Poemas para a Pessoa Amada
O Vírus –
Que coisa:
Já estamos, outra vez, na defensiva!
De novo, cancelam–se os
encontros — as conversas de perto,
o toque dos dedos e mãos
e pele.
Cancelam–se as ruas, as casas
e calçadas alheias.
Estamos, agora, outra vez, sozinhos:
sem visitas, com dúvidas — com medo.
O quão insignificantes, frágeis
e vulneráveis somos,
quando somos dominados
por algo, fisicamente
mínino, ínfimo,
invisível?
De onde vem tanta arrogância,
meu Deus?
Não há nada pior
do que a fofoca
pessoas falando sem saber
o que na mente se entoca
Falam porque ouviram falar
algo que nem conferem
e começam a esparramar
boatos que a outros ferem
Cada um aumenta um ponto
e a história se propaga
de um jeito até maroto
cresce como se fosse praga
Fujam dessas pessoas
que parecem maritacas
nada tem de boas
só línguas afiadas como facas
Como Eu Não Devo Escrever -
Têm alguns poetas contemporâneos
(bem mais conhecidos
que eu),
com dezenas de milhares
de seguidores em suas
Redes Sociais,
que tudo que escrevem
e eu leio,
me causa desânimo.
É algo tão superficial
e vazio
e desnecessário
que me desestimula.
E eles continuam a soltar
suas frases (rápidas),
várias e várias todos
os dias,
alimentando e sendo
alimentados por
genteda mesma
espécie.
E não há nada de errado
nisso,
eu também tenhomeus
momentos de "desgraça-poética",
mas eu me ergo,
ainda que rastejando,
ainda que invisível
à massa, à glória,
ao sucesso,
e não me permito compactuar
disso tudo - nessa intensidade,
nesse entusiasmo, nesse profissionalismo.
Alguém então me pergutou:
"E por que continua a
segui-los?"
A resposta é simples:
Para saber como eu não
devo escrever.
Um Dos Grandes Gestos -
A coisa mais bonita que
existe é se doar por
alguém.
É,
a todo custo,
lutar, cuidar, proteger - estar ao
lado de alguém em qualquer
situação.
Se fala muito em adorar
entidades,
venerar deuses... tudo
isso é muito fácil:
é tudo feito em troca de
uma suposta proteção
divina, superior.
As pessoas, naturalmente,
têm essa necessidade de
algo assim grandioso como
proteção, como refúgio.
Mas dedicar-se a alguém,
com cuidados, afeto,
respeito, amor,
admiração...
é um dos grandes
gestos humano.
Sim,
ainda que seja em troca
do amor da outra
pessoa;
ainda que seja em busca
de algo recíproco,
essa é uma devoção, uma
entrega por algo
do mesmo tamanho - sem superpoderes nem
divindade.
Tão falho, imperfeito e humano
quanto o outro.
E abraçar esse risco
é a coisa mais linda
do mundo.
Guardar Palavras -
Aqui,
diante do teu rosto sob
a luz suave do sol,
tudo que eu deveria fazer era
guardarpalavras:
pois faltam-me adjetivos
convincentes.
Mas assim como no sol,
assim como no céu e
neste fim de tarde
no teu rosto,
"Deus" sabe, "Deus" sabe
o que fez.
Desabafo -
As pessoas,
em sua maioria,
andam sedentas por
desabafos.
Estão agarrando-se
ao menor
sinal.
Nunca -
Nunca jurei amor a alguém e
depois virei as costas.
Todo sentimento,
naturalmente,
tem sua parte de dúvidas,
incertezas - insegurança.
Mas se tem algo que eu
não abandono nunca
é um sentimento
verdadeiro, em
chamas.
(Ou ele morrerá em
mim
ou comigo).
Propaganda Ruim -
O que esses aplicativos populares
já me mandaram de bundas
epernas e peitos,
na tentativa de meconvencer
a baixá-los...
Besteira:
se me conhecessem,
mandariam os
teus olhos.
Desânimo -
É arrastar-se, quase que
rastejando, esbarrando
em tudo,
até a próxima
frase,
que só diz isto...
Mais paralisante que
o medo;
Mais vazio que
o nada;
Mais...
Ângulo -
Um amor inteiro,
quando não pode mais
ser amor,
vira ódio à direita
num ângulo de
noventa
grus.
Alguns (raros),
adormecem em sonhos
leves à esquerda,
e se transformam em
algo parecido com
amizade.
Mas amor só morre
(quando morre),
como indiferença na
outra extremidade
a cento e oitenta.
O amor bateu forte:
entrou feliz, sorridente,
sonhador pela porta
da frente.
Comeu, dormiu, sonhou
mais, brincou mais,
sorriu melhor.
Mas chorou...
O amor apanhou e,
triste,
acabou expulso pela porta
dos fundos de uma casa
mal-assombrada
chamada: realidade.
Abraçar o Risco -
Um sentimento
só se faz verdadeiro,
quando se abraça o risco
de se entregar
por inteiro.
Uma Eternidade -
De alguma maneira,
tudo é necessário - no seu
tempo, ao seu modo, à sua
medida:
do cientista ao coveiro.
Intelectual nenhum
faria bem o trabalho diário
de um rude
lavrador.
As diaristas
salvam mais famílias
do que âncoras de
telejornais.
Os padeiros estão acordados
todas as madrugadas,
trabalhando e trabalhando
para que o pão chegue
quentinho à mesa
do empresário que,
por sua vez,
nutre dezenas de empregos
e, consequentemente
de famílias,
mas enquanto isso,
dorme.
Se uma pessoa diz amar o
que faz e faz com empenho
e dedicação,
por mais simples
que seja,
há aí algo de muito
valioso,
e há nisso
uma eternidade.
Quando o ser humano entender
que a vida não é esta
competição sangrenta - como
tem sido por séculos, e
intensificada neste último -
(ainda que, de algum
modo, naturalmente haja),
estrangulando o mal
do ego,
não haverá nem muito
nem pouco:
mas o necessário.
Ridículo -
Acostume uma sociedade
a cultuar tudo que há de
mais medíocre e
superficial,
e ela não se dará mais
conta do ridículo.
Àqueles Que Me Mataram -
Me sinto completamente
vencido, derrotado.
Talvez isso,
denuncie uma fraqueza:
minha fraqueza.
E,
de fato,
de certo modo,
eu me sinto, realmente
mais fraco que cada um deles.
Mas eu não suportaria fazer
o que fizeram, como
fizeram - COVARDIA.
Muito menos ser
um deles.
Não me consideres de ser maluco dos malucos, loco dos locos e buro dos buros no ponto de chegar de não a atirar a pedra.
Mas sim me consideres de ser maluco dos malucos, loco dos locos e buro dos buros no ponto de chegar a atirar a pedra.
Sou o ídolo da minha pessoa.
Pelos Dois -
Algumas pessoas
fazem por onde a gente
nunca esquecê-las:
Seja pelo bem ou pelomal,
masquase sempre
pelos dois.
Extremamente Chato -
Um sentimento,
por maior que seja,
por mais belo e cuidadoso
e verdadeiro que seja,
quando demora demais
para ser entendido,
valorizado, correspondido,
satura:
Fica extremamente
chato.