Poemas Pássaro
Assentada sobre a rocha alta e aquecida, aguardando mais um pássaro pintar essa tela. Ouvimos a corredeira, tocamos a água do leito. Sentimos o calor na pele. Queremos voar para refrescar a alma. Queremos a liberdade de ascender. O vento parece forte, mas não suporta nossa bagagem pesada. Aqui de cima pensamos como deveria ser, como deveríamos ser. E concluímos estar fora de alcance. A corredeira balança os galhos, contorna a rocha, nutre o limo, compõe a tela. Mas ainda esperamos o pássaro pintá-la. Está mais calor que antes. O Sol queima a pele. Os olhos recolhem-se ainda mais. A tela está menor. Mas com dificuldade, ainda aguardamos o pássaro passar, ditando como deveríamos ser. Está queimando, está ardendo, e com os olhos fechados, sentindo o vento bater sem refrescar a pele, me pergunto como seria se soubéssemos que desmoronaríamos. Lancei-me. “Como pensávamos que poderíamos voar, agora mergulhamos”. E o fazemos com tudo que somos.
A coragem de ser livre.
Dali
voar, e no fim ser devorado por um passáro
depois do banho de formigas
o voo de abandono a gangue
a pena negra nunca esquecida
e o canto que restou por todos os danos
não é para efeito de tempo
os relógios derretendo
e as caravanas longilíneas nos desertos
não querem devorar um religioso
está apenas fragmentando os prisioneiros
os tornando livres em seus sopros
em teu nascimento a face oculta celebrou
e um pouco de cada pedaço teu guardou em gavetas
codificou em estigmas as respostas dos segredos
e no sofrimento fez a chave
no amor nada
no prazer o caminho
na dor o intento
na solidão a compreensão
no desejo a vontade
da indústria do circo
a plebe tem saudade
do veneno do vício
do vício de lealdade
da causa que dá sentido
por não ter escolha
ignorantes da unidade
onde tudo se fragmentou
quem dele se decidiu ser cada parte
de uma mão que toca o violino
seu corpo está longe
na beira de praia
esse corpo em descarte
de tua torre enviou um navio até a minha
para encontrar algo sem sentido que te retorna
te inflama e me traz de volta tuas cinzas
no regresso queima a minha
leva as cinzas e no mar naufraga
para sempre no fundo
onde tudo ressoa.
Passaro livre
Livre se vive
Vive de bem
Bem te vi
Te vi
Tive
Voou
Voou
O que fizeste das tuas asas?
Aprisionou-te o medo
Ou perdeste a vontade de voar!
Hoje se perdeu no céu um pássaro que voava só. Perdeu-se tentando se achar na imensidão e por entre as nuvens ele passava, ele ia e ele voltava.
Hoje ele cansou de voar sem encontrar o caminho, quis voltar para o ninho e ser só passarinho.
Perdido, sem rumo certo, respirou fundo, mergulhou no infinito, se achou livre, sem amarras e foi.
Nildinha Freitas
O peregrino e o pássaro.
.
E, se fossemos tradutores do frio?
Esse arrepio teria tradução?
Dizia, o pássaro ao viajante,
-- Eu vejo eternidade nas tardes,
nas manhãs relembro as estações
-
Em viagens distantes,
conhecerás a esperança,
experiência de imensidão
cláusulas de vida,
despedidas e lágrimas,
mas também recomeços
cantos e confrontos
florestas e lagos,
é o preço que pago
e ainda pagarei
por continuar
caminhar
A CANÇÃO DAS MANHÃS
(Marcos Peixe)
Um pássaro pousou
Na manhã da criança
Chilreando em seu ombro nu!
O orvalho, em gotas,
banhava folhas e flores,
Saciando a sede das borboletas.
E o pássaro, pousado
No pequeno ombro nu
Gorjeava a canção das manhãs.
Nunca quis te prender
Sempre disse que não
Se prende um pássaro
Cuidar não é aprisionar
Isso aqui não são só palavras.
São sentimentos de dentro do meu coração que eu através dessas palavras coloco para fora.
Que pena que você não me entendeu.
Misturastes cuidado com severidade.
Quando eu perguntava como é que estão as coisas era para poder dividir contigo a alegria que você estivesse tendo no momento e dividindo as tristezas e mostrando para você que vai ser sempre um novo dia e que aquilo que você deixou de conquistar naquele momento mais à frente você vai conquistar.
Pena que eu não fui compreendido.
Hoje virei algo distante na sua vida.
Não tem problema eu vou estar aqui de braços abertos para te ajudar sempre que for preciso.
Espero que o dia que você conseguir me entender posso estar aqui para ouvir o que tens a me dizer.
A verdade mesmo é que não me encaixo,
Sou pássaro livre,
Incontido,
Quebrei todas as gaiolas que dos que acham que me prendem,
Meu canto é livre,
Meu vôo, nunca baixo,
Gosto de cada traço,
Gosto do exagero,
Do Caos,
Sou a última gota,
Também sou o balde que transborda,
Prefiro o sentimento que me corta,
Do que o copo vazio,
Pobre e sem vida que discorda,
Não tenho limites,
Existe régua pra medir o Universo?
Então, porque preciso ser o inverso?
Por isso falo o que penso,
Choro,
Grito,
Gargalho,
Gemido alto, nada escondido,
Sou uma força da natureza,
Energia,
Pura,
A cura...
Para esse mundo de lamentos e mentiras,
Vivo ao inverso desse mundo,
Vivo o puro e profundo,
E é isso que tenho atraído no mundo.
