Poemas para uma Pessoa Querida

Cerca de 35205 poemas para uma Pessoa Querida

⁠De Sorte –

⁠Se você já me viu feliz
— genuinamente feliz —
acredite:
você é uma pessoa
de sorte.

Inserida por SilvioFagno

⁠Confusão –

Têm pessoas que
vivem para o
apego.
Outras para o
estrago.

E a vida
— divertidamente trágica —
(por todas elas e aos
pranto de tanto rir),
só se dá o trabalho
de apresentá–las.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Um Alívio –

O Velho Buk tinha razão.
Assim, vos digo:
Algum tipo de paz começa,
quando você começa a
diminuir certas coisas:

Primeiro,
a quantidade de pessoas com
as quis você tem algum tipo
de relação na vida;
Depois,
a importância dessas pessoas;
E por fim,
as expectativas sobre essas
pessoas.

Felicidade? Não, não acredito
em tanto.
Talvez uma espécie de alívio
— algo como um caminho
a algum tipo de paz.

Inserida por SilvioFagno

⁠Meu Pai –

Meu pai está sempre
exagerando nas
coisas:
Eu digo-lhe: "Pai,
quando for à rua
traga-me três sardinhas,
daquelas com molho."

Dez minutos depois chega ele
com cinco sardinhas. – e eram
uma e meia da tarde de um
sábado quente de verão.

Já perdi a conta de quantas vezes
eu acordei e percebi que ele já havia descarregado todo o carro,
subido, silenciosamente, as escadas trazendo minhas roupas
e os pães e o que mais havia.
Depois, cuidadosamente, preparado o café (que se não esfriasse, duraria três dias), enquanto, paralelamente, lavava
os pratos e copos e talheres do meu dia anterior ao dia anterior daquele dia.

Meu pai está sempre fazendo coisas a mais para poupar-nos
da coisa maior.

Exagerado, ele sempre diz:
"se não sobrar não deu".

Meu pai sempre foi muito calado
e discreto com as palavras,
mas sempre fez e faz o que pode
e um pouco mais por todos nós,
em gestos simples, nobres e
exagerados de amor.
Digo, MUUUUITO
AMOR!

Inserida por SilvioFagno

⁠Um Abismo –

⁠Minha felicidade é só um detalhe:
Um olhar, um sorriso...






— um abismo.

Inserida por SilvioFagno

⁠Cruel –

Não estamos prontos para
a verdade.
Nunca estivemos, nunca
estaremos.

Sapos aparecem quando insetos
aparecem. — é a natureza
das coisas.
Embora o resultado disso (em que insetos são engolidos vivos), possa parecer, um tanto quanto, cruel, é apenas o fluxo natural
das coisas.

O SER HUMANO É CRUEL! — pois tem a consciência dos seus
atos — da dor do outro,
do sofrimento
do outro.

Mente conscientemente; maltrata conscientemente; mata
conscientemente.

Não estamos prontos para
a verdade:
Culpamos a sorte;
Culpamos o destino;
Culpamos a vida — nunca a
nós mesmos.

Culpamos deuses e diabos — nunca, nunca a nós mesmos.

Não estamos prontos para
a verdade.
Nunca estivemos, nunca
estaremos.

Inserida por SilvioFagno

⁠Circos Pobres -

⁠As redes sociais são como
circos pobres — de essência.
Com palhaços infelizes, superficiais e sem
muito talento.

Mas quando as cortinas se abrem (ainda que as piadas sejam
repetidas, vãs e, muitas
vezes, levianas),
é preciso divertir a plateia
— também de palhaços —
tão infelizes, medíocres e
superficiais quanto
todos eles.

Inserida por SilvioFagno

⁠Traição –

Naquele dia eu morri.
Sim, eu morri.
Mas morri porque
mataram-me.

Eu não queria morrer. — em mim,
havia sonhos, havia desejos,
havia sentimentos.
Mas, naquele dia, mataram
tudo.
— Mataram os dias seguintes,
as semanas seguintes, os meses... aquele ano inteiro e todos os outros dias até este.
Mataram-me e dançaram sobre
meus restos mortais.

Ainda estou no chão
— quase imóvel, fragmentado, esquecido —
mas há um sol nascendo de dentro para fora,
forte como uma criança que cresceu,
mas não desaprendeu sua
melhor brincadeira.

Inserida por SilvioFagno

⁠O Cão Triste –

Certa manhã, enquanto eu cruzava um terreno que fica atrás da
minha casa,
fui surpreendido por um cão
que está sempre preso
naquele local.

