Poemas para a Pessoa Amada
Piloto Automático -
Cuidado
quando começar a
sentir-se muito à vontade
com a vida.
A morte pode vir como
um cochilo na sua
melhor poltrona.
Talvez -
Talvez,
quando tudo,
de fato,
for apenas mais uma das
suas muitas recordações
adolescentes,
perdidas na memória,
talvez (num dia qualquer),
você vai me ler, se ver
e chorar.
E então vai sorrir...
Sabendo que foi
minha grande inspiração,
sendo minha melhor
lembrança,
e minha maior
saudade.
(Talvez).
Quase Sempre -
Quase sempre
o fevereiro,
feriado e Carnaval
de alguém,
tem nome,
sobrenome, um outro
alguém
e vive
muito longe.
Tudo Anunciado -
O encontro como nos
filmes românticos;
A fulgaz felicidade dos
inícios;
O intenso e desmedido desejo
por aquilo que não se
conhece direito;
A estranheza da descoberta diária da realidade;
As,
cada vez mais constantes,
brigas e discussões,
aparentemente banais;
O aumento, significativo,
do nível diário de estresse,
aborrecimento e
decepções;
E o fim doloroso,
traumático e
rancoroso.
E assim,
a vida se reapresenta
em mais uma
história (de
amor?).
Paramos de Crescer Crescendo -
Na adolescência,
de fato,
tudo é muito sexual:
gestos, vestimenta, diálogos - buscas.
Se exibe muito:
pele,
desejos,
pensamentos...
Tudo isso
envolto por um fino papel
de algum tipo de pureza,
ingenuidade,
poesia.
De modo
que é até compreensível.
Essa é a fase em que se tem
(quando se tem),
beleza física em abundância.
Os hormônios estão em
excesso,
o espírito aventureiro,
aexperimentação
quase sempre no
automático.
Aí,
então,
crescemos e a grande maioria
de nós piora tudo:
não, não é que aumentamos
tudo isso.
É que perdemos coisas
essenciais:
o frio na barriga,
as dúvidas,
algum traço de
inocência.
Somos, então,
dominados pela malícia:
passamos a dominar a malícia
das coisas - aprendemos
a mentir melhor,
fingir melhor,
sem culpa nem
remorso.
Perdemos a espontaneidade,
corrompemos o instinto,
a essência, e tudo se reduz
à carne (fria),
ao desejo, meramente,
carnal,
em que o espírito morre,
e quando isso
acontece, tudo morre,
e nada mais de especial
acontece.
(A gente para de
crescer crescendo).
Poesia que declara um amor imenso, uma declaração que vai muito além de meras palavras, uma pessoa amada transformada em versos, os quais serão como um fragmento da sua alma que permanecerá mesmo com o passar tempo, um registro poético da sua relevância que não cairá no triste esquecimento.
Dito isto, felizmente, te poesio, demonstrando desta forma, uma parte significante do meu apreço por ti, coloco o teu existir em cada trecho, do que posso ver e daquilo que consigo sentir, refletindo um pouco do que és por fora e por dentro, do tanto que és relevante para mim, uma rica fonte de fortalecimento.
Amar requer tempo e dedicação, assim também o ato de poetizar para que haja verdade e emoção, proporcionando uma relação muito salutar entre o texto e a inspiração, portanto, tal comparação faz sentido, poetizando verdadeiramente, amando com a grata sensação de que é recíproco.
Nulo -
Vou deixá-lo, por enquanto, aqui, quieto.
Ele é grande, sincero, cuidadoso, mas não o suficiente para o recíproco. (Mostram-me).
Então, é melhor preservá-lo seguro (ainda que incompleto), no peito (ainda que machucado).
Sentimento: inquieto, calado - nulo.
Desejos Impulsivos -
Aprendes a controlar os teus desejos impulsivos e terás, assim, encontrado (em parte), a chave da sabedoria sobre ti.
Controla-os, não os mates.
Ou então, morrerás de tédio em vida.
Algumas pessoas nem sabem, mas são escolhidas para trazer à luz pessoas, que sem perceber estão se deixando ir para a escuridão
Pessoas que não sabem, mas com simples gestos de gentilezas e cuidado com o próximo, enche de esperanças pessoas que já estavam deixando de acreditar em um futuro melhor
Pessoas essas, que sem perceber regou diariamente a tão seca e sofrida raiz da planta que existe em mim e está me fazendo respirar, crescer e florescer...
