erguemo-nos, firmes e imbatíveis,
Com coragem inabalável, raízes que nos sustentam,
Lutamos para assegurar o direito de viver,
E proteger o amanhã,
Na força da mata, nas folhas da Jurema,
Os povos que aqui estavam e os que chegaram,
Ainda resistem,
Guardados pelas forças ancestrais.
A liberdade, a ferro, foi conquistada,
Na carne e nas marcas de um povo heróico,
Que jamais deixou de crer
No axé, na luta,
Na força que brota de sua terra.
Não mais seremos subjugados,
Não seremos apagados nem silenciados,
Porque a nossa voz ecoa,
Mais forte que os grilhões
Que um dia tentaram nos calar.
Ainda lutamos,
Com a clava forte,
A terra é nossa,
E jamais será tomada.
POEMINHA DE REFLEXÃO
Construimos pontes
desviamos rios
criamos vidas
tiramos vidas
reformamos deuses
a inamovível certeza de sermos
senhores, donos e reis do Universo.
Bactérias dissolutas
tsunamis, efeito estufa
vírus devastadores
rios e represas secando
desastres catastróficos
realçam o ridículo de sermos
senhores e donos do Universo.
Autor Benedito Morais de Carvalho (Benê)
Quase Nós
Éramos dois rios que queriam o mar,
mas corriam por margens opostas.
Dois tempos que nunca se encontram,
duas almas quase dispostas.
Nos olhos, havia promessa.
Nos gestos, carinho e abrigo.
Mas o mundo — cruel em seus mapas —
não traçou o mesmo caminho.
Faltou tempo, sobrou sentimento.
Faltou coragem, restou lembrança.
Vivemos no eterno “e se...?”,
no espaço entre o medo e a esperança.
Não foi falta de amor, eu juro.
Foi excesso de mundo, talvez.
Fomos poesia sem rima no fim,
história que o destino desfez.
E mesmo longe, ainda sinto
teu nome sussurrar no ar.
Fomos quase. Quase tudo.
Mas o quase não sabe ficar.