Poemas do Século XIX
Ao fim e ao cabo, o que é a moda?
Ao fim e ao cabo, o que é a moda? Do ponto de vista artístico, é uma forma de fealdade tão insuportável que nos vemos obrigados a mudá-la de seis em seis meses.
Do dinheiro
Quando lorde Henry penetrou no quarto, encontrou seu tio assentado, metido num grosso hábito de caçada, fumando um charuto e rosnando sobre um número do Times.
— Muito bem, Harry! — disse o velho gentleman — que traz tão cedo? Pensei que vocês, dândis, não se levantassem, antes de duas horas e não se deixassem ver antes das cinco.
— Pura afeição familiar, eu lhe asseguro, tio Jorge, e depois porque tenho necessidade de pedir-lhe alguma coisa.
— Dinheiro, suponho — disse lorde Fermor, fazendo uma careta. — Enfim, sente-se e diga-me do que se trata. Os moços, hoje, imaginam que dinheiro é tudo.
— Sim — murmurou lorde Henry, abotoando o capote —; e quando se tornam velhos ficam com a certeza; mas, não preciso de dinheiro. Só os que pagam as suas dívidas precisam disso, tio Jorge, e eu nunca pago as minhas. O crédito é o capital de um moço e vive-se de um modo admirável. Demais, estou sempre em negociações com os fornecedores de Dartmoor e eles nunca me inquietam. Preciso de umas informações, não úteis, seguramente, mas inúteis.
— Bem! Posso dizer-te tudo quanto contém um Livro Azul inglês, embora seus autores, hoje, só escrevam asneiras. Quando fui diplomata, as coisas corriam melhor. Ouvi, porém, dizer que hoje eles são escolhidos depois de exames. Que queres? Os exames, meu senhor, são uma pura pilhéria. Se o homem é um gentleman, sabe bastante; se não é, tudo o que aprender será em seu prejuízo!
(de "O retrato de Dorian Gray")
Overdadeiro inconveniente do casamento é que ele extingue em nós o egoísmo. E os seres sem egoísmo são incolores.
(O retrato de Dorian Gray)
"Piedade ele tem, é claro, pelos pobres, por aqueles que são encerrados nas prisões, pelos humildes, pelos miseráveis; mas ele tem muito mais compaixão dos ricos, dos hedonistas obstinados, daqueles que desperdiçam a sua liberdade tornando-se escravos das coisas, daqueles que usam roupas finas e vivem em casas de reis. Riquezas e prazer pareciam-lhe ser, na verdade, tragédias maiores que a pobreza ou o sofrimento. [...] No Natal consegui a posse do Novo Testamento em grego e, toda manhã, depois de limpar minha cela e polir meus metais, leio um pouco dos Evangelhos, uma dúzia de versos tomados por acaso. É uma forma agradável de começar o dia. Todo o mundo, mesmo que em uma vida turbulenta e indisciplinada, deveria fazer o mesmo."
(Sobre Jesus, na obra "Das Profundezas")
Tenho amigos anjos e tenho os demônios. Os anjos me falam o que é errado, os demônios me levam pra conhecer!
*Lembranças*
Eu te vejo completamente.
Me vejo entregando-me inteiramente a ti.
Sinto o cheiro dos seus cabelos molhados
em minhas mais profundas lembranças.
Notas marcantes de seu perfume,
e os traços do seu rosto.
Te toco em minha imaginação
e te ouço sussurrar tantas coisas
das quais jamais desejaria esquecer.
Caminho no ritmo de seu coração.
De acordo com as notas que despertam de seus lábios.
Escrevo sobre nós.
Escrevo nossa história sobre o papel em branco.
Iremos começar do zero,
E recomeçar
com meus braços intercalados aos seus.
Não consigo ver outra coisa,
quando imagino meu futuro
a não ser minha mera existência,
em sua companhia.
Mirando o mar,
sentindo o sereno em nossos rostos,
desejo nunca me esquecer dessa cena.
Eu te olho através da tempestade do meu coração,
Com minhas mãos geladas,
tocando seu corpo.
Por uma fração de segundos,
quero desvendar-te, quero conhecer cada parte do seu ser,
cada pedaço dos seus lábios,
cada uma de suas entrelinhas,
e cada canto do seu coração.
Quero poder tocar seu rosto
enquanto congelo meu olhar ao seu.
Sentir o arrepio do toque de nossos corpos.
Te trazer em cada suspiro.
E enfim, quero amar-te.