Essa pessoa é você meu amigo!
Sabia que tinhas algo de muito bom em seu ser, só não podia imaginar que de uma forma tão simples conseguirias compartilhar o melhor que existe em você e transformar meus dias em luz!
Bendita Vírgula Maldita -
Não leia Bukowski! Não, leia Bukowski! Não leia Bukowski! Não, leia Bukowski! Não leia Bukowski! Não, leia Bukowski! Não leia Bukowski! Não, leia Bukowski! Não leia Bukowski! Não, leia Bukowski! Não leia Bukowski! Não, leia Bukowski! Não leia Bukowski! Não, leia Bukowski!
De fato,
não existe a pessoa dos sonhos.
Se ainda for a sua busca,
prefira sempre aquela que
apoie os seus sonhos.
Ano (Novo?) -
Sei que quando o barulho dos fogos começar lá fora, algumas lembranças me levarão às lágrimas.
A gente passa o ano inteiro com restos de choro presos na garganta, no limite, por transbordar.
É, inegavelmente, somos partes deste ciclo que se encerra para um novo (mais repetitivo do que se imagina).
E, sendo partes, estamos sujeitos a, qualquer momento, parar no Tempo a cada jornada.
E para um homem como eu - cheio de traumas e receios e dúvidas, sem crenças religiosas, tentando fugir da superficialidade da massa, sem esperança na humanidade - não saber quem ou o quê me trouxe ou me permitiu chegar até este momento é, um tanto quanto, angustiante e, ao mesmo tempo, há um estranho alívio.
Eu também agradeço, mas eu não sei direito a quem ou a o quê.
Se você não tem essa dúvida, eu tenho dúvida sobre você; sobre mim; sobre ter certezas.
É tudo do Tempo e amanhã será mais um primeiro dia de mais um ano (novo?) a menos.
(Eu acho).
Somos Começo, Meio e Fim -
Estamos aqui porque somos partes disso tudo. Somos começo, meio e fim.
Não podemos fugir dos fatos, do acaso, das escolhas e consequências. Somos partes fundamentais, mas não somos donos absolutos.
Atribuimos os resultados às nossas escolhas, mas não estamos protegidos do acaso desconhecido das forças que regem o Universo. Bem ou mal, elas se materializam, muitas vezes, no inesperado, no surpreendente, no inexplicável (às vezes lúdico, às vezes trágico).
Somos começo, meio e fim.
O sol nasce, aquece, ilumina e se põe; a flor nasce, perfuma, encanta e se vai. Mas a vida também é dos que sonham (infinitos sonhos). É do professor e do aprendiz; a vida é das crianças, dos jovens, dos palhaços, das senhoras e senhores.
A vida é do indispensável - do amor, da amizade, da poesia.
A vida e tudo aquilo que é parte dela, é imprescindível a ela.
No sopro que é, se totaliza; mesmo breve, se faz completa. E só porque há começo, meio e fim.
Um começo, um meio e um fim são inerentes à vida. Porque um começo, um meio e um fim é a síntese da síntese (ainda que fria), da vida.
A grandeza da vida é proporcional aos seus prezeres e mistérios.
Nascer é uma dádiva; viver, estar vivo é o sentido fundamental de nascer; e morrer é o completar natural de um ciclo, a ordem máxima da vida.
O que nos resta se não aceitar e adaptar-se a tudo isto, adiando ao máximo o tempo de morrer sozinho?
Não nos conformar é preciso, pois é questão de desejo e vontade de usufruir esse privilégio de estar vivo.
Afinal, somos do ontem, do hoje e do amanhã, mas pertencemos (na carne), somente ao agora - de fato, um presente.
Porque somos do Tempo, pertencentes a ele desde o começo, meio e fim.
(Sorte e boas escolhas!).
De Pai Pra Filho -
Um dia, quando eu já não estiver mais aqui para ouvi-lo, talvez meu filho dirá: "meu pai sempre dizia: John, cuidado com as quinas!
Eu nunca entendi muito bem o que meu pai queria dizer sobre quinas.
Sei que ele falava das quinas de camas e mesas e cadeiras, mas também era sobre esquinas e ruas desconhecidas; era sobre medo e dor e solidão; sobre a sorte e estrelas cadentes.
