Poemas e Poesias

Cerca de 55836 poemas poesias Poemas e Poesias

⁠Biblioteca

Entre gritos abafados
no silêncio da Babel
Pensamentos empilhados
entre sonhos de papel

Ideais catalogados
deuses, reis empoeirados
Um inferno! quase céu...

Inserida por mnora

⁠Assombro

O nó seco na garganta
O meu passo meio manco
Nada disso me espanta
É preciso ser bem franco

O Terror que me encanta
vem da alma sacrossanta
dessas páginas em branco

Inserida por mnora

⁠Nu (flagra)

Quem pegou o meu soneto
e jogou metade fora?
Encontrei só um quarteto
Ai, meu livro! e agora?

Quando abri o meu terceto
Eu flagrei meu poemeto
Com redondilhas de fora

Inserida por mnora

⁠Escalando As Montanhas

A inércia dura e fria
da granítica muralha
que se ergue sobre a via
da humana e vã batalha

Guarda, em si, como quem cria
em seu ventre a fantasia
de um sol que não se espalha...

Inserida por mnora

⁠Passo

Sinto aperto no meu peito
Sigo andando meio manco
Sigo, canso e me deito
Sinto, tenho que ser franco

Num poema tão sem jeito
Eu percebo só ter feito
outra página em branco

Inserida por mnora

⁠Fogueira

Se pensar é meu pecado,
a caneta - qual cilício -
me flagela e vou, calado,
escrevendo meu suplício

pelo qual eu sou julgado,
torturado e condenado.
Eis aí meu Santo Ofício!

Inserida por mnora

⁠Melancólico Réquiem

Os restos angelicais
Espalhados na perfeita superfície
Submersos em puro sangue
Não apodreciam
Pois assim eram feitos
Da água da vida
Originaria a Raça Eterna
Os novos donos do mundo
Banhado eternamente
Na melancolia rubra

Nascia o Primeiro Querubim
Trajado em glorioso preto
Suas incontáveis asas rompiam em graça
Graciosamente subia àquele céu fúnebre
Para observar pela primeira vez
O que viria ser seu
Para todo sempre um lar
Da nova chama maleável da vida

Caos cessado
Em eterno silêncio mortífero
A orquestra se instaurava
Compondo notas proibidas
Tocava sombria e solene
Num mundo apocalíptico
Canções ao além
Num mundo pós-morte
Assumia forma gótica
Sufocada outrora em sangue
Em tragédia angelical
A misericordiosa subjugação

Não existiam vivos
Sob terra
Sob mar
A permanente avidez simbólica
Construções lascivas
Apontavam suas lanças ao céu funesto
Procurando desesperadas
A ausente luz antepassada
Se os olhos pudessem ver
Nada teria visto
Pois nada afinal existia.

Inserida por cawan_callonny

⁠Cego em Perdição

Procurando em vão
A inalcançável expiação
Minha salvadora cintilação
A jazer em meu mundo obscurecido
Maculada em sinceridade
Nesses corredores infernais
Minha infeliz sentença
De frieza melancólica respiro
Pois as noites são iguais
Infundadas na miséria repetitiva
Meus olhos profanado
Não enxergam o além
Pupila ruborizada
Em contornos diabólicos
Buscando desesperado a perdida luz
Minha alma pintada
No lúgubre escarlate
Outrora momento, fora branca
Desonrado de fora para dentro

Insanidade costumeira e desenfreada
Rompendo de mim, mas o alvo é você
Tudo virou ao contrário
Caminho em direção oposta
Meu intento natural
Minha familiar segurança
A solitária
Pois eu sou o medo
Gerado e modificado
Transformado aos moldes de eterna brasa
Sugando desejada vitalidade
O tempo não passa
Soando agoniante
Enquanto circular o sangue da indignação
Hei de procurar a fonte da perdição
E fundirmos num corpo só
Abençoando-me na paz
Por não mais estar cego e só.

Inserida por cawan_callonny

⁠O que me move?