Sem medo.
Esse é meu segredo.
Super Bonder preparado,
Para cara e coração quebrados,
Quando precisar,
Mas,
Me jogo,
Logo.
De cabeça,
Sem titubear,
Aprendi a ser meu próprio lar.
Pequena ilha
a milhas da costa
contempla o continente
e descansa
Fixa,
move o mar
Pássaro ínfimo
habita
Barco noturno,
distante
Luz móvel,
errante
Meus pés de areia
- Ilha distante –
Sopro de esperança,
vista que mal te alcança
Se eu fosse um pássaro
eu voaria pelo céu azul
mas quando voltasse para casa
sei que ele estaria cinza e eu veria a chuva cair
ninguém viria para me alimentar
pois eu seria um pássaro, que já sabia voar
porém não sou
nunca voei, ninguém me ensinou
nunca comi
se eu fosse vivo...
Vermelha uva
- Vinho -
Cacho sem espinhos
Ramos podados
Cipós sustentados
e o pássaro em volta
Um grão no papo,
outro no chão
O canto silvestre
de agradecimento
Se não fosse o pássaro
seria o vento.
quisera Eu: ser um pássaro
para voar além do horizonte.
beber água na fonte, semear nos vales e florestas.
colorir com suas penas a visão de quem incansavelmente
é apaixonado pela natureza.
quisera Eu: ser o tenor da mata
nos primeiros raios de sol.
quisera Eu : ser pequenino
mas grande na sua beleza.
quisera Eu: ser o canto
suave acalmando as dores do mundo.
quisera Eu : ser o libertador
das amarras e gaiolas do medo.
quisera Eu: ser a paz destruindo conflitos
e unindo nações.
QUISERA EU!!??
Resignação
O pássaro canta,
A melodia corrói as defesas da alma,
Todas as músicas
Submergem....
Um silêncio!
Lembranças...
Sonhos nascidos,
Vividos,
Cada dia como se fosse o último,
Como diz o poeta.
Fica
A essência,
Esse perfume que embriaga,
Envolve em nuvens de pensamentos,
Viaja infinitos,
Reduz distâncias,
E fica.
Agarrado a tua pele,
Envolvido no teu corpo,
Tatuado na tua alma.
Como o primeiro raio de sol
Que brilha, ilumina,
aquece a terra.
Explode de vontades,
E caminha,
Sempre...
Um passo na frente,
Outro atrás.
Assim, foi o que aprendi,
Quando criança.
Persegue-me a Sombra de um Pássaro -
Persegue-me a sombra de um pássaro,
voa em silêncio
bate as asas sobre as tardes fugidias
que se adensam
do nascer aos dolorosos poentes dos
meus dias ...
Persegue-me a imagem de um segredo,
fantasmas dos dias que passei,
das horas que vivi,
dos olhos de quem amei!
Sombras que me pertencem... agora...para sempre ...
E é chegada, enfim, a hora!
Mostrai os vossos rostos, os vossos risos
ou cantos de dor!
Arde em mim uma esperança ancestral;
ecoam os aromas, as vozes das mesmas gentes.
Não morreram! Estão em mim!
Então porque me persegue a sombra de um pássaro que voa em silêncio
e que bate as asas
sobre as tardes fugidias que se adensam
do nascer aos dolorosos poentes dos meus
dias?!...
Sou como um pássaro
Vou-o o céu distante
Fazendo-se apto
Para cheirar o perfume
Num rumo
De muitos fluidos
Sendo o espírito vivo
Onde me disperso
Acabando por impressionar
Pelo que que desejo visionar
Emanuel Bruno Andrade
Um pássaro voando alto, rumo ao infinito e a um mundo vasto.
Vendo de cima a solidão do homem no jardim, tristonho e feliz no seu belo universo.
E ao horizonte viu uma estrela, pequena e cacheada refletindo na cachoeira.
Para o homem um belo milagre, tão pequena, tão doce e suave,
desejou beija-la com ternura, e se apaixonou naquela loucura.
O poderoso *Lucius* tinha um pássaro lindo, invisível aos olhos de outrem, que andava ao seu lado. Era uma esbelta coruja que tinha o poder de lhe revelar - dentre muitas coisas -, qualquer coisa de valor no subsolo, por onde pisava seus pés...
🦉
AS CORUJAS PIAM
Nem sempre tudo está muito claro,
E de pijamas tudo é sempre obscuro,
Os pássaros silenciam e as corujas piam,
Os gatos fazem um escândalo...
Eu tento entender as constelações
E tudo mais que me parece ininteligivel
Como supor que alguém me espiona
Ou imaginar monstros debaixo da cama...
O resto se sintetiza nos olhares perdidos no vazio,
Famílias que mendigam nas calçadas,
Essas coisas que fontes luminosas de shoppings luxuosos
Ou flores raras de jardins irreparáveis não conseguem maquiar.
A filosofia é um bálsamo pra alma,
Não que explique tudo, pelo contrario,
Talvez o seu maior encanto é caminhar vendada
À beira de um precipício;
Mas isso não deixa de ser uma lógica.
Quando temos a teoria: o que me encanta são os desencantos...
O que me encanta são os desencantos...
Então não parece muito claro, por mais claro que possa parecer...
Queremos o sempre por mais obscuro que possa ser
As tardes vazias por mais vazias que sejam sempre
As fontes , as flores...e o que vai mudar o que somos ?
O que vai mudar o que somos?...
Se a pureza de nossos olhares se perderam
Nos lampejos vespertinos dos nossos desejos