Ao passar perto do animal
e quase pisoteá-lo,
ele tentou, por duas vezes,
morder-me.
No susto eu o olhei e,
só então, vi:

Olhos de tristeza. — tristes olhos de mágoas e tristezas de um pobre cão preso.
E eu quase o pisei.
O pisoteei em todos os outros
dias quando o ignorei.

Então, ele olhou-me com seus olhos de remela e mágoas e tristezas e, como num
clamor, parecia dizer:

"Olha, a minha vida é isto — esse chão sujo, áspero, quente, de dias e noites de solidão, preso a uma corda velha e suja, já tatuada
em meu pescoço.

Eu não sou aquela pedra imóvel
e alheia a tudo que está
aí à sua frente.
Nem esses gravetos secos e ponteagudos próximos
aos seus pés.
Eu emito sons, eu pulo, eu corro, eu me alimento, eu sinto dor,
eu preciso de carinho e cuidados, e dizem até que sou o melhor amigo do homem.
Mas, e o homem?

Vivo neste mísero espaço de terra e entulho desde que cheguei
aqui, amigo.
Nem nome deram-me.

Vejo outros cães livres (com seus problemas), mas livres — sem uma corda presa ao seu pescoço — servindo para lembrar-lhes que há uma saída, uma última saída,
mas, para mim, nem essa."

Aquilo me cortou o peito,
e tudo que eu pude fazer foi ir até minha casa, juntar um pouco de comida e água e levar até aquele sofrido cão revoltado que, àquela altura, me recebera com alguma cordialidade (animal).

Deixei-o comendo — apressado, voraz — aqueles restos de restos,
e vim embora.

Mas aqueles olhos tristes,
aqueles olhos sofridos e magoados.
Aquele quase clamor uivado
e interno,
aquela revolta, aquela corda
no pescoço ainda... ainda
sufocam-me.

Inserida por SilvioFagno

⁠A ânsia

Se tu reparar um momento
Neste mundo que está mudando
Não vai ver o que vou dizer agora
Pois seus olhos estão te enganando
Mas aposto que já sentiu
O que o coração pressentiu
Desse assunto que seguirei contando.

Começo pelas pessoas
Que tomaram certa distância
Do tamanho de um abismo
A grandeza foi a intolerância

Cada um fechou em si
O motivo? Talvez a competição
Pela corrida da ascensão individual
Que deixou de ser só uma opção
E a estratégia é ser racional
Criar o melhor marketing pessoal
Pra se vender na próxima promoção.

Produto desta circunstância
Logo tornamos
E como em um hipermercado
Aguardamos quem nos compre, mas também compramos

Quem está no topo
É elegido para ser o espelho
Dos que estão bem atrás
Estes, acatam o conselho
Muitos não entendem o nexo
Porque é diferente o reflexo?
Depois de ralar tanto o joelho.

Mas é uma fábrica de desejos
Não há tempo de compreender
Mas sim de ajuntar riqueza
Pois é ela que garante o poder.

Assim com bastante correria
Esquecemos de nós no caminho
A mente tão cheia do saber
O coração frio e mesquinho

Na alma a vontade de encontrar
Um sentimento capaz de curar
O medo de estar sozinho

Começa daí um movimento
Reconstruindo uma ponte de união
Onde, de um lado, um grita pela causa
Que defende do outro, o seu irmão

A injustiça teve o seu papel
A sociedade acordou
E em um senso de empatia
Com as vítimas se solidarizou
Da tecnologia brotou um empurrão
Que ergueu a voz do chão
E ao mundo se espalhou.

O nó na garganta foi superado
Dando lugar ao direito de opinião
Que vindo do calor da emoção
É muitas vezes usado errado
Com ódio e maldade escancarado

Fragmentos de uma ferida compartilhada
Do silêncio que por muitas foi habitada
Resta delegar ao tempo intermediar
Encontrar no diálogo o remédio de curar
Na pessoa, a ânsia de se sentir encontrada.

Inserida por goulart_esdras

⁠⁠⁠Ande -

Há um segredo em
meu peito, venha: ande.

Aqui
pode estar revelado em meio a sinônimos, desejos, afetos —
no contrário, no oposto,
no lado inverso:
do nome,
da escrita,
da intensão.

Observe mais: ande.
Não pare, continue:
ande.

A quero bem, longe.
A quero bem, triste.
Sem mim não, distante
não.
Então: ande.

