Poemas Entardecer
A alma ganha essência
No entardecer do cerrado
Sabiás cantando em cadência
E João-de-barro sempre ocupado
Na obra de sua subsistência...
desenham o nosso cerrado!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15/08/2014, 18'00" - Cerrado goiano
FIM DE TARDE
Cindindo a vastidão do céu do sertão
Do planalto, num entardecer encantado
Sulcando as nuvens com raios dourado
Devassando o espanto, e sedutora visão
E no horizonte sem fim do torto cerrado
Ei-lo purpureando em toda a amplidão
Abarcando o cenário com tal composição
De matizes, alumiado por dom imaculado
Brilha, e se eleva em busca do infinito
O findar do dia, no céu é manuscrito
Auroreando a inspiração, numa poesia
Cheio de escarlate, assim, a cintilar
Que se vê na fulgência deste lugar
Vai-se a luz, e vem a noite sombria...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20/08/2020, 17’00” – Triângulo Mineiro
AO LONGO DA PROSA UMA TRISTE POESIA
Ao longo da prosa uma triste poesia
Já quando o entardecer deslustrava
no silêncio que o dia, assim, estava
e o cerrado baforando melancolia
A solidão pelo horizonte estendia
um rubro vago no céu caminhava
entre os suspiros e choro exalava
saudades que a lembrança dizia
E na rudeza que o sentido fingia
a sofreguidão num só tormento
levai, ligeiro vento, está agonia
Oh se podeis ter dó do lamento
meu, vos imploro, nessa avaria
levai, levai do meu sentimento!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Outubro, 14 de 2020 – Triângulo Mineiro
ENTARDECER EM NOVEMBRO
Solta a sombra do negrume na tarde formosa
Vai galgando o escuro da noite de primavera
Montado na campina contornada de quimera
O novembro, corta o céu, na fresca carinhosa
Baixa o sol no vale, e o horizonte o espera
Calmamente, surge a estrelada tão radiosa
Com seu manto de uma couraça escamosa
Numa poética de sonho e de beleza sincera
Na imensidão do planalto suspira o infinito
A noturna acorda sob a escuridão ardente
Desperta a lua entre as nuvens no seu rito
E a noite em caminhada, no breu persiste
Tingindo o sertão num abaçanado poente
Do pousar do cerrado, melancólico e triste!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10/11/2020, 20’23” – Triângulo Mineiro
AFLIÇÃO
Pulsa no cerrado o horizonte imenso
Num entardecer purpúreo candente
No desanimo surges, tão lentamente
Lembranças, molesto e tédio denso
Que eterniza a agonia e sentir tenso
De um passado caprichoso e ardente
Embora aqui presente, está ausente
Na emoção. Turrão ainda é extenso
E o pôr do sol é tormento e nostalgia
Em um acre perfume, árduo expiro
E a uma sensação aflitiva me contagia
Nesse anseio a saudade n’alma arde
És um passado de amor feito suspiro
Suspiro e caro pesar no cair da tarde!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Araguari, MG – 26/07/2021, 18’00”
No entardecer do dia
atrás da Igreja, em poesia
o pôr do sol...
Sentidos, magia, o dia em bemol
A alma se expande em reverencia ao encanto
divino, poético... deslumbre... tanto! tanto!
Misericórdia, o dom maior...
do Criador!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
19, abril, 2022, 18’55” – Araguari, MG
ENTARDECER
Que lindo entardecer, cá no cerrado
Rubro o sol, luzidio, indo pro poente
E o céu, imenso, fastígio encantado
Num espetáculo, apaixonadamente
A brisa mansa, crepúsculo veludado
Neste tempo de verão, puro e quente
Duma belezura, o escurecer ornado
Ímpar, de magia e sensação diferente
Pouco a pouco, num cenário intenso
De um perfume agreste, o incenso
Do chão e um fascínio tão inebriado
O pôr do sol, em uma graça sossegada
No horizonte cintila a chama ofuscada
Da noviça noite, cerra o dia no cerrado!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17 janeiro, 2023, 18’51” – Araguari, MG
O Beija-flor
E ele vem, todo dia, ao entardecer
Ligeiro, fagueiro, num voo em folia
Em um balé, tão tomado de poesia
De encanto, tanto, ao olhar a deter
Um bailado que faz a alma sorver
Por esse bailador que traz alegria
Vestindo a inspiração de fantasia
Num seduzir o fascino sem temer
E todo dia ele vem, tão cativante
Visitante, ao valioso, significante
Cheio de ternura, elegância, teor
Todo dia, contagia, vai em frente
De flor em flor, num ritmo fluente
Dom Divino à gente, o Beija-flor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22/11/2023, 20’37” – Araguari, MG
VOZ DA TARDE NO CERRADO
Entardecer, a voz da tarde que murmura
No cerrado. Canta a juriti teu canto triste
Sussurra o vento, e o pôr do sol em riste
Fechando o dia, num rubor que se figura
A luz vai e a noite se fazendo tão escura
Na vastidão torpe o pio da coruja insiste
Corta o sossego do poente que partiste
Ficando o silêncio atroador em candura
É o lusco-fusco, crepúsculo e melancolia
Tecendo o ocaso no horizonte de poesia
E o anoitecer com aquele tom encantado
Ó vibração cheia de ruido, de sensação
Coaxa o sapo, o curiango em exaltação
É a voz da tarde no cerrado, em brado!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
07 abril, 2024, 18’05” – Araguari, MG
A TARDE
Talvez por seres, para mim, a poesia
de beleza fenomenal, vem, notável
entardecer, enche o olhar de magia
me doando uma sensação adorável
Trazes do colorido o tom e a melodia
da luz que cessa no ocaso admirável
és o fulgor, que do encantado irradia
e que na alma sente, assim, louvável
Finda o dia, acontecido, numa prece
delirante via, embalado pelo poente
levando a ilusão que não se esquece
Enquanto o céu hispa, na cor carmim
no horizonte o lusco-fusco, acontece
abrasando a sedução dentro de mim.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/10/2024, 17’07” – Araguari, MG
SONETO NO ENTARDECER
Sai o dia, vem à noite no cerrado
treva fria, palia o sol na cor bisonte
breve e leve, tão encantado, é fonte
num manto real no tempo dourado
Ó sombra que se esvai no monte
do entardecer na noite aterrado
desnudando o planalto aluado
numa luz sidérea em desmonte
E no turvo motim no céu calado
surgem alvas estrelas, defronte
ao cais da vida, num ato fiado
Assim como num beijo simbionte
a noite abarca o dia tão esfalfado
para lhe adormecer no horizonte
Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano
SONETO NOTURNO
No olhar do entardecer silencioso
o dia adormece e se põe a sonhar
envolto no aroma, da noite, precioso
se vai derreado nos braços do luar
Se há choro, porque há fado danoso
também, há perfume de rosa pelo ar
se alguém soluça, há evento doloroso
pois, no amor, aquele não soube amar
E neste lusco fusco do tempo ditoso
vai-se o tempo no ininterrupto caminhar
pois, a vida no tempo é tempo vaporoso
Assim, vem o dia, logo a noite a tombar
num ciclo do destino um tanto misterioso
mas, que na existência, é um poetar...
