Poemas Nordestinos
Série: Minicontos
FILHO DA OUTRA
O menino trocou a aridez nordestina pela selva de pedras. Logo o mundo lhe acolhe. As mãos que lhe afagam o apedrejam, Mas a história se encarrega de cicatrizar o golpe. E a primavera promete florir...
“...Nesta vida, somos apenas hóspedes, aguardando a última moradia. Cabe a cada um, ter a sabedoria de escolher o melhor lugar. E, o melhor lugar do mundo é aos pés do Salvador...!”
Sou NORDESTE sim sinhô!
Tenho orgulho de o ser!
Danço xote, xaxado e baião,
faço verso e visto gibão.
A minha cultura é plural e pura.
Desde Patativa ao Mestre Suassuna,
Luiz Gonzaga não hei de esquecer,
pois fez muito por merecer.
Aqui tem de tudo que você imaginar,
desde doutôr de jaleco,
até vaqueiro que vai o boi derrubar.
No sertão o sol é de rachar,
no litoral a brisa vem amenizar,
e na serra, ah! O frio é pra aconchegar.
Pode aqui se achegar,
pois nosso amor queremos dar.
E aqui vou finalizar
com um grito que hei de escultar.
SOU NORDESTE SIM SINHÔ!!!
Um dia na areia branca
Escreverei seu nome com o pé
Te darei os caracóis
E a onda que vier.
E nas ondas do seu cabelo
Assim como em suas curvas
Deslizarei os meus dedos
Pra sentir sua fofura.
E naquele sal e água fria
Vou te beijar e abraçar
E até te conquistar
Usando minha poesia.
Carne de charque.
Isso é carne de primeira
nenhuma outra me seduz
ponta de agulha dianteira
é melhor que a de avestruz
gostosa com a macaxeira
e perfeita com o cuscuz.
Luta.
Essa é a nossa conduta
nós somos um povo fiel
se a vida é uma disputa
nós jamais seremos réu
o nordestino vai a luta
não espera cair do céu.
Nossa culinária.
Tem coisa boa no Sudeste
no Centro Oeste também
pelo Sul onde se investe
churrasco é o que mais tem
mas a comida do Nordeste
não perde pra de ninguém.
Vida simples.
Minha vida não é precária
dinheiro nunca me ilude
se não tem reforma agrária
por aqui sobra saúde
não tenho conta bancária
mas sou rico de atitude.
Vida simples.
Assim é o nosso viver
a barriga as vezes contesta
com pouco pra se comer
a esperança é o que resta
mas tenho orgulho em dizer
sou pobre, mas sou honesta.
Minha manhã.
Assim começa esse enredo
depois do cheiro de Afrodite
por entre o verde do arvoredo
que o nosso Senhor permite
e um cuscuz de manhã cedo
para abrir nosso apetite.
Esperança.
Há dias que a gente chora
as vezes por desengano
dá vontade de ir embora
ou viver como um cigano
mas tudo tem sua hora
porque a esperança mora
no coração do ser humano.
Chapéu de couro.
É gente forte feito touro
não tem medo do destino
se falta água no bebedouro
sobra a fé no ser Divino
é respeito que vale ouro
e eu tiro o chapéu de couro
pra esse povo nordestino.
DE VOLTA.
Por qui ninguém tem nome
acharam que eu era ladrão
e assa tristeza me consome
e eu não fico aqui mas não
no nordeste eu passo fome
mas não passo humilhação.
SORTE
Eu agradeço ao destino
por não ter medo de nada
trabalho desde menino
puxando o cabo da enxada
não pedi pra ser nordestino
eu tive uma sorte arretada.
Pé de flor.
O sertanejo reza uma prece
pra Jesus nosso Senhor
pra ver se a chuva aparece
e diminua um tanto da dor
quem sabe na terra cresce
pelo menos um pé de flor.
HONRA.
Da terra sinto o aroma
ao toque da chuva fina
o trabalho é o que soma
o que a vida determina
e todo calo é um diploma
na honra da mão nordestina.
Se destina
A seca vem prematura
e a terra se contamina
no chão fica a rachadura
que da vida se destina
e fugindo dessa amargura
o sanfoneiro leva a cultura
da origem nordestina.