Sem ti (aqui) não
há luz
nem cheiro
nem som.
Vamos, depressa: ande.

Conserte este
equívoco;
Conserte meus
dias;
Conserte meu
coração —minha vida:
ande.

Conserte-se desse
aveso,
que eu converto-me
(in)verso,
para ficarmo-nos
a um passo:
ande.

Inserida por SilvioFagno

⁠Apenas Isto -

Um dia
eu vou vê-la sorrindo com
um outro,
e tudo que eu terei a fazer
é deixá-la (feliz).

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠⁠O Que Mais Dói -

O que mais dói é que a
gente sabe o quanto
é intenso,
cuidadoso, amoroso.
(E como é, talvez um
dia não mais
será).

O que mais dói é que a gente
sabe que, neste momento,
somente a outra pessoa
pode recebê-lo assim,
desta forma,
com toda esta força,
com toda esta vontade
e devoção.
(E como é, talvez um
dia não mais
será).

E é essa forma
(bela, nobre,grandiosa),
de sentire se dar,
transformada num sentimento
qualquer: inútil e desperdiçado,
o que mais machuca, o que
mais maltrata — o que
mais dói.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠⁠⁠⁠⁠Ó Deus do Tempo -

Ó Deus do Tempo,
por que tanta
maldade?

Por que puseste no Poeta
uma alma leve e melancólica
a carregar esse enorme peso da
angústia, do sofrimento?

Por que o fizeste assim:
tão intenso e lírico e
devoto — prisioneiro da inspiração,
dos sentimentos, da imaginação —
ó Senhor do Tempo?

Ora,
por que desnudaste
sua alma — que é seu canto,
seu caminho, seu universo inteiro?
É ela que o tem,
ó Senhor,
e sempre chega primeiro e,
ainda que guarde (acesos
ou em delírios ou em sono
profundo),
todos os mistérios da vida,
vive, quase sempre,
escancarada, entregue,
desprotegida.

Perdoe-me, ó Deus,
por tantos questionamentos,
tantos maldizeres, tantas lamentações,
mas por que fizeste,
insisto,
por que fizeste do Poeta
um desgraçado — mal-amado, ridicularizado, incompreendido?
Em que para alcançar a
poesia — sua vida — precisa,
mais que todos, sangrar,
rasgar... despedaçar-se
em versos.

Ó
meu Senhor,
por que o deixaste eternamente menino?
Sim, menino: ingênuo, tosco,
inseguro, contudo,
menino sonhador e nobre e
grande, mas menino.
Ainda que velho, menino;
ainda que sábio,
menino — ainda que vivido.

Sim,
Senhor do Tempo,
criaste também o céu, a lua,
as estrelas, o vento, a sorte,
o sangue, o fogo, o som,
o silêncio, o ar, as aves,
a água, a flor, o amor, a amizade,
a palavra, o agora, o olhar,
o pensamento...

Ó Deus do Tempo,
assim, intimamente baixinho,
como num segredo sussurrado, confessas-me:

Então,
serias tu (também)
Poeta?

Inserida por SilvioFagno

Diga Não -

⁠De vez em quando
é necessário que você decepcione
também:
diga não, falte, descumpra o combinado — frustre as expectativas egocêntricas de algumas pessoas.

Elas precisam entender
que para dar certo,
é necessário que elas também
queiram e façam por
onde dar.

E se nada mudar:
mude-se.

Inserida por SilvioFagno

⁠Já de Agora -

E já de agora
fico pensando no
tempo da velhice — na
amargura de quando eu for
um corpo frágil e lento,
uma mente lenta e frágil,
cheia de mágoas e
amarguras eternas.

A vida será, então,
um inferno,
sejá não
o é.

Inserida por SilvioFagno

⁠Dizemos coisas tão óbvias, muitos as dizem também,
mas em outras palavras que o mesmo sentido tem,
cada pessoa entende a vida de um jeito
e por ela passa como quer e assim fica bem !

Inserida por neusamarilda

⁠Sem Cura -

⁠Poderia não ser
uma mágoa,
mas é.

Pois dava para
ter sido tanta
coisa...

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Bela-Tarde -

A bela sob o sol
suave ao tom da pele.

O sol que a beija é
da tarde.
O brilho que irradia
é da bela — tarde bela,
bela tarde... bela.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠⁠De Que Lado? -

⁠No momento em que a barata
ainda respirava e se mexia,
e o pé do cristão avançava,
descia,
de que lado Deus estava?
O que pensava?
O que fazia?

Inserida por SilvioFagno