Poemas Famosos Portugal
Será que os poetas famosos também sentem um frio na barriga toda vez que colocam um ponto final, após tantas palavras serem despejadas incontrolavelmente em uma folha?
Será que eles já se sentiram incompreendidos, ou até sem noção, por colocarem tanta emoção em algo tão simples como um rastejar do grafite na superfície branca?
Será que eles me entenderiam?
Será que minhas guerras interiores fariam sentido para tais artistas?
Não passamos pelas mesmas coisas?
Queria poder publicar cada um de meus poemas.
Mas sei que detestaria lidar com as consequências.
Ja pensou que terrível ter que me explicar, após derramar todo meu coração em um pedaço de papel?
Como os alvos de minhas poesias reagiriam, sabendo que suas faces estão cravadas em meu caderno, em forma de letras e mais letras, rimas e mais rimas, lotadas de sentimento carregado?
Sinceramente, eu ficaria assustada. Iria querer ir embora, sem me despedir.
Fugir.
Engraçado, porque é isso o que sempre acontece. Consigo entender tal visão do acontecido.
Ameaçados por um pedaço de papel, com alguns rabiscos que fazem sentido.
Ameaçados.
Quer saber? Farei um poema sobre isso.
Vai que o sentimento de vazio queira ir embora, sem se despedir também…
Mais um fugitivo de minha listadeconvidados.
MIRAGEM
Os famosos via de regra,
Primam muito mais pela fama
Que pela própria grana.
E se embriagam no vinho
No egocentrismo.
Alucinando-se no garboso universo
Da notoriedade
De resto, não encontrando a si próprio,
Procura-se no ópio.
E ao se tornarem invisíveis,
É bastante pertinente
Que não caibam dentro de si,
E explodam
Transbordando de emoções.
Os famosos Bolinhos de goma
de Maragogi na sua companhia
ficarão ainda melhores
com café e a nossa poesia,
Alguns até nos apontarão
como poetas e doidos de amor,
e nos seguirão como inspiração.
Cada vez mais eu estou convencida que amor de verdade é provido de imensas atitudes e quase nada de palavras.
Viver verdadeiramente e intensamente não é nada simples. É preciso ter coragem para retirar as máscaras de proteção. Aceitar o óbvio. Encarar as valas, passar pelas pontes, pular a cerca, subir as escadas, atravessar a rua, quebrar as regras sem quebrar conceitos, empinar pipas sem encostar-se aos fios, lavar as janelas sujas para enxergar o dia, pescar cuidadosamente a alegria e empurrar a maldade, dormir pra sonhar e acordar para realizar, sujar os pés na lama e depois lavar, tomar sorvete se lambuzando para aproveitar o sabor, lamber o dedo e virar a página, decorar o texto e improvisar os esquecimentos. Caímos aqui, então o melhor é viver. Pé na tábua e boa sorte.
A gente mente a dor que não dói. Mente o amor que não sente falta. Mente o equilíbrio que não tem. Mente a vontade de falar um palavrão. Mente contando história de que tudo vai passar. A bondade que não temos. A mágoa que ainda existe. Não há quem escape das mentiras que aprendemos para viver. Mente o feio. Mente o bonito. Mente o mais ou menos. O quase, quem sabe, talvez. A verdade tirou folga. Está de férias ou foi demitida.
"Tomei a decisão de colaborar com a minha história e tentar fazer bonito mesmo errando; porque a minha vida é a única coisa que me pertence e ninguém tem a responsabilidade de vivê-la para mim, a não ser eu."
Sobre liberdade:
Permito-me pensar que, em tempos de libertação, precisamos procurar cores mais reais e menos alquimia forçada para mascarar os dias cinzentos. É viver sem apaziguar o irresistível. A pauta do dia é o desejo mais sincero. Palavras mais livres, sem ensaios, sem gramática, sem verbos e sujeitos superficiais. Fotos com nervuras e celulites. Rostos sem maquiagem. Caras com choro. Gente sem enfeites. Erros mais honestos. Horários mais flexíveis. Deslizes sem cobranças. Menos glamour, mais naturalidade. Pés descalços, livres da pressão do salto alto e da pose programada. Menos imagem, mais conteúdo.