A vida de uma Baleia
Nasci em um sertão, dentro de uma fazenda, necessidade sempre passei, mas amor nunca faltou pra suprir o resto. Tinha um amigo falador de asas curtas, dois irmãos, um pai e uma mãe. Logo quando nasci me deram um nome estranho, Baleia, nunca intendi o porque, mas gostei.
Já faz alguns dias que saímos da fazenda, acho que papai achou algo melhor, espero que sim. Dias se passarão e comecei a dar falta do meu amigo falador, não o vi mais, acho que o pequeno deixou ele voltar voando para a fazenda, espero que tenha achado o caminho de volta.
Se papai achou algo, achou a quilômetros de distancia da fazenda, nem me lembro mais como voltar a ela. Já estou exausta, minhas pernas doem, as moscas me comem, as feridas de tantas já nem sinto.
Hoje o pai passou o dia a me cuidar, discuti-o em sussurros com a mãe, não consegui escutar, mas vi que ela não gostou nada da discussão. Minutos se passaram, meu pai mandou os pequenos irem na frente com mamãe , pediu que eu esperasse, chegou bem perto de mim, me abraçou e falou soluçando bem baixinho :
-Desculpa.
Uma lagrima caiu em mim, depois, tudo foi ficando turvo, escurecendo, e antes que se apagasse tudo, eu disse:
-Amo vocês.
Às vezes me ponho a ler, observar e refletir sobre os acontecimentos e as pessoas com suas limitações e aberrações...
E muitas vezes chego a pensar se estou vivendo dentro da obra literária do grande Machado De Assis ,"O alienista" (1882), que nesse Brasil atual fica longe de ser considerada uma ficção.
O que pensaria e diria hoje (2018) o personagem Simão Bacamarte?
A natureza brasileira,
uma fonte de inspiração,
encanta a alma inteira
e nos leva à contemplação.
Machado de Assis já dizia
que a natureza é como um livro,
onde a sabedoria se irradia,
e nos enche de um amor vivo.
Guimarães Rosa, por sua vez,
falava da natureza sertaneja,
que ensina ao homem, de uma vez,
a lição da humildade que almeja.
Carlos Drummond de Andrade,
com sua poesia sensível,
via a natureza como uma verdade
que se expressa de forma incrível.
E Vinicius de Moraes,
com sua canção e beleza,
celebrava as belezas naturais,
que nos envolvem com tanta grandeza.
Assim, a natureza brasileira
nos leva a um mundo de emoção,
e nos faz perceber, de maneira inteira,
que a vida é uma grande benção.
Pensei eu,
Não ser doido,
Como vocês,
Logo, bem logo,
Fiquei mais doido,
Que todos os doidos,
Salve-me,
Dr Simão Bacamarte,
Recolhe-me
À casa verde,
Entre as páginas antigas de um livro empoeirado,
Reside a genialidade de um escritor consagrado.
Machado de Assis, mestre da prosa e poesia,
Sua obra é um tesouro que a alma extasia.
Com sua pena afiada, como um machado em mãos,
Ele desbravou os caminhos da literatura com paixão.
Em cada conto, em cada crônica, em cada verso,
Revela-se o retrato humano em todo seu universo.
Das memórias do Rio de Janeiro ao sarcasmo sutil,
Machado esculpiu personagens com talento viril.
Capitu, Bentinho, Brás Cubas e tantos mais,
São imortais, ecoando através dos tempos, jamais serão reais.
Machado, o mestre da ironia e da profundidade,
Sua escrita transcende qualquer limite ou idade.
Em suas linhas, encontramos a essência da condição humana,
Um espelho que reflete a complexidade humana.
Assim, erguemos um brinde ao mestre imortal,
Cuja obra continua a nos inspirar, sem igual.
Machado de Assis, eterno em sua glória,
Seu legado perdura, contando-nos sua história.
Flores de papel
Enxergar através de alguém.
Por que nem todos gostam de ler?
Seria melhor arrancar suas folhas,
Construir folhas com seus rasgos?
Flores são mata, não se deve arrancá-las.
Nem todos entendem isso?
Mas arrancar folhas de livros para fazer flores,
Não seria desmatar conhecimento?
Pensamentos do Barão
Os grandes romancistas elevaram a fofoca ao patamar de arte.
Afinal, saber se Capitu traiu ou não Bentinho, não passa de uma grande fofoca sem final claro feita pelo gênio Machado de Assis.
Os homens alcançam sucesso quando eles percebem que seus fracassos são uma preparação para suas vitórias.
Embora viajemos por todo o mundo em busca da beleza, devemos levá-la conosco para poder encontrá-la.