O que me move? Uma eterna ânsia de viver...
A incerteza do futuro, do amanhã me coloca em um estado constante de liberdade...Liberdade de ir ou vir onde meu coração mandar. De voltar, quando ele me chamar. De sorrir de situações inusitadas, de bobagens, de tudo e até de mim mesma. Sorrir, sorrir e sorrir...porque não???
Liberdade de ser quem sou, sem medo de errar ou de me sentir tolhida quanto aos meus desejos, atos ou escolhas. Liberdade de chorar quando o coração sufocar de dor, de tristeza, de mágoa, de saudade, de alegria, de emoção. Liberdade de bradar a quem quiser e quando quiser meus sentimentos sem medo de mostrar quem sou. De gritar, dar gargalhadas, sem medo de ser julgada por isso. De ser criança e olhar o mundo estupefata, maravilhada com as coisas mais simples. Liberdade de não ter medo de arriscar quando penso que realmente vale a pena. De fazer escolhas que pra mim soam como prenúncio de felicidade. Ser livre pra pensar, agir, ser... Se a felicidade existe, ela só pode ser alcançada enquanto um estado de liberdade plena. Mas não uma liberdade isenta de respeito pelo outro. Uma liberdade egoísta é eterna prisão ...
As certezas que o agora pode virar cinzas amanhã, mas eu gosto de pensar que tudo deve ser feito na hora em que se tem vontade e com a euforia de um nascimento. E elas, as coisas, verdadeiramente são vida...

Vanessa Fontana

Inserida por Vanessafontana

⁠Livre-arbítrio

Quanto bem fica de lado
nas escolhas que alguém faz?
Lá, perdido no passado,
quanto amor deixam pra trás?

pensa Deus, desconfiado...
Com razão, pobre coitado...
Escolhemos Barrabás!

Inserida por mnora

Pindorama

Solo santo invadido
Transformado em nação
Fruto podre, corrompido
Sem raíz, sem coração

Hoje o chão é devolvido
a um índio bem vestido
em camisas de botão

Inserida por mnora

⁠Lex talionis

Se os frutos que eu colho
minha vida é quem rega
de bom grado eu acolho
até mesmo quem me nega

Fico em paz e me recolho,
Pois, de tanto olho por olho,
a justiça ficou cega...

Inserida por mnora

⁠Lucas 6, 41

Não há cruz que me segure,
que me impeça de gritar;
não tem fé que me torture
e que faça eu me calar!

Quem quiser, pois, que procure
um remédio e se cure
de querer vir me curar...

Inserida por mnora

⁠Pena

É prazer? É dor? vontade?
Ou será que você tem
a cruel necessidade
de ferir quem te quer bem?

Quem não vê que, na maldade,
mora um pouco de saudade,
de remorso e amor também...

Inserida por mnora

⁠Uva

Sua existência benigna e amarga
Cega-me ao insondável desejo
Corrompem os soberanos
Mantendo-me prisioneiro de sua vontade
Em minha decadente fortaleza astral
Cheiro inimaginavelmente traíra
Minha existência escarnecedora
Amaldiçoado pelo cálido deleite
Absorto eternamente em dor
O sabor quente e úmido da vontade
Une-se diabolicamente ao meu ser
Fervendo insanamente na loucura

Outrora, os salões eram cheios
Cidades vizinhas adoravam-nos
Recheados na alegria e fartura
Filhos e filhas que brincavam sem parar
Pais orgulhando-se das conquistas em batalhas
Mães sorrindo sem parar
E eu a tocar gracioso
A minha divina lira
Sem o tempo eu contar

Incessante busca ao arrebatamento
Aprisionou-me ao desalento
Agora já perdido
O mundo após estes portões
Enjaulado ficará, em doença e guerra
Pois punição divina não há
Esperançoso falho é o que virei
E assim me punirei
Em meu último gole mortífero
Aguardando enfim
O ato final de minha canção.