Luciano Spagnol
Novembro, 2016
Cerrado goiano
CAOS
No fundo do meu eu, o meu efeito
São noites, entardecer e alvoradas
Enlevos, suspiros e dores sepultadas
Devaneios engasgados no meu peito
Retas alongadas, curvas e lombadas
Mas, de repente, o esperado desfeito
Refeitos, rajadas do eu ser imperfeito
Clamor, as regras, retintim das ciladas
E nos motins, glórias e nada absoluto
Choro e hosana... Com o dito estrovo
Numa sina dum salmo agreste e bruto
E há no poetizar, de que me comovo
Gritos, festa, agonia, meu eu matuto
Incertezas, e o recomeçar de novo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
TARDES DO CERRADO
É o entardecer no cerrado das tardes de todo dia
Solitário no silêncio, chega à noite e, o olhar tardia
Se tarde é, todavia, o tardar apressa a hora vazia
Enchendo de quimeras a noite que no céu sombria
E no breu do tal entardecer que a noite tão pedia
O sol no horizonte abrasa-se e o adormecer regia
Nos galhos tortos, recria, tal qual o poeta na poesia
Em um entardecer rubro, árido e de aspereza fria
Vem a tarde, chega à noite valsando em melancolia
Onde o vento entre as secas folhas no tardar rodopia
E o tempo e saudades no peito se fazem em sinfonia
Pra haver outra tarde, outra noite, haver outro dia
Sem saber se é pranto, choro ou remia que prazia
Adentro no entardecer do cerrado que a noite espia
Com seu luar gigante, reluzente que o denso lumia
Vai-se a tarde, num lusco e fusco, e a coruja pia...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março, 2017, 18'00"
Cerrado goiano
Papel e Tinta
Laivei o meu pincel
no cinza do cascalhado
no entardecer fogueado
no chão ressecado
no desbotado areado...
Laivei o meu pincel
na luz do horizonte
na sombra atrás do monte
no suor da fronte...
E no branco do papel
vão aparecendo inquinações:
de folhas secas, chão árido
amarelados ipês, buritis, ar cálido
pequis, céu divino e estrelado
num desenho do cerrado...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2016
Cerrado goiano
Entardecer 2
Entro em êxtase com o nascer do dia,
Ao longo da era, ele prossegue,
E com ele surge o sol que irradia,
Com seus raios envolventes.
Aquece a humanidade existente,
Povo que carece.
Porém, meu olhar é retrospectivo,
É uma visão.
Contemplo o entardecer,
Admiro sua decadência,
Tarde que envelhece ao findar do dia,
E perece a cada jornada.
Nos braços da noite, acolhidos, eu te digo:
Ó sedutora noite bela, meu amigo!
Ladeira da Nora
De ti fica a recordação, neste gesto de recordar.
Neste já entardecer, do meu dia que vai findar.
O sol brilhou em ti, naquele tempo, do meu existir.
Quando eu era um vento, naquele meu agir.
Eras linda de encantar, naquele comigo dançar.
Também contigo, era no muito trabalhar!
Eram os tempos de todos e de tudo...
Os anos do passar, de ano no estudo.
E colher batatas , milho, e feijão,
de ao rio ir à apanha do berbigão.
Em ti fica nas tuas terras!...
Os meus passos de habitante,
mas que talvez, não fossem importantes.
Neste já declinar do dia, lembro do que eras!...
Saí pela manhã rumo ao entardecer,
Anoiteceu...
Cadê você?
Não encontrei...
Haredita Angel
18.01.2023
Tu és linda como um amanhecer,
admirável como um pôr do sol
com suas belas cores ao entardecer,
graciosa como uma noite de luar,
radiante como um céu repleto de estrelas,
então, chega a ser estranho não te apreciar
e não reconhecer a tua beleza,
o teu jeito e a tua essência.
Ao entardecer de um dia ensolarado,
fui presenteado, inesperadamente,
por uma bela imagem
bem diante dos meus olhos,
resultantede uma mescla surreal
entre duas artes divinas em contraste,
a tua beleza intensa e natural
e um modesto pôr do sol, obra celestial.
Foram instantes apaixonantes
e inesquecíveis
que irei guardá-losna mente
juntos com outros momentos incríveis.