Acho que meu pai falava mesmo era sobre o amor: ele sabia que se eu machucasse meu dedo numa 'quina' qualquer do mundo ele também choraria."
Aquela Moça -
Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!
Como eu poderia ter amado aquela moça, eternamente.
Sim, a amaria eternamente.
Não essa que se fez fútil e vulgar e descartável.
Mas aquela que só existiu no meu mais nobre sentimento, covardemente destruído.
É Triste -
Não me deslumbro com a falsa positividade da grande maioria das pessoas.
Se observarmos em volta, com alguma sensibilidade e um olhar um pouco mais cuidadoso, perceberemos, tão logo, que a vida, para a maioria, é triste.
De algum modo é triste.
E aqueles quem têm a sensibilidade à flor da pele, a alma leve, sentem muito mais tudo isso.
As pessoas andam presas a trabalhos maçantes, relacionamentos destrutivos, crenças escravistas.
Numa competição sangrenta e inútil que tem nos levados a exaustão física e mental.
Que tem ceifado amizades, amores, tempo.
(Sim, tempo).
Não temos tanto e eu não vejo com bons olhos alguma luz futura.
(Espero, ao menos, que os bons não percam a esperança.
Porque os maus nunca perdem).
Os Quases, Todos e Restos -
Caro leitor, cá estou, neste exato momento, precisamente, às 15h10, de uma tarde cinzenta, de uma segunda-feira de Carnaval, revendo, relendo, reavaliando minha vida e pensando em tudo que eu perdi durante esta trajetória.
Entendo que seria mais aconselhável pensar em tudo que ganhei, sim, eu sei.
Mas a verdade é que, neste momento, me ficaram, ironicamente, as coisas que eu perdi: os quases, todos e restos.
Quanto tempo perdido esperando quem nunca veio?!
Quantas noites perdidas sem sono (por medo, raiva, doenças etc.) ?!
E perdi dentes, unhas, cabelos;
E perdi a hora do almoço, da escola, de dormir;
E perdi o lance, a estratégia, o jogo;
Perdi a fala, a oportunidade, a conquista;
E perdi a vergonha, a moral, a dignidade;
E perdi a fome, a compostura, o sonho;
E perdi a calma, o controle, o chão;
Perdi o desejo, o sentido, a razão;
E perdi as chaves, a palavra, a memória;
E perdi a melhor parte do bolo, do filme, da festa;
Quase perdi a esperança.
Perdi animais de estimação que eram como partes da família.
E o que dizer dos ídolos, amigos e familiares que se foram para sempre?!
É, já nem lembro quantas e quantas vezes, de peito apertado, olhos marejados e gosto amargo da decepção e rejeição, eu me perdi e me encontrei, inteiramente, despedaçado.
É bem verdade que ganhei muitas coisas também. Apesar de que, perdemos (em quantidade), muito mais do que ganhamos e, de certo modo, às vezes, ganhamos quando perdemos e vice-versa.
O fato é que, apesar das perdas - muitas inevitáveis e algumas necessárias -, eu gostaria muito de poder olhar (não para trás), mas para o lado e enxergar (seguro e orgulhoso), um Amor – companheiro fiel, cúmplice, amigo e recíproco.
Pois, sendo assim, eu não o teria perdido também no caminho.
Repetidas e Limitadas -
A quantidade de pessoas repetidas e limitadas que encontramos por aí é absurda.
É tão difícil cruzar uma alma elevada, profunda, especial quanto aceitar essa realidade.
Uma vez ou outra a gente acha que encontrou, mas não, não encontrou.
É só mais uma pessoa legal, com alguma coisa legal. Ainda assim, cópia da cópia da cópia (claro, com suas particularidades).
E não importa se são magras, bem-sucedidas, atléticas, baixas, gordas, amarelas, fortes, diplomadas.
Se julgam-se espertas, inteligentes, superiores, felizes.
Se frequentam igrejas ou não; academias ou não; baladas ou não.
Não importa o quanto são justas e honestas e solidárias... não importa.
Superficialidade e mediocridade juntas, em estado funcional, denunciam: trata-se de uma pessoa "normal" (fora os defeitos e virtudes).
E no fim, são todas iguais.
Assim sendo, nada mais acontece.
Toda pessoa que não gosta de ser incômodo para ninguém, já inicia o jogo da convivência perdendo.
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