Inserida por cawan_callonny

⁠O Ser Egoísta

Seu cerne conflituoso
Seu cerne despedaçado
Deseja a luz, porém teme se queimar
Deseja a salvação, porém teme acordar
De seu pesadelo sem fim, o amargo pesar
Da ilusão á prisão corpórea e espiritual
Seguro em sua fortaleza de espinhos
Da felicidade falsa, ele bebe da fonte
Inconsequente sem mudança
Subjugado na consequência lasciva
Pois arrependimento não há

Derramando desenfreada fúria
Afogando-se em si próprio
Ele inunda o distorcido mundo
Aos confins de seu ser doloso
Desesperado, ele clama socorro
Sozinho a afundar mais e mais
Diante de si mesmo ele se vê
Enjaulado e desesperançoso
Seus semelhantes o abandonaram
Assim como ele os abandonou
Dando adeus a qualquer traço humanitário
O ciclo odioso deve continuar.⁠

Inserida por cawan_callonny

Céu Purpura

Sob ruas nevoentas, não enxergo justiça
Sem horas para contar minha insônia
Divago louco, envolto no pálido tato
Segurando a linha tênue da vida
Em pele conflitante a minha
A morte possui senso de humor
Rindo ele esteve, do nosso genuíno amor
Pintando-a, assim, de provocador roxo
Jus as suas vestimentas fúnebres
Destoante de seu cerne perfeito
Forçado estou, ao fardo doloroso
De carregar a obra-prima mortal

Sublime aroma angelical a fugir
De seus cabelos sem luz a revirar-me
Sua essência absoluta, do meu lado a ficar
Zombeteira aos olhos impudicos
Sua posição transcende sangue e carne
Me isolando de ti, abriu celebres asas
Largando a existência antiga
A qual amei perdidamente
Mas pouco me falta

Não serei capaz de dá-la a terra
A mim sempre pertenceu e assim será
Dissipado em eterna aflição
Deita-se em mim sem mais tensão
Inabilitado do pensar
O que me resta é apreciar
Juntos as suas preferidas Violetas
O céu purpura de seus lábios.⁠

Inserida por cawan_callonny

Almas Negras

Corpo cândido, fraqueza natural
Caída sob meus braços, num impulso natural
De meus agudos caninos, meu ser adentra a ti
Morte não significa fim, por mim viverá
Milhões de anos serão noites sem fim
Suas rezas surdas foram ouvidas por mim
Condenada a eterna escuridão, providenciando maldições
Massa cerebral desprovida das falhas humanas
A virtude em preto e branco
Lapidada com o véu da morte
Nossa fusão agora é sepulcral

Perseguidores sanguinários
Provamos do sangue, alimentando o insano
O alvo é você, a indefesa serventia é comida
Meus pecados não significam nada
Os fins justificando os meios, não há Deus sob céu
Em meu caminho desdenhoso te faço seguir
O rasgo maldoso cobriu sua frágil pureza
O seu sangue percorre como combustível
Prisioneiros da penumbra, era das trevas prevalece
Vivencia desafiadora, minhas presas clamam luxurias

Por marés de sangue viajaremos
Ambos perdidos no esquecimento
Alienados totalmente dos ensinamentos
Não recebemos ordens divina
Só obedecemos ao nosso credo
Vencidos pelo desejo carnal
A grande paixão melancólica, provida do sorumbático luar
Nossos desejos mundanos
Reflete o mais sagrados dos desejos
Olhos santificados não enxergam nossa justiça
De olhos julgadores, somos os juízes
Abaixo para todo sempre
A Lua negra é o nosso único lar. ⁠

Inserida por cawan_callonny

⁠Vermelho

Ruge a voz dos bons conselhos
Caro horror que fere e fura
No sangrar dos teus joelhos
Redentora dor que cura

Os teus olhos, como espelhos
Refletindo seus vermelhos
Cor que sangra vida pura

Inserida por mnora

⁠Laranja

Cadê Deus, meu pai? me conte!
a menina moça arteira
pede ao pai que lhe aponte
uma prova verdadeira

Cai o sol por trás do monte
colorindo o horizonte
ri o velho na soleira...

Inserida por mnora