Sou mesmo um caso perdido, pois embora eu tenha tomado todas as precauções, frequentemente tenho uma horrível incontinência para o amor...
Não deixe ninguém fazer a sua história por você. Não aceite os créditos de seus erros ou acertos. Seja artesão. Cultive uma orquestra particular de sentimentos, mas acima de tudo ame-se. Seja solidário e saiba ser solitário. Solidão não é a pior coisa da vida. Das coisas piores, viver acompanhado de sombras silenciosas e esperar quem nunca virá, são borrões e indelicadezas que matam silenciosamente.
"Sinto muito contrariar, mas o mundo não está precisando de mais poesia. A poesia suficiente existe desde sempre. O mundo está precisando de pessoas mais tolerantes. Umbigos minúsculos. Pessoas que sabem amar gratuitamente. O mundo precisa de pessoas que são de verdade. De existências amorosas. De encontros verdadeiros e desinteressados. O mundo está precisando de menos juízes e mais interlocutores de esperança. De quem finca raízes e colhe flores. De quem quebra algemas e desata nós em nome da fraternidade. Fossem as pessoas mais justas, não precisaríamos de muros que afastam, mas de pontes que aproximam. O mundo precisa de menos culpados em disputas imbecis e mais acertadores em palavras que acolhem. O mundo precisa de gente desacostumada com o frio do distanciamento humano. Se as pessoas fossem mais sábias e menos sabidas, a palavra seria um ato com validade como sopa quente em dias frios."
Se eu fosse rebobinar minha biografia afetiva, certamente encontraria: dois tropeções, uma loucura, três teimosias, uma ilusão, uma desistência, quatro bis, duas besteiras, uma escorregada, algumas covardias e vida longa para o romantismo.Sinto-me honrada pelas oportunidades de ter me danado e com isso aprender que preciso aprender. Andemos.
"Não há tristeza que não passe. Pôr do sol que não termine. Dias nublados que não sejam clareados depois. Chuva que não cesse. Dor que não acabe. Não há felicidade que dure eternamente. Segredos que não se revelem. Sorriso que não se transforme. Café que não esfrie. Fumaça que não se desfaça. Aromas que não se espalhem. Não há nesse mundo lembrança dolorosa que não seja curada. Palavras que não sejam diluídas no tempo. Ninguém se despede deixando uma vaga eternamente inabitável. Nem todo silêncio é eterno. O que foi dito, um dia não mais será. Tudo se desfaz, recomeça, se transforma. Tudo se traga, bebe, engole, vomita. Se indaga e passa serenamente, naturalmente ou exasperadamente pela vida. Ninguém e nada é prisioneiro da materialidade infinita. E ninguém vive encarcerado sem um dia, uma tarde, uma horinha dar uma escapada pela vida. E nem que seja por descuido, a gente se desequilibra e depois se harmoniza. Isso não é lenda. Ainda bem!"
Já fiz besteiras dignas de risadas, quebrei protocolos, e outras coisas que nem deram muito certo. Tudo pelo gosto da liberdade e desprendimento de viver.
Todos os dias perco horas consertando as feridas para minimizar as marcas e desacreditar na dureza da vida.
Papeis para embrulhar saudade, café forte para esquecer as maldades e linha para costurar uma nova rota.
A gente também se perde com sentimentos. Queremos acreditar, mas também desejamos ardentemente questionar, descartar, proibir. Acovardamos de tomar qualquer decisão e ficamos ali, jogados na cama, cantando Djavan...
Sou feita de doçuras, mas também de palavrões.
Sou arruaça, mas preservo um silêncio antipático. Sou afeto e um monte de preguiça para intolerância. Sou atalho para as preocupações e a invenção de planos sem limitações. Sou o amor que quase deu certo e o calor de uma paixão escondida. Sou a tentativa do caminho e as malas prontas para o acaso. No meu sonho, sou a urgência do quase tudo e a insatisfação